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Os benefícios da ginástica rítmica para o desenvolvimento psicomotor

Los beneficios de la gimnasia rítmica para el desarrollo psicomotor

 

Especialista em Exercício físico aplicado à reabilitação cardíaca

e a grupos especiais. Universidade Gama Filho

Especialista em Ensino da Educação Física

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Ana Kamily de Souza Sampaio Fonseca

anakamily@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo consistiu em uma revisão bibliográfica buscando a relacionar as contribuições da prática da Ginástica Rítmica para o desenvolvimento psicomotor de seus praticantes. Os movimentos realizados na modalidade, como saltos, pivôs, equilíbrios e ondas, contribuem para o desenvolvimento do esquema corporal, da estruturação espaço-temporal e da lateralidade, além de favorecer as capacidades de locomoção, manipulação, coordenação dinâmica geral, equilíbrio e ritmo. Sendo assim, é possível enxergar a Ginástica Rítmica facilitador do desenvolvimento psicomotor dos seus praticantes.

          Unitermos: Ginástica rítmica. Psicomotricidade. Comportamento motor.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Ginástica Rítmica é uma modalidade originada da Escola Alemã, aproximadamente no século XIX. De início, a ginástica em geral tinha o objetivo de regeneração da raça, promoção da saúde, desenvolvimento da vontade, da coragem, da força e da energia de viver. E dentre as primeiras escolas ginásticas está a Ginástica Moderna, que deu origem à Ginástica Feminina Moderna, sendo futuramente denominada de Ginástica Rítmica Desportiva, a atual Ginástica Rítmica – GR (MELO, 2004).

    É um esporte tipicamente feminino, e por isso somente mulheres participam das competições, apesar de existirem algumas equipes masculinas treinando. As apresentações de GR representam graciosidade, característica associada ao estereótipo feminino, e os padrões estéticos (corpo longilíneo) predominam cruelmente no meio de sua prática. Além disso, como afirma Melo (2004), a prática da GR exige uso da criatividade, expressividade, musicalidade e expressão corporal.

    As apresentações de Ginástica Rítmica podem ser realizadas em conjuntos compostos por cinco ginastas ou individualmente, com as mãos livres ou com a presença dos aparelhos específicos da modalidade, que são a corda, a bola, o arco, a fita e as maças. Os três primeiros foram introduzidos na GR por Henrich Medau, uma vez que antes a prática era feita apenas às mãos livres. Apenas posteriormente foram introduzidas a fita, em 1971, e as maças, em 1973 (MELO, 2004).

    As ginastas se apresentam normalmente usando collants de lycra ou veludo bordados com lantejoulas e calçando uma ponteira (tipo de sapatilha específico da GR, com a finalidade de auxiliar nos pivôs). A avaliação é feita com base no código de avaliação, um instrumento que deixa claramente margens para uma avaliação subjetiva por parte dos árbitros.

    Segundo Melo (2004), a Ginástica Moderna veio para o Brasil na década de 50. Na década de 60 o Esporte foi incluído como conteúdo da Educação Física, e a GR, enquanto esporte, também fez parte dessa inclusão. De início, a GR apresentava uma ênfase ao aspecto artístico, por isso não existia a necessidade da denominação desportiva, inserida com o passar do tempo, e retirada recentemente por motivos ainda duvidosos. A partir do final da década de 60 a ênfase é voltada completamente para as competições, e hoje é tida como um espetáculo.

    De acordo com Cavalcanti (2004), a GR no Brasil se caracterizou por um trabalho baseado em movimentos orgânicos e naturais, procurando explorar as qualidades estéticas e rítmicas femininas.

A Ginástica Rítmica e seus aspectos psicomotores

    O desenvolvimento psicomotor é um processo que se estende desde o nascimento do ser humano até a sua adolescência. De acordo com Silva e Silva (2007):

    “O desenvolvimento psicomotor é o ponto de referência para se avaliar e diagnosticar qualquer atraso na motricidade infantil e desenvolver as faculdades expressivas dos indivíduos” (p.1).

    O movimento é de extrema importância para do desenvolvimento da criança, pois é a partir dele que ela se torna capaz de criar sua imagem corporal, um passo necessário para seu campo motor, uma vez que a mente e o corpo estão ligados um com o outro, e conhecendo sua estrutura corporal a criança terá um desenvolvimento psicomotor facilitado. Segundo Silva e Silva (2007), as unidades fundamentais dos movimentos são as estruturas psicomotoras. Como estruturas psicomotoras, Barros e Barros (1972) citam a locomoção, a manipulação e tônus corporal, a organização espaço-temporal, as coordenações motoras fina e ampla, a coordenação óculo-segmentar, o equilíbrio, a lateralidade, o ritmo e o relaxamento.

    O desenvolvimento psicomotor não acontece de uma só vez, ele é realizado em etapas, que devem ser respeitadas para que não haja prejuízo por parte das crianças. O primeiro passo do desenvolvimento é o conhecimento do esquema corporal, que, depois de adquirido, facilita a percepção da estrutura espaço-temporal. Após essas duas etapas, então, a criança passa a desenvolver sua lateralidade, considerada a terceira etapa do desenvolvimento psicomotor.

    Segundo Le Boulch (1982), esquema corporal é a “representação que cada um faz do seu próprio corpo e que lhe serve de ponto de referência no espaço” (p. 22). Ou seja, esquema corporal nada mais é que o conhecimento corporal, a consciência do indivíduo em relação a seu próprio corpo, seja considerando altura, largura, envergadura e ocupação no espaço de seu corpo em partes, ou como um todo. É a partir dele que a criança será capaz de dominar seus movimentos.

    O desenho da figura humana é um ótimo exemplo de análise do desenvolvimento da criança em relação ao esquema corporal. De início, a criança expressa seu corpo através de rabiscos e aos poucos vai progredindo até chegar a uma imagem coerente com a real figura humana.

    A estruturação espaço-temporal, segundo Silva e Silva (2007):

    “é a orientação, a tomada de consciência da situação de seu corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter em relação às pessoas e objetos, estáticos ou em movimento” (p. 4).

    Para Coste (1981), o desenvolvimento dessa estrutura faz com que o indivíduo se organize diante do mundo e organize as coisas entre si.

    A orientação temporal é a capacidade de se situar em função da sucessão dos acontecimentos. Silva e Silva (2007) afirmam que o tempo se constitui de quatro níveis, duração, ordem, sucessão e ritmo que se encontram relacionados entre si, formando a estrutura espaço-temporal. A partir dela a criança consegue ter noções de seqüência, duração de intervalos e do tempo em sim (horas, dias, anos etc).

    O espaço é uma representação do mundo e do indivíduo dentro dele. A estruturação espacial é a maneira como a criança se localiza no espaço e como situa os outros e as coisas, umas em relação às outras; ela está intimamente ligada ao tempo. Coste (1981) afirma que para a criança, a concepção de espaço passa a desenvolver-se, inicialmente, a partir das suas impressões totais, progredindo paralelamente com o desenvolvimento motor, sua expressividade, e suas relações no espaço da comunicação.

    As noções de lateralidade são comandadas pelo cérebro. Porém, as influencias sociais também podem interferir nesse processo. Para Le Boulch (1982), a lateralidade da criança só se define após os cinco anos de idade, apesar de ser iniciada a partir dos dois anos. Muitas pessoas costumam confundir lateralidade com a capacidade de distinção dos lados direito e esquerdo, mas a primeira é a dominância de um lado em relação ao outro, enquanto o conhecimento direito-esquerdo é simplesmente o domínio dos termos direito e esquerdo, e é uma conseqüência da lateralização.

    Diante da compreensão em relação aos aspectos psicomotores, a prática da Ginástica Rítmica pode ser considerada como de extrema importância para o desenvolvimento psicomotor da criança. Neste sentido, Silva e Silva (2007), afirmam que:

    “Os objetivos da GRD estão intimamente ligados ao desenvolvimento psicomotor da criança, propondo-se a estimular a desenvolver as estruturas psicomotoras, educando os movimentos, aumentando as qualidades físicas, desenvolvendo o aspecto social do indivíduo (inclusão social), sua criatividade e imaginação” (p. 8).

    Pereira (2002) afirma que a Ginástica Rítmica atua na coordenação motora das crianças, assim como na sua consciência corporal, na sua postura e suas qualidades físicas, contribuindo, assim, para o desenvolvimento do esquema corporal ou o aprimoramento do mesmo.

    Através dos movimentos fundamentais da modalidade, é possível desenvolver os aspectos psicomotores do desenvolvimento humano. Com os saltos, pivôs, equilíbrios, as ondas e a flexibilidade, a GR á capaz de trabalhar nas crianças o esquema corporal, a estruturação espaço-temporal e a lateralidade. Para Barros e Nedialcova (1999), essas atividades são formadoras concretas de ação das estruturas psicomotoras de locomoção, manipulação, tônus corporal, organização espaço-temporal, coordenação óculo-segmentar, equilíbrio, coordenação da dinâmica geral, ritmo e relaxamento.

    A Ginástica Rítmica também desenvolve algumas valências físicas, tais como a força, a flexibilidade, o equilíbrio, a coordenação, o ritmo etc. Segundo Silva e Silva (2007), essas valências servem como suporte para o processo de desenvolvimento psicomotor das crianças.

    O manuseio dos aparelhos específicos da GR (bola, corda, arco, fita e maça) também contribui para o desenvolvimento psicomotor das crianças. As diferentes formas em que cada um desses aparelhos se apresenta contribuem para que esse desenvolvimento aconteça amplamente, através de trabalhos diversificados, com elementos flexíveis (cordas e fitas) ou razoavelmente rígidos (bolas, arcos e maças), por exemplo.

    E também um outro ponto importante é o desenvolvimento do ritmo proporcionado pela GR, através da construção e execução das séries que contribuem diretamente para o desenvolvimento cognitivo das crianças, que são (ou pelo menos deveriam ser) estimuladas a criar e explorar movimentos, vivenciando-os o máximo possível.

Considerações finais

    A Ginástica Rítmica, por ser uma atividade rica em movimentos, permitindo a criação e exploração de gestos, acompanhamento musical e manuseio de aparelhos, por exemplo, colabora bastante para o desenvolvimento dos aspectos psicomotores em crianças.

    Através de uma análise profunda de tais aspectos e das vivências proporcionadas pela GR, pode-se afirmar com certeza que a mesma é de extrema importância dentro da prática escolar e deveria ser trabalhada com uma maior ênfase e freqüência no âmbito da escola, contribuindo, assim, para o desenvolvimento psicomotor das crianças em todos os aspectos, e facilitando o desenvolvimento global das mesmas, constituído pelos campos cognitivo, afetivo, psicomotor e social.

Referências bibliográficas

  • BARROS, D.; NEDIALCOVA, G. T. Os principais passos da Ginástica Rítmica. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sports, 1999.

  • BARROS, D. R.; BARROS, D. Educação física na escola primária. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.

  • CAVALCANTI, L. M. B. Ginástica Rítmica, corpo e estética: elementos para pensar o esporte na escola. Natal: UFRN, 2004. (Monografia de Graduação em Educação Física).

  • COSTE, J. C. A Psicomotricidade. Paris: traduzido pela Presses Universitaries de France, 1981.

  • LE BOULCH, J. Desenvolvimento psicomotor – do nascimento até os seis anos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.

  • MELO, G. A Ginástica Rítmica como conteúdo das aulas de Educação Física. Natal: UFRN, 2004. (Monografia de Graduação em Educação Física).

  • PEREIRA, S. A. M. Ginástica Rítmica Desportiva. Rio de Janeiro: Shape, 2000.

  • SILVA, E.; SILVA, M. I. Importância da Ginástica Rítmica Desportiva no Desenvolvimento Psicomotor da Criança. 2007. Disponível em: http://www.centrorefeducacional.com.br/educfisic.htm. Acessado em 11 Jun. 2010.

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