Efeito do treinamento resistido na força muscular e capacidade funcional em idosos ativos Efecto del entrenamiento resistido en la fuerza muscular y la capacidad funcional en personas mayores activa Effects of resistance training in the muscle strength and the functional capacity in active elderly |
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Faculdade de Educação Física Universidade Federal de Uberlândia Uberlândia, MG (Brasil) |
Thays Martins Vital | Jacqueline Martins Patatas Giselle Helena Tavares | Ana Paula Gomes de Melo Coelho Geni de Araújo Costa | João Elias Dias Nunes Guilherme Morais Puga |
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Resumo O objetivo deste estudo foi comparar a força muscular e a capacidade funcional de idosos antes e após um treinamento resistido. A amostra constituiu de 14 idosos, aleatoriamente divididos em 2 grupos: Grupo 1 realizou o treinamento resistido de 8 semanas, três vezes por semana, três séries de 12 repetições, intervalo de 2 minutos entre séries e exercícios. Os exercícios foram: puxador pegada aberta, leg press, tríceps pulley e extensor do joelho. No Grupo 2, grupo controle, não participou do treinamento. As aptidões funcionais foram avaliadas pela bateria de testes da AAHPERD. Para avaliação da força utilizamos o teste de 1 RM. O teste t de student demonstrou não haver diferença entre pré e pós na bateria da AAHPERD, apenas na flexibilidade. No entanto, quando comparado a força pré e pós do grupo 1 houve diferença significativa em todos os exercícios. O treinamento resistido promoveu melhoras na força muscular em idosos, porém, não foi observada melhora na aptidão funcional. Unitermos: Idoso. Treinamento. Aptidão física.
Abstract The aim of the present study was to compare the muscle strength and functional capacity in elderly before and after eight week of training. Fourteen elderly were randomly divided in 2 groups: Group 1, performed eight weeks of resistance exercise, three times a week, 3 series of 12 repetitions, resting 2 min between series and exercises. The exercises were pullover, leg press, triceps pulley and knee extensor. Group 2, control group, did not participate in training. The functional capacities were measured by the AAHPERD. The muscles strengths were measured by the 1RM test. The t student test showed no difference between pre and post results in the AAHPERD functional test, but there were difference in the flexibility. When compared the muscle strength, there were difference in all exercises in the group 1. We concluded that the resistance training used, promote muscle strength improvements, but did not improve the functional capacity. Keywords: Elderly. Training. Physical fitness.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A proporção de idosos vem crescendo rapidamente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos próximos vinte anos, a população brasileira de idosos poderá ultrapassar os trinta milhões de pessoas, representando cerca de 13% da população.
Dentre estas alterações que ocorrem com o processo de envelhecimento podemos destacar diminuição de 30% no débito cardíaco máximo, 24% na Capacidade Vital, e 50% no consumo máximo de oxigênio. Além disso, há uma diminuição da massa muscular (sarcopenia) em 25% e da velocidade de condução nervosa em 40%, dificultando a realização de atividades de vida diária (AVD’s) e a manutenção de um estilo de vida saudável (BROOKS et al., 1999).
A prática de atividade física, especialmente para idosos, quando bem orientada e realizada regularmente, trás vários benefícios. Peluso e Andrade (2005) ainda apontam que a mesma pode ser uma importante aliada na prevenção e tratamento de diferentes doenças.
Segundo o Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM), os exercícios físicos devem contemplar diferentes componentes da aptidão física, como o condicionamento cardiorespiratório, a resistência e, bem como, a força muscular, a composição corporal e a flexibilidade.
Os exercícios resistidos têm sido foco de várias pesquisas nos últimos anos, e, têm-se encontrado muitos resultados positivos no ganho de força muscular em indivíduos idosos podendo retratar uma melhora na aptidão funcional (VALE et al., 2005; BUZZACHERA et al.,2008; MCCARTNEY et al., 1993; HUNTER et al., 2001). Grande parte desses estudos utilizou o teste de uma repetição máxima (1RM) para avaliar as alterações nessa força. Porém, o teste de 1RM não avalia outros componentes importantes da aptidão funcional como a agilidade, flexibilidade e resistência aeróbia, que são fundamentais na melhora na capacidade de execução das AVD’s.
Considerado como um dos testes mais utilizados para avaliar as mudanças na aptidão funcional em indivíduos idosos, a bateria de testes funcionais da American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD), foi validada como uma ferramenta útil para a medida da aptidão funcional em vários componentes como agilidade, força, flexibilidade e resistência aeróbia (OSNESS, 1990; ZAGO, GOBBI, 2003). Porém, segundo o princípio da especificidade do treinamento, esse teste pode não ser específico para avaliar as alterações decorrentes de um treinamento resistido, da mesma forma que o teste de 1RM.
Diante do evidente aumento da população idosa, devemos nos ater em criar estratégias que atenuem a curva de declínio desses indivíduos, permitindo assim, envelhecer com mais qualidade de vida.
Sendo assim, o objetivo deste estudo foi verificar o efeito do treinamento resistido de 8 semanas na força muscular e na capacidade funcional em idosos ativos.
Métodos
Participaram deste estudo 14 idosos de ambos os gêneros todos participantes do programa AFRID – UFU a mais de seis meses. Os sujeitos foram aleatoriamente divididos em 2 grupos e monitorados por 8 semanas.
O Grupo 1 (G1), foi composto de 07 sujeitos, sendo 06 mulheres e 01 homem que foram submetidos a um treinamento de exercícios resistido de 8 semanas, com uma freqüência de três vezes semanais. O treinamento realizado consistiu de três séries de 12 repetições para cada exercício, com descanso de 2 minutos entre séries e 2 minutos entre exercícios. Os exercícios escolhidos foram dois para membros superiores, sendo estes, tríceps pulley (extensão do cotovelo com o úmero a 0º em relação ao tronco) e puxador vertical pegada aberta (adução do ombro com flexão do cotovelo). Já para os membros inferiores, foram escolhidos o leg press (extensão do joelho e do quadril à 90º) e extensor do joelho (extensão do joelho). A carga utilizada foi de 60% de 1RM nas primeiras quatro semanas de treinamento e a partir da quinta semana até o final do treinamento, a carga foi de 80% de 1RM.
O Grupo 2 (G2) foi composto por 07 sujeitos, sendo 05 mulheres e 02 homens, que não realizaram nenhum tipo de treinamento resistido, este grupo foi considerado o grupo controle.
Em relação aos aspectos éticos, este estudo obedeceu as diretrizes e normas para pesquisa em seres humanos (lei 196/96) e foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia (processo: n° 122/07).
Os critérios de inclusão deste estudo foram os seguintes: a) ter idade acima de 60 anos; b) não apresentar complicações, disfunções no histórico de saúde ou outro problema que possa comprometer a integridade física durante a participação no estudo; c) ter disponibilidade de tempo para realização do treinamento; d) ter sido submetido a exames médicos complementares anteriores à participação no presente estudo. Tais exames incluem: eletrocardiograma em repouso e esforço; testes laboratoriais como hemograma completo e perfil lipídico; e) participar do programa AFRID – UFU.
Procedimentos
Para avaliação da aptidão funcional foi utilizada a bateria de testes motores para idosos da American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD), descrita em Gobbi, Villar e Zago (2005).
Teste de agilidade e equilíbrio dinâmico (AGIL);
Teste de coordenação (COO);
Teste de força e endurance de membros superiores (RESISFOR);
Teste de resistência aeróbia geral e habilidade de andar (CA).
Para a avaliação da força em todos os exercícios foi utilizado o teste de uma repetição máxima protocolado por Matsudo et al. (2000), alguns procedimentos básicos foram adotados durante a execução do teste 1-RM:
Alongaram-se os grupamentos musculares específicos envolvidos na ação. Logo após foi realizada uma série de 5 a 10 repetições com sobrecarga equivalente a 40% a 60% de 1-RM (estimado ou percebido) como forma de aquecimento. Durante pelo menos 1 minuto, o voluntário se recuperou alongando os grupos musculares envolvidos na execução do exercício. Em seguida foram realizadas 3 a 5 repetições com intensidade entre 60% a 80% de 1-RM estimado ou percebido. Então, o incremento da sobrecarga é conservado e o voluntário tentou realizar 1-RM. Se o levantamento fosse bem sucedido, o indivíduo deveria recuperar de 3 a 5 minutos antes de realizar mais uma tentativa com incremento da sobrecarga. O mesmo procedimento foi adotado até o voluntário conseguir realizar uma única execução bem sucedida com o peso máximo. Tipicamente isso ocorreu entre 3 a 5 tentativas.
Ambos os grupos foram submetidos ao teste de 1RM e a bateria de aptidão funcional, no momento inicial e após 8 semanas.
Análise estatística
Os dados estão apresentados em média ± desvio padrão. Após um teste de normalidade (Shapiro Wilks) os dados foram tratados com os procedimentos estatísticos adequados. Quando comparado os resultados entre os dois grupos, foi utilizado o teste t de student para amostras independentes. O teste t de student para amostras dependentes foi utilizado para comparação do pré e pós de cada grupo.
Resultados
Os resultados apresentados na tabela 1 demonstram não haver diferença significativa entre o G1 e o G2 em todas as variáveis antropométricas avaliadas.
Os valores médios das características antropométricas e idade da amostra são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Valores Médios das características antropométricas e idade dos Grupos 1 e 2.
A tabela 2 apresenta os valores absolutos do pré e pós-treino de cada teste da Bateria de aptidão funcional da AAHPERD nos G1 e G2.
Tabela 2. Resultados médios do pré e pós 8 semanas de intervenção nos testes de AGIL, COO, FLEX, RES, CA no G1 e G2
O teste de t de student para amostras independentes demonstrou não haver diferença entre grupos nos resultados anteriores às oito semanas (PRÉ), nos testes de aptidão funcional. Quando comparado o pré e pós treino do grupo 1, observamos uma redução significativa na flexibilidade no grupo que realizou o treinamento resistido.
A tabela 3 apresenta os valores absolutos do pré e pós do 1RM de cada exercício executado no treinamento nos G1 e G2.
Tabela 3. Resultados médios do pré e o pós-treino nos testes de 1 RM no G1 e G2
Discussão
O presente estudo verificou o efeito de um treinamento resistido de 8 semanas sobre a força muscular e a aptidão funcional em idosos ativos. O principal achado de nosso estudo foi que apesar de o treino resistido aplicado ter aumentado a força muscular nos indivíduos treinados, avaliados pelo teste de 1-RM, não houve melhora na aptidão funcional avaliada pela bateria de testes da AAHPERD.
Avaliar os componentes da aptidão funcional é indispensável para verificar a eficácia de um programa de treinamento, podendo facilitar e melhorar o diagnóstico e a prescrição de exercícios adequados para esses indivíduos (BENEDETTI et al., 2007).
Assim, a bateria de testes da AAHPERD tem sido bastante utilizada, pois, atende critérios de confiabilidade e validade na avaliação dos componentes da aptidão funcional mais importantes para os indivíduos idosos, como coordenação, resistência de força de membros superiores, flexibilidade, agilidade e resistência aeróbia geral (OSNESS, 1990; ZAGO, GOBBI, 2003; WOOD et al., 2003).
Da mesma maneira, o teste de uma repetição máxima (1RM) tem sido amplamente utilizado por diversos estudos em jovens, adultos, idosos e populações especiais, como padrão ouro na medida da força muscular, principalmente para avaliar as mudanças decorrentes do treinamento resistido ou treinamento com pesos (KALAPOTHARAKOS et al., 2007; DIAS et al., 2005).
Em nosso estudo, quando comparamos os resultados pré e pós do grupo que treinou exercícios resistidos (G1), observamos uma melhora significativa na força muscular em todos os exercícios avaliados, ou seja, houve um aumento da carga na execução do teste de 1RM. Essa melhora é importante e bastante discutida na literatura sobre os benefícios que pode proporcionar nas atividades de vida diária e aptidão funcional dos idosos (EVANS, 1999).
Em um estudo realizado com idosos com idade entre 60 e 72 anos, onde foram submetidos a esforços de 80% da força máxima, encontraram 227% de aumento na força dos flexores e 107% na força dos extensores do joelho. O volume muscular aumentou em 11,5% com significativo aumento no VO2 (EVANS, 1999).
No estudo de Mccartney et al., (1993), onde utilizaram como procedimento 12 semanas de treino resistido, com intensidade de 60 a 80% da carga máxima a força aumentou em 25% nos membros inferiores e 54% nos superiores. Esses resultados corroboram com os nossos, onde houveram aumentos na carga de 1RM de 22, 19, 34 e 46%, respectivamente para os exercícios puxador pegada aberta, leg press, tríceps pulley e extensor do joelho, após o treinamento no grupo 1.
Treinamentos de 3 dias por semana com 80% do 1 RM em cada sessão ou com 80, 65, e 50% do 1 RM em cada sessão resultaram em aumentos significativos e similares na força e na massa corporal magra em homens e mulheres idosas (HUNTER et al., 2001). Esse estudo evidencia que treinamentos acima de 60 % de 1RM já proporcionam ganhos significativos na força dos idosos que realizam esse tipo de treinamento, corroborando com nossos resultados.
Porém, o aumento da força muscular máxima é na maioria das vezes específico aos movimentos treinados. O treinamento de força no exercício agachamento, executado durante 8 semanas, proporcionou 75% de aumento na carga máxima do próprio agachamento, mas somente 5% de aumento na força na mesa extensora e 35% na melhora da execução do leg press. Os autores concluíram que a maior transferência da performance do agachamento para o leg press foi devido à similaridade dos gestos (MCCARTNEY et al., 1993; HUNTER et al., 2001).
No grupo que realizou o treinamento resistido observamos que houve um ganho significativo de força nos membros inferiores e superiores, porém podemos observar que esse ganho foi maior para os membros inferiores. Dentro dessa perspectiva, Nikolic et al. (2001) apontam que o processo de envelhecimento não afeta todos os músculos da mesma maneira. Lynch et al.(1999) observou em seu estudo que é produzido mais força no braço do que na perna em homens e mulheres e ainda mostrou que essa redução da força muscular foi de 40% na perna e 30% no braço. Isso pode justificar o fato de que o grupo que treinou aumentou em maior escala a força de membros inferiores, visto que nesses membros a perda de força é maior.
Segundo o princípio da especificidade do treinamento esportivo, quanto mais específico for o gesto, melhor será o efeito do treinamento, pois ele deve estressar um sistema que está particularmente ligado a uma atividade para produzir aclimações específicas (REILLY et al., 2009).
As contribuições de tarefas específicas requeridas em um determinado desempenho, pode não operar de maneira linear, e os resultados das aclimações decorrentes do estímulo do treino, de diferentes componentes do desempenho, podem não serem aditivas ou acumulativas (REILLY et al., 2009).
No nível tecidual, as aclimações do estímulo ao treinamento dependem da combinação das unidades motoras recrutadas para uma determinada tarefa ou ação, assim, como da força e velocidade do movimento. Os diferentes tipos de fibras musculares são recrutados de acordo com princípio do tamanho ou a da magnitude da força necessária para execução de uma determinada tarefa (MORRISEY et al., 1995).
Isso pode explicar o fato de nossos resultados apontarem para uma falta da melhora na aptidão funcional medida pela bateria de testes da AAPHERD no grupo 1, mesmo apresentando um aumento significativo na força muscular medida pelo teste de 1RM. Através do treinamento resistido empregado neste grupo de idosos, parece que não ocorreu transferência no ganho de desempenho para as atividades medidas pela bateria de testes da AAHPERD, e possivelmente, nos faz supor que o treinamento resistido pode não promover alterações nas atividades funcionais com a mesma magnitude que o próprio treinamento dessas atividades.
Segundo essa hipótese, houve uma baixa ou inadequada transferência de desempenho entre o treinamento resistido e os exercícios aplicados por essa bateria de testes, ou seja, talvez o treinamento das próprias atividades de vida diária promoveria uma melhora específica dos testes funcionais das AVD’s, do que o treinamento resistido com pesos.
Existem poucos dados sobre a capacidade de transferência do desempenho do treinamento resistido na melhoria da função física quando avaliada por meio de testes específicos às AVD’s.
Um estudo de Hartman e colaboradores (2007) demonstrou que um programa de treinamento resistido intenso de 26 semanas, com idosos sedentários, melhoraram a economia de movimento e a percepção de esforço, através de simulações de atividades de vida diária como caminhar a 4,8 km·h-1, caminhar a 3,2 km·h-1 carregando uma caixa, promovendo uma melhora na qualidade de vida em idosos homens e mulheres com idade de 66,7± 4,4 anos de idade.
Buzzachera et al.(2008) realizaram um protocolo de treinamento com pesos livres em idosos durante 12 semanas e encontraram aumentos significativos na força muscular, resistência de força muscular de membros superiores, força de preensão manual, flexibilidade e aptidão cardiorespiratória. Entretanto, podemos observar que a duração deste estudo foi maior que o nosso, e os testes aplicados para a avaliação da aptidão funcional também foram distintos, além de não apresentar um grupo controle, podendo assim, influenciar nos resultados encontrados.
Outro estudo realizado por Kalapotharakos et al.(2005), 46 idosos sedentários foram submetidos a um treinamento resistido moderado e pesado durante 12 semanas, esse treinamento proporcionou melhora na velocidade da caminhada, subir escadas, e sentar e alcançar.
Vale et al. (2005) e Holviala et al. (2006) realizaram um protocolo de exercícios resistidos e também encontraram melhoras significativas na aptidão funcional, entretanto, a duração do treinamento também foi de 12 e 21 semanas respectivamente, dessa forma, parece que a duração do nosso treinamento pode não ter sido suficiente para promover as alterações necessárias para uma melhor aptidão funcional desta população.
Outro resultado que chama a atenção nesse estudo foi que tanto o G1 quanto o G2 reduziram os níveis de flexibilidade no momento pós treino, isso pode ser explicado pelo fato de que talvez o treinamento aplicado não conseguiu promover alterações neuromusculares suficientes para gerar aumento da flexibilidade no G1. Em um estudo realizado com adultos por Nobrega et al. (2005), os autores observaram que os níveis de flexibilidade só aumentaram quando o treinamento era específico, eles ainda complementam que os resultados ainda são controvérsios e corroboram com Gonçalves et al.(2007) apontam que em relação a fisiologia integrada entre treinamento neuromuscular e comportamento da flexibilidade em idosos nenhuma conclusão pode ser realizada Além disso, o G2 pode ter sofrido uma redução da flexibilidade advindas do próprio processo de envelhecimento.
O treinamento resistido é uma forma específica de exercício físico e, segundo os achados deste estudo, pode ser que para a população idosa seria mais benéfico a realização de um treinamento mais generalizado, que busque aumentar o repertório motor dos idosos. No trabalho de Teixeira et al.(2007), no qual foram realizadas diferentes atividades que abordavam os principais componentes da capacidade funcional, foram encontrados resultados significativos em vários componentes. Assim, programas de intervenção de caráter generalizado que busquem a melhora ou manutenção da aptidão funcional e promovam uma maior autonomia e independência no desempenho das AVD’s parece ser o mais indicado para esta população.
A principal diferença entre esses estudos supracitados e o presente estudo foi a amostra utilizada, pois neste estudo participaram idosos ativos e nos outros estudos participaram idosos sedentários, o que poderia explicar a diferença de resultados. Diante disso, podemos entender que ainda existe uma grande lacuna em relação a que tipo de atividade física é mais benéfica para melhorar a capacidade funcional destes idosos. Portanto, diante deste fato, percebemos a importância de que sejam realizados novos estudos que verifiquem o efeito do treinamento das próprias atividades de vida diárias (AVD’s) na capacidade funcional de idosos sedentários ou ativos, proporcionando, assim, uma melhor qualidade de vida para esta população.
Conclusão
A partir dos resultados obtidos podemos concluir que, o treinamento resistido de 8 semanas aplicado promoveu melhoras na força muscular medida pelo teste de 1RM, em idosos ativos, porém, parece não melhorar os componentes da aptidão funcional avaliada pela bateria de testes da AAHPERD.
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