O treinamento de força para
hipertensos. El entrenamiento de la fuerza en hipertensos. Sus beneficios y su importancia |
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Licenciado e bacharelado em Educação Física pela Faculdade da Cidade Cursando a Pós-graduação em Fisiologia do exercício e treinamento desportivo da Faculdade Castelo Branco |
Gabriel Tavares de Oliveira (Brasil) |
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Resumo O treinamento de força, nos dias de hoje se faz presente em todas as classes sócias e abrange todas as idades, partindo dos mais jovens para os mais idosos. Ele se torna um agente facilitador de uma melhora na qualidade de vida e estética do ser - humano. Este treinamento pode ser realizado em indivíduos que apresentam diversas patologias, tais elas a diabetes, a hipertensão arterial, no qual falaremos através desta pesquisa, para cardiopatas, obesos entre outros. Unitermos: Hipertensos. Força. Treinamento.
Abstract Keywords: Hypertension. Strenght. Training.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A hipertensão arterial é a doença que mais atinge pessoas no mundo, e infelizmente é o maior caso de mortes hoje em dia. (OMS, 2008). A população brasileira tem em torno de 15 a 20 % de pessoas que sofrem com esta doença. A mesma se define como um aumento da pressão exercida sobre as paredes dos vasos sanguíneos, divididos em artérias, veias e capilares. (MAIOR, 2003).
Os níveis normais de pressão variam de acordo com a idade, mas ela deverá rondar em torno de 120/80 Hmmg em repouso. Passando disso já se torna um fator preocupante, porém, segundo a Oms, valores de 140/100hmmg para cima em repouso já são considerados hipertensão. (FOX, 1983)
A Pressão arterial é aferida de duas formas, onde temos a pressão arterial sistólica, considerada a máxima, sendo esta definida como o ponto máximo de expulsão de sangue pelos ventrículos, e a mínima, chamada de pressão arterial diastólica, sendo definida como fechamento da válvula aórtica. (POWERS E HOWLEY). O diagnóstico pode ocorrer de diversas formas. Uma delas através de um aparelho chamada de esfigmomanômetro.
Esta doença se dá por diversos fatores. (SIMÃO, 2004). Estes fatores podem se relacionar a problemas endócrinos, alguns desvios renais, aos níveis de estresse e até mesmo a pré- disposição genética, no qual é passada através de antepassados, sendo de pai e mão para filhos ou de avô e avó para filhos.
A hipertensão é acarretada através de alguns sintomas, que podem estar relacionados a dores de cabeça, cansaço pelo corpo, enjôo e indisposição. Em longo prazo ela apresenta alguns riscos à saúde, e está muito associada à obesidade, colesterol alto, o tabagismo, sedentarismo e elevado consumo de sal.
Como ela pode ser aferida? E quais seus mecanismos fisiológicos?
O controle da pressão arterial pode ser realizado de duas formas. A mesma pode ser detectada em curto e em longo prazo. (GYUTON, 1988). Em curto prazo, ocorre rapidamente, onde os baroceptores, localizados nos átrios, principalmente no direito, na artéria pulmonar, na artéria aorta e nas carótidas, através das paredes das artérias, dos seios carotídeos e do arco aórtico vão perceber alterações na pressão arterial, e os mesmos mandarão uma informação para o centro de controle cardiovascular, localizado no bulbo, base do cérebro. Estas informações ao chegarem ao bulbo, vão atuar de forma que a pressão arterial esteja muito aumentada, se tem maiores estímulos parassimpáticos e menos simpáticos, com o objetivo de diminuir a pressão, e paralelamente será liberado um neurotransmissor chamado de acetilcolina, responsável por liberar impulsos nervosos para e corpo e de se ligar com um aminoácido chamado de arginina e formar o óxido nitro, importante substância vasodilatadora, assim como a prostaglandina. Quando a pressão arterial no bulbo está diminuída, ocorre o inverso, pois se tem maior estímulo simpático e menor parassimpáticos, passando a ter a ação de dois hormônios, considerados catabólicos, que vão aumentar a freqüência cardíaca e a força de contração do miocárdio. Estes dois hormônios são chamados de adrenalina e noradrenalina, e quem controla a sua secreção é o sistema nervoso simpático, que é controlado pelo sistema nervoso autônomo.
O controle da pressão arterial em longo prazo ocorre bem depois, e é feita nos rins. Uma pressão arterial muito alta no bulbo aumenta a ação da diurese e matriurese, favorecendo a liberação de sódio. Uma menor pressão ocorre o sistema renina angiotensinogênio. Na visão de Mcardle, Katch e Katch (2008), este sistema aumenta a atividade simpática nos rins. Nele primeiramente acontece a secreção de renina, enzima conversora de angiotensinogênio e angiotensina um. A partir daí se tem uma ação da enzima chamada de Eca, esta conversora de angiotensinogênio um e angiotensinogênio dois, e desde então este fenômeno vai provocar diversos efeitos no organismo, tais como um aumento da vasoconstrição, que se defini como encurtamento das artérias, ocorre à hipertrofia miocártica e a reabsorção de sódio e água e excreção de potássio.
Benefícios do treinamento de força para hipertensos
Somente pelo o fato de uma pessoa que sofre de hipertensão sair de repouso para realizar uma atividade já se torna benéfico, pois a mesma estará aumentando o seu metabolismo e com isso maior liberação hormonal. (SBH, 2002).
Os benefícios podem ocorrer de forma aguda, sendo durante o treino, após ou até 24 horas. (Maior, 2008). Estes benefícios são de uma maior ação das catecolaminas, onde o coração vai bater mais forte e vai bombear mais sangue para o corpo, aumentando imediatamente seu volume de ejeção, que se caracteriza como a quantidade de sangue expelida para o restante do corpo a cada batimento cardíaco; Outro benefício ocorre no aumento da sudorese, pois quanto maior a intensidade do esforço, maior será o gasto energético. (ACMS, 2003). Cronicamente, que ocorre de médio a longo prazo, se tem um aumento do consumo máximo de oxigênio (VO2), este que aumenta paralelamente com o débito cardíaco, que é a capacidade que o coração tem de expelir sangue para o restante do corpo da cada minuto. Este débito cardíaco durante o exercício tem uma elevação, uma gradual elevação e por fim atinge um platô. Isso ocorre devido um aumento da freqüência cardíaca, do volume de ejeção e do inotropismo cardíaco. (MAIOR, 2003). Outro benefício crônico do treinamento de força para um hipertenso é a diminuição da freqüência cardíaca em exercícios máximo e submáximos, da pressão arterial e o aumento da angiogênese, que é o aumento do fluxo sanguíneo na musculatura esquelética e cardíaca. (CGS, 2000).
Com o aumento de todas estas vertentes, se tem uma melhora da capacidade funcional do coração, onde o mesmo vai aumentar o volume de ejeção, o débito cardíaco, e a freqüência cardíaca e o duplo produto, caracterizado como a freqüência cardíaca X o volume sistólico ou de ejeção, e em longo prazo vai diminuir, através de substâncias vasodilatadora, assim como a pressão arterial. (Farinati, 2000).
Para que ocorra uma redução desta freqüência cardíaca durante o repouso, os baroceptores, que vimos através deste estudo, mandarão uma informação para o centro de controle cardiovascular, aumentando a atividade simpática, e será liberado um neurotransmissor chamado de acetilcolina, e após a liberação deste neurotransmissor ocorrerá um fenômeno chamado de síntese endotelial, onde será liberado óxido nitro, diminuindo a freqüência cardíaca, e assim promovendo um efeito chamado de vasodilatação, caracterizado como um espaçamento das artérias. (SIMÃO, 2004).
Treinamento isométrico para hipertensos: Passar ou não passar?
Este assunto é muito discutido entre os pesquisadores da área de treinamento, pois alguns são a favor, e outros são contra a realização deste tipo de exercício. Antes de começarmos a discutir sobre o assunto, temos de ter em mente, que parte da população, sendo ela idosa ou não, a maioria destas pessoas realizam contrações musculares fazendo a manobra de valsalva. Esta manobra consiste no fechamento da glote, que para o hipertenso pode acarretar vários problemas para a sua saúde, em mais gravidade até a morte. Nesta manobra, ocorre um aumento do pico de pressão, pelo o fato de se ter um menor retorno venoso, o que vai dificultar a passagem de sangue para os átrios, principalmente o direito, e com isso menor volume de ejeção. (FLECK E KRAEMER, 2006). Para Farinati (2000), o treinamento isométrico para hipertenso vai realizar uma deformidade nas artérias, que por estarem vasoconstrigidas, irão dificultar a passagem de sangue. Já de acordo com alguns autores, este tipo de treinamento pode ser utilizado com hipertenso, desde que durante a isometria ele não faça a manobra de valsalva e respire.
Prescrição de exercício para hipertensos
A cada dia que se passa, a população que sofre desta doença se achega a uma academia de ginástica para a prática de atividade física orientada, buscando para si uma melhora da saúde e do seu bem estar. (SBME, 1985). Porém, é de suma importância que o professor ao elaborar um programa de treinamento para este tipo de patologia tenha total consciência do que se está fazendo. Fleck e Kraemer (2006) ressaltam que para quem nunca fez atividade física, ou até mesmo para quem se encontra sedentário, a princípio se deve fazer menos força, que se tenha um menor aumento da pressão arterial, uma menor pressão sanguínea na aorta e nos átrios. Para os mesmos, o exercício tem de ser feito de forma dinâmica, sempre envolvendo grandes grupamentos musculares, com o objetivo de poupar energia durante as contrações, e com isso uma menor sobrecarga no músculo do miocárdio. Os exercícios mais recomendados são aqueles em que a posição do corpo esteja inclinada ou declinada, pois aumenta o retorno venoso, tendo uma maior vascularização de sangue rico em oxigênio. (FOX, 1983). Não são recomendados exercícios em pé ou em decúbito ventral, e a respiração tem que ser sempre na fase concêntrica do movimento. (SBH, 2002).
De acordo com Simão (2004), a prescrição de um exercício para hipertenso deverá ter no mínimo de 20 a 60 minutos diários, com uma freqüência de 3 a 5 vezes por semana, trabalhando entre 40 e 70 % da freqüência cardíaca máxima, e de 40 a 80 % do seu vo2 máximo. Para este mesmo autor, os exercícios devem ter intensidade de moderada a baixa, sendo de 8 a 10 exercícios, de 1 a 3 séries com 6 a 8 repetições.
Considerações finais
Concluí através deve trabalho, que o treinamento de força é de suma importância para todas as pessoas e para todos os tipos de patologias. Além de o mesmo proporcionar uma melhora na capacidade física força, ele é para muitas pessoas, tido como uma forma de combater o estresse do dia a dia e de uma melhora da estética corporal. Para hipertensos a melhor forma de se trabalhar na musculação é de forma dinâmica, fazendo sempre a respiração na fase concêntrica do movimento, e preconizando mais exercícios multiarticulares, com o objetivo de não ocorrer à manobra de valsalva e uma maior sobrecarga no músculo cardíaco, conhecido como miocárdio.
Referências
AMERICAN COLLEGE FOR SPORTS MEDICINE. Manual de pesquisa de diretrizes do ACMS para os testes de esforço e sua prescrição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
CGS, Araújo: Fisiologia do exercício e hipertensão arterial: Uma breve introdução. Fisiologia do exercício, Rio de Janeiro, 2000.
FARINATI, P.T.V. Estudo da freqüência cardíaca, pressão arterial e duplo produto em exercícios contra resistência e aeróbio contínuo. Rev.Bras.Ativ.Físíca e saúde, 2000.
FLECK, Steven; Kraemer, Willian J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 3 Ed. Porto Alegre, 2006.
FOX, Edward l. Bases fisiológicas da educação física e do desporto. 3 Ed. Rio de Janeiro, 1983.
GUYTON, Arthur C. Fisiologia humana. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 1988.
MAIOR, Alex Souto. Fisiologia dos exercícios resistidos. Ed. Phorte. Rio de Janeiro, 2008.
MAIOR, Alex Souto. Alterações e adaptações no sistema cardiovascular em idosos submetidos ao treinamento de força. Rio de Janeiro, 2003.
MCARDLE, William D; KATCH, Frank I; KATCH, Vitor L. Fisiologia do exercício: Energia, nutrição e desempenho humano. 6. Ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
POWERS, Scott; HOWLEY, Eduardt. Fisiologia do exercício: Teoria e aplicação ao condicionamento e os desempenhos. 3. Ed. Barueri: Manole, 2000.
SIMÃO, R. Treinamento de Força na Saúde e Qualidade de Vida. São Paulo: Phorte, 2004.
Sociedade Brasileira de Hipertensão, 2002, Porto Alegre.
SMBE. Posicionamento oficial da sociedade Brasileira de medicina do esporte e da sociedade Brasileira de geriatria e gerontologia. Atividade física e saúde dos idosos. Ver. Bras.Med. Esporte. V5, Pág. 2007-11, 1999.
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