Dança, um conteúdo culturalmente excluído das aulas de Educação Física El baile, un contenido culturalmente excluido de las clases de Educación Física |
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*Licenciada em Educação Física **Mestre em Educação Física Universidade Nove de Julho, SP (Brasil) |
Camila Maiolga de Andrade* Dimitri Wuo Pereira** |
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Resumo O seguinte estudo tratará do conteúdo dança na escola, contando brevemente sobre suas origens e evolução histórica, com ênfase educacional, verificando a existência do trabalho com dança em uma escola pública de São Paulo capital e colocar em discussão as preferências dos alunos. Uma pesquisa foi aplicada nesta escola para conhecer a realidade da instituição. Os resultados provaram nossa hipótese de que o conteúdo não é aplicado como deveria e mostraram objetivamente nas escolhas dos alunos suas características culturais. Diante de todas essas respostas percebe-se quão grande a importância de artes expressivas como a dança durante um processo de ensino/aprendizagem onde é colocada uma cultura corporal de movimento para atingir objetivos educacionais. Unitermos: Dança. Escola. Cultura.
Abstract The follow text will relate about the educational dance in schools, talking quit about the history dance context and evolution next to education part, verifying if there is some educational dance application at a school in São Paulo capital and also discuss with the student’s opinions about that. A short search was testified at this school with the students to promote a better discussion about the school. The results proved that our theory was right, where the dance not been worked as it should be and showed us all them culture character. With all that answers we could realize how important art and dance context are during all the education process, when a movement culture body is imposed to reach social/educational intentions. Keywords: Dance. School. Culture.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A dança é uma expressão corporal e sentimental que move o homem a criar novas formas de comunicação e a desenvolver características culturais e identidades próprias, com uma multiplicidade de formas de expressão. A dança consta como conteúdo indicado na Educação Física escolar para ser utilizada como estratégia de aprendizagem, mas questiona-se se ela ocorre como deveria.
Através deste conteúdo, é possível acessar um grande acervo cultural que compreende vários tipos de expressão corporal existentes nas diversas culturas e desenvolver o ritmo no aluno.
A dança pode auxiliar na reestruturação da Educação Física escolar libertando-a do passado ligado às instituições médicas e militares no século XX (NETO, 2008).
Histórico da dança
A dança é uma das artes mais antigas e como atividade humana é forma de manifestação cultural. Dançando, o feiticeiro do paleolítico teve um grande avanço dentro de um processo que levaria o homem do pensamento mágico ao pensamento lógico (MENDES, 1987).
“Como tal a dança no Egito tinha um caráter ritualístico” (BOURCIER, 1970:17).
Como educação das crianças entre povos primitivos ainda hoje a dança deve fornecer condições que lhes façam movimentar-se, conhecer-se e harmonizar-se entre a razão e a emoção. A magia da dança permitiu o surgimento de uma forma de cultura artística que se expressa através do movimento corporal.
“A inspiração na atividade divina da índia segue os conceitos de energia, sabedoria e arte. Expressam a união de elementos opostos – espírito e matéria. A dança do povo hindu tem um caráter de intervenção voltado para o caráter educacional” (NANNI, 1995:8).
As danças no Japão, variadas e espontâneas, colocam festas rituais como o plantio de arroz, a noite do retorno das almas e da floração das cerejeiras, a barca das lanternas. Estas danças ilustram lendas e crenças sobre a relação entre divindades e natureza, como o Nô, por exemplo. Na antiga China, a dança teve lugar privilegiado na corte imperial. Através de ritos como Yo, a música, e Li os rituais, honra-se a memória dos ancestrais e o espírito do Grande Mestre que representava a fonte da virtude. Dentre as danças na educação, a dança das espadas era praticada pelo exército e nas escolas, para desenvolver a força e o vigor físico, a coragem e o destemor (NANNI, 1995).
Ou seja, desde essa época a dança já era usada como uma forma de educação.
O ideal da perfeição na Grécia antiga consistia na harmonia entre o corpo e o espírito. Assim, os exercícios de esporte e arte de danças eram integrados desde a infância, a formação do soldado-cidadão. Em Esparta e Atenas as atividades rítmicas e a dança compunham a preparação corporal, para a formação do guerreiro. Dançar também tornava a pessoa um cidadão, tal como filosofar. Para os gregos, a música estava em conjunto com o movimento emocional; era parte da educação das crianças de sete aos dezessete anos (NANNI, 1995).
Platão referia-se a dança integrada a música e ao canto, dizendo que as artes eram imprescindíveis ao homem educado. Aristóteles dizia que essas artes deveriam ser aprendidas durante a adolescência para o preparo físico e intelectual (PORTINARI, 1989).
Com interesse pelas danças gregas e etruscas por volta de 200 a.C., a dança assume importância na vida privada. Cada família de patriarcas mantinha um professor grego para que as coreografias fossem ensinadas aos filhos.
Percebendo o seu desnível em relação aos gregos, os romanos contrataram professores para reproduzir a dança de outros povos. Com isso o ensino da dança passa a ser institucional pela primeira vez na historia da dança, para atender a uma determinada classe social, a dos patrícios.
“Muito mais do que uma linguagem natural ou espontânea, a dança sempre se relaciona com o contexto histórico-social em que ela se dá” (AUGUSTO, 2006: 2).
A coreografia dos triunfos eram majestosas e os próprios nobres serviam de intérpretes, assim a dança passa a fazer parte da educação dos nobres. Cria-se a figura do mestre de dança que ensina os passos e faz a coreografia em torno do tema escolhido pelo nobre. Distingue-se então a dança dos camponeses e dos nobres. Na nobreza inicia-se um processo de ensino específico de aperfeiçoamento de movimentos tornando o aprendizado cada vez mais complexo (NANNI, 1995).
Foi o ensino da escola Imperial Russa que ligou os elementos tradicionais do ballet ao do folclore russo, espanhol e de outros países permitindo enriquecer o ensino da dança de novos estilos.
No reinado de Luiz XIV aconteceu uma revolução em relação à arte, Os aristocratas e senhoriais de ballet abandonaram os salões e subiram nos tablados dos teatros autorizando que dançarinos profissionais fizessem parte dos espetáculos. Surgiu assim uma nova profissão, o mestre de baile (NANNI, 1995).
Nesse panorama do século XIX, surgem vários inovadores, entre eles: Jacques Dalcrose, que criou o método eurritmia que reproduzia sons e ritmos dando possibilidade de criação ao aluno. “Dessa forma, a dança, passa a deixar de ser privilégio de uma classe tornando-se uma forma de desenvolver o homem. O ensino da dança moderna começa a integrar o currículo escolar” (NANNI, 1995:17).
Estabelece-se então a dança clássica na qual o dançarino como ser ideal entrega-se ao movimento. “Dança-se pelo amor ao movimento em si, sem necessidade de expressar algo através deste” (FAHLBUSCH, 1990:131).
No Balé Clássico trata-se de evitar a percepção do esforço, para que a figura do dançarino pareça etérea e idealizada até o irreal. Para Ossona (1988) a escola clássica naturalmente é a base para o ensino da dança, pois objetiva e determina as posições do corpo no espaço, dando-lhe forma ideal.
A dança moderna, por sua vez, vem contestar os movimentos exagerados e mímicos no período do reinado de Petipa na Rússia. O bailarino Nijinsky, por exemplo, mantém os cinco movimentos básicos e usa outros diferentes que nada se relacionavam com os do ballet aprendido na escola Imperial (PORTINARI, 1989).
“François Delsarte, o precursor da dança moderna cria uma nova linguagem corporal e toda uma ciência do movimento no século XIX” (FAHLBUSCH, 1990:31).
Rudolf Laban, Isadora Duncan, Ruth St. Denis buscam no outro, no espaço e no corpo a possibilidade de expressar a emoção do movimento (FAHLBUSCH, 1990).
Cada um dança o que corresponde a seu caráter e estado de mudança emocional. Assim a dança moderna não é uma evolução da dança clássica, pois ela se estabelece a partir da relação com a época vivida e não se universaliza no tempo.
Segundo Rengel e Lagendonck (2006) o surgimento da dança contemporânea ocorre exatamente pela influência do período em que essa acontece, pois os conflitos sociais do fim do século XIX até meados de século XX e a introdução da tecnologia das câmeras, vídeos e mídias criam novas possibilidades para o corpo em movimento rítmico e expressivo. O modelo acadêmico de desconstrução da dança clássica pela moderna já não é suficiente para alcançar os interesses que a música eletrônica e o olho virtual permitem atingir.
Nos Estados Unidos na década de 60 as correntes se ampliaram com títulos como dança pós-moderna, nova dança, espaço dança, entre outros que na verdade são ramificações da dança contemporânea. Cresce o número de universidades com departamentos de dança, alguns teatros passam a ser somente para espetáculos dançantes (PORTINARI, 1989).
As formas como a cultura estruturou o dançar desde os tempos remotos manteve esteve a expressão corporal rítmica musicada no desenvolvimento humano, sendo uma necessidade de representação da cultura corporal, sendo assim possível utilizála como conteúdo da educação física escolar, atendendo os objetivos e propostas pedagógicas da instituição educacional (PACHECO, 1996).
A dança na escola
A relação de dança e educação promove a ação crítica e criativa do ser. Ambas inspiram a construção da identidade individual. Quanto mais cedo se vivencia a dança, maior será o investimento na formação de homens e mulheres conscientes da percepção de seu todo e da própria vida. A dança constitui-se como um valoroso conteúdo educacional e é preciso tratá-la como um produto do conhecimento humano (PEREIRA; LUSSAC, 2009).
A compreensão do ser, seus hábitos e crenças é de extrema importância no processo de aprendizagem no que se diz respeito a contextualização dos conteúdos, o que se aprende deve ter sentido na vida social do aprendiz.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais do terceiro e quarto ciclos de Educação Física constam alguns aspectos sobre atividades rítmicas e expressivas, levando em consideração os aspectos históricos sociais das danças, como a multiplicidade de danças de determinadas culturas, a necessidade do cultivo da cultura corporal de movimento, conhecimento sobre as danças só para homens, colocando a questão de que os homens não dançam, a dança não competitiva, percepção do ritmo próprio e grupal (BRASIL, 1998).
Mas o cotidiano da Educação Física escolar restringi-se quase exclusivamente ao esporte, havendo uma super valorização deste enquanto conteúdo escolar. A dança, como outras práticas corporais, passam a ser excluídas do conteúdo programático regular dos professores (PACHECO, 1996).
O novo pensamento sobre a dança encoraja o desenvolvimento de uma consciência clara e precisa, chegando a diversos movimentos complexos ou não, garantindo igualmente a utilização dos movimentos básicos (MARQUES, 1999). A autora enfatiza que os discursos presentes na literatura da dança criativa são, em grande parte, certos sobre a possibilidade de um auto desenvolvimento da criança/adolescente, para que suas personalidades sejam trabalhadas.
“Toda criança e adolescente tem o direito de dançar” (MARQUES, 1999: 89).
Com esta base, está a justificativa da inclusão da dança nos currículos escolares, não apenas para uma elite, como no início da dança clássica, mas para todos, por ser um direito humano.
“Para o ser humano, a dança tem uma vivência fundamentada na experiência do prazer, ou este dançará a sua realidade social, onde ele reproduz símbolos das experiências vividas” (SARAIVA, 2009:162).
O estudo da história da dança propicia aos alunos a compreensão da dança como uma produção humana que depende do tempo, espaço, histórico-social que ela é produzida. Assim, além de trabalhar os elementos da linguagem da dança (corpo, espaço, força e movimento), podemos abordar os aspectos sociológicos presentes nas diferentes manifestações de dança dos diversos povos do mundo, valorizando os diferentes tipos e formas de expressão corporal de maneira lúdica, divertida e criativa (AUGUSTO, 2006).
“Proporcionar aos alunos atividades que possibilitem se apropriar dessas experiências pode ser de significativo valor para seu desenvolvimento” (FREIRE, 2001:35).
Entretanto independente do conhecimento prévio dos alunos, cabe a escola propor novas aprendizagens. Projetos que abarquem brincadeiras, danças de outros povos, tempos e lugares diferentes (NEIRA et alii, 2010).
Ainda há preconceitos a superar para implantar a dança como conteúdo escolar, os Parâmetros Curriculares Nacionais ajudam, mas as dificuldades ainda se mostram constantes. Quando o professor consegue contextualizar o movimento da dança com o gestual, o aluno não esquece nunca mais. Isso é conhecimento.
Porém o preconceito também se relaciona a questão de gênero, pois a dança clássica reconhecida como base para o ensino em nossa sociedade é considerada atividade feminina e afasta os meninos da possibilidade de aprender a dançar. Uma possibilidade de contrapor essa idéia é a presença do hip hop, modalidade de dança de rua, na qual os rapazes tem aceitação social dançando (CARDOSO, 2010).
Além da importância exercida em relação às capacidades de movimentação, a dança contribui principalmente para a formação pessoal das crianças, jovens, adultos e idosos Porém, habitualmente participamos de atividades de dança, muito mais fora do que dentro da escola, ficando essa atividade somente restrita para eventos comemorativos (ASSIS, 2009).
A escola tem o papel de instrumentalizar e de construir conhecimento através da dança com seus alunos, pois ela é um elemento essencial para a educação do ser social. Esta pode ser introduzida com o objetivo de uma ação coletiva e a participação de todos os alunos no processo de criação, levando em consideração suas individualidades e opiniões em relação à coreografia, música, indumentária e estilo (PEREIRA; LUSSAC, 2009).
Devido a diversidade que este conteúdo abarca, em um trabalho com dança no contexto escolar, com a mediação do professor, os alunos poderiam participar ativamente da construção deste trabalho colocando em questão suas preferências e o que realmente faria sentido para eles.
Pesquisa
Para a compreensão da realidade escolar em relação a prática dança optou-se por uma pesquisa descritiva, qualitativa, tendo como instrumento um questionário (THOMAS E NELSON, 2002), que foi aplicado durante a aula de educação física em uma escola pública da São Paulo. Participaram do estudo 42 alunos do 9° ano do ensino fundamental, desses 23 meninas e 19 meninos.
Resultados
Sobre o questionamento de a dança é trabalhada na sua escola, obtivemos as seguintes respostas?
No total, 41 alunos disseram que não há dança na escola e um alega que há dança de salão.
Nesta escola percebe-se que culturalmente a dança nunca foi a atividade mais praticada, o método dos professores é voltado para a esportivização, envolvendo muito mais os jogos com bola, do que atividades rítmicas e expressivas. Em sua maioria os alunos confirmam a ausência do tema e conteúdo dança em seu meio escolar.
Em relação ao porque não existe dança na escola, a figura demonstra:
No total 35 não opinaram.
Entre os sete que expressaram sua opinião, obteve-se:
Não há professor especialista na escola
Dois afirmam que não há material, nem estrutura
Um afirma que educação física é esporte
Um diz que a dança não é praticada na escola
Afirma-se também que a dança atrapalharia as aulas de educação física.
Quando perguntados sobre se gostariam de ter aulas de dança. Dados das meninas.
22 meninas afirmam que sim apenas uma diz que não, evidenciando a preferência feminina pelo conteúdo dança.
Sobre os motivos que alegam para a inserção do conteúdo: uma comenta ser diferente, nove dizem adorar dançar, uma diz que faz bem, uma levanta a questão cultural, uma gosta de musica, uma reforça o fator diversão.
Sobre os dados dos meninos:
Dos 19 meninos, 16 afirmam que não gostariam de fazer aulas de dança.
Entre os motivos estão:
Um aluno diz que atrapalha a Educação Física
Sete afirmam que não gostam de dançar
Quatro dizem que a Educação Física é lazer
E um deles aponta que não pratica a dança.
Vemos com essas respostas que não somente a dança, mas a Educação Física ainda nos dias atuais é alvo de preconceito, sendo vista por alguns como apenas um momento de lazer.
O que normalmente acontece é que os meninos não querem participar das aulas de dança, por considerar que isto os rotularia de afeminados e que a delicadeza é uma característica exclusiva das meninas. Essa cultura que distancia os garotos das aulas de dança deve ser combatida pelo docente criando espaços para levá-los a se relacionar em harmonia e sem preconceitos (ASSIS, 2009).
Quando questionado sobre que tipo de dança gostariam que fosse abordado na aula, eles apontam:
Dessas respostas apenas uma se refere a sugestão de um menino, que optou pelo Hip hop, todas as demais foram das meninas.
Discussão
Verifica-se que os meninos pouco se expressam em relação à dança e quando o fazem citam o Hip hop. O Hip Hop é uma cultura de fácil acesso as classes populares por ter surgido na periferia dos Estados Unidos (SOUZA, 2010), construída com passos sociais, movimentos que qualquer pessoa pode realizar, e muito citada e divulgada na mídia, entre os jovens. Esta escola é uma escola pública da região norte de São Paulo, os alunos são de família humilde e, portanto essa dança se relaciona com eles.
Outro estilo também citado foi a dança do ventre que não faz parte de nossa cultura, mas esteve presente no cotidiano, principalmente nos meios de comunicação, em novelas.
A dança de Salão também apareceu. Este estilo é mais procurado pelos adultos, pode-se inferir uma relação com a maturação e desejo de ter um par, pois a fase vivida é de transformações do mundo infantil para o adulto.
Apesar do comentário sobre falta de material e estrutura, a escola dispõem de um aparelho de som e de um palco para eventuais apresentações como foi observado pela pesquisadora.
A Educação Física consolidou-se como espaço do esporte e/ou um momento de lazer. Os alunos estão condicionados ao método da escola que com o passar do tempo se tornou fixo. Pensar na dança parece fugir daquilo que consideram aula de Educação Física.
Parece que a vontade do aluno e o poder de construir o currículo escolar não são levados em consideração, pelo menos em relação as meninas, pois sua vontade de dançar não aparece nas aulas.
A dança de Salão poderia ser uma alternativa à aproximação de meninos e meninas. Trata-se de uma necessidade tão grande, que, se não satisfeita, empurra o jovem para a solidão (SIGNORELLI, 2003). A separação de gêneros diminui na fase pré adolescente e o contato corporal e afetivo se torna acentuado, a partir da adolescência, pela maturação sexual. Esta dança pode ter sido uma das mais escolhidas por diversos motivos, entre eles o fato de estar em contato com os colegas. Esta ajudaria a fazê-los perceber a importância de respeitar seus amigos e amigas, através do contato corporal.
No caso do Hip Hop há o desafio entre as capacidades cognitivas e motoras muito acentuadas. Mostra um estilo diferente e aprovado diante da mídia, implica ter atitude, sendo que é na pré-adolescência que eles começaram a desenvolver a dimensão atitudinal, já mostram um pouco mais de estilo (visual), já escolhem suas roupas e comportamentos. Nesta fase, nota-se um maior afloramento da criatividade, do otimismo, do desejo de justiça, de um idealismo, de buscar tudo que possa tornar a vida melhor. São qualidades que precisam ser aproveitadas pela família e por todos (SIGNORELLI, 2003).
A criação de projetos com conteúdos que identifiquem suas reais necessidades educacionais devem ser valorizadas nesta fase, pois a solução de problemas e novos desafios tornam-se novas estratégias para despertar o interesse pelo conhecimento.
Conclusão
Diante das referências buscadas e da pesquisa aplicada, é fato concluir que a expressão corporal dança não é utilizada nas aulas de educação física, pois os alunos não estão habituados ao conteúdo e muitas vezes são condicionados a participar de aulas para prática de esportes com bola somente. Assim os meninos mostram-se preconceituosos com a dança.
A escola é o local onde atualmente a filosofia utilizada é a cultura corporal de movimento segundo os Parâmetros Curriculares, na qual os alunos devem aprender sobre a sociedade e entender e respeitar as diferenças, tornando-se cidadãos aptos a viver em comunhão. Com uma proposta de dança educacional na escola estes objetivos podem ser atingidos, levando-os ao desenvolvimento integral.
A Educação Física hoje conta com vários conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento e deve dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos (PEREIRA; LUSSAC, 2009).
Sobre os tipos de dança que os alunos gostariam de aprender na escola as mais comentadas foram, Hip Hop, danças de salão e dança do ventre.
A cultura Hip Hop é uma forte influência norte americana para os jovens atualmente, devido o grande apelo da mídia e a chegada deste estilo nos anos 80 ao Brasil, esta cultura é positiva, inspira atitude e contém grande critica social, o que também encontramos em nosso país devido as injustiças sociais. A dança de salão, como, por exemplo, o samba, carrega uma forte identidade brasileira com um ritmo desenvolvido nacionalmente. Estas questões são importantes assuntos que podem ser tratados com os estudantes, esclarecendo problemas sociais, raciais, dando possibilidade interdisciplinar aos conteúdos.
Entretanto sabemos que tanto o Hip Hop como a dança do ventre não são ritmos respectivamente brasileiros, porém a globalização interfere em nossas vidas e conseqüentemente no processo educacional, sendo uma realidade universal e irreversível. Portanto é preciso aproximar os alunos desta realidade.
A diversificação dos conteúdos facilitará a participação dos alunos. Além de propor outros conteúdos é preciso aprofundá-los, tratando-os nas três dimensões. Mais do que ensinar a fazer - dimensão procedimental, o objetivo é que os alunos obtenham uma contextualização – conceitual das informações como também aprendam a se relacionar com os colegas - dimensão atitudinal (DARIDO, 2004).
A dança sempre foi e sempre será uma forma de comunicação corporal que nunca deixará de existir. Deve, portanto, a educação caminhar junto com esta realidade que continua evoluindo e contém componentes culturais que traduzem contextos históricos e sociais em forma de movimento humano.
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