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Níveis de flexibilidade de jovens iniciantes em 

uma academia de ginástica do Rio Grande do Sul

Niveles de flexibilidad de jóvenes principiantes en un gimnasio de Río Grande do Sul

 

*Bacharel em Educação Física. Universidade Federal de Pelotas/RS

Pós-graduando em Fisiologia do Exercício. Universidade Gama Filho/RJ

**Nutricionista - Universidade Federal de Pelotas/RS

Pós-graduando em Bases Nutricionais para Atividade Física

Universidade Gama Filho/RJ

Mateus Salerno*

mateus_salerno@yahoo.com.br

Pamela Silva Vitória**

pamelasvitoria@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A flexibilidade é a capacidade de mover uma ou mais articulações, depende de diversos fatores e é um importante componente para verificação do nível de aptidão física. O trabalho objetivou descrever o nível de flexibilidade de iniciantes de 13 a 20 anos em uma academia de ginástica do Rio Grande do Sul. A coleta da flexibilidade foi realizada pelo teste de sentar e alcançar com o banco de Wells e Dillon, em 59 jovens iniciantes, sendo 31 do sexo masculino e 28 do sexo feminino. Utilizaram-se análises descritivas de percentual, média, desvio padrão e nível de significância. Para cálculo de nível de significância foi utilizado o programa Microsoft Office Excel 2007 e Teste T adotando p<0,05 para tal. A média de flexibilidade foi maior nas mulheres. Além disso, as mulheres apresentam flexibilidade maior na maioria das idades dos componentes da amostra. É necessário em estudos futuros o acompanhamento de outras variáveis, como percentual de gordura corporal, Índice de Massa Corporal (IMC) e outros dados antropométricos para uma melhor justificativa nas mudanças e diferenças dos níveis de flexibilidade.

          Unitermos: Flexibilidade. Ginástica. Diferença.

 

Abstract

          Flexibility is the ability to move one or more joints depends on several factors and is an important component to evaluate the level of physical fitness. The study describes the level of flexibility for beginners from 13 to 20 years in a gym in Rio Grande do Sul. The collection of the flexibility test was sit and reach with the bank by Wells and Dillon, 59 young beginners, 31 were males and 28 females. We used descriptive analysis of percentage, mean, standard deviation and significance level. To calculate the significance level was used to program Microsoft Office Excel 2007 and t test considering p <0.05 for it. The average flexibility was greater in women. Moreover, women have greater flexibility in most ages of the sample components. It is necessary in future studies the monitoring of other variables such as body fat percentage, body mass index (BMI) and other anthropometric data for a better explanation of the changes and differences in levels of flexibility.

          Keywords: Flexibility. Gymnastics. Difference.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A flexibilidade é definida como a capacidade de mover uma articulação, ou uma série de articulações, por meio da amplitude de movimento total, irrestrita e livre de dor (PRENTICE e VOIGHT, 2003; ROSA et al, 2006). Ela depende da combinação entre a amplitude de movimento articular, que pode ser limitada pela forma das superfícies articulares e pelas estruturas ligamentares e capsulares ao redor dessa articulação, e pela flexibilidade muscular ou capacidade da unidade musculotendinosa de se alongar (HOLT, PELHAM e BURKE, 1999; NELSON e BANDY, 2004).

    Um importante componente da aptidão física relacionada à saúde, a flexibilidade, quando em níveis adequados, está relacionada à prevenção de diversas alterações posturais, de lombalgias e a um menor risco de lesões (TOSCANO e EGYPTO, 2001). Além disso, vem sendo considerada um importante componente para a caracterização do nível de aptidão física relacionado com a performance esportiva (HORTOBÁGYI et al, 1985; WILSON, ELLIOTT e WOOD, 1992; HONEYBOURNE, HILL e MOORS, 1996; CHAGAS e BHERING, 2004).

    A mensuração da flexibilidade tornou-se uma prática comum que tem o objetivo de fornecer informações para a prescrição e controle dos programas de treinamento que contêm exercícios de alongamento (ACSM, 2000). O teste de sentar e alcançar (TSA), proposto inicialmente por Wells e Dillon (1952), é comumente usado para medir a flexibilidade da coluna lombar e músculos isquiotibiais (CARDOSO et al, 2007). O objetivo do trabalho é descrever o nível de flexibilidade de iniciantes de 13 a 20 anos em uma academia de ginástica do Rio Grande do Sul.

Materiais e métodos

Instrumento

    Na avaliação do nível de flexibilidade foi utilizado o banco de Wells e Dillon (1952), para realizar o teste de “sentar e alcançar”. O banco tinha largura de 35 cm, altura de 35 cm e comprimento de 45 cm. Na borda superior do banco encontra-se afixada uma escala métrica com 56,5 cm.

Amostra

    A amostra compreendeu 59 indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 13 e 20 anos (média de 17,74 anos), iniciantes de alguma atividade física em uma academia de ginástica em Pelotas-RS. As modalidades de atividades físicas que a academia oferece são: musculação, atividades aeróbicas em aparelhos ergométricos, boxe, jiu-jitsu, e aulas de ginástica do Sistema Body Systems (Les Mills). Todos eles foram avaliados entre os meses de junho e outubro de 2010, durante a avaliação para o início na atividade física planejada.

Procedimentos

    A flexibilidade foi medida para o movimento de flexão anterior de tronco e quadril através do teste de sentar e alcançar de Wells e Dillon (1952). No teste, o avaliado era colocado sentado, com joelhos estendidos, em frente ao banco de Wells e pedia-se para que empurrasse com as pontas dos dedos uma tábua situada a 23 cm para fora do banco, através da flexão anterior do tronco, com os cotovelos estendidos e simultânea expiração. Ao atingir o seu limite máximo, o avaliado mantinha-se na posição por 2 segundos. A medida foi auferida três vezes sem aquecimento prévio e anotada em centímetros, de acordo com o ponto de alcance máximo.

    O grupo selecionado assinou o termo de participação consentida, conforme resolução 196, de 1° de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde para as normas éticas de pesquisas envolvendo seres humanos.

Análise estatística

    Foram realizadas análises descritivas considerando distribuição de percentual, média e desvio padrão. A análise foi feita com auxílio do programa Microsoft Office Excel 2007, onde utilizou-se Teste T para se saber a significância de alguns dados.

Limitação do estudo

    Não foi possível controlar a temperatura ambiente durante a realização das medidas de flexibilidade. É possível haver resultados diferentes em razão das variações na temperatura. Outra limitação é que não foi considerada é a composição corporal dos indivíduos da amostra, o que pode influenciar negativamente nos resultados.

Resultados

    A média da flexibilidade dos jovens iniciantes do sexo masculino foi de 23,62 cm (desvio padrão ±10,43 cm) e de 31,42 cm (desvio padrão ±9,50 cm) para o sexo feminino (Gráfico 1). Esta diferença foi significativa para p<0,05.

Gráfico 1. Flexibilidade média classificada por sexo

    A amostra selecionada foi de 59 indivíduos, sendo eles 31 do sexo masculino e 28 do sexo feminino (Gráfico 2). A maior parte da amostra pertence às idades de 18 e 20 anos de idade, totalizando 54,32% dos indivíduos. A heterogeneidade da amostra não ocorreu devido ao iniciante ser ingressante por conta própria e participarem com voluntários da pesquisa.

Gráfico 2. Amostra total por idade

    Ao compararmos à idade separadamente, diferenças significativas só ocorre nos indivíduos com idade de 17 anos, para p<0,05 (Gráfico 3). Pelo gráfico nota-se também que os indivíduos do sexo feminino mantém maior média de flexibilidade nas idade de 14, 15, 17, 18 e 20 anos, o que comprova que a flexibilidade nos indivíduos do sexo feminino é maior que do sexo masculino. Um estudo realizado com escolares em Wetsfalia-RS (Noll e Sá, 2008), mostra resultados semelhantes, que embora o gênero não tenha influenciado significativamente os níveis de flexibilidade, seus níveis foram sempre maiores no gênero feminino.

Gráfico 3. Flexibilidade média comparada por sexo e idade

    O gráfico 4 mostra o número total da amostra existente, suas idades e flexibilidade respectivamente. Pode-se observar que dos 31 sujeitos do sexo masculino, aproximadamente 29% deles tem flexibilidade inferior a idade. Já nas jovens do sexo feminino, observa-se que apenas 10,7% da amostra aproximadamente têm flexibilidade inferior a idade delas. Dos 59 indivíduos da amostra, 21 deles têm flexibilidade inferior a 25 centímetros, sendo que esta é classificada como fraca de acordo com Wells e Dillon (1952).

Gráfico 4. Comparação da flexibilidade e idade pela amostra

Discussão

    Considerando que a flexibilidade de uma articulação é dependente do seu nível de utilização, o envolvimento em programas regulares de exercícios físicos pode favorecer a melhoria dos níveis de flexibilidade, principalmente de sujeitos sedentários, uma vez que as articulações, até então pouco utilizadas e, provavelmente, encurtadas, passarão a receber um estímulo progressivo que acarretará adaptações bastante positivas em médio ou longo prazo (CYRINO et al, 2004).

    Em recente estudo de Ribeiro et al (2010), onde mostrou-se o nível de flexibilidade obtida pelo teste de sentar e alcançar a partir de estudo realizado na Grande São Paulo em diversas faixas etárias, os indivíduos jovens entre 15 e 30 anos de idade apresentavam flexibilidade fraca. O estudo também mostra que os indivíduos do sexo feminino têm maior flexibilidade que os do sexo masculino em todas as faixas etárias.

    Baquet et al (2006), realizaram um estudo longitudinal com crianças entre 11 e 16 anos, observou-se que as meninas tinham maior flexibilidade que os meninos no teste de sentar e alcançar. Apesar de ser notadamente referido tanto em pesquisas como na prática profissional, o teste de sentar e alcançar ou Banco de Wells peca por representar a flexibilidade global dos indivíduos com base em um único movimento, quando a flexibilidade de outras articulações pode apresentar variações (MELO, OLIVEIRA e ALMEIDA, 2009). Em outra pesquisa envolvendo lutadores de jiu-jitsu no Rio de Janeiro, com idade média de 19 anos, foi comprovado que aqueles que têm um maior tempo de prática possuem maior flexibilidade toráco-lombar e de quadril (SOUZA, SILVA e CAMÕES, 2005).

    Em uma revisão sistemática realizada, Salerno (2010) conclui que a flexibilidade é influenciada positivamente por qualquer que seja o tipo de treinamento de força. As diretrizes são para que o treinamento de flexibilidade seja feito para os principais grupos musculares, com frequência mínima de 3 vezes por semana, de 3 a 5 repetições cada grupo muscular e duração de 10 a 60s cada repetição (ACSM, 2000). Os exercícios para flexibilidade podem ser realizados de forma ativa, passiva, estática, dinâmica, balística, com ou sem facilitação proprioceptiva sendo o nível de condicionamento do praticante e o objetivo do treino que determinarão que tipo de exercício ele deverá realizar (SAINZ DE BARANDA e AYALA, 2010).

Conclusão

    As jovens iniciantes do sexo feminino apresentam maiores níveis de flexibilidade que os jovens iniciantes do sexo masculino. Além disso, é possível percebem que os indivíduos do sexo masculino apresentam flexibilidade inferior em quase todas as idades dos iniciantes da amostra, mas isso não pode ser comprovado no estudo devido ao número pequeno de indivíduos da amostra em algumas idades.

    Agora, devem-se controlar os níveis de flexibilidade dos indivíduos da amostra através de reavaliações após algum tempo de treinamento proposto a estes. É necessário também o acompanhamento de outras variáveis, como percentual de gordura corporal, Índice de Massa Corporal (IMC) e outros dados antropométricos devem ser realizados para uma melhor justificativa na mudança de possíveis níveis de flexibilidade.

Referências bibliográficas

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