Danças tradicionais gaúchas: uma contribuição para o desenvolvimento sócio afetivo de escolares de 8 a 13 anos Danzas tradicionales gaúchas: una contribución al desarrollo socioafectivo de los estudiantes entre 8 y 13 años |
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*Profissional de Educação Física, ULBRA, Canoas, RS Cursando Pós-Graduação em nível de especialização em Psicomotricidade, ULBRA, Canoas, RS **Profissional de Educação Física, ESED/UFPel Ph.D. em Educação Física, Ohio State University, Columbus, Ohio, USA Docente do Mestrado Profissional em Inclusão Social e Acessibilidade e do Curso de Educação Física da Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS |
Luiz Paulo Terres do Amaral Filho* João Carlos Jaccottet Piccoli** (Brasil) |
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Resumo A presente pesquisa buscou analisar a contribuição das Danças Tradicionais Gaúchas no desenvolvimento sócio-afetivo de escolares de 08 a 13 anos, do grupo de danças mirim de um Departamento de Tradições Gaúchas (DTG) na cidade de Porto Alegre, RS. O estudo, caracterizado como uma pesquisa descritiva utilizou como instrumento dois questionários compostos por perguntas abertas e fechadas. O estudo foi composto por 20 crianças selecionadas por conveniência, de 08 a 13 anos submetidas à carga de ensaio de duas horas semanais consecutivas. A discussão dos resultados evidenciou que a contribuição das danças tradicionais no desenvolvimento afetivo foi principalmente sobre a auto-estima dos escolares. 100% dos responsáveis afirmaram que houve melhorias significativas sobre a autoestima dos escolares, 71% disseram que o ambiente do grupo de danças é favorável ao desenvolvimento da autoestima e 76,92% disseram ter percebido um aumento no autoconceito dos escolares. 59% das crianças disseram não saberem se são importantes para o grupo. No desenvolvimento social os resultados apareceram principalmente sobre a formação de amizades. 100% dos indivíduos analisados fizeram amizade. Os mesmos afirmaram ser importante ter atitudes de colaboração com o grupo. As respostas das crianças sobre a integração de novos colegas mostraram que 20% não falavam com eles, 40% conversavam e 70% ajudavam. Concluiu-se que as danças tradicionais gaúchas contribuíram para o desenvolvimento sócio-afetivo dos escolares do grupo analisado. Unitermos: Desenvolvimento social. Desenvolvimento afetivo. Danças Tradicionais Gaúchas.
Abstract The present research was done to examine the contribution of Traditional "Gaucho" Dance in socio-emotional development of students from 08 to 13 years, the group dances of children of a Department of Gaucho Traditions (DTG) in Porto Alegre, RS - Brazil. The study was a descriptive research in which it two questionnaires composed of open and closed questions were sed. Twenty children from 08 to 13 years were selected through a convenience sample type. The results showed a contribution of traditional dances in the sample´s self esteem. The dancer´s parents perceived that there were significant improvements on self-esteem of students, 71% said the environment of the dance group supports the development of self-esteem and 76.92% said they had noticed an increase in self-concept of students. Fifty nine per cent of dancers said they did not know if they are important to the group. In the social development aspect it was observed that the sample made new friends. They said it was important to have attitudes of collaboration toward the group. As to the children's responses on the integration of new colleagues, 20% of them did not speak with them, 40% chat with them and 70% helped. It was concluded that the traditional "gaucho" dances contributed to the socio-emotional group of students analyzed. Keywords: Social development. Affective development. Traditional “Gauchos". Dances.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A infância é uma fase da vida em que o ser humano requer uma atenção especial, pois é nessa fase em que se desenvolvem os aspectos como caráter, autoestima, personalidade, segurança, desenvolvimento físico, social, emocional e psicológico. O que ficar registrado nesse período implicará no seu desenvolvimento e no seu futuro como adulto (VERDÉRI, 1998).
Entre 08 e 13 anos, o processo de socialização exige que a criança entre no mundo dos adultos, com aprendizagem de habilidades que lhe será útil no futuro. A criança descobre que a aceitação ou rejeição social depende de suas realizações. Essas experiências influenciam a formação do autoconceito. Ela se comportará de acordo com conceitos que lhes forem dados, isto é, se lhe disserem que ela é inteligente e bela, se sentirá como tal e agira dessa forma e se lhe disserem que tem capacidade limitada, se sentirá assim e terá um comportamento correspondente (CÓRIA-SABINI, 2004).
A autoestima, ou valor próprio geral, é um importante componente da personalidade. As crianças com boa autoestima tendem a ser alegres e aquelas com pouca autoestima tendem a ser deprimidas (HARTER, 1990). Os indivíduos, nesta faixa-etária, com pouca autoestima muitas vezes preservam um autoconceito negativo ao longo de sua vida.
Segundo Erikson (1982) um dos principais determinantes da autoestima é a opinião das crianças sobre sua capacidade para o trabalho produtivo. A questão a ser resolvida na crise da terceira infância é a produtividade versus inferioridade. A virtude que se desenvolve com a resolução dessa crise é a competência, uma visão do eu como capaz de dominar habilidades e completar tarefas.
Desapontamentos podem gerar sentimentos de hostilidade e inferioridade. Cabe certa sensibilidade em responder aos esforços da criança, para agradar, encorajando a formação de traços e atitudes desejáveis, sem inibir sua espontaneidade e capacidades (CÓRIA-SABINI, 2004; BEE, 1997).
Na terceira infância a necessidade de amizades duradouras e de convivência com companheiros se intensifica. A incorporação de valores grupais e os sentimentos de orgulho, lealdade e solidariedade são predominantes. Um aspecto importante da socialização desta etapa é o desenvolvimento da cooperação. No entanto a competição aparece como destaque e muitas vezes torna-se prejudicial, caso gere sentimentos de inferioridade ou humilhação de um companheiro (PAPALIA; OLDS, 2000; BEE, 1997).
A cooperação leva a criança a abandonar o egocentrismo e buscar o diálogo e o respeito às normas estabelecidas. As atividades de grupo ajudam no processo de socialização e colaboram para a autonomia moral na medida em que proporcionam a vivência de liderança, de justiça e de solidariedade (DELDIME, 1999; BEE, 1996).
Entre as atividades que podem promover o desenvolvimento social e afetivo das crianças, está a dança. Esta, por sua vez, nada mais é que o movimento humano carregado de muita expressividade e que proporciona prazer a quem a ela se entrega (BOLSANELLO, 1993). As Danças Tradicionais Gaúchas são manifestações da alma gauchesca onde estão presentes o espírito da fidalguia e o respeito à mulher (CÔRTES; LESSA, 1997). Essas danças dão margem a que o gaúcho extravase sua impressionante teatralidade (ARGENTA; DIAS, 2004).
Ensinar dança às crianças, em especial, danças gaúchas pode ser uma forma de mantê-las mais envolvidas com aspectos culturais e que melhorem suas habilidades físicas e seu relacionamento social. A dança tradicional é uma modalidade que vem crescendo significativamente e desenvolve capacidades como coordenação, força, equilíbrio e velocidade, além dos benefícios emocionais, sociais e culturais. As danças tradicionais gaúchas além do cunho lúdico têm também finalidades competitivas o que estimula as crianças a um desempenho otimizado e busca de resultados positivos na competição (GARCIA; HAAS, 2002).
Estudos psicológicos têm demonstrado que o prazer e a diversão são fundamentais para manter a criança ativa. Neste momento de formação os indivíduos estão desenvolvendo um senso primário de competência e é importante o estímulo positivo tanto por parte da família como do grupo que convive (ORLICK, 1999 apud VARGAS, 2003).
Considerando-se estes aspectos, realizou-se a presente investigação tendo como objetivo verificar a contribuição das Danças Tradicionais Gaúchas no desenvolvimento sócio-afetivo de escolares de 08 a 13 anos de idade integrantes do grupo de danças tradicionais mirim de um Departamento de Tradições Gaúchas da cidade de Porto Alegre, RS.
Materiais e métodos
O presente estudo investigou vinte crianças, selecionadas por conveniência, com idade de oito a treze anos, submetidas à carga de ensaio de duas horas semanais, integrantes de um grupo de danças tradicionais mirim de um Departamento de Tradições Gaúchas de Porto Alegre, RS.
Para verificar se houve contribuição no desenvolvimento sócio-afetivo dos escolares, elaborou-se dois questionários, um enviado aos pais e outro às crianças.
Para a validação o instrumento foi enviado a três professores com domínio da área do estudo. Após, o instrumento foi pré-testado em 10 indivíduos com características semelhantes aos que se destinavam os questionários.
O questionário, destinado aos pais teve como objetivo identificar como eram as crianças antes de ingressar no grupo, e se houve alguma alteração em seu comportamento sócio-afetivo.
Outro questionário foi aplicado aos dançarinos para traçar o perfil do comportamento sócio-afetivo dos mesmos.
Os materiais utilizados no estudo foram canetas esferográficas de tinta azul, para as crianças e para os pais.
Para se evitar viés nas respostas dos participantes desta investigação, escolheu-se um grupo de danças em que o pesquisador não tivesse relacionamento.
O estudo foi dividido em doze unidades de significado, através de tendências e padrões relevantes. Logo após, esses padrões foram novamente revistos e analisados e as unidades de significado, agrupadas sob conceitos ou conjuntos de significados mais amplos denominados categorias analíticas (CORDERO, 1995) ou categoria de análise Cervero (1994) apud (MOLINA NETO, 2004). Foram observadas duas categorias de análise: o desenvolvimento afetivo e o desenvolvimento social. Também foram utilizadas as análises dos percentuais dos dados coletados.
Resultados e discussão
A finalidade desse procedimento foi de destacar os diferentes significados nas respostas dos participantes, por proximidade temática para confrontar suas respostas com os conteúdos da revisão de literatura.
O estudo revelou que 10% das crianças afirmaram ter entrado para o grupo após assistir a uma apresentação da invernada de danças, 25% por influência dos pais, 20% foi através de convite e 45% disse que seu ingresso foi através do convite de seus amigos. Esses percentuais demonstraram o interesse das crianças em ingressar na invernada de danças tradicionais.
Quando questionados os responsáveis, 100% responderam que seus filhos tiveram sua autoestima elevada com a participação na invernada. A autoestima é o conjunto de avaliações globais que a criança faz a respeito dela mesma (BEE, 1997). Entre as respostas foi ressaltado por 100% dos pais que seus filhos sentiam-se mais valorizados, mais felizes e amados, autoconfiantes, mais capazes, já que a dança reforçava estes sentimentos (VERDÉRI, 1998). Uma mãe, cujo filho integra o grupo há dois meses, com muita cautela, afirmou que já pôde perceber uma melhora, haja vista, que até então, o garoto tinha uma baixa autoestima. Mosquera (1976), conceitua a autoestima como a percepção do indivíduo sobre ele mesmo e está relacionada aos fatores sociais, cognitivos e emocionais da personalidade (PAPALIA; OLDS, 2000). A principal fonte da autoestima é a opinião da criança sobre sua própria capacidade em produzir algo (ERIKSON, 1974). Além disso, depende não somente do quão produtiva a criança se sente mas também do apoio social que ela recebe (HARTER, 1990). Setenta e um por cento dos pais declararam, ainda, que o ambiente do grupo de danças é favorável ao desenvolvimento da autoestima e também das relações sociais. Esta afirmação é fundamentada por Harter (1990) quando postula que o sentimento geral de apoio que a criança vivencia das pessoas mais importantes que a cercam, em especial pais e amigos, é um dos diferenciais para que tenham a autoestima elevada.
Observa-se, ainda, nas respostas de 100% dos pais que seus filhos se sentem importantes para o grupo, sentindo-se mais seguros de si em participar da invernada onde convivem com pessoas as quais se identificam. Cória-Sabini (2004), afirma que a aceitação no grupo depende de suas realizações, já para Shigunov e Pereira (1994), a imagem afetiva perante um grupo é reflexo de suas atitudes, valores, progressos e capacidades de adaptação relacionadas ao próprio grupo.
Cinquenta e nove por cento dos escolares respondeu que não sabiam se eles eram importantes para o grupo de danças do qual participavam. Observa-se que mesmo tendo todos os integrantes do grupo feito amizades na invernada, pairam dúvidas no que tange a opinião de seus colegas sobre eles próprios.
Bolsanello (1993), afirma que a dança é uma higiene mental, portanto é importante para o desenvolvimento dos processos afetivos. Nota-se ainda, que as respostas não evidenciaram que as crianças não se sentiram importantes, mas que não tinham certeza disso. Os responsáveis pelos dançarinos apresentaram na pesquisa, um percentual de 76,92% representando a melhora no autoconceito dos filhos, o que é constatado na opinião de Verdéri (1998) ao afirmar que a dança deve reforçar a auto-estima, a autoconfiança e o autoconceito.
A tabela 1 indica que dos 20 sujeitos investigados nos itens supracitados, 15% disseram ter se sentido envergonhado, 30% tristes, 25% mal, 45% bravo e 35% não gostaram de terem sido criticados.
A tabela 2 demonstra que 5% das crianças se sentia indiferente quando seu grupo não dançava bem, 75% ficaram tristes, 25% irritados e 5% desanimados.
Observou-se nas respostas dos dançarinos que não demonstraram sentimentos de alegria quando criticados. Verificou-se que os sentimentos de irritação e tristeza predominaram nas respostas. Isto parece ser natural, uma vez que é na terceira infância, fase em que se encontram, que buscam sua autoafirmação e aceitação no grupo de convívio (CÓRIA-SABINI, 2004).
O sentimento de rejeição ou aceitação por parte do grupo influenciará no seu autoconceito, na sua auto-estima e nas suas relações sociais futuras (PAPALIA; OLDS, 2000). A criança desenvolve sua autoestima por meio de um processo contínuo que se estrutura na ação social (MOSQUERA, 1976). Harter (1990), também acrescenta que a autoimagem é dinâmica na medida em que a pessoa se desenvolve e acrescenta no seu quadro social novas referências, redimensionando sua autopercepção e do meio que a cerca.
A tabela 3 aponta que 38% dos pais afirmaram que seus filhos se demonstravam alegres nos dias de ensaio e 62% disseram que as crianças ficavam mais alegres que o normal nestes dias.
Ao observar o estado de humor das crianças nos dias de ensaio, os pais em sua totalidade (100%) informaram que seus filhos demonstravam alegria e entusiasmo nestes dias, pois era um momento que lhes proporcionava o encontro com amigos, movimentos corporais ritmados e acompanhados de música, gerando alegria e prazer.
Observando-se que a dança proporciona momentos de prazer através de seus movimentos, Bracht (1997), coloca que sentimentos como dor, raiva e angústia também podem estar associados à ação motora. A partir dessa observação, Shigunov e Pereira (1994), classificam a afetividade como positiva e negativa, da seguinte forma: Positiva – quando desperta o interesse e leva o indivíduo ao bem estar, nesse caso ocorre pela prática das danças tradicionais. Negativa – quando afasta da atividade. Estes autores acreditam que as crianças tendem a gostar das atividades que possam realizar com êxito.
Observou-se, que 100% dos componentes do grupo de danças, entrevistados, fizeram algum amigo após a entrada na invernada. Estas respostas constatam o que é afirmado por Cória-Sabini (2004), que é a partir dos seis anos que os indivíduos apresentam a necessidade de amizades duradouras e da convivência com os amigos. A partir dos oito anos, deixam o egocentrismo e passam a desenvolver autonomia, cooperação e liderança. A socialização inicia na família, tem seu ápice nos anos escolares e estende-se até a vida adulta, mas é nessa fase que a necessidade de conviver em grupos se intensifica (Campos, 2001).
Os pais salientaram que além do grupo de danças, o tipo de atividade favorecia para o desenvolvimento das relações sociais como amizade, cooperação, disciplina e respeito, pois eram criadas condições para que a criança estabelecesse relações com outras pessoas e com o mundo (VERDÉRI, 1998). Giffoni (1973), afirma que a dança proporciona como valor moral uma boa convivência com as pessoas, um estreitamento no ciclo de amizades e a cortesia.
Um pai vai adiante ao escrever que além da cooperação e da amizade desenvolve-se também a competitividade. Cória-Sabini (2004), afirma que os fatores contribuintes para a competição são o desejo de sobrepujar outras pessoas e a motivação para se exibir com o intuito de obter aprovação das pessoas e autoafirmação. São atividades, como as danças gaúchas que oferecem formas socialmente aceitáveis de competir e gastar energias.
Cem por cento dos participantes afirmou ser importante ter atitudes de colaboração. Segundo Deldime (1999) e Carvalho (1996), é nos anos escolares que a cooperação é um dos aspectos importantes, segundo a qual se estabelece a autonomia e a liderança. Entre os motivos citados para tal atitude encontram-se a organização do ensaio e a maximização do seu tempo, maior rendimento do grupo, união dos integrantes, melhor desempenho. Algumas dessas atitudes caracterizam o desejo de competir citado por Cória-Sabini (2004) e Bee (1997).
A tabela 4 aponta que 20% dos escolares não falavam com um colega novo no grupo, enquanto que 40% deles afirmavam conversar e 70% ainda ajudavam os novos colegas.
Cem por cento das crianças responderam respectivamente que colaboravam com o grupo e 70% que ajudavam seus colegas.
Os resultados sugerem que a contribuição das Danças Tradicionais Gaúchas ao desenvolvimento sócio-afetivo do grupo em questão dá-se no âmbito das relações sociais de amizade e cooperação, principalmente, relacionamento pessoal como no aumento da autoestima.
No campo do desenvolvimento afetivo essas danças contribuíram para a melhoria do autoconceito dos participantes, já que as respostas evidenciaram que os componentes do grupo ficavam mais felizes, mais capazes, mais autoconfiantes e se sentiam, também, mais valorizados. Segundo o depoimento de seus pais, tal fato, estaria associado à melhoria da autoestima de seus filhos.
Após analisar as respostas dos questionários sobre a percepção de alguma melhora nas relações de coleguismo e cooperatividade por parte dos dançarinos, após o seu ingresso no grupo de danças, notou-se que 100% deles afirmaram perceber melhoras muito significativas, principalmente no que diz respeito à cooperação. Possivelmente, tal afirmação esteja relacionada ao fato de as danças tradicionais, serem desenvolvidas em grupo. Assim, para que o indivíduo tenha êxito no resultado é necessário que todo o grupo também tenha. A invernada artística é um grupo onde todos devem dançar em busca de um mesmo objetivo. As danças gauchescas, pela sua natureza, desenvolvem características de âmbito social como solidariedade e cooperação entre os integrantes do grupo, harmonia de movimentos entre dançarinos, integração e interatividade entre as pessoas (GARCIA; HAAS, 2002).
Conclusão e recomendações
Constatou-se na pesquisa que as Danças Tradicionais Gaúchas contribuíram para o desenvolvimento sócio-afetivo dos escolares do estudo em questão. Verificou-se que as melhorias no domínio afetivo deram-se no aumento da autoconfiança, haja vista que essas danças proporcionavam às crianças do DTG em estudo, a vivência de experiências, como sua própria prática e lhes davam prazer reforçando seus sentimentos de capacidade e responsabilidade. Estes fatores contribuíram para a formação da autoimagem da criança. Esta, por sua vez, aliada à receptividade e aceitação do grupo somada ao apoio familiar, contribuiu para a melhoria da autoestima.
No desenvolvimento social, as principais contribuições identificadas foram sobre as amizades e a cooperação. A cooperação é favorecida pelo tipo de dança, que é desenvolvida em grupo, e estimulada pelos resultados. Para que o grupo obtenha êxito nas apresentações é necessária à colaboração e a cooperação de todos.
Considerando-se a carência de estudos no campo das Danças Tradicionais Gaúchas, principalmente no que tangencia esta a Educação Física e a sua relevância como agente propagador da cultura e costumes gaúchos, recomenda-se que novos estudos sejam realizados nessa área. Salienta-se a importância ímpar de serem ensinadas, principalmente as crianças, por pessoas capacitadas, donas de um saber e com formação em áreas afins. Recomenda-se que estas danças sejam inclusas, junto com outros conteúdos do folclore gaúcho como matéria do currículo escolar, conforme o projeto de lei existente.
Referências
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CAMPOS, D. M. S. Psicologia e desenvolvimento humano. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
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GARCIA, A.; HAAS A. N., Ritmo e dança. Aspectos Gerais. Canoas: UBRA, 2002.
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