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O homem na dança: um estudo comparativo do sexo masculino 

nos meios formais e não formais de ensino na cidade de Pelotas, RS

El hombre en la danza: un estudio comparativo del sexo masculino en los ámbitos
formales y no formales de enseñanza en la ciudad de Pelotas, RS

 

*Mestrando/a em Educação Física da Universidade Federal de Pelotas

**Professora adjunta da Universidade Federal de Pelotas

Doutoranda em Saúde e Comportamento Humano

pela Universidade Católica de Pelotas

(Brasil)

Diego Ebling do Nascimento*

Flávia Marchi Nascimento*

Maria Helena Klee Oehlschlaeger**

digue_esef@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Historicamente o mundo da Dança parece pertencer em grande parte ao sexo feminino, embora grandes ícones da Dança mundialmente reconhecidos sejam do sexo masculino. Desta forma, existe a necessidade de pesquisar a participação masculina na dança, assim como desvendar a modalidade mais praticada por esse público. O objetivo principal do trabalho será investigar e comparar a prática do homem na Dança na cidade de Pelotas nos meios formais e não formais, além disso, pretende-se diagnosticar as preferências nas modalidades de Danças praticadas pelo sexo masculino. A coleta de dados foi realizada através de visitas às principais Escolas Públicas e Particulares, selecionando apenas as que ofereciam práticas de Dança como atividade extraclasse. Fizeram parte do estudo, Escolas e Academias/Grupos Independentes de Dança da cidade de Pelotas/RS; tendo como objetivo uma análise comparativa entre os dois meios de ensino, o formal e o não formal. O número mais alto de alunos do sexo masculino ocorreu nos dados analisados referentes às Escolas Públicas onde obtivemos 229 (29,9%) meninos praticantes de danças. Dentre os espaços analisados observamos que o estilo de dança mais praticado pelo sexo masculino é referente a danças tradicionalistas gaúchas, o que pode explicar esse fato são as fortes tradições regionalistas presentes no estado do Rio Grande do Sul. Logo em seguida temos as danças de rua e as danças de salão, respectivamente. Espera-se, com a conclusão deste estudo, enriquecer o conhecimento a cerca do homem que Dança na cidade de Pelotas, com a finalidade de dar subsídios para que a Dança se desenvolva em âmbitos diferenciados sem que motivos sócio-culturais sejam fortemente impeditivos para que os meninos e homens sejam podados desta prática tão importante para o desenvolvimento geral das pessoas.

          Unitermos: Dança. Sexo masculino. Ensino formal. Ensino não formal.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    La Belle (1982, citado por Gadotti, 2005) define educação não formal como “toda atividade educacional organizada, sistemática, executada fora do quadro do sistema formal para oferecer tipos selecionados de ensino a determinados subgrupos da população”. Gadotti (2005) explica em poucas palavras a diferença entre a educação formal e a educação não formal:

    “objetivos claros e específicos e é representada principalmente pelas escolas e universidades. Ela depende de uma diretriz educacional centralizada como o currículo, com estruturas hierárquicas e burocráticas, determinadas em nível nacional, com órgãos fiscalizadores dos ministérios da educação. A educação não-formal é mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática. Os programas de educação não-formal não precisam necessariamente seguir um sistema seqüencial e hierárquico de “progressão”. Podem ter duração variável, e podem, ou não, conceder certificados de aprendizagem.” (GADOTTI, 2005, p. 2)

    A Dança pode estar inserida tanto na educação formal quanto na não formal. Atualmente, ela desperta interesse em diversos campos relacionados com a educação, incluindo a educação física, a pedagogia, a psicologia, a antropologia e não somente a arte.

    O ser humano antes de falar já dançava. A dança foi a sua primeira manifestação social, uma prática corporal que nasceu junto com ele, servindo para ajudá-lo a firmar-se como membro de sua comunidade (VARGAS, 2007). Desde o período paleolítico e mesolítico o ato de dançar já estava muito presente. As pinturas rupestres deixadas nas grutas demonstram imagens de indivíduos dançando, indicando cultos religiosos que serviam para sacrificar e fecundar animais. As primeiras danças do homem foram as imitativas, onde os dançarino simulavam os acontecimentos que desejavam que se tornasse realidade.

    Atualmente o Coletivo de Autores, define a dança como uma expressão representativa de diversos aspectos da vida do homem. Pode ser considerada como linguagem social que permite a transmissão de sentimento, emoções da afetividade vivida nas esferas da religiosidade, do trabalho, dos costumes, hábitos, da saúde, da guerra, etc.

    Tanto nas danças quanto nos esportes, precisa-se de um bom condicionamento físico, treinamento e dedicação. A dança é uma forma de expressão, é arte.

    Sabemos que a dança nos permite desenvolver os sentidos de audição, de visão, sinestésico e a musculatura de forma integra e natural, aumentar a resistência corporal, proporcionar benefícios estéticos, postura e flexibilidade, além disso, ainda pode trabalhar a coordenação motora, a agilidade, o ritmo, e a percepção espacial.

    Historicamente o mundo da dança, por motivos socialmente construídos, parece pertencer em grande parte ao mundo feminino, embora grandes ícones da Dança mundialmente reconhecidos sejam do sexo masculino. Desta forma existe a necessidade de pesquisar a participação masculina na dança, assim como desvendar a modalidade mais praticada por esse público na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul (RS).

    Os estudos a respeito de gênero se aprofundaram no início dos anos 70 devido aos movimentos sociais urbanos — movimento feminista, movimento homossexual e movimento negro — que questionaram vários temas na época.

    Weeks (1999) preocupou-se em designar os sentidos dos termos “sexo” e “gênero”, para ele a palavra “sexo” é usado como um termo descritivo para as diferenças anatômicas básicas, que diferenciam homens e mulheres já para a diferenciação social o autor utiliza o termo “gênero”.

    De acordo com a ideia de Weeks (1999), Scott (1995) reforça que o termo “gênero” é utilizado para designar as relações sociais entre os sexos; é uma forma primaria de dar significado às relações de poder. O autor dá ênfase às relações sociais e culturais construídas historicamente. Relata que gênero é uma categoria social imposta sobre um corpo sexuado. Bordo (1997, pág. 20) afirma que “por meio de organização e da regulamentação de nossas vidas, nossos corpos são treinados, moldados e marcados pelo cunho de formas históricas predominantemente de individualidade, desejo, masculinidade e feminilidade”.

    O gênero é uma classificação baseada em diferenças sexuais, ou seja, biológicas, entretanto não podemos deixar de ressaltar as diferenças culturais e sociais construídas. O balé, estilo de dança que sofre grande preconceito nos dias atuais, dependendo da região em que está inserido, em tempos de sua criação era praticado predominantemente por homens.

    Com o decorrer dos anos percebemos mudanças positivas, visto que, por exemplo, as mulheres estão conquistando seus espaços nos campos de futebol. Porém ainda encontramos esportes que são considerados atividades predominantemente masculinas, como o Rugby; e femininas como a Ginástica Rítmica (GR), a qual ainda não possui uma Confederação que permita competições mundiais de GR masculina.

    O objetivo principal do trabalho será investigar e comparar a prática do homem na Dança na cidade de Pelotas nos meios formais e não formais, além disso, pretendemos diagnosticar as preferências nas modalidades de Danças praticadas pelo sexo masculino.

    Também objetiva-se com esse estudo debater as questões que levam a baixa procura do sexo masculino às modalidades de Dança. Levantar questões de gênero e encontrar possíveis dados que expliquem o notável desinteresse dos homens por algumas práticas de Dança.

    Entendemos que a Dança, como outras práticas corporais, promove uma série de benefícios no que diz respeito ao desenvolvimento nos aspectos motores, cognitivos e sociais para o indivíduo, assim sendo é inaceitável que os meninos sejam afastados desta prática por conta de uma estrutura histórica equivocada em nossa sociedade. Refletir sobre essas práticas corporais associadas ao indivíduo do sexo masculino implica em um comprometimento com ações que venham a melhorar essa interação.

    Assim, o presente estudo pretende, através do levantamento do número de homens que praticam dança e da análise de quais as modalidades esses indivíduos preferem na cidade de Pelotas, levantar questões sobre a importância dessa prática no mundo masculino.

Metodologia

    A coleta de dados foi realizada através de visitas às principais Escolas Públicas e Particulares, selecionando apenas as que ofereciam práticas de Dança como atividade extraclasse. As Academias de Dança da cidade de Pelotas/RS fizeram parte do estudo sendo entrevistados posteriormente para a análise comparativa entre os dois meios, o formal e o não formal.

    A pesquisa foi dividida em duas partes, na primeira, utilizamos um questionário para realizarmos entrevistas às professores e aos professores das Escolas Públicas e as Escolas Particulares Urbanas que ministravam as aulas extracurriculares de Danças. No segundo momento, academias de dança fizeram parte da coleta para podermos fazer o estudo comparativo proposto.

    Para a seleção das Escolas, foi solicitada uma lista à Secretaria Municipal de Educação (SME), à 5ª Coordenadoria Regional de Educação (5ª CRE), já para as Academias, Centro de Tradições Gaúchas (CTGs) e Grupos Independentes de Dança, foi feito um levantamento informal, visto que a pesquisa foi realizada somente nos locais onde existiam manifestações de Dança em qualquer modalidade.

    A coleta dos dados foi realizada através de um questionário com perguntas fechadas o qual foi respondido pelo (a) professor (a) de Dança responsável pelo grupo após assinatura do termo de consentimento para a realização da pesquisa.

    No questionário havia perguntas referentes aos estilos de dança trabalhados e a frequência da participação masculina e feminina em cada um deles. Participaram do estudo vinte e uma Escolas Públicas, cinco Escolas Particulares e dez Academias de Dança, totalizando trinta e seis instituições participantes.

    Após ligarmos para as Escolas fornecidas pela 5ª CRE e pela SME, obtivemos a informação de que das quarenta e uma Escolas Municipais Urbanas apenas vinte e quatro teriam atividades de Dança como extraclasse, porém participaram do estudo apenas vinte e uma, visto que, três dessas Escolas nós não conseguimos estabelecer contato com os professores responsáveis pelo desenvolvimento das aulas extraclasses de Danças. Nenhuma das Escolas possuía Dança no currículo.

    O presente trabalho foi aprovado pelo comitê de ética da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (ESEF/UFPel).

Resultados

    A tabela abaixo demonstra a relação entre praticantes de Danças em meios formais e não formais.

Tabela 1. Relação entre praticantes de Danças em meios formais e informais na cidade de Pelotas/RS

    Observamos que dentro de todas as Instituições analisadas 1727 alunos de ambos os sexos estão envolvidos diretamente com atividades de Dança dentro e fora das Escolas. Sendo 1324 (76,7%) do sexo feminino e 403 (23,3%) do sexo masculino. A diferença entre participação masculina e a participação feminina nas atividades de dança é muito significativa. As crianças e jovens do sexo feminino se inserem mais na dança do que as do sexo masculino. Isso pode se explicar devido à dança ser considerado uma atividade feminina, por motivos socialmente construídos os quais já foram discutidos anteriormente.

Tabela 2. Relações entre praticantes de Dança do sexo masculino e feminino em Academias e Escolas Públicas e Particulares do município de Pelotas/RS

    Percebemos que são nas Escolas Públicas onde ocorre o maior número de alunos envolvidos com atividades de Danças. A partir desses dados, é possível entender a importância do desenvolvimento de atividades de Danças nos meios formais de ensino.

    Para Leitão e Sousa (1995) a dança pode ser um caminho para a libertação dos preconceitos que a sociedade impõe em relação aos meninos, adolescentes ou homens que dançam.

    Percebemos que nos últimos dez anos a Dança vem entrando nas Escolas de maneira significativa, principalmente nas Instituições Públicas de Ensino, seja por meios de projetos sociais ou atividades extracurriculares desenvolvidas pelos professores (as) de Educação Física e/ou de Arte. Nossos resultados demonstram isso, o número mais alto de alunos do sexo masculino ocorreu nos dados analisados referentes às Escolas Públicas onde obtivemos 229 (29,9%) meninos praticantes de danças.

    Contudo, temos como um fator preocupante a maneira como que as Danças estão sendo trabalhadas nesse meio formal. Em um estudo realizado por Saraiva (2006) identificou-se que os docentes apontaram a necessidade de formação específica para o ensino das Danças e de outras atividades expressivas, como a necessidade de conscientização sobre as questões de gênero envolvidas nas artes corporais. Demonstrando a insegurança de se trabalhar esse conteúdo, visto que a formação acadêmica desses professores foi focada para o desenvolvimento de esportes de quadra.

    Além disso, a autora ainda coloca que apareceram dúvidas por parte dos professores e dos responsáveis sobre a importância das Danças na educação e no contexto social. Também percebemos que a maioria dos professores que trabalham com a dança no extraclasse já haviam tido alguma experiência anterior. Deste modo, precisamos ter formações continuadas dos professores da Rede Pública de ensino, visando uma melhor qualidade das aulas, podendo gerar motivações para os docentes e para os discentes envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.

    Dentre as Escolas Particulares participaram do estudo apenas seis Instituições, sendo que em Pelotas contamos com dezenove Escolas Privadas e esperávamos encontrar atividades de Dança em quase todas elas, visto que essas práticas enriquecem o trabalho da Instituição podendo atrair mais alunos. Contrapondo nossa ideia descobrimos que sete delas não apresentavam extraclasses de Dança.

    Em uma das Escolas Particulares que existia Dança a professora não quis responder o questionário, logo não foi possível analisar os dados dessa Escola. O restante dos questionários foi extraviado pelas secretarias das Escolas.

    Observamos uma dificuldade de acesso a essas Escolas, as Instituições diziam ter problemas com a observação das aulas de extraclasse o que, de certa forma, prejudicou nossa pesquisa. Contudo obtivemos o resultado de 201 meninos e meninas praticantes de Danças nas sete Instituições analisadas, onde observamos que destes apenas 25 (12,4%) alunos eram do sexo masculino.

    Marques (1997) contribui com nosso estudo dizendo que na Escola formal se valoriza o conhecimento analítico/descritivo/linear deixando de lado o conhecimento sintético/sistêmico/corporal/intuitivo. No mesmo estudo a autora ressalta que “propostas com dança que trabalhes seus aspectos criativos, portanto imprevisíveis e indeterminados, ainda ‘assustam’ aqueles que aprenderam e são rígidos pela didática tradicional” (p. 21) deste modo passamos a entender a possível causa da Dança não ser tão presente em Instituições Privadas de educação formal, pois estas, principalmente em Pelotas, têm uma característica de ensino tradicional, visando o aluno que se prepara para o mercado de trabalho e ingresso nas Universidades.

    Ainda Marques (1997) destaca em seu texto três fortes preconceitos existentes que podem levar o “esquecimento” da Dança nas Instituições de ensino formal. O primeiro se refere aos pais e aos alunos considerarem a Dança “coisa de mulher”; o segundo preconceito seria o medo ou receio de trabalharmos com o corpo, no nosso entendimento, de uma maneira não esportivizada; e o terceiro seria em relação à própria arte e ao artista na sociedade, uma dança que não seja codificada, para os desinformados, está relacionada à libertinagem, à irracionalidade. Ainda é preciso um trabalho árduo dos profissionais envolvidos no meio artístico para desconstruir essa ideia equivocada e ignorante do não entendimento da arte.

    Além disso, sabemos que a dança, assim como outras manifestações artísticas, induz e estimula o pensamento crítica na sociedade moderna, Figueiredo (2009) contribui com essa ideia. O autor faz uma reflexão interessante relacionando a Escola, o corpo e a Revolução Industrial, o autor diz que para a sociedade capitalista moderna não é interessante termos corpos que se expressem, que falem e que se comuniquem, mas sim corpos que obedeçam aos ritmos que são impostos, adequando-se as necessidades da produção, sem questioná-las.

    A partir desses dados, é importante ressaltar, segundo Vargas (2007) que o ensino da Dança na Escola não deverá fixar-se na formação de bailarinos, mas estar diretamente relacionada com a vida das crianças e dos adolescentes praticantes. A mesma autora ainda complementa dizendo que a Dança no ambiente formal deve proporcionar a criação de um ambiente de respeito, de compreensão e de colaboração, de modo a favorecer o crescimento integral de meninos e meninas e estimular o pensamento crítico e reflexivo nos educandos.

    Se considerarmos os meios formais de ensino, públicos e privados, podemos perceber que eles têm uma capacidade de envolver a maior parte da população praticante de Danças. Encontramos nos meios formais, entre meninos e meninas, 968 praticantes, ou seja, 56% dos indivíduos pesquisados praticam diversos tipos de Danças inseridos nessas Instituições.

    Dentro das Academias e Escolas especializadas em Dança encontramos 759 pessoas praticantes de diversos tipos de Dança, totalizando 44% dos sujeitos estudados nessa pesquisa, onde 149 (19,6%) eram indivíduos do sexo masculino.

    É evidente a diferença entre praticantes de Dança do sexo masculino e do sexo feminino, Souza (2006) narra em seu estudo uma situação em que cinco meninos inseridos na Educação Infantil se negam de participar da Dança que será feita para a festa de formatura da pré-escola, pois alguns dos meninos sentiam vergonha e não queriam dançar com as meninas, e ainda, um deles diz que homem não dança junto com homem, demonstrando que o preconceito relacionado ao sexo masculino na Dança se dá desde muito cedo.

    Dentre os espaços analisados observamos que o estilo de dança mais praticado pelo sexo masculino é referente a danças tradicionalistas gaúchas, o que pode explicar esse fato são as fortes tradições regionalistas presentes no estado do Rio Grande do Sul e também porque esse estilo de Dança não compromete a masculinidade do indivíduo e sim, reforça. No senso comum ser gaúcho, é ser macho.

    Após as Danças Tradicionalistas Gauchescas, temos as danças de rua (as nomenclaturas de danças street dance e hip hop também foram classificadas nessa categoria) e as danças de salão, respectivamente, conforme a tabela a baixo.

Tabelo 3. Crianças, jovens e adultos do sexo masculino praticantes de danças na cidade de Pelotas/RS

    A partir dos dados da tabela 3 podemos perceber que os estilos que mais são dançados pelo sexo masculino, são estilos que socialmente não comprometem a heterossexualidade do indivíduo.

    Stinson (1995), em seu estudo feito nos Estados Unidos comenta que o sexo masculino começa a dançar somente na adolescência ou na fase adulta, ou seja, muito mais tarde do que o sexo feminino, o qual começa a dançar geralmente entre os três e oito anos, pois os homens só começam a dançar “quando já desenvolveram algum sentido de identidade individual e ‘voz’” (p. 80). A autora complementa dizendo que apesar dos homens serem a minoria entre os dançarinos, eles são os mais beneficiados com patrocínios, com bolsas e com prêmios nacionais.

Considerações finais

    Desvendar a população de homens praticantes de Dança na cidade de Pelotas foi uma tarefa trabalhosa e surpreendente, pois não esperávamos encontrar tantas pessoas do sexo masculino dançando, porém já pensávamos que as modalidades as quais eles estariam mais inseridos seriam relacionadas com as danças tradicionalistas gauchescas, com as danças de salão e com as danças de rua. Porém, ainda temos uma diferença muito significativa entre o número de meninos e número de meninas que dançam na cidade de Pelotas, menos de 25% das pessoas que dançam são do sexo masculino.

    Também podemos perceber, com os resultados demonstrados neste estudo, que as Instituições que promovem maior contato com a Dança para o sexo masculino na cidade de Pelotas são as Escolas Públicas, porém mesmo tendo aumentado o acesso às atividades rítmicas e expressivas nas Escolas nessa última década, ainda não temos um número satisfatório de meninos praticantes.

    Esperamos, com a conclusão deste estudo, enriquecer o conhecimento a cerca do homem que Dança na cidade de Pelotas, com a finalidade de dar subsídios para que a Dança se desenvolva em diferentes âmbitos, sem que motivos sócio-culturais sejam fortemente impeditivos gerando uma barreira para os meninos e homens que desejam realizar esta prática tão importante.

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  • STINSON, S. W. Uma pedagogia feminista para a dança da criança. Pro-posições. Vol. 6, Nº 3, p. 77-89. Novembro de 1995.

  • SOUZA, Fabiana Cristina de. Meninos e meninas na escola: um encontro possível? Porto Alegre, RS: Zouk, 2006.

  • VARGAS, L. A. M. Escola em Dança – Movimento, Expressão e Arte. Ed. Mediação. 2007.

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  • WEEKS, J. O Corpo e a Sexualidade. In: LOURO, G. L. O corpo educado, pedagogia da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica. 1999. p. 35-82

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