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Educação Física escolar e esporte na escola: um breve histórico

La Educación Física escolar y el deporte en la escuela: una breve historia

 

Mestre em Educação Física pela UNIMEP/SP

(Brasil)

Rubem Machado Filho

rubemfit@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O esporte é um forte integrante cultural de nossa sociedade, e a partir do momento que foi inserido na escola, sempre teve grande influência na Educação Física escolar. Este trabalho tem como objetivo fazer um breve histórico da Educação Física Escolar e do esporte na escola.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Jogo. Esporte Escolar.

 

Abstract
          The sport is a strong member of our cultural society, and from the moment that was inserted into the school, always had great influence on physical education. This paper aims to give a brief history of physical education and sport at school.
          Keywords: Physical Education. Game. School Sports.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/

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    O esporte sempre esteve fortemente presente na sociedade brasileira, porém não foi inserido imediatamente como conteúdo das aulas de Educação Física Escolar. A Educação Física no interior da escola teve sua origem baseada no referencial médico, tendo como objetivo a educação do corpo para a busca da saúde, possibilitando um corpo forte e higiênico (BRACHT, 1999). Posteriormente a Educação Física sofreu forte influência militar, com o intuito de preparar os “corpos”, para possíveis enfrentamentos militares, inserindo nas pessoas um ideal de nacionalismo e patriotismo (BRACHT, 1999). Tanto no padrão higienista como no militarista, a referência era pautada nos referenciais biológicos, tendo como principal objetivo o fortalecimento do corpo, e o conteúdo das aulas de Educação Física baseavam-se na ginástica (BARROSO; DARIDO, 2006).

    Após a segunda grande guerra mundial, coincidindo com o momento histórico do término do governo ditatorial no país, intitulado como Estado Novo no Brasil originaram-se novas tendências para desenvolvimento do sistema educativo, com isso o esporte passa a ser um forte integrante da Educação Física escolar (BARROSO, DARIDO, 2006). Auguste Listello, grande defensor do esporte, auxiliou na implementação do chamado “Método da Educação Física Desportiva Generalizada”, tendo também como referência a cultura européia (BARROSO, DARIDO, 2006).

    Com a ascensão dos militares no governo brasileiro, a partir de 1964, o esporte é fortalecido nas aulas de Educação Física escolar, tendo como meta à busca de resultados em competições internacionais (DARIDO, 2003). Trata-se de um período no qual a ideologia do governo estava pautada em um país que vislumbrava ser uma potência de nação, sendo importante neste momento, fomentar um ambiente de desenvolvimento e ao mesmo tempo “mascarar” os problemas internos (DARIDO, 2003).

    O esporte nesse período passou a ser tratado basicamente como sinônimo da Educação Física escolar, os objetivos estavam claramente direcionados para a aptidão física e a detecção de talentos esportivos (DARIDO, 2003). Neste período ocorre uma mudança do Método Desportivo Generalizado para Método Esportivo, desta forma, o esporte nas aulas de Educação Física, que tinha a característica de ser um conteúdo também informal, com possibilidades de alterações nas regras, apresentando aspectos cooperativos além dos competitivos e oferecendo situações de resolução de problemas por parte dos alunos, passa a ter uma grande rigidez na sua formalidade, com regras normatizadas, controle exclusivo do professor para resolução de problemas e direcionando-se para a necessidade da competição, portanto passando a apresentar claramente como principal meta o rendimento (BETTI, 1991).

    A Educação Física no decorrer dos anos passou de um mero instrumento de preparação do corpo do homem para um dos processos mais coerentes de formação psico-motor-sócio-cultural, ou seja, ela é considerada hoje, uma das disciplinas mais importantes do currículo educacional, sendo responsável não só pela formação do homem propriamente dito, mas, também, introdutor desse mesmo homem como ser social, integrando-o na sociedade como um cidadão (SANTOS et al., 2006).

    A partir do Decreto nº 69.450, de 1971, a disciplina de Educação Física passou a ser responsável por trabalhar, desenvolver e aprimorar nos alunos as forças físicas, cívicas, psíquicas, morais e sociais, através dos seus conteúdos e técnicas (PCN’s, 1998).

    Muitos educadores justificam a inclusão da Educação Física nos currículos escolares através da contribuição da atividade esportiva na socialização dos alunos (MATTOS, NEIRA, 2008). Nesse sentido, o adolescente e o jovem, através do esporte, aprendem que entre eles e o mundo existem os outros, aprendem a conviver com as vitórias e derrotas, aprendem a vencer através do esforço pessoal, desenvolvem a independência e a confiança em si mesmos, o sentido da responsabilidade e etc. (MATTOS, NEIRA, 2008).

    Em termos de Educação Física e atividades conexas, em âmbito escolar, estão separadas em duas correntes bem definidas: a primeira vertente tem se inclinado pela tese de adesão universal ao esporte, usam o esporte como um fim, em face de comprovações empíricas repetidamente confirmadas desde o início do presente século; a outra vertente, por sua vez, aceita a universalização como retorno do homem a si mesmo ao assumir a feição lúdica, porém antecipa uma ruptura no significado histórico da Educação Física em suas diferentes conotações, já que a contingência factual estaria dominando a essência primordial, esta usa o esporte como um meio para alcançar um fim (VALENTE, 1993).

    A escola tem sido considerada uma das instituições mais importantes e responsáveis pela construção da representação do que somos (NUNES, 2006). O ambiente escolar apresenta-se como um potencial produtor e reforçador de identidades, já que nele temos o encontro de diferenças, sejam elas sociais, étnicas, econômicas etc., além disso, é um espaço rico em práticas discursivas que veiculam representações e gozam de status social (NUNES, 2006).

    A Educação Física escolar tem por finalidade introduzir e integrar o aluno corporalmente e em movimento, quando os alunos encontrarem nestas aulas a satisfação deste aprendizado e transportarem esse conhecimento para fora da escola, ter-se-á obtido o desejado sucesso (PERFEITO et al., 2008).

    O primeiro registro de uma aula de Educação Física deu-se em 1852 numa instituição escolar, na então província do Amazonas, no entanto, a disciplina de Educação Física só se consolidou na década de 1940, e somente no final dos anos 60 é que o jogo teria um espaço importante entre os conteúdos abordados (ANDRÉ, RUBIO, 2009).

    A década de 1980 trouxe modificações profundas, tanto no âmbito político como no educacional, dessa forma, a Educação Física, enquanto área acadêmica buscou novas abordagens dentro do âmbito escolar (ANDRÉ, RUBIO, 2009). Assim, a pluralização da área trouxe diversidade na forma como o jogo seria trabalhado, sem que para isso perdesse sua importância nas diversas abordagens apresentadas, entre tantas outras, explicita-se a Psicomotricidade de Le Bouch (1986), o Desenvolvimentismo de Tani et al (1988), o Construtivismo de Freire (1989), a concepção Crítico-superadora do Coletivo de Autores (SOARES et al, 1992), e finalmente nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,1998), documento que oficializou o jogo como conteúdo da Educação Física.

    O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da ‘vida quotidiana’ (HUIZINGA,1980).

Jogo promovido durante a aula de Educação Física pelo professor Rubem Machado Filho (autor do artigo) em uma escola do município do Rio de Janeiro, RJ

Referências bibliográficas

  • ANDRÉ, M. H.; RUBIO. K. O jogo na Escola: um Retrato das Aulas de Educação Física de uma 5ª série. Motriz, Rio Claro, v.15 n.2 p.284-296, abr./jun. 2009.

  • BARROSO, A. L. R.; DARIDO, S. C. Escola, Educação Física e Esporte: Possibilidades Pedagógicas. Revista Brasileira de Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, v. 1, n. 4, p. 101-114, dez. 2006

  • BETTI, M. Educação Física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.

  • BRACHT, V. A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física. Revista Brasileira de Ciência do Esporte. Campinas, n. 01, p. 15-53, 1999.

  • BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais, Educação Física: MEC. 1998.

  • DARIDO, S. C. Educação Física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

  • FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física. São Paulo: Scipione, 1989.

  • LE BOUCH, J. Psicocinética. Porto alegre: Artmed, 1986.

  • MATTOS, M. G.; NEIRA, M. G. Educação Física na adolescência: construindo o conhecimento na escola. 5º ed. São Paulo: Phorte, 2008.

  • NUNES, M. L. F. Educação Física e esporte escolar: poder, identidade e diferença. 2006. 215 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

  • PERFEITO, R. B. et al. Avaliação das Aulas de Educação Física na Percepção dos Alunos de Escolas Públicas e Particulares. Revista da Educação Física/UEM, Maringa, v. 19, n. 4, p. 489-499, 4. trim. 2008.

  • HUIZINGA, J. Homo ludens: O jogo Como Elemento da Cultura. São Paulo: Perspectiva, 1980.

  • SANTOS, E. A. et al. As diferenças entre o Esporte da Escola e o Esporte na Escola. Revista Treinamento Desportivo, v. 7, n. 1, p. 21-28, 2006.

  • SOARES, C. L. et al. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

  • TANI, G et al, E. Educação Física escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária; Editora da Universidade de São Paulo, 1988.

  • VALENTE, M. C. A disciplina recreação e lazer no currÍculo de formação de profissionais de Educação Fisica : o que dizem e fazem professores em Universidade do Nordeste do Brasil. Dissertação Apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade estadual de campinas como requisito à obtenção do título de Mestre em Educação Física, Campinas, 1993.

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