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Estudo do consumo máximo de oxigênio em 

crianças participantes do projeto Correndo das Drogas

Estúdio del consumo máximo de oxígeno en niños participantes del proyecto Corriendo de las Drogas

 

*Graduado em Educação Física

pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU - MG)

Mestre em Educação Física

pela Universidade Católica de Brasília (UCB – DF)

Professor da Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB - BA)

**Graduado em Educação Física pela

Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB - BA)

Luiz Humberto Rodrigues Souza*

luizhrsouza21@yahoo.com.br

Albertino Santos Barbosa**

abacatletismo@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve o objetivo de comparar o consumo máximo de oxigênio (VO2máximo) em crianças participantes do Projeto Correndo das Drogas, do município de Barreiras – Bahia, de acordo com a tabela de referência de Matsudo (1983). Trata-se de um estudo quantitativo, com característica explicativa que foi realizada com o padrão de pesquisa de campo. Foram analisadas 21 crianças do sexo masculino com idade entre 8 e 11 anos. Os responsáveis pelos voluntários assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Os dados foram coletados no Estádio Municipal Geraldão situado nesta cidade. A massa corporal foi mensurada através de uma balança digital da marca Filizola, enquanto a estatura foi mensurada através de um estadiômetro acoplado a ela. Em seguida, foi calculado o índice de massa corporal (IMC) de acordo com a equação IMC = MC/(Estatura)². Para classificar essa variável, utilizou-se o protocolo de Cole et al. (2000). Para mensurar o VO2máx. foi aplicada a bateria de testes de 1000 metros, validado por Matsudo (1983). Notou-se que 80,95% dos voluntários foram classificados como “excelente”, 19,04% foram classificados como “bom” e nenhum se enquadrou na classificação “média”, “regular” ou “fraca”.

          Unitermos: Consumo máximo de oxigênio. Crianças. Projeto Correndo das Drogas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo Saba (2008), o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) é a medida da aptidão cardiorrespiratória, que representa a quantidade máxima de oxigênio que o organismo consegue extrair do sangue durante o esforço. De acordo com Wilder et al. (2006), o VO2máx. é definido como o volume máximo de oxigênio que pode ser captado, transportado e utilizado pelas células, sendo comumente empregado como medida padrão de potência aeróbia e desempenho físico em atletas de endurance. Pode ser medido por meio de testes clínicos, em uma esteira rolante ou outro tipo de exercício aeróbio, e é expresso em mililitros (de oxigênio) por quilograma (de peso corporal) por minuto. Esse valor varia de pessoa para pessoa, e depende de fatores genéticos e do nível de aptidão física.

    O teste para o VO2máx pode exigir um valor super máximo contínuo de 3 a 5 minutos. Na maioria dos casos os testes consistem em aumentos progressivos no esforço até o ponto em que o indivíduo simplesmente se recusa a continuar o exercício. Alguns pesquisadores determinaram esse ponto terminal de “exaustão”. Portanto, a pessoa que se exercita é quem encerra o teste (McARDLE, KATCH, KATCH, 2008). Para estes autores existem seis fatores que influenciam o escore do consumo máximo de oxigênio: modalidade do exercício, hereditariedade, estado de treinamento, sexo, tamanho e composição corporal e idade.

    Pensando nesse contexto, foram selecionadas, para participar do presente estudo, crianças do sexo masculino praticantes de atletismo de um projeto social denominado “Projeto Correndo das Drogas”. Essas crianças são oriundas de comunidades carentes do município de Barreiras-BA e vulneráveis às mazelas sociais, como por exemplo, o uso de drogas. Assim, o projeto tem um desempenho fundamental como órgão não governamental, responsável pela prática do atletismo, para garantir e promover as questões do desporto, com vistas a alcançar uma performance e desenvolvimento sócio-cultural, humanitária e inclusão social com qualidade de vida.

    Nesse sentido, este estudo teve o objetivo de comparar o consumo máximo de oxigênio (VO2máximo) em crianças participantes do Projeto Correndo das Drogas de acordo com a tabela de referência de Matsudo (1983).

Metodologia

Delineamento

    Trata-se de um estudo quantitativo, com característica explicativa que foi realizada com o padrão de pesquisa de campo.

Amostra

    Foram analisados 21 voluntários do sexo masculino com idade entre 8 e 11 anos. Esses voluntários treinam 03 vezes por semana, sendo que cada sessão tem a duração de 50 a 60 minutos. Os pais e ou responsável dos voluntários assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Os critérios de inclusão adotados para essa pesquisa foram: ser do sexo masculino; idade entre 8 e 11 anos de idade; não ser portador de necessidade especial.

Local de coleta de dados

    Os dados foram coletados no Estádio Municipal Geraldão da cidade de Barreiras/BA, cuja pista de corrida mede 400 metros.

Procedimentos da coleta de dados

    Para mensurar a massa corporal utilizou-se uma balança eletrônica da marca Filizola, enquanto a estatura foi mensurada através de um estadiômetro acoplado a ela. Em seguida, foi calculado o índice de massa corporal (IMC) de acordo com a equação IMC=MC/(Estatura)². Para classificar essa variável, foi utilizado o protocolo de Cole et al. (2000).

    Para avaliar o consumo máximo de oxigênio foi aplicado o teste de 1000 metros (MATSUDO, 1983), conforme procedimento descrito abaixo:

    Procedimentos: saindo da posição em pé sob a voz de comando "Atenção, já!" os avaliados percorreram os 1000 metros no menor tempo possível, não sendo permitido andar durante o teste. O ritmo foi constante. O valor do consumo máximo de oxigênio (VO2máx) foi calculado através da seguinte fórmula: X = (652,17 - Y)/6,762, onde:

X = consumo máximo de oxigênio em ml/kg.min-1

Y = tempo de corrida, em segundos, nos 1000 metros e 652,17 e 6,762 são constantes.

Análise de dados

    Para análise dos dados, foi realizada uma estatística descritiva (média e desvio padrão e freqüência absoluta e relativa).

Resultados e discussão

    A tabela 1 apresenta as características de idade, massa corporal, estatura e IMC dos voluntários estudados.

Tabela 1. Valores médios e os DP da idade, massa corporal, estatura, IMC, tempo no teste de 1000 metros, VO2máx e Freqüência Absoluta e Relativa da classificação do IMC

    A tabela 1 mostra os valores médios e os desvios padrão da idade, massa corporal, estatura, IMC, tempo no teste de 1000 metros, VO2máx e freqüência absoluta e relativa da classificação do IMC. Nesta representação tabular, pôde-se observar que a média de idade dos voluntários foi de 10,54±0,75 anos, a média de massa corporal foi de 31,67±4,30 Kg, a média de estatura das crianças foi de 1,40±0,05 metros, a média de IMC foi de 15,95±1,92, a média de tempo para o teste de 1000m foi de 4min e 55 seg e a média do VO2máx foi de 52,76±4,22 ml/Kg.min.

    No estudo de Ronque et al. (2007) foi observado que os meninos de 9 anos apresentaram valores médios para massa corporal, estatura e IMC, respectivamente de 34,9 ± 9,5 Kg, 1,35 ± 7 m, 18,8 ± 4,4 Kg/m². Já os meninos de 10 anos, para essas mesmas variáveis obtiveram valores médios de 37,5 ± 8,4 Kg, 1,40 ± 6,4 m, 18,9 ± 3,1 Kg/m².

    A tabela 2 apresenta os resultados da freqüência absoluta e relativa da classificação do VO2máx dos voluntários.

Tabela 2. Freqüência Absoluta e Relativa da classificação do VO2máx dos voluntários de acordo com Matsudo (1983)

    Na tabela supracitada foi observado que dos 21 voluntários, 17 obtiveram um desempenho “excelente” totalizando 80,95% dos atletas e 4 com desempenho “bom” totalizando 19,04% dos estudados, de acordo com os valores padronizados por Matsudo (1983). No estudo de Ronque et al. (2007) foram avaliados 65 meninos com idade de 9 anos e 85 meninos com idade de 10 anos para o componente cardiorrespiratório, através do teste de 9 minutos. Observou-se que 18 meninos (28%) de 9 anos alcançaram os critérios de saúde estabelecidos pela AAPHERD (1988), enquanto 26 meninos (31%) de 10 anos alcançaram os mesmos critérios.

    O estudo de Trentin e Fachineto (2010) analisou a condição cardiorrespiratória em 15 meninos que apresentam condição econômica alta e média, através do teste de 1000 metros. Foi observado que os meninos de 10 anos apresentaram valores médios de 53,20 ± 8,27 ml.kg-1.min-1 e os meninos de 11 anos apresentaram 44,04 ± 7,83 ml.kg-1.min-1. Esses resultados aproximam-se dos valores obtidos na presente pesquisa, uma vez que a média encontrada foi de 52,76±4,22 ml/Kg.min.

    Já a pesquisa de Pereira et al. (2010) analisou o VO2máx de 15 voluntários (9 meninas e 6 meninos) que participam regularmente (mínimo 3 vezes por semana) da escola de atletismo municipal de Araraquara, SP. A amostra apresentou, em valores médios, idade de 12,8 ± 1,1 anos, massa corporal de 52 ± 3,2 Kg e estatura de 1,56 ± 0,05 metros. O valor médio obtido do VO2máx pelos participantes foi de 55,0 ml.Kg-1.min-1. Nota-se que este resultado é superior ao que se encontrou no presente artigo, porém, deve-se considerar que as amostras analisadas apresentam idade diferente. Também é importante registrar que na presente pesquisa todos voluntários são do sexo masculino, contrapondo à amostra do estudo de Pereira et al. (2010).

Considerações finais

    Esta pesquisa desenvolvida com crianças do sexo masculino, de 8 a 11 anos, participantes do “Projeto Correndo das Drogas” teve o objetivo de comparar o consumo máximo de oxigênio (VO2máximo) em crianças participantes do “Projeto Correndo das Drogas” de acordo com a tabela de referência de Matsudo (1983). Após a aplicação do teste de 1000 metros e sistematização dos resultados, pôde-se notar que de acordo com os índices classificatórios, 80,95% dos voluntários foram classificados com desempenho “excelente” e 19,04% da amostra enquadrou-se no desempenho “bom”. Nenhum participante se enquadrou na classificação “média”, “regular” ou “fraca”.

    Diante das evidências encontradas nesta pesquisa, observa-se que o VO2max dos meninos, em linhas gerais, foi bem melhor que o esperado quando comparado com a tabela de referência. Isto se deve possivelmente a fatores culturais, que atribuem aos meninos serem estimulados a praticar diversos tipos de atividade física, enquanto não conheciam os desportos, praticando as brincadeiras.

Referências

  • AAHPERD - American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance. Physical best. Reston, American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance, 1988.

  • COLE, T. J. et al. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide: international survey. British Medical Journal, London, v. 320, n. 7244, p.1-6, 2000.

  • MATSUDO, V. K. Testes em Ciências do Esporte. São Paulo: Aratebi, 1983.

  • McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

  • PEREIRA, N. M.; SANTOS, C. A.; ORSATTI, F. L.; MENDES, E. L.; IDE, B. N.; LOPES, C. R.; BARBOSA NETO, O.; MOTA, G. R. Consumo máximo de oxigênio em iniciantes do atletismo: comparação entre dois testes indiretos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 15, n. 146, 2010. http://www.efdeportes.com/efd146/consumo-maximo-de-oxigenio-en-iniciantes-do-atletismo.htm

  • RONQUE, E. R. V.; CYRINO, E. S.; DÓREA, V.; SERASSUELO JÚNIOR, H.; GALDI, E. H. G.; ARRUDA, M. Diagnóstico da aptidão física em escolares de alto nível socioeconômico: avaliação referenciada por critérios de saúde. Rev Bras Med Esporte, v. 13, n. 2, p.71-76, 2007.

  • SABA, F. Mexa-se: atividade física, saúde e bem estar. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2008.

  • TRENTIN, A. P.; FACHINETO, S. Análise da condição cardiorrespiratória em escolares púberes que apresentam condição econômica alta e média. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 14, n. 141, 2010. http://www.efdeportes.com/efd141/condicao-cardiorrespiratoria-em-escolares-puberes.htm

  • WILDER, R. P. et al. Physical fitness assessment: an update. J Long Term Eff Med Implants, v. 16, n. 2, p. 193-204, 2006.

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