A percepção de estresse e recuperação e o overtraining em nadadores La percepción del estrés y la recuperación y el sobreentrenamiento en los nadadores |
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* Mestre em Ciências do Esporte pela Universidade Federal de Minas GeraisProfessor Assistente da Faculdade Pitágoras de Educação Física-Belo Horizonte, MG Preparador Físico de atletas de alto rendimento **Graduado em Educação Física e Fisioterapia Aluno de mestrado em Ciências do Esporte da Universidade Federal de Minas Gerais Treinador de natação com experiência no alto rendimento ***Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Minas Gerais Preparador físico de natação com experiência no alto rendimento ****Doutor em Ciências do Esporte pela Universidade do Esporte em Colônia (Alemanha) Professor Titular da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais. Coordenador do Laboratório de Psicologia do Esporte da Universidade Federal de Minas Gerais. *****Doutor em Ciências do Esporte pela Universidade de Konstanz (Alemanha). Professor Associado da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais |
Rauno Álvaro de Paula Simola* André Henrique de Oliveira Cordeiro** Gabriel Resende Quinan*** Dietmar Martin Samulski**** Luciano Sales Prado***** (Brasil) |
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Resumo Embora treinamentos caracterizados por altas cargas de treinamento sejam necessários para obter elevados níveis de desempenho no esporte, é importante manter equilíbrio entre os estímulos de treinamento e o processo de recuperação, caso contrário, várias funções psicológicas e fisiológicas podem ser prejudicadas, contribuindo para o surgimento do overtraining. O overtraining tornou-se um problema significativo em atletas de diferentes modalidades esportivas, comprometendo temporadas esportivas inteiras e abreviando carreiras atléticas promissoras. Portanto, é importante a compreensão dos sintomas do overtraining e dos mecanismos envolvidos com seu surgimento, para que estratégias adequadas de prevenção e tratamento desse fenômeno possam ser desenvolvidas. O presente estudo tem como objetivo discutir a importância da avaliação da percepção de estresse e recuperação por meio do questionário RESTQ-Sport na prevenção do overtraining em nadadores. Unitermos: Overtraining. Estresse. Recuperação. Natação.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Elevados níveis de desempenho e resultados expressivos no esporte requerem elevadas cargas de treinamento (HYNYNEN et al., 2006). Contudo, é importante manter equilíbrio entre os estímulos de treinamento e o processo de recuperação (BUDGETT, 1998). O desequilíbrio entre estresse e recuperação, ou uma carga de estresse excessiva com pouca regeneração é conhecido como overtraining (LEHMANN et al., 1993).
Uma vez que altos índices de estresse (elevadas cargas de treinamento) são necessários para a aquisição de altos níveis de desempenho, a análise isolada da percepção de estresse pode ser insuficiente como medida de prevenção do overtraining em atletas de alto rendimento (KELLMANN e GÜNTHER, 2000). Segundo os mesmos autores, uma avaliação mais precisa poderia ser realizada através da percepção de estresse e da percepção da recuperação ao mesmo tempo. Isso permitiria a avaliação da relação entre esses dois aspectos. Esta abordagem multidimensional poderia ser realizada através da avaliação de outra variável: a percepção de estresse e recuperação (KELLMANN e GÜNTHER, 2000).
A percepção de estresse e recuperação indica a extensão na qual o indivíduo está estressado física e/ou mentalmente, assim como, se seria capaz de utilizar suas estratégias de recuperação, além de quais destas estratégias poderiam ser utilizadas (KELLMANN e GÜNTHER, 2000).
Considerando a relação existente entre o overtraining e os estados de estresse e recuperação, o presente estudo tem como objetivo discutir a importância da avaliação da percepção de estresse e recuperação por meio do questionário RESTQ-Sport na prevenção do overtraining em nadadores.
Estresse
O estresse pode ser entendido como um estado de desestabilização psicofísica ou uma perturbação do equilíbrio entre a pessoa e o meio ambiente (SELYE, 1981; SAMULSKI et al., 2009). Devido a essa interação entre pessoa e meio ambiente, para uma análise mais detalhada do processo de origem e gerenciamento do estresse, é necessário analisar esse fenômeno de maneira tridimensional, considerando aspectos biológicos, psíquicos e sociais (NITSCH, 1981). Aspectos psíquicos e sociais estão ligados a aspectos biológicos. Processos biológicos por sua vez, são influenciados por aspectos psíquicos e sociais. Finalmente, o sistema social também é influenciado pelos sistemas biológico e psíquico. E todas essas interações estão relacionadas com o surgimento e gerenciamento do estresse.
Aumentos da carga de treinamento, competições esportivas importantes cada vez mais freqüentes, índices de classificação cada vez mais difíceis de serem alcançados, além de pressões externas, como cobrança de patrocinadores, mudança dos padrões estéticos e vários outros, precipitam o surgimento e evolução do estresse em atletas competitivos e amadores (COSTA e SAMULSKI, 2005a; ROHLFS et al., 2005)
Um estado de desequilíbrio provocado por um estímulo estressor poderá levar a uma reação, que conduzirá ao estado de estresse. As conseqüências desse estado tornam-se novamente outros estímulos de estresse (modificações do estado individual e/ou meio ambiente através de uma avaliação subjetiva). Contudo, o aparecimento do estresse vai depender não somente da presença do estressor. O estresse vai depender também das características do estímulo estressor e da forma com que a pessoa interpreta esse estímulo. A presença de estímulos estressores por si só, não necessariamente provoca estados de estresse, pois, entre eles, existem processos psíquicos intermediários. Em outras palavras, as conseqüências do estresse não aparecem invariavelmente frente a qualquer reação ou a um estímulo estressor, dependem também da interpretação pessoal da situação (SAMULSKI et al., 2009; NITSCH, 1981).
Finalmente, segundo McGrath (1981), uma conotação negativa é comumente associada ao estresse devido às medidas de intervenção utilizadas para redução desse fenômeno. Contudo, o estresse pode estar associado também a efeitos positivos. Até certo ponto, o estresse é importante para a manutenção e aperfeiçoamento da capacidade funcional, autoproteção e conhecimento dos próprios limites (SAMULSKI et al., 2009). O estresse pode gerar níveis de ativação no indivíduo proporcionando adaptação às novas situações. No aspecto biológico, o estresse pode induzir a liberação de hormônios, que vão aumentar a disponibilidade de substratos energéticos para os músculos (GUYTON e HALL, 1998).
Recuperação
Geralmente a recuperação é definida apenas como um processo de compensação de déficit orgânico gerado pela atividade realizada anteriormente (KELLMANN et al., 2009; KELLMANN e KALLUS, 2001). Contudo, segundo Kellmann (2010), Kellmann et al. (2009), Kellmann e Kallus (2001), a recuperação é um processo mais complexo, baseado nas seguintes características:
A recuperação é dependente do tempo;
A recuperação está relacionada ao tipo e a duração do agente estressor;
A recuperação depende da redução, mudança ou eliminação do estresse;
A recuperação é um processo específico e depende da percepção individual;
A recuperação termina quando o estado psicofisiológico pré-exercício é restabelecido;
A recuperação inclui ações propositais (recuperação pró-ativa), assim como processos psíquicos e biológicos automatizados que restauram as reservas energéticas (recuperação passiva);
A recuperação pode ser descrita em vários níveis (fisiológico, psicológico, social, sociocultural e ambiental);
A recuperação envolve vários sub-sistemas orgânicos;
Diferentes sub-processos de recuperação podem ser dissociados;
A recuperação está fortemente relacionada às situações cotidianas (ex.: qualidade de sono, contatos sociais, etc...).
Baseado nas características acima, Kellmann e Kallus (2001) definiram recuperação como um processo intra e interindividual de vários níveis (psicológico, fisiológico e social), que ocorre ao longo do tempo com o objetivo de restabelecer a capacidade funcional. A recuperação ainda inclui um componente orientado à própria ação (recuperação pró-ativa). Assim, o sujeito deveria se conscientizar da importância das suas ações e por isso, fazer parte de forma ativa e sistemática do planejamento e da execução de suas atividades de recuperação. Através disso, é possível otimizar as situações cotidianas para criar e restabelecer suas reservas energéticas.
Interação entre estresse e recuperação
Elevados níveis de estresse podem prejudicar as adaptações ao treinamento, podendo, em alguns casos, causar problemas mais sérios como o overtraining. Entretanto, quando altos níveis de estresse são compensados com recuperação apropriada, são observados efeitos positivos no processo de treinamento (KELLMANN e GÜNTHER, 2000; KENTTÄ e HASSMÉN, 1998). Deste modo, a prescrição ótima de exercícios deve incluir períodos sistemáticos de recuperação e/ou fases de treinamento de menor intensidade.
O modelo “tesoura” (figura 1) descreve a relação entre os estados de estresse e as demandas de recuperação (KELLMANN e KALLUS, 2001; KELLMANN et al. 2009). A premissa básica é que, aumentando o estado de estresse, torna-se necessário aumentar as atividades destinadas à recuperação. Essas atividades de recuperação compensarão os aumentos nos estados de estresse (linhas contínuas) e o indivíduo poderá atingir níveis de desempenho ótimos.
Recursos limitados de recuperação (ex.: poucas horas de sono) não induzem reduções nos estados de estresse (linhas pontilhadas). Pelo contrário, os indivíduos experimentarão mais estresse. Nesse caso, o estresse pode se acumular ao longo do tempo e sintomas de overtraining podem surgir. Em resumo, o modelo “tesoura” sugere que altos níveis de estresse devem ser compensados com aumentos nas atividades de recuperação. Nesse sentido, até certo ponto, altos níveis de estresse não seriam prejudiciais.
Figura 1. Modelo “tesoura” da interrelação entre estresse e recuperação
(KELLMANN et al. 2009; KELLMANN e KALLUS, 2001)
Overtraining
Segundo Lehmann et al. (1993), o overtraining pode ser definido como um desequilíbrio entre estresse e recuperação ou uma carga de estresse excessiva com pouca regeneração. O estresse pode ser proveniente do próprio treinamento e de fatores extra-treinamento, como treinamentos monótonos, viagens desgastantes exigidas por patrocinadores, conflitos familiares, entre outros.
Caso os processos de recuperação não compensem adequadamente as demandas fisiológicas e psicológicas impostas pela carga de treinamento e demais situações estressantes extra-treinamento, o desempenho esportivo e várias funções fisiológicas e psicológicas podem ser prejudicadas. O overtraining tem sido classificado como overtraining de curto prazo (overreaching) ou overtraining de longo prazo (overtraining). Durante o overreaching, a queda do desempenho esportivo dura de poucos dias a aproximadamente duas semanas, ainda que o atleta diminua a sua carga de treinamento. Caso o desequilíbrio entre estresse e recuperação persista, o overtraining de longo prazo é instalado e a queda do desempenho pode durar de semanas a meses (LEHMANN et al., 1993; FRY et al., 1991). É importante ressaltar que, segundo Weineck (1999), carga de treinamento pode ser entendida como a combinação dos seus componentes: intensidade, volume, duração, densidade e freqüência.
O overtraining tornou-se um problema significativo no esporte de alto rendimento, comprometendo temporadas esportivas inteiras e até mesmo abreviando carreiras atléticas promissoras. Portanto, é importante a compreensão dos sintomas do overtraining e dos mecanismos envolvidos com seu surgimento, para que estratégias adequadas de prevenção e tratamento desse fenômeno possam ser desenvolvidas (SAMULSKI et al., 2009; COSTA e SAMULSKI, 2005a; ALVES et al., 2006).
A prevalência da condição de overtraining tem sido relatada com mais freqüência em atletas que praticam esportes de resistência como natação, ciclismo, corrida e remo (TEEPLE et al., 2006).
Quando o objetivo é estudar os efeitos fisiológicos e psicológicos em aumentos de cargas de treinamento, nadadores são freqüentemente analisados, pois seus treinamentos enfatizam duplamente a alta freqüência e duração, que resultam em alto volume total ou grande metragem de treinamento (GONZÁLEZ-BOTO et al., 2008).
Morgan et al. (1987) em um estudo longitudinal de dez anos com nadadores, afirmaram que o overtraining é quase sempre acompanhado por alterações emocionais e psíquicas. Os mesmos autores ainda informaram que 10% dos nadadores universitários estudados entraram em condição grave de overtraining em algum momento durante uma temporada, ou macrociclo de treinamento.
Em outro estudo com nadadores, Raglin e Wilson (2000), relataram que dos 231 jovens atletas, monitorados em um estudo longitudinal, cerca de 81 indivíduos (35%) estariam na condição de overtraining.
González-Boto et al. (2008) descreveram que o monitoramento regular da relação estresse e recuperação, em um grupo de nadadores, quando avaliados pelas escalas do RESTQ-Sport, é capaz de mostrar mudanças significativas correlacionadas às mudanças de cargas de treinamento e pode ajudar a detectar sobrecarga indevida em estágios precoces.
Segundo Morgan et al. (1987) e Alves et al. (2006), os sintomas associados com o overtraining devem ser continuamente monitorados e os volumes de treinamento devem ser ajustados assim que sintomas negativos comecem a aparecer. Entretanto, não somente a carga de treinamento deve ser monitorada e ajustada, mas também agentes estressores em geral. Os estudos que procuram estabelecer os fatores determinantes no overtraining têm demonstrado que os indicadores psicológicos são muito sensíveis e consistentes na sua detecção (COUTTS et al., 2007; KELLMANN, 2002; KENTTÄ e HASSMMÉN, 1998).
Monitoramento da percepção de estresse e recuperação
O questionário de estresse e recuperação para atletas (RESTQ-Sport) é um instrumento que avalia de forma sistemática o estado de estresse e recuperação do indivíduo mediante sua própria percepção. Este estado indica a extensão na qual o indivíduo está estressado fisicamente e/ou mentalmente e sua capacidade em utilizar suas estratégias de recuperação, bem como quais estratégias são utilizadas. (KELLMANN et al., 2009; KELLMANN e KALLUS, 2001). O RESTQ-Sport já é validado nas línguas alemã, inglesa, francesa, espanhola, estoniana e também na língua portuguesa (COSTA e SAMULSKI, 2005b). Através de uma avaliação simultânea do estado de estresse e do estado de recuperação, um gráfico da percepção de estresse e recuperação é obtido (figura 2), o que permite mensurações diretas dos eventos, atividades e diferentes processos estressantes e de recuperação nos últimos 3 dias/noites. Esse gráfico é gerado por meio de um produto específico, programa RESTQ-Sport® (KELLMANN et al., 2009).
Ao utilizar 19 escalas multidimensionais, sendo 12 escalas gerais e 7 escalas específicas do esporte, é possível obter informações sobre rotinas no treinamento e fora do ambiente de treinamento e competição (KELLMANN, 2002). Adicionados aos itens relacionados ao comportamento e desempenho, itens relacionados às emoções, aspectos físicos e sociais do estresse e recuperação são considerados no RESTQ-Sport. Para Kenttä e Hassmén (1998) o RESTQ-Sport é um dos poucos instrumentos psicométricos que se propõe a avaliar as complexidades dos processos de estresse e recuperação. Além disso, ele tem sido utilizado em várias pesquisas sobre monitoramento do overtraining e respostas psicofisiológicas a diferentes cargas de treinamento (KELLMANN, 2010, KELLMANN et al., 2009, COUTTS et al., 2007; SIMOLA et al., 2007; KELLMANN e GÜNTHER, 2000).
Quanto à interpretação dos seus resultados, em geral, valores baixos a moderados nas escalas referentes ao estresse e altos valores nas escalas relacionadas com a recuperação indicam um estado de percepção de estresse e recuperação favorável ao desempenho esportivo. Enquanto que altos valores nas escalas referentes ao estresse e baixos valores nas escalas relacionadas à recuperação, indicam um estado propício para a incidência do overtraining (KELLMANN, 2010).
Figura 2. Percepção de estresse e recuperação. Atleta 1 = altos níveis de estresse e baixos níveis de recuperação. Atleta 2 = baixos níveis de estresse e altos níveis de recuperação.
Pesquisas realizadas com o RESTQ-Sport em nadadores
Alves (2005) em uma pesquisa com jovens nadadores durante 5 semanas que antecediam uma competição, constatou que no decorrer do treinamento, com a proximidade da competição, as escalas Estresse Emocional e Recuperação Física se modificaram. Esses resultados indicam maior ansiedade e estresse emocional por parte dos nadadores com a aproximação da competição. O aumento do escore relacionado à Recuperação Física pode ser explicado pela adaptação dos atletas às cargas de treinamento. As reduções nas escalas Fadiga e Auto-Regulação após a competição foram atribuídas à diminuição da pressão, em relação à semana anterior à competição.
Nesse mesmo experimento, foram realizados alguns estudos de caso antes da competição. Em um deles, foram analisadas 2 nadadoras de provas semelhantes. Contudo, a atleta “A” é considerada uma nadadora que compete melhor do que treina, enquanto a atleta “B” apresenta melhor desempenho nos treinos do que durante competições. Na atleta “B”, foi observado aumento considerável das escalas Fadiga e Exaustão Emocional, quando comparada à atleta “A”. As maiores escalas de estresse sugerem maior pressão externa associada com a possibilidade ou vontade da atleta “B” de abandonar o esporte, sendo que possíveis pressões dos pais e técnicos podem ser percebidas como ameaças. Por outro lado, a atleta “A” apresenta um perfil mais harmônico na relação estresse-recuperação, sobretudo, equilibrando as exigências derivadas da competição com ações de recuperação social, como boas relações com amigos e familiares.
Simola et al. (2009) investigaram os efeitos de diferentes cargas de treinamento na percepção de estresse e recuperação em duas fases distintas de treinamento de nadadores de alto rendimento. Na primeira fase, os indivíduos nadaram aproximadamente 50.000 metros durante uma semana. Após um mês, na segunda fase, os indivíduos nadaram aproximadamente 25.000 metros em uma semana. Após a segunda fase, houve uma redução significativa nos escores das escalas do RESTQ-Sport, Conflitos/Pressão, Fadiga, Falta de Energia, Perturbações nos Intervalos e Lesões. Além disso, foram observados aumentos significativos nas escalas Recuperação Física e Estar em Forma. Os autores concluíram que reduções nas cargas de treinamento após um período de altas cargas podem proporcionar uma melhoria na percepção de estresse e recuperação de nadadores altamente treinados, o que reflete uma melhora no perfil psicológico. Segundo Mujika e Padilla (2003), essa adaptação é fundamental para um rendimento satisfatório em competições.
González-Boto et al. (2008), investigaram a percepção de estresse e recuperação de nove nadadores em diferentes ocasiões de uma temporada de treinamento ao longo de 6 semanas. Após a fase de maior volume de treinamento, houve aumento significativo em duas escalas de estresse (Lesões e Exaustão Emocional) e redução em três escalas de recuperação (Sucesso, Recuperação Física e Auto-Eficácia). Na última fase, caracterizada pelo menor volume de treinamento, foi verificado um aumento na escala de recuperação Sucesso. Os resultados demonstram que o RESTQ-Sport é sensível a variações da carga de treinamento em uma amostra de nadadores. Ainda segundo os autores, o monitoramento regular da percepção de estresse e recuperação pode auxiliar na detecção precoce do overtraining.
Conclusões
O questionário RESTQ-Sport deve ser utilizado como ferramenta de monitoramento das adaptações psicológicas às cargas de treinamento e como prevenção do overtraining em nadadores, já que permite monitorar o estresse e a recuperação de forma integrada, considerando fatores físicos, psicológicos e sociais. Além disso, esse instrumento pode ser sensível a variações na carga de treinamento.
Referências
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