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O que você vai ser quando crescer? 

Reflexões sobre a formação esportiva nas escolas

¿Qué vas a ser cuando seas grande? Reflexiones sobre la formación deportiva en las escuelas

 

Mestre en Ciencias de la Educación Física, el Deporte y la Recreación

Facultad de Cultura Física de Matanzas, Cuba

Ms. André Magalhães Queiroz

andrmqueiroz@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A formação de talentos esportivos nas escolas é um processo que ocorre naturalmente na dinâmica das aulas de Educação física. Muito se questiona o papel do professor nesta etapa, sua contribuição e a forma que o mesmo pode direcionar tal ação pedagógica.

          Unitermos: Formação de talentos. Escola. Esporte.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/

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    A participação de jovens em competições esportivas aumentou consideravelmente nas últimas décadas. No posicionamento oficial da International Federation of Sports Medicine (1990), é citado que o esporte de competição contribui para o desenvolvimento físico, emocional e intelectual de crianças e adolescente. A experiência no esporte pode desenvolver a autoconfiança, estimular o comportamento social (Román & Sánchez, 2003) além de aspectos como cooperação, participação, solidariedade, criatividade dos alunos que devem ser sujeitos desse processo educativo. O estudo de Alves et al (2005) comprova que práticas de atividades esportivas durante a adolescência podem contribuir sensivelmente para atividade física de lazer na vida adulta. Por todas essas razões, acredita-se que o esporte de competição para crianças deva ser incentivado.

    Tani (2001) nos alerta que se faz necessário um esforço para motivá-los à prática, proporcionando algo mais diante das atividades cotidianas como jogos eletrônicos, televisão, internet, entre outros, que são um verdadeiro convite à vida sedentária proporcionada pela limitação do espaço para a prática esportiva em razão do crescimento urbano e a limitação de tempo imposta pela vida moderna. Outro ponto é para os valores intrínsecos da prática esportiva, mediante o reconhecimento das suas implicações para o bem estar e qualidade de vida. Os benefícios biológicos, psíquicos, sociais e culturais da prática de esporte são bem conhecidos. No entanto em pouco adianta estimular a prática esportiva se ela é feita de forma inadequada. Portanto, além de motivar e sensibilizar para a prática esportiva é preciso orientar essa prática de forma apropriada. O comprometimento profissional de todos envolvidos na esfera do esporte escolar assim como a devida capacitação dos professores baseada em programas de implantação e desenvolvimento de formação esportiva são ações que devem ser o suporte de qualquer ação educacional para este fim (Barrett et al 2004). Tais ações devem fundamentadas cientificamente e estruturadas visando o desenvolvimento harmônico das crianças envolvidas para que se promova uma inversão de práticas assistemáticas presentes em algumas instâncias onde ver o esporte tem sido mais interessante que fazer o esporte.

    É preciso entender o esporte como um legado deixado para a humanidade através dos tempos, que pode ter um amplo sentido através de uma abordagem educativa, podendo tornar-se um elemento de formação contribuindo para a formação integral e crítica do ser humano indo muito além da fundamentação técnica e tática. Para Simões, De Rose Jr. (1999) a criança necessita de aprovação das figuras afetivas como: pais, professores, treinadores, nas suas tarefas sociais básicas. Caso não consiga a produção esperada, pode desenvolver um sentimento de inferioridade. Portanto, a iniciação assim como todo processo de formação da criança nas atividades esportivas dentro da escola, deve ser observada com muito critério e cuidado, para que não seja repetida nas aulas de Educação Física uma prática esportiva onde se valorizam somente os resultados atléticos, desconsiderando os valores educacionais possíveis através da prática esportiva. A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte em seu posicionamento oficial defende que, a implantação de programas de atividade física na infância e na adolescência deve ser considerada como prioridade em nossa sociedade, combatendo o sedentarismo infantil como uma questão de saúde pública e utilizando o exercício físico como agente de promoção de saúde tendo a educação física nas escolas um papel fundamental na formação de crianças e adolescentes (Lazzoli et al 1998).

    A competição é altamente seletiva em razão dos valores nela agregados, no entanto De Rose Jr. (2004) defende a importância de sabermos lidar com o processo de evolução esportiva da criança ou adolescente entendendo que as dificuldades não desaparecerão, mas que cabe ao professor auxiliar no processo de evolução esportiva preparando seu aluno na tomada de decisões e soluções de situações – problema, permitindo-se o erro e utilizando-o como subsídio para novas aprendizagens. Treinar para aprender e melhorar sem ter como meta constante o “podium” como referência assim diminuindo o impacto do treinamento e das competições no processo de desenvolvimento dos grupos. Freire (1992), quando se refere a competição entre crianças defende que os professores realmente preocupados com o desenvolvimento das características humanas ao invés de tentar eliminar o caráter competitivo das competições deveriam buscar compreende-lo e utilizá-lo para refletir as relações. Partindo de suas idéias parece ser mais educativo reconhecer a importância do vencido e do vencedor do que nunca ter competido. Arena & Böhme (2004) sugerem uma reflexão do modelo competitivo a ser adotado pelas entidades que gerenciam o esporte escolar. As autoras indicam que uma reestruturação dos moldes competitivos presentes onde o modelo de promoção de competições com menores em idades muito baixas deveria ocorrer na forma de “festivais” facilitando desta forma a participação de diferentes entidades esportivas e comunitárias. A partir dos estudos de Guedes, Guedes (1997) parece ser unanimidade entre as diferentes propostas de programas a serem adotados nas escolas, deve-se ao pleno atendimento de duas metas prioritárias: a) promover experiências motoras que possam repercutir de forma a afastar ao máximo a possibilidade de aparecimento dos fatores de risco que contribuem para o surgimento de eventuais distúrbios orgânicos; e b) levar os educandos a assumirem atitudes positivas em relação a prática de atividades físicas para que se tornem ativos fisicamente não apenas na infância e na adolescência, mas também na idade adulta. Segundo Borin, Gonçalves (2008) é perfeitamente perceptível as dificuldades no processo de formação esportiva de crianças e adolescentes, principalmente nos aspectos de como encontrar parâmetros que permitam prognósticos mais precoces e confiáveis para organização e orientação da formação desportiva. Apoiado nos estudos de Böhme (1994, 1995, 2000, 2007) a formação esportiva visa desenvolver todas as qualidades da personalidade dos jovens esportistas através de programas de treinamento a longo prazo, sustentada em esforço por parte dos praticantes, paciência por parte dos formadores, condições sociais e ambientais favoráveis, métodos pedagógicos adequados com devido suporte técnico e logístico, além da devida adequação do modelo e do calendário competitivo. É importante ter claro que os talentos esportivos representam uma minoria, diante disso, os programas de formação devem ser direcionados para oferecer a aprendizagem e o desenvolvimento da prática dos esportes enfatizando a participação de um grande número de crianças, para que a partir dos mecanismos de seleção específica e natural os grupos possam ser elitizados de acordo com o potencial individual (Colantonio, 2007). Bompa (2002) destaca que o nível de rendimento depende de traços individuais e dos programas que objetivam estimular e recompensar a aprendizagem e o treinamento. É papel do professor, privilegiar a incorporação de princípios que venham a favorecer não somente os momentos das aulas, mas que propicie um crescimento e desenvolvimento motor pleno possibilitando desta forma ativar os interesses dos alunos, valorizando seus avanços; desafiando o pensamento, oportunizando sua plena participação em ações táticas e decisões do grupo. Quando necessário questionando sua contribuição nas decisões tomadas deixando claras as possibilidades de acerto, aguçando sua auto-estima, sua confiança em ações e decisões sempre respeitando o posicionamento dos colegas instalando o entusiasmo e a confiança na participação individual ou em grupo. Weineck (1991) aponta três métodos de direcionamento esportivo. No primeiro, o aprendizado e treinamento são naturalmente ambientais por meio de brincadeiras, crianças e jovens aperfeiçoam de forma espontânea uma modalidade esportiva. O seguinte apóia-se na redução do grau de liberdade e início o mais cedo possível com a máxima estimulação, observando que a elevação da intensidade do trabalho deve ser aumentada de acordo com sua abrangência. Por fim, o terceiro que aponta no sentido de atingir o melhor desempenho a partir de formação múltipla de especialização, ou seja, parte-se do geral para o específico. A principal tarefa do treinamento infanto-juvenil está em estruturar condições que assegurem um desenvolvimento do processo de treino a longo prazo, partindo de uma introdução ao aprendizado precoce, respeitando as etapas e os critérios de rendimento.

    O sistema de treino deve estar apoiado em um ambiente de motivação, boa estrutura social, com objetivos claros e bem elaborados para dar garantia aos alunos de um desenvolvimento harmônico e integral (Martin et al 2004). Segundo Bento (2004) há muito que se esperar do desporto escolar. As suas possibilidades não estão esgotadas; pelo contrário ainda não são ainda acessíveis a um número significativo de jovens, um desporto que seja, sobretudo pedagógico e cultural, proporcionando possibilidades de se colocar obstáculos, desafios e exigências que devem ser internas, esgotado desta forma distintas possibilidades de empenhar-se e render, e não simplesmente impostas por professores que se perdem da maior ação pedagógica, a motivação.

Referências bibliográficas

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