Perfil técnico nos fundamentos de ataque durante a ação final dos jogadores de handebol da categoria juvenil (15-18 anos) Perfil técnico en los fundamentos de ataque durante la acción final de los jugadores de balonmano de la categoría juvenil (15-18 años) Profile technical in the fundaments attack during the final action of the handball player’s junior’s category (15-18 years) |
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*Bacharel em Treinamento Esportivo – FEFF-UFAM **Professor Assistente da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia Universidade Federal do Amazonas (Brasil) |
Suzana Talita Cavalcante Martins* Lurdiane Cardoso Vieira* Ewertton de Souza Bezerra** |
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Resumo O handebol é uma modalidade coletiva de grande repercussão no ambiente escolar e universitário. Desta forma, o presente estudo tem como principal objetivo analisar as características técnicas dos fundamentos de ataque durante a ação final de atletas da categoria juvenil (15-18 anos) que participaram da Competição Amazonense de Handebol no ano de 2009. O procedimento de coleta ocorreu em dois dias para as equipes avaliadas, que foram selecionadas a partir do banco de dados da Liga Amazonense de Handebol, que apresentaram os seguintes critérios de inclusão: possuir atletas federados na categoria juvenil; ter participado na Competição Amazonense de Handebol em 2009; participar de todos os testes. Os testes técnicos compreendem a avaliação dos fundamentos de ataque: precisão de arremesso estático, precisão de arremesso em suspensão, recepção e precisão de arremesso em deslocamento. Foram avaliados 40 escolares praticantes de handebol, do sexo masculino, de sete escolas/clubes. Os resultados não apontaram diferenças significativas para os testes de Precisão de Arremesso em Posição Estática, Recepção e Precisão de Arremesso em Deslocamento, contudo ocorreram diferenças significativas entre as categorias Sub-16 e Sub-18 no teste de Precisão de Arremesso em Suspensão. Unitermos: Handebol. Testes técnicos. Escolares.
Abstract Handball is a team sport of great impact in the school and university. Thus, this project is meant to examine the technical characteristics of the fundamentals of attack athletes category (15-18 years) who participated in the Amazonian Handball Competition in 2009. The collection procedure occurred in two days for the teams evaluated, which were selected from the database Amazonense Handball League, which had the following inclusion criteria: having athletes in federal juvenile category, having participated in the Competition Amazonense Handball in 2009, participating in all tests. The tests include the technical assessment of the fundamentals of attack: static precision casting, precision casting suspension, receiving and throwing accuracy in displacement. We assessed 40 school practitioners handball, men, seven schools / clubs. Results show no significant differences for tests Throwing Accuracy in Position Static, Receipt and Accuracy in Pitch Shift, however there were significant differences between the categories U-16 and U-18 in the test of Casting Accuracy Sleep. Keywords: Handball. Technical tests. School.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Por volta de 1848, o handebol já era praticado, porém suas regras, o número de jogadores e as dimensões da quadra não eram padronizados. Somente em 1919, através do professor Karl Schelenz, a modalidade ganhou eficiência na regulamentação, o que repercutiu na popularização do esporte (SILVA et al., 2010). Anteriormente, praticado em campos (40x20m) e com as equipes formadas por 11 jogadores, o handebol desenvolveu-se através de dinâmicas de jogo específicas. A prática em ginásios facilitou o desenvolvimento da regulamentação vigente para a modalidade (TENROLER, 2004) e influenciou de forma positiva para sua prática em 183 países.
No Brasil, o handebol chegou após a Primeira Guerra Mundial e conquistou as demais regiões depois da década de 60, até então praticado apenas em São Paulo (SILVA et al., 2010). Costa e Massa (2006) defendem que o handebol é uma das modalidades coletivas mais praticadas no país, tendo representatividade no âmbito escolar e universitário. Desta maneira, promover avaliações periódicas e específicas para praticantes de handebol demonstra ser um fator responsável por uma abordagem mais científica da área, bem como, fomenta o conhecimento sobre as condições pertinentes de desenvolvimento do esporte.
Ruiz e Rodriguez (2001) apud Vasques et al. (2008) consideram os fatores físicos (condição física geral e específica), técnico-táticos, psíquicos e corporais (características morfológicas) como sendo influentes na determinação da capacidade de jogo e determinantes na busca por melhores resultados.
Alguns estudos definem o perfil morfofuncional de atletas do handebol (GLANER, 1999; VASQUES et al.,2005; BEZERRA e SIMÃO, 2006; VASQUES, DUARTE e LOPES, 2007; VASQUES et al., 2008; UEZU et al., 2008;), porém avaliar as habilidades técnicas do atleta não parece ser muito comum no Brasil.
Lanaro Filho e Böhme (2001) acreditam que as características individuais do atleta e a maneira como ele será trabalhado estão inter-relacionadas, portanto, infere-se que o nível de conhecimento e domínio das avaliações, bem como, sua aplicação e interpretação eficiente por parte do treinador/técnico influencia e muito na detecção, seleção e modelagem de atletas. Portanto, a análise do atleta e da equipe tem relação com o desempenho nos treinamentos e nos jogos, desta forma, as avaliações técnicas da ação final dos fundamentos de ataque no handebol possibilitam ao técnico um diagnóstico mais preciso das variáveis relevantes para a formação de atletas na modalidade estudada. Desta maneira, se quisermos estudar a dinâmica do jogo ao observarmos o atleta ou a equipe precisamos considerar suas implicações técnico-táticas.
Desta forma, o objetivo do presente estudo é analisar as características técnicas dos fundamentos durante a ação final do ataque de atletas do sexo masculino da categoria juvenil (15-18 anos) que participaram da Competição Amazonense de Handebol no ano de 2009.
Materiais e métodos
Método
Para adequação metodológica do tipo de estudo proposto verificou-se que devido às suas características de coleta, análise e discussão dos resultados, o mesmo é classificado como descritivo transversal, haja vista que o processo de análise discorre sobre os testes aplicados, a execução de todas as etapas e os resultados obtidos, da mesma forma, o estudo é transversal, pois se propôs analisar dados referentes a uma população específica por um período de tempo delimitado. O delineamento deste estudo é considerado quantitativo, considerando que, a avaliação técnica analisa variáveis expressas através de valores contínuos.
Característica do grupo estudado
O grupo estudado foi formado por atletas (n=40), do sexo masculino, que treinam em sete equipes, que segundo a Liga Amazonense de Handebol participaram do Campeonato Amazonense de Handebol 2009 e que treinam na cidade de Manaus, são elas: A. A. Nilton Lins, CECAB, Centro Juvenil Dom Bosco, Escola Miguel de Cervantes, Grupo Sou a Esperança, Escola Municipal Nova Vida e Centro Educacional Raimundo Belo Ferreira.
Após explanação dos objetivos e procedimentos do estudo foram apresentados o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para os atletas maiores de dezoito anos e respectivos representantes legais, para os indivíduos ainda não tinham alcançado a maior idade. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas (no 0101015000-10), conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
Critérios de inclusão
Para compor o grupo estudado foram avaliados todos os atletas que:
Eram do sexo masculino;
Eram federados na categoria juvenil (15-18 anos);
Tiveram participação na Competição Amazonense de Handebol desta categoria em 2009.
Participaram de todos os testes técnicos aplicados;
Critérios de exclusão
As equipes, indivíduos e seus representantes legais (no caso de atletas menores de idade) que não desejaram participar da pesquisa ou julgaram inapropriada a realização das avaliações tiveram o direito de isentarem-se dos testes. Foram ainda excluídos da pesquisa os sujeitos que não apresentaram os critérios de inclusão supracitados.
Procedimentos de coleta
Para que a avaliação técnica fosse realizada de forma organizada e sem interferência de treinadores de outras equipes, visando a menor margem de erro possível, cada equipe teve, em média, três dias de avaliação. No primeiro dia, foram apresentados os objetivos, procedimento da pesquisa e o termo de consentimento livre e esclarecido. No segundo dia, os testes de habilidades técnicas dos fundamentos de ataque, a saber: precisão de arremesso em posição estática e em suspensão, recepção e precisão arremesso com deslocamento foram realizados; um terceiro dia foi destinado a avaliação de atletas que não compareceram no segundo dia de avaliação.
Os testes foram realizados nas dependências das escolas e clubes participantes da pesquisa nos horários em que habitualmente os atletas treinavam, obedecendo ao seguinte procedimento: apresentação dos avaliadores e da pesquisa, preenchimento da ficha de avaliação, explicação e demonstração da bateria de testes, aquecimento, testagem de adaptação e testagem experimental.
Os testes de habilidades técnicas dos fundamentos de ataque foram aplicados e interpretados por um mesmo avaliador com experiência na aplicação da bateria. O controle da avaliação técnica foi realizado por meio da ficha de avaliação, que foi organizada de acordo com a ordem dos testes aplicados. O processo de avaliação e os instrumentos utilizados na avaliação técnica são descritos a seguir.
Avaliação técnica
A avaliação técnica dos jogadores de handebol foi baseada nos testes apresentados por GARCIA (1990). Os testes que avaliam: precisão de arremesso em posição estática e em suspensão, recepção e precisão de arremesso com deslocamento utilizaram bola de handebol (HL3).
Precisão de Arremesso em Posição Estática e em Suspensão (PAE/PAS)
O teste proposto por GARCIA (1990) consiste em acertar um alvo de 50 cm de diâmetro, fixo em uma parede a 1,5 m de distância do chão e há 4,0 metros de distância do jogador que então realizaria 10 arremessos em posição estática e 10 arremessos em suspensão (Figura 1). Para realização do teste não há observações quanto ao tempo máximo de realização dos arremessos, a única orientação específica apontada pela bibliografia é que se devem manter os pés antes da fita adesiva que indica os 4,0 metros de distância do alvo.
Figura 1. Teste de Precisão de Arremesso Estático e em Suspensão. (Adaptado de Garcia, 1990)
Recepção (REC)
O teste implica na capacidade de coordenar a recepção após realizar os três passos do handebol, com a bola em uma das mãos e arremessá-la em uma parede localizada a três metros do lançamento (indicado por uma fita fixada no solo) (Figura 2). As orientações prestadas aos atletas quanto à realização do teste são as seguintes: no momento do arremesso e da recepção, o atleta não deveria ultrapassar a fita que indicava os três metros de distância da parede; as tentativas em que o mesmo não realizasse os três passos não seriam contabilizadas e que o avaliado deveria realizar o máximo de repetições em 30 segundos.
Figura 2. Teste de Recepção. (Adaptado de Garcia, 1990)
Precisão de Arremesso em Deslocamento (PAD)
O objetivo do teste é avaliar a capacidade de arremessar em suspensão seguindo um deslocamento específico. O percurso inicia saindo do lado do cone esquerdo, em direção ao plinto, com cerca de 40 cm de altura, colocado paralelamente a 7 metros do alvo, realizando em seguida um arremesso em suspensão (sem utilizar o plinto como suporte para o salto). Em seguida, o atleta realizava a recepção da bola, retornando por cima do plinto, saltando e deslocava-se para o cone central, onde após realizar uma volta corria em direção ao plinto e executava um novo arremesso em suspensão, o atleta, então, realizava a recepção e repetia o salto pelo plinto, correndo em direção ao terceiro cone, depois de dar uma volta, o atleta arremessava novamente em suspensão, realizando a recepção da bola e retornando ao ponto de saída saltando pelo plinto. O percurso era repetido quantas vezes fossem possíveis dentro do tempo máximo de um minuto, sendo que, o cone central era colocado a três metros do plinto e os cones laterais a cinco metros de distância do cone central. A pontuação foi calculada a partir dos lançamentos sobre o desenho (2X3 m) fixado na parede dividido em diferentes zonas e cujos números correspondem ao valor de cada arremesso (Figura 3).
Fatores intervenientes na pesquisa
Algumas questões referentes aos procedimentos avaliativos não são bem esclarecidos pela literatura o que confere dificuldade no julgamento de algumas situações pertinentes aos testes, por exemplo: no teste de precisão de arremesso com deslocamento não há orientações quanto ao procedimento a ser tomado caso o atleta execute um arremesso que atinja a linha divisória dos campos de pontuação, ou em circunstâncias em que o atleta não realize o percurso corretamente. Todas essas observações devem ser levadas em consideração nas próximas avaliações, bem como a discussão de novas adequações metodológicas ao problema de pesquisa proposto, como a inclusão de testes que avaliem as ações táticas ofensivas de passe, drible e finta, visto que, o presente estudo contemplou apenas as ações ofensivas de finalização.
Figura 3. Teste de Precisão de Arremesso em Deslocamento. (Adaptado de Garcia, 1990)
Tratamento estatístico
Os resultados foram testados quanto a sua normalidade através de um teste de Shapiro Wilk, bem como, a homogeneidade pelo teste de Levene. Os dados foram descritos pela média e desvio padrão. A comparação entre as duas categorias (sub 16 e sub 18) deu-se por um teste T-Student quando os dados apresentaram uma distribuição paramétrica e por um teste de U Mann Whitney para as variáveis não paramétricas. Um nível de p < 0,05 foi adotado para todas as análises, as mesmas foram processadas no pacote estatístico SPSS 14.0 for Windows.
Resultados e discussão
Considerando os testes válidos, ou seja, aqueles cujos sujeitos realizaram todos os testes e sua análise estatística obteve-se o seguinte resultado quanto ao item normalidade das variáveis.
Tabela 01. Teste de Normalidade para as variáveis analisadas para as duas categorias analisadas
Na categoria SUB-16 (15 -16 anos) nos testes de Precisão de Arremesso Estática (PAE), Precisão de Arremesso em Deslocamento (PAD) e Recepção (REC) houve uma distribuição normal das variáveis (p> 0,05), enquanto na categoria SUB-18 (17-18 anos) está distribuição considerada normal foi observada apenas no teste de Recepção. Todas as outras variáveis tiveram uma distribuição não paramétrica (p<0,05), conforme demonstrado na tabela 1.
Para análise entre os dois grupos o comportamento da média demonstra não haver diferença entre os mesmo para PAE, REC e PAD, tabela 2. Contrário a esta situação a variável PAS apresentam comportamento diferente em favor do grupo sub-18 já que este apresenta um valor significativamente maior quando comparado ao grupo sub-16 (p=0,02).
Tabela 02. Valores de comparação entre os grupos (sub 16 e 18) para as variáveis técnicas
A partir destes dados pode-se deduzir que uma das razões que influenciam na diferença entre as categorias Sub-16 e Sub-18 no testes de Precisão de Arremesso e Suspensão pode estar associado ao tempo de experiência que o atleta dedica ao treinamento da modalidade ou a qualidade e organização dos treinamentos recebidos, o que por sua vez precisa ser mais bem estudado e detalhado para então detectarmos as possíveis diferenças e as razões que as motiva.
Conclusão
Os resultados nos permitem concluir que a variável Precisão de Arremesso em Suspensão (PAS) pode sofrer influencia em virtude do nível de experiência do atleta, pois a ação de suspensão durante o arremesso exigi maior destreza por parte do indivíduo. No entanto, analises mais especificas deve ser feitas em futuros estudos.
Referências
BEZERRA, E .S.; SIMÃO, R. Características antropométricas de atletas adultos de handebol. Fitness & Performance Journal, v.5, nº 5, p. 318-324, 2006.
GARCIA, Juan L. Antón. Balonmano: Fundamentos e Etapas Del aprendizaje – un proyecto de escuela española. Madrid: Gymnos Librería Editorial Deportiva, 1990.
GLANER, Maria F. Perfil Morfológico dos Melhores Atletas Pan-Americanos de Handebol por Posição de Jogo. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, vol. 1, n˚ 1, 1999.
LANARO FILHO, Pedro; BOHME, Maria T. S. Detecção, Seleção e Promoção de Talentos Esportivos em Ginástica Rítmica Desportiva: Um Estudo de Revisão. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 2, n. 15, p. 154-68, jul./dez. 2001.
SILVA, André E.; ALMEIDA, Lauriane R.; JUNIOR, Luiz R. da S.; RODRIGUES, M. L.; MARTINS, Naiady dos S.; CAMARGO, Philipe R.; XAVIER, Rogério; FERRERA, Brunno E. Avaliação das Capacidades Físicas do Time de Handebol da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, n° 141, 2010. http://www.efdeportes.com/efd141/capacidades-fisicas-do-time-de-handebol.htm
TENROLLER, Carlos. Handebol: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 2004.
THOMAS, Jerry. R.; NELSON, Jack. K; SILVERMAN, Stephen J. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. 5 ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2008.
UEZU, Rudney; PAES, Fernando O.; BÖHME, Maria T. S.; MASSA, Marcelo. Características Discriminantes de Jovens Atletas de Handebol do Sexo Masculino. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, 2008.
VASQUES, Daniel G.; ANTUNES, Priscilla C.; DUARTE, Maria F. S.; LOPES, A. S. Morfologia dos Atletas de Handebol Masculino de Santa Catarina. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. v. 2, n. 13, p. 49-58, 2005.
VASQUES, Daniel G.; DUARTE, Maria F. S.; LOPES, Adair S. Morfologia de Atletas Juvenis de Handebol. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, 2007.
VASQUES, Daniel G.; MAFRA, Luiz F.; GOMES, Bruno A.; FRÓES, Marcelo Q.; LOPES, Adair S. Características Morfológicas por Posição de Jogo de Atletas Masculinos de Handebol do Brasil. Revista da Educação Física/UEM. v. 19, n. 1, 2008.
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