Flexiteste: análise cinemática dos movimentos de flexão do tornozelo, extensão do tornozelo e flexão de joelho Flexitest: análisis cinemático de los movimientos de flexión y extensión de tobillo y flexión de rodilla Flexitest: kinematic analysis of ankle flexion, extension ankle and knee flexion |
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Acadêmicos de Educação Física da Universidade Estadual do Centro–Oeste, UNICENTRO Irati, Paraná (Brasil) |
Dante Luís Pereira Gabriela Martins Gorski |
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Resumo A flexibilidade é a capacidade física que determina a amplitude dos movimentos de uma articulação sem lhe ocasionar alguma lesão, sendo esta um fator importante no que diz respeito à saúde da pessoa. Caracterizou-se como um estudo de caso, sendo utilizado três dos vinte e quatro movimentos do flexiteste: I Flexão dorsal do tornozelo, II Flexão plantar do tornozelo, III Flexão do joelho. Foi utilizada uma câmera fotográfica digital da marca Sony Cyber-Shot, sendo posicionada na mesma altura da posição do ângulo avaliado. Os pontos anatômicos utilizados foram: Maléolo Medial, Ponto entre a cabeça do 1º e 2º metatarsal, Maléolo Lateral, Linha Articular do Joelho, Trocânter Maior do Fêmur e Côndilo interno do fêmur. Para análise virtual de mensuração de ângulos foi utilizado o programa SAPO (Software para Avaliação Postural) versão 0.68. O resultado encontrado para o movimento de flexão dorsal de tornozelo direito foi de 95,4º, e tornozelo esquerdo 98,8º. Movimento de extensão do tornozelo direito foi de 141,9º, e tornozelo esquerdo 164,1º. Para flexão do joelho direito foi de 23,4º, e joelho esquerdo 22,5º. A membro inferior direito apresentou maior flexibilidade, porém, tendo pouca diferença em relação ao membro esquerdo. Isso pode ter ocorrido, devido o indivíduo ser destro, ou seja, utilizando mais vezes este membro e também em atividades que exigem mais desta capacidade física. Unitermos: Flexibilidade. Análise cinemática. Flexão de tornozelo. Flexão de joelho. Extensão de tornozelo.
Abstract Flexibility is the physical capacity that determines the range of motion of a joint without causing any injury to him, this being an important factor with regard to the person's health. Characterized as a case study, which used three to twenty-four movements flexitest: I dorsal flexion of the ankle, ankle plantar flexion II, III Knee flexion. We used a digital camera SONY Cyber-Shot brand, being positioned in correspondence with the position angle measured. The anatomical points were used: medial malleolus, between the head point of the 1st and 2nd metatarsal, lateral malleolus, the knee joint line, greater trochanter and femoral condyle internal. For analysis of virtual measurement of angles was used the program SAPO (Postural Assessment Software) version 0.68. The result obtained for the movement of the right ankle dorsiflexion was 95,4°, 98,8° and left ankle. Extension movement of the right ankle was 141,9°, 164,1° and left ankle. To the right knee flexion was 23,4° and 22,5° left knee. The right leg showed greater flexibility, however, with little difference in the left limb. This may have occurred because the individual is right handed, i.e. using more often the member and also in activities that require more physical capacity. Keywords: Flexibility. Kinematic analysis. Ankle flexion. Knee flexion. Ankle extension.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
A graciosidade e a beleza dos movimentos do corpo humano, tais como vistas em uma exibição de dança ou de nado sincronizado, dependem primariamente da amplitude de mobilidade das articulações corporais. Essa mobilidade é representada pela flexibilidade, que pode ser definida como a amplitude máxima fisiológica passiva em um dado movimento articular. A flexibilidade tende a variar inversamente com a idade e a ser maior nas mulheres, com as diferenças entre gêneros tornando-se mais pronunciadas a partir dos cinco ou seis anos de idade.
Não obstante alguns autores considerarem a flexibilidade como uma característica geral, Dickinson (1968) já havia demonstrado no passado que a flexibilidade é específica para cada uma das articulações corporais, podendo inclusive variar em magnitude relativa para os diferentes movimentos de uma mesma articulação.
Enquanto, anteriormente, a ênfase na discussão da flexibilidade era voltada para o treinamento desportivo, considera-se, mais recentemente, que a flexibilidade seja uma das principais variáveis da aptidão física relacionada à saúde, de modo que o aumento dos seus valores, a partir de programas de exercício físico, pode representar uma melhoria na qualidade de vida relacionada à saúde, e pode ser definido como a máxima amplitude fisiológica passiva em um dado movimento articular. O grau de flexibilidade não é homogêneo em nosso corpo, variando, em realidade, para cada articulação e para cada movimento.
A avaliação da flexibilidade permite ao profissional de educação física avaliar o nível de capacidade física dos indivíduos, possíveis disfunções musculares, predisposição para alguma patologia que venha a prejudicar alguns movimentos, obter resultados sobre o desenvolvimento do individuo perante determinado tipo de treinamento ou na recuperação de lesões e etc.
A utilização do flexiteste é uma alternativa para avaliação da flexibilidade em diferentes movimentos realizados pelo corpo humano. Portanto o flexiteste tem como objetivo determinar a amplitude articular passiva máxima em 24 movimentos articulares. Este método para a mensuração e avaliação da flexibilidade é simples, rápido, de baixo custo e grande aplicabilidade. Sendo classificado como um teste adimensional (testes onde não existe uma unidade convencional de medida).
1.1. Movimentos articulares do tornozelo e joelho
Articulação ou juntura é a conexão entre duas ou mais peças esqueléticas (ossos ou cartilagens). Essas uniões não só colocam as peças do esqueleto em contato, como também permitem que o crescimento ósseo ocorra e que certas partes do esqueleto mudem de forma durante o parto. Além disto, capacita que partes do corpo se movimentem em resposta a contração muscular.
As articulações fibrosas e cartilagíneas têm um mínimo grau de mobilidade. Assim, a verdadeira mobilidade articular é dada pelas articulações sinoviais. Estes movimentos ocorrem, obrigatoriamente, em torno de um eixo, denominado eixo de movimento. A direção destes eixos é ântero-posterior, látero-lateral e longitudinal. Na análise do movimento realizado, a determinação do eixo de movimento é feita obedecendo a regra, segundo a qual, a direção do eixo de movimento é sempre perpendicular ao plano no qual se realiza o movimento em questão.
A articulação de movimento tanto do tornozelo como do joelho são classificadas como, gínglimo, ou dobradiça, sendo que os nomes referem-se muito mais ao movimento (flexão e extensão) que elas realizam do que à forma das superfícies articulares. A articulação do cotovelo é um bom exemplo de gínglimo e a simples observação mostra como a superfície articular do úmero, que entra em contato com a ulna, apresenta-se em forma de carretel. Todavia, as articulações entre as falanges também são do tipo gínglimo e nelas a forma das superfícies articulares não se assemelha a um carretel. Este é um caso concreto em que o critério morfológico não foi rigorosamente obedecido. Realizando apenas flexão e extensão, as articulações sinoviais do tipo gínglimo são mono-axiais.
Portanto o presente trabalho tem o objetivo de estabelecer quais os pontos de maior e menor mobilidade, levando em consideração o movimento relacionado, a articulação em movimento, e a diferença de mobilidade entre membros.
2. Metodologia
Como método de análise dos ângulos articulares foi usado a cinemática com representação por fotografias. Este trabalho caracteriza-se como um estudo de caso. Utilizou-se de três, dos vinte movimentos do flexiteste: I Flexão dorsal do tornozelo, II Flexão plantar do tornozelo, III Flexão do joelho. Para realização do teste, foi utilizada uma câmera fotográfica digital, com resolução de 7.2 mega pixels, da marca SONY Cyber-Shot s730, sendo posicionada na mesma altura da posição do ângulo avaliado e 90 cm de distância do mesmo. As fotos foram registradas no mesmo local e horário do dia, sendo realizada uma foto por movimento, do lado direito (fita de marcação de ponto na cor preta) e esquerdo (fita de marcação de ponto na cor verde). Para analise virtual de mensuração de ângulos foi utilizado o programa SAPO (Software para Avaliação Postural) versão 0.68. Um avaliador fica responsável em auxiliar nos movimentos conforme descrito no protocolo abaixo e o outro avaliador em focalizar o movimento e tirar as fotos. Os movimentos devem ser executados sem alongamentos ou aquecimento prévio.
2.1. Protocolo de descrição dos movimentos
Movimento I (flexão do tornozelo)
Avaliado
Sentando, com sua perna direita estendida e a esquerda fletida.
Avaliador
Ajoelhado ou agachado, em um plano perpendicular ao do avaliado, com sua mão direita, apoiando imediatamente acima do joelho direito, e a esquerda executando a flexão dorsal do tornozelo direito do avaliado, apoiando-se na região metatarsiana, fazendo um ângulo reto entre os eixos longitudinais da sua mão e do pé do avaliado. Responsável em marcar os pontos pré-determinados.
Pontos anatômico marcados: Maléolo medial, Ponto entre a cabeça do 1º e 2º metatarsal, Côndilo interno do fêmur.
Movimento II (extensão do tornozelo)
Avaliado
A mesma posição do movimento I.
Avaliador
A mesma posição do movimento I, modificando-se apenas a posição da sua mão esquerda, que, neste movimento, é colocada na região anterior do pé direito do avaliado, de modo a poder executar a flexão plantar do tornozelo. Responsável em marcar os pontos pré-determinados.
Pontos anatômico marcados: Maléolo medial, Ponto entre a cabeça do 1º e 2º metatarsal, Côndilo interno do fêmur.
Movimento III (flexão do joelho)
Avaliado
Deitado em decúbito ventral, com os braços estendidos naturalmente, à frente do corpo, com o joelho fletido.
Avaliador
Ajoelhado ao lado da perna esquerda do avaliado, exatamente na posição de realizar a flexão do joelho direito, colocando a sua mão direita na parte anterior distal e a esquerda na parte anterior proximal da perna direita do avaliado. Responsável em marcar com fita os pontos pré-determinados.
Pontos anatômicos marcados: maléolo lateral, linha articular do joelho, trocânter maior do fêmur.
3. Resultados e discussões
Basicamente a flexibilidade é resultante da capacidade de elasticidade demonstrada pelos músculos e os tecidos conectivos, combinados à mobilidade articular9. É bastante específica para cada articulação, podendo variar de indivíduo para indivíduo e até no mesmo indivíduo, sendo assim, um indivíduo que apresente níveis elevados de flexibilidade em determinada articulação, necessariamente, não irá apresentar índices equivalentes em outras articulações.
Movimento de Flexão do tornozelo, com o individuo analisado apresentando a seguinte amplitude articular no movimento de acordo com os membros direito e esquerdo: Flexão do tornozelo direito com ângulo de 95,4° (figura 1), e Flexão do tornozelo esquerdo de 98,8° (figura 2).
Figura 1. Flexão do tornozelo direito
Figura 2. Flexão do tornozelo esquerdo
Analisando o movimento de flexão do tornozelo, onde aparentemente a diferença entre ângulos no membro direito e membro esquerdo não apresentou diferença significativa, no entanto, o membro direito apesar da visível lesão apresentada na figura 1, apresenta maior mobilidade articular, em relação ao movimento de flexão no membro esquerdo, portanto a questão membro dominante no movimento de flexão do tornozelo foi o fator determinante para o membro tornozelo direito apresentar maior amplitude articular de movimento.
No entanto considera-se que a diferença encontrada entre os dois membros é mínima, uma hipótese plausível é o fator do uso diário de mesma intensidade entre os membros direito e esquerdo, haja vista que o membro dominante (direito) é utilizado em maior intensidade nas práticas esportivas, como por exemplo futebol de campo e futsal, no entanto não são atividades diárias, mas sim práticas realizadas em casos esporádicos.
Isso pode ser justificado pelo fato de que, no avaliado, o membro direito era o dominante e que este é praticante sistemático de futsal, pois segundo Polachini et all (2005) em indivíduos da área de esportes a tendência é que haja maior amplitude nos movimentos do membro dominante como conseqüência de aprimoramento na força, na coordenação, nos mecanismos proprioceptivos e no desempenho muscular, determinados pelo uso mais intenso do local.
No movimento de extensão do tornozelo, o individuo analisado apresentou a seguinte amplitude articular no movimento de acordo com os membros direito e esquerdo: extensão do tornozelo direito com ângulo de 141,9° (figura 3), e extensão do tornozelo esquerdo de 164,1° (figura 4).
Figura 3. Extensão do tornozelo direito
Figura 4. Extensão do tornozelo esquerdo
O resultado significativo foi encontrado no movimento de extensão do tornozelo, onde o tornozelo direito apresentou o ângulo de 141,9°, e o tornozelo esquerdo maior amplitude articular com valor de ângulo de 164,1°, explica-se este resultado encontrado pelo fato do tornozelo direito apresentar uma lesão aguda, onde o movimento de extensão foi totalmente prejudicado no membro direito, embora não se afirma que sem a lesão articular do tornozelo direito, o ângulo do membro direito no movimento de extensão seria maior do que o ângulo do tornozelo esquerdo no movimento de extensão.
No movimento de flexão do joelho, o individuo analisado apresentou a seguinte amplitude articular no movimento de acordo com os membros direito e esquerdo: Flexão do joelho direito com ângulo de 23,4° (figura 5), e Flexão do joelho esquerdo de 22,5° (figura 6).
Figura 5. Flexão do joelho direito
Figura 6. Flexão do joelho esquerdo
No movimento de flexão de joelho, não se encontrou significativa diferença, com valores de flexão do joelho direito de 23,4°, e flexão de joelho esquerdo de 22,5°, resultado este que confirma a utilização igualitária dos dois membros inferiores (direito e esquerdo) nas atividades diárias, no que diz respeito à intensidade e freqüência em que ambos são acionados.
Magnusson, Gleim & Nicholas (1994), exemplificam essa relação atividade física nível de flexibilidade do membro dominante quando em um estudo observaram que jogadores de baseball experimentariam um aumento progressivo da flexibilidade para a rotação interna e redução para a rotação externa no ombro do braço de lançamento, em comparação com o próprio braço não dominante e o braço dominante de uma amostra controle.
Porém, segundo Farinatti (2000), os estudos sobre a amplitude de movimento e a dominância de lateralidade não são definitivos e na maioria dos casos não são encontradas diferenças entre a lateralidade de dominância e a flexibilidade, sendo que as diferenças são observadas apenas em esportistas, como exposto anteriormente.
4. Conclusão
A perna direita mostrou maior flexibilidade, porém, tendo pouca diferença em relação à esquerda. Isso pode ter ocorrido, devido o indivíduo ser destro, ou seja, utilizando mais vezes este membro e também em atividades que exigem mais desta capacidade física. Por exemplo, em um jogo de futsal, usando na maioria das vezes a perna que tem maior habilidade e o controle da bola, assim, esta deve ser mais resistente, e quanto maior a flexibilidade menor o risco de lesões. Apenas o movimento de extensão do tornozelo, onde a lesão aguda prejudicou o membro tornozelo direito de realizar o movimento em sua dimensão natural.
Referências bibliográficas
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Araújo DSMS, Araújo CGS. Aptidão física, saúde e qualidade de vida relacionada à saúde. Rev Bras Med Esporte 2000; 6: 194-203.
Beighton, P. Horan, F. Dominant inheritance in familial generalized articular hypermobility. J Bone Joint Surg Br 1970; 52B: 145-59.
Coelho CW, Araújo CGS. Relação entre aumento da flexibilidade e facilitações na execução de ações cotidianas em adultos participantes de programa de exercício supervisionado. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano 2000; 2: 31-41.
Dickinson RV. The specificity of flexibility. Res Q 1968;39:792-4.
Farinatti PTV. Flexibilidade e esporte: uma revisão de literatura. Rev. paul. Educ. Fís. Jan./jun. 2000; 14(1):85-96,
Magnusson SP, Gleim GW, Nicholas JA. Shoulder weakness in professional baseball pitchers. Medicine and Science in Sports and Exercise. 1994; 26:.5-9.
Polachini LO, Fusazaki L, Tamasso M, Tellini GG, Masiero D. Estudo comparativo entre três métodos de avaliação do encurtamento de musculatura posterior da coxa. Ver Bras Fisioter. 2005; 9(2):187-193.
Pontes, L. M et al. Comparação dos níveis de flexibilidade em futebolistas durante o período de 16 semanas de treinamento. Disponível em: http://www.braccini.com.br/artigos/lucianomeirelespontes_flexibilidade.pdf
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