Reabilitação neurofuncional em um paciente com hemiplegia espástica como seqüela de AVC. Estudo de caso Rehabilitación neurofuncional en
un paciente con hemiplejia espástica Neurofuncionnal rehabilitation in a patient with spastic hemiplegia as a sequela of stroke. Case study |
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Acadêmico do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina Unidade Pedra Branca - UNISUL/SC |
Gabriel Duarte de Freitas (Brasil) |
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Resumo A hemiplegia é um dos déficits funcionais decorrente ao acidente vascular cerebral, levando a infuncionalidade do membro e a complicações secundarias como o ombro doloroso, que limita as atividades da vida diária e reduz a qualidade de vida. Objetivo apresentar um relato de caso de hemiplegia espástico no decorrer da reabilitação neurofuncional. Materiais e Métodos: um paciente do sexo masculino, com 53 anos de idade, diagnosticado com acidente vascular cerebral, que participou de 9 atendimentos fisioterapêuticos. Resultados houve uma redução do quadro álgico instalado no ombro do paciente, aumento de força em alguns grupos musculares e uma marcha menos abduzida. Conclusão: a fisioterapia é um ótimo tratamento não farmacológico que traz ao portador de uma patologia neurológica, uma prevenção de deformidade, uma melhor independência nas suas atividades diária e uma readaptação física. Unitermos: Acidente vascular encefálico. Hemiplegia. Ombro doloroso. Reabilitação neurológica.
Abstract Hemiplegia is one of the functional deficits due to stroke, leading to infuncionalidade limb and secondary complications such as shoulder pain that limits activities of daily life and causing reduced quality of life. Objective to present a case of spastic hemiplegia during the rehabilitation neurofuncionnal. Materials and Methods: A male patient, with 53 years of age, diagnosed with stroke, who participated in nine physical therapy. Results There was a reduction in pain installed on the shoulder of the patient, increases in strength in some muscle groups and a march less abducted. Conclusion: The therapy is a great back that non-pharmacological treatment for patients with a neurological pathology, prevention of deformity, greater independence in their daily activities and physical rehabilitation. Keywords: Stroke. Hemiplegia. Painful shoulder. Neurological rehabilitation.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
As doenças cerebrovasculares têm grande impacto sobre a saúde da população, situando-se conforme o ano e o Estado da Federação, constitui primeira e terceira principal causa de mortalidade no Brasil (1). É considerada a principal causa de internações, mortalidade e deficiências na população brasileira, superando as doenças cardíacas e o câncer, as quais são as duas primeiras causas de morte nos países industrializados. (2) Estima-se que cerca de 85% dos acidentes vasculares encefálicos sejam de origem isquêmica e 15% hemorrágicos. Dentre os hemorrágicos, cerca de 10% são hemorragias intraparenquimatosas e 5% hemorragias subaracnóideas. (1)
O acidente ou ataque vascular cerebral (AVC) também conhecido como acidente vascular encefálico (AVE) pode ser definido como déficit neurológico focal súbito devido a uma lesão vascular, incluindo lesões causadas por distúrbios hemodinâmicos. (3) A gravidade do quadro e o acometimento funcional variam de acordo com as estruturas vasculares acometidas e com a área encefálica por ela irrigada, podendo gerar déficit cognitivo, sensitivo e ou funcional. (3) A incidência do acidente vascular encefálico (AVE) duplica a cada década de vida a partir dos 55 anos, sendo a hemiparesia um déficit importante decorrente da lesão. (3) Sendo que 80% do que sobreviventes ao acidente vascular cerebral apresentam déficit funcional. (2)
O acidente vascular encefálico pode ser classificado como isquêmico, onde a lesão se origina por obstrução arterial gerando uma hipóxia no tecido nervoso, hemorrágica onde há o extravasamento dos líquidos para fora dos vasos, gerando compressões no tecido nervoso e o acidente vascular encefálico transitório que é definido como um déficit neurológico focal, de instalação súbita, mas que reverte completamente em até 24h, geralmente nos primeiros 20-30 min. A causa mais comum é a microembolia proveniente de uma placa carotídea. (4)
A conseqüência física mais comum do AVE é a hemiplegia, definida como “paralisia completa dos membros superiores e inferiores do mesmo lado do corpo”. Outras seqüelas podem ser: problema de percepção, cognição, sensoriais e de comunicação, que estes precisam ser considerados na conduta fisioterapêutica. (5) Com a infuncionalidade do membro é comum que o paciente adquira posturas compensatórias, reforçando o não uso do membro parético para realizar suas AVDs, limitando-o em algumas atividades nas quais são necessário o apoio bimanual, síndromes do uso excessivo e quadros álgicos no braço funcional. (6) Além da seqüela motora e ou sensitiva no hemicorpo, o paciente com hemiplegia normalmente desenvolve quadros patológicos secundários como o ombro doloroso, que acomete de 34 à 85% dos pacientes hemiplégicos.(7) Segundo KLOTZ (2006), a recuperação de um paciente com hemiplegia constitui-se em um grande desafio, tanto pela complexidade das funções perdidas, quanto pela alta incidência de dor no ombro, resultando em impacto negativo no processo reabilitacional. (7) Esse quadro álgico possui etiologia diversificada podendo estar relacionado com: subluxação escápulo-umeral, capsulite do ombro, síndrome do impacto, síndrome complexa de dor regional, tendinite bicipital, neuropatia por tração do plexo braquial, espasticidade, mobilização do membro superior paralisado em torno da amplitude de movimento (ADM), limitação de ADM, lesões de partes moles, dor central, ou a união destes fatores. (7)
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 2003 os estágios da fase de recuperação são: Persistência da hipotonia (estágio flácido), havendo perda motora geral e/ou perda sensorial severa, o braço fica flácido e caído e o paciente não consegue firmar-se no espaço devido à fraqueza muscular e ao baixo tónus muscular, sendo o mais incapacitante dos 3 estágios. Evolução para o tónus normal (o estagio de recuperação), os movimentos iniciam-se nos membros, primeiro mais distalmente, permanecendo na generalidade uma leve incapacidade. Evolução para a hipertonia (o estágio espástico), a recuperação da função motora com uma evolução para a espasticidade é bastante frequente. Há uma recuperação inicial dos movimentos proximais dos membros. O tónus muscular aumentado conduz à espasticidade que se apresenta nos músculos antigravíticos. (8)
Este tónus muscular é diferente em cada indivíduo, influenciando a qualidade do movimento:
espasticidade severa: os movimentos são difíceis e por vezes impossíveis devido à contração muscular contínua;
espasticidade moderada: os movimentos são lentos e realizados com esforço e coordenação anormal;
espasticidade leve: os movimentos grossos dos membros são possíveis, enquanto os movimentos finos da mão são difíceis. (8)
De acordo com os fundamentos do Bobath, também existem três estádios pós-AVC: 1º estádio é a hipotonia no hemicorpo afectado, 2º estádio é a hipertonia do hemicorpo afectado e o 3º estádio é a de recuperação relativa que depende de muitos factores entre os quais o local e a extensão da lesão, a idade, a capacidade do sistema nervoso se reorganizar (plasticidade) e a motivação/atitude do utente que podem fazer variar o tempo de permanência entre os estádios e condicionar a recuperação. (9) TEIXEIRA, 2008 (6) cita que existem profissionais que optão pela readaptação funcional dando enfase ao uso do membro não hemiparético, em idosos devido a dificuldade na neuroplasticidade nos idosos. O mesmo autor cita em seu trabalho que através de pesquisas pode-se considerar que a perda neuronal não é consideravel, o idoso tendo assim uma capacidade de neuroplasticidade e que a perda estrutural se dá possivelmente pela redução das massas mielinicas.(6)
Cauraugh et al. apud Teixeira, 2008 explicam que a hemiparesia permanece por períodos longos, havendo um platô em termos de ganho em aproximadamente doze meses. Além disso, 60% dos indivíduos que sofrem AVE ficam com disfunção motora que se torna um déficit “permanente” um ano após a lesão. Esses problemas resultam em dificuldades para a execução dos movimentos funcionais, prejudicando a qualidade de vida individual, principalmente a indepen-dência relativa à realização das AVDs e ao desempenho ocupacional. (6)
O objetivo deste trabalho é apresentar a atuação fisioterapêutica em um paciente com hemiplegia espastica decorrento a um acidente vascular cerebral, já em fase tardia.
Materiais e métodos
Este estudo consiste em uma analise qualitativa de um caso de hemiplegia decorrente ao acidente vascular encefálico, sob atendimento fisioterapêutico. Os atendimentos foram realizados 2 vezes semanalmente no período de 25/05 á 25/06 de 2010, constituindo um total 10 atendimentos com duração de 1 hora sendo que 1 falta, gerando um total de 9 atendimentos. Para a confecção da discussão, foram utilizadas as seguintes base de dados on-line: SCIELO (The Scientific Electronic Library Online) e BIREME (Biblioteca Virtual em Saúde), além de referencial bibliográfico literário, para assim verificar a confiabilidade dos procedimentos realizados
Relato de caso
Paciente do sexo masculino, com 53 anos de idade, chegou a clinica de fisioterapia com diagnostico clínico de acidente vascular cerebral, não especificando o tipo e ou a área afetada. Sua queixa principal consistia em não conseguir usar o MSE e MIE. Dor no ombro esquerdo e no joelho esquerdo. O paciente não portava nenhum exame que relatava sua doença atual e/ou sua história clínica. Quando questionado sobre o episódio do acometimento patológico, relatou possuir HAS e que foi comunicado que sofreu o AVE devido a hipertensão. Paciente ficou em internação por 7 dias após a entrada hospitalar pelo acidente vascular encefálico. Faz uso tópico de Captopril e acido acetilsalicílico.
No exame físico nenhum reflexo primitivo foi encontrado e todos os reflexos musculares presentes, a ausculta pulmonar apresentava murmúrio vesicular presente e sem ruídos adventícios em ambos dos pulmões, na inspeção foi possível observar o sinal de dragona no ombro esquerdo, faz uso de muleta canadense unilateral, apresentava marcha em abdução sem uso da flexão do joelho na perna esquerda e sinal de trendelenburg positivo quando realiza a fase de apoio com o membro inferior esquerdo. A pressão arterial foi mensurada no inicio de todos atendimentos sendo que sua pressão arterial mantive a media de 130X80mmhg.
Apresenta um leve edema na mão esquerda, com diminuição de temperatura. Apresenta redução na visão do olho esquerdo, audição integra, cognitivo preservado, funções corticais (agnosia, apraxia, linguagem e esquema corporal) integras. Paciente apresenta encurtamento de bíceps braquial e extensores dos dedos. Tônus muscular classificado como grau 4, tanto no membro superior quanto no inferior. No quesito força muscular, os dados obtidos são descritos na tabela 1 a seguir, tal qual, as ADMs na tabela 2.
Tabela 1. Descrição dos dados obtidos na mensuração do grau de força no membro superior esquerdo e membro inferior esquerdo
Tabela 2. Descrição dos dados obtidos na mensuração das amplitudes de movimento no membro superior esquerdo e membro inferior esquerdo
A sensibilidade se encontra integra em todo o membro superior esquerdo, inferior esquerdo e hemicorpo esquerdo. Porém o paciente o paciente uma dor localizada no joelho esquerdo e ombro esquerdo, a parestesia é presente no membro superior direito raramente. Motricidade grossa e fina não presente tanto no membro superior esquerdo quanto o inferior esquerdo, não conseguindo realizar os testes de coordenação descritos por O’Sullivan; Schimitz, (2004). (9) Apresenta reação associada, entrando no padrão espástico quando realiza atividades que exigem precisão, realiza transferências de decúbito dorsal para decubito lateral, progredindo para supino e logo após prono, se transfere da cadeira para cama. As AVDs foram mensuradas através do Índice de Barthel no qual apresentou um total de 75 pontos.
A partir destas informações colidas foi possível formular o seguinte diagnostico fisioterapêutico: seqüela de AVE, hemiplegia à esquerda, apresentando espasticidade flexora moderada em membro superior e em extensores de joelhos no MMII, luxação do ombro esquerdo, dor no ombro esquerdo, marcha em abdução e é parcialmente independente para a realização das AVD’s.
Através do diagnostico fisioterapêutico foram formulados os objetivos do tratamento que consistiram em: Reduzir a dor - Inibir o padrão espástico – preservar e/ou reabilitar as ADM’s – evitar deformidades e contraturas - aumentar a funcionalidade MSE e MIE - aumentar a independência do paciente e reeducar a mobilidade das atividades funcionais básicas como, troca de posição na cama, realizar transferências e sentar.
Para alcançar estes objetivos optou-se pelas seguintes condutas: Turbilhão em água aquecida com duração de 10minutos, nos 5 primeiros minutos relaxamento para reduzir o tônus, 5 minutos restante, mobilização articular de punho, mão e cotovelo – Alongamento da musculatura do membro superior e membro inferior através dos pontos chaves do Bobath (rotação externa, extensão do cotovelo e extensão do punho) – aplicação do TENS na região da dor ou no dermatomo correspondente – aplicação do FES na musculatura estabilizadora do ombro – Terapia do espelho, associado a técnica de imagética ou FES, colocando o paciente integrado ao espelho refletindo o lado não lesado do paciente. Paciente realiza mobilização com membro são e observa o reflexo, enquanto tenta realizar atividades livres com o outro membro, durante um tratamento associou-se com o uso do FES nos extensores dos dedos - descarga de peso em membros inferiores – treino de controle de tronco sobre a bola Suíça – treino de flexão de joelho através de estímulos por tapping de pressão nos flexores do joelho e técnicas de facilitação proprioceptivas – Kabat movimento flexão abdução e rotação externa no membro superior esquerdo – treino de marcha, paciente caminhava sem o auxilio da muleta e era estimulado verbalmente para não realizar a marcha em abdução, para uma melhor flexão do joelho eram usados o tapping de pressão na região dos isquiostibiais e ponto chave de quadril - instruções de como se levantar da cama, de como sentar e se levantar, incentivo a utilização do membro parético.
Resultados
Os resultados alcançados foram mensurados de forma qualitativa, não fazendo uso de nenhum recurso físico de avaliação a não ser o visual e a manual.
Diminuição do quadro álgico do ombro e do joelho esquerdo – diminuição do sinal de dragona no ombro esquerdo – não houve progressão do processo de atrofia do músculo bíceps braquial e flexor palmar – força 2 em flexão de joelho e flexão plantar – adutores de quadril grau 3 - redução do padrão flexor espástico no cotovelo – marcha quando estimulada verbalmente é reduzida a abdução do membro inferior.
Discussâo
A dor é um fator em potencial que pode retardar o processo fisioterapêutico, impedindo muitas vezes a mobilização do segmento, retardando o progresso clinico. Objetivo do fisioterapeuta é controlar a dor aguda ou crônica e proteger o paciente contra outras lesões, sendo que ao mesmo tempo deve-se estimular o exercício. (17) Um dos recursos fisioterapêuticos que proporcionam o alivio da dor é a TENS, que pode ser de alta freqüência e baixa duração de pulso também conhecida como TENS convencional e promove um tipo de estimulação tátil capaz de ativar as fibras de grosso calibre e diminuir a sensação dolorosa. (22) Mesmo com a restrição do movimento é possível realizar atividades que proporcionem ao complexo mioarticular os benefícios da mobilização. (13) A mobilização articular estimula a atividade biológica movimentando o líquido sinovial, mantêm a extensibilidade e força de tensão nos tecidos articulares e periarticulares e informa ao SNC quanto ao posicionamento e o movimento desta articulação que está sendo mobilizada. (13)
A espasticidade é um dos principais problemas de saúde nos pacientes com lesões no SNC, limitando a mobilidade e afetando sua independência nas atividades de vida diária e trabalho. Além de provocar dor, diminuição da amplitude de movimento, contraturas, distúrbios do sono e comprometer a deambulação. (10) Contraturas de origem espástica, associada a presença de uma grave disfunção motora e/ou cognitiva, podem manifestar deformidades ósseas quando o comprimento normal do músculo não pode ser mantido e a criança não consegue adquirir nenhum controle ativo sobre a sua musculatura. (11) Um dos recursos fisioterapêuticos que permitem uma redução do tônus é o turbilhão em água aquecida, A eficácia da água aquecida na reabilitação de pacientes espásticos é plena quando a água é aquecida a uma temperatura agradável ao paciente, na faixa de 32 a 33°C. O calor afeta o tônus por meio da inibição da atividade tônica. Esta resposta ocorre rapidamente após a imersão, facilitando a realização de alongamentos dos tecidos moles auxiliando na prevenção de contraturas devido aos padrões estereotipados e movimentos limitados. (12) Outro recurso utilizado para a inibição espástica é o uso pontos chaves, que serve para a inibição do fluxo eferente para as cadeias sinápticas dos padrões de reflexos anormais responsáveis pela hipertonia, permitindo a realização do movimento. (10)
A mobilização articular estimula a atividade biológica movimentando o líquido sinovial, mantêm a extensibilidade e força de tensão nos tecidos articulares e periarticulares e informa ao SNC quanto ao posicionamento e o movimento desta articulação que está sendo mobilizada. (13) Segundo Kisner e Colby, (1998), para que haja amplitude de movimento, é necessário haver mobilidade e flexibilidade dos tecidos moles, o alongamento é realizado para aumentar o comprimento dos tecidos moles, patologicamente encurtados, e desse modo aumentar a amplitude de movimento. (13) Com as propriedades musculares estando em condições regulares, o treino de fortalecimento deve ser iniciado.
A estimulação elétrica funcional importante ação terapêutica, por promover um melhor alinhamento articular, com menos adução e rotação interna, prevenindo contraturas musculares. (7) Além disso, a estimulação da contração muscular, facilitando a recuperação motora do membro envolvido, diminui a espasticidade. (7) Esse tipo de estimulação serviria como um mecanismo de biofeedback, porque os pacientes aprendem a ter um comportamento adequado com o membro envolvido após o acidente vascular encefálico. (7) RENZENBRINK & IJZERMAN (2004) citaram em seu estudo que além da melhora motora houve uma redução da dor devido ao alinhamento articular. (14)
Segundo Stevens quando paciente vê seu membro plégico se movendo gera inputs visuais de movimentação, o input visual é mais rápido que o input somatosensorrial dando a impressão ao paciente, que ele esta movimentando o membro plégico. Esta entrada sensorial ativa os neurônios motores conhecidos como neurônios espelhos, que é responsável pela observação e pela imitação do que foi observado, estimulando áreas pré motoras. (15) A ativação bilateral do movimento proporciona um maior recrutamento neural devido a exigência de mover dois segmentos coordenadamente fazendo uso dos neurônios espelhos, criando novas vias de comunicação sináptica.(16) STEVNES,2003 relata em seu estudo os dados obtidos através de uma ressonância magnética funcional, em que um paciente com hemiplegia por AVC realizava movimento unilaterais e o outro realizava o movimento bilateral através de inputs sensitivos. (16) Os resultados foram que houve uma maior ativação do córtex motor primário do lado correspondente a hemiplegia no individuo que fez uso da atividade bilateral. (16)
Existem outras formas de gerar um maior recrutamento neural no encéfalo, o conceito de FNP tem como base a teoria que um impulso descendente ou um impulso aferente de origem dos receptores periféricos no músculo provoca uma salva de impulsos que resulta na descarga de um numero limitado de neurônios motores específicos, além da descarga em neurônios motores adjacentes, gerando o efeito facilitador. O efeito inibidor se dá pela condução desse impulso para o mais longa da área motora facilitada, ou seja, é possível fazer uso da facilitação para fortalecer os extensores do cotovelo e ao mesmo tempo inibir a espasticidade dos flexores. (17)
Os padrões de fortalecimento da FNP consistem em técnicas realizadas em diagonais e rotações, sendo que muitos destes movimentos são necessários nas atividades do cotidiano. O trabalho em diagonal pode ser justificado pelo fato de que raramente um movimento é realizado direto e em apenas um plano, pois os músculos são de natureza espiral e estão com suas fibras em diagonais. (17)
Todas as atividades funcionais normais dependem do controle de tronco como base para o movimento. A função dos músculos do tronco é um fator essencial para o balance, transferências, marcha e diversas funções, desta forma, o tronco deve proporcionar, ao mesmo tempo, estabilidade e mobilidade para que os indivíduos possam realizar suas atividades cotidianas. (18) A cinesioterapia com a Bola Suíça visa reeducar a flexibilidade e as alterações musculares, possibilitando uma terapia relaxante, melhorando de forma gradativa, as disfunções pulmonares, equilíbrio, coordenação além da força muscular. (18)
A marcha de pacientes hemiplégicos tem um padrão ceifante, obrigando o indivíduo a realizar uma abdução exagerada do membro durante a fase de balanço, pois há uma dificuldade em flexionar o quadril e o joelho e em dorsifletir o pé. (19) A inclinação anterior e a rotação do tronco levam a um deslocamento do centro de gravidade, que associado à retração dos adutores, impulsionam o pé hemiplégico à frente do outro membro, permitindo que ele realize a passada adaptadamente. (20)
Pela insegurança e pela dificuldade de manter o peso no membro plégico os portadores de hemiplegia acabam transferindo o peso para o membro não plégico, resultando em significativa assimetria, outros fatores como redução da velocidade da marcha. (21) Os tappings de pressão são estímulos manuais que tem como objetivo aumentar o tônus da musculatura estimulada, no caso da marcha os flexores do joelho permitindo uma marcha mais próxima da biomecânica normal. (9)
Prognóstico
Eliminação do quadro álgico do ombro e redução do sinal de dragona – a não progressão das deformidades ou reabilitação parcial ou total das mesmas – alcançar o estágio 4 de recuperação do AVE hemiplégico descrito por Twitcchell e Brunnstrom onde algumas combinações de movimento que não seguem nenhum sinergismo são denominadas, primeiramente com dificuldade e, em seguida, com mais facilidade, e a espasticidade começa declinar.(24) – adquirir maior funcionalidade nas atividades da vida diária.
Considerações finais
O acidente vascular cerebral é uma patologia comum alto índice de morbidade, gerando muita dependência nas atividades do cotidiano. Um estudo (23) publicado em 2008 apresentou dados sobre o impacto no perfil dos cuidadores de um paciente com seqüela de AVE e a importância dos profissionais da saúde conscientizar e observar não só o paciente, mas sim os responsáveis. (23) A fisioterapia desempenha um papel fundamental no processo de reabilitação de pacientes com seqüelas de acidentes vasculares cerebrais, atuando tanto com objetivo de prevenção de doenças e deformidades, na reabilitação patológica e na reintegração funcional do individuo a sociedade, trazendo-o mais qualidade de vida ao paciente e aos seus familiares, tal qual, mais praticidade nas atividades da vida diária.
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