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Comparação da funcionalidade e do nível de conhecimento a cerca 

dos cuidados com o pé diabético entre diabéticos e neuropatas diabéticos

Comparación de la funcionalidad y del nivel de conocimiento acerca de los cuidados con
y sin pie diabético entre diabéticos y neurópatas diabéticos

Comparison of functionality and level of knowledge about diabetic foot care among diabetic and diabetic neuropathy

 

*Mestrando em Ciências da Saúde

pela Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES

Pós-graduado em Emergências de Saúde na Educação Inclusiva e em Saúde Coletiva

com Ênfase na Estratégia de Saúde da Família pelas Faculdades Integradas Pitágoras

de Montes Claros, FIPMOC. Montes Claros, MG

**Fisioterapeutas graduadas pelas Faculdades Unidas

do Norte de Minas, FUNORTE. Montes Claros, MG

***Acadêmicos do Curso de Graduação em Fisioterapia

pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas - FUNORTE. Montes Claros, MG

****Acadêmico do Curso de Graduação em Administração

pelas Faculdades Santo Agostinho – FASA - Montes Claros, MG

*****Mestranda em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual

de Montes Claros, UNIMONTES. Pós-graduada em Saúde Mental

e Atenção Psicossocial pela Faculdade de Saúde Ibituruna – FASI - Montes Claros, MG

******Pós-graduada em Atividades Físicas e Esportes para Portadores

de Deficiência pela Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES

e em Didática – Fundamentos Teóricos da Prática Pedagógica

pela Faculdade de Educação São Luiz – Jaboticabal, SP

Wagner Luiz Mineiro Coutinho*

Giseli Almeida Santos**

Manoela Pereira da Silva**

Liz Maia Moraes***

Lucas Souza Ventura***

Silvia Gonçalves Gomes***

Danilo Lima Carreiro****

Laura Tatiany Mineiro Coutinho*****

Marta Suely Custódio Novais******

wagner.coutinho@funorte.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo objetivou avaliar o conhecimento dos diabéticos adscritos na Estratégia de Saúde da Família em relação aos cuidados com os pés, avaliar a capacidade fisico-funcional dos mesmos e comparar os resultados entre os grupos de diabéticos e diabéticos neuropatas. Caracterizou-se como estudo descritivo com amostra constituída por 24 sujeitos sub-divididos em 2 grupos: G1 diabéticos e G2 diabéticos neuropatas. Utilizaram-se como instrumentos: Escore de Sintomas Neuropáticos, Escore de Comprometimentos Neuropáticos e Questionário semi-estruturado para avaliar a história pregressa de saúde, a capacidade físico-funcional e o conhecimento acerca das medidas preventivas do pé diabético. A avaliação físico-funcional compreendeu os seguintes protocolos: palpação dos pés/tornozelos, prova de função muscular dos pés/tornozelos e pododáctilos e prova do nível funcional dos pés/tornozelos e pododáctilos. Processou-se análise descritiva dos dados colhidos pelo software Statistical Package for the Social Sciences-18. Verificou-se quanto ao conhecimento a cerca dos cuidados com os pés, que os sujeitos de G1 não haviam recebido orientações referentes ao auto-exame diário dos pés, ao uso de calçados e meias adequados e à higienização, hidratação e cuidados específicos com calos e unhas. Também não foram orientados para avisar aos profissionais do serviço de saúde a cerca de alterações na coloração dos pés. Nenhum dos sujeitos desse grupo tivera seus pés examinados pelos profissionais ao menos uma vez por ano em busca de sinais do pé diabético. Entre os integrantes do G2 constatou-se que esses não foram informados quanto à necessidade de priorizar o uso de calçados de tecidos, meias sem elástico e para não remover calos em casa. Averigou-se que 92,9% dos neuropatas diabéticos não têm os pés avaliados anualmente pelos profissionais do serviço. Em relação à prova de função muscular verificou-se que com exceção da prova de força de flexão plantar bilateral e de dorsiflexão do pé direito os demais testes identificaram maior frequência de sujeitos com força considerada “normal” entre os componentes de G1. Tanto os diabéticos quanto os diabéticos neuropatas envolvidos na amostra detiveram pouco conhecimento a cerca dos cuidados com o pé diabético. Os diabéticos neuropatas apresentam maior déficit de força muscular e de funcionalidade do que os diabéticos não neuropatas o que pode refletir em maior vulnerabilidade às quedas e comprometimento da qualidade de vida entre esses sujeitos.

          Unitermos: Funcionalidade. Prevenção. Pé diabético. Diabetes. Neuropatia diabética.

 

Abstract

          This study aimed to assess knowledge of diabetic who belong to the Family Health Strategy in relation to foot care, to assess the physical and functional capacity of the same and compare the results between the groups of diabetics and diabetic neuropathy. It was characterized as a descriptive study sample consisted of 24 subjects divided into two sub-groups: G1 diabetic and G2 diabetic neuropathic. Were used as instruments: the Neuropathy Symptom Score, the Neuropathy Disability Score and semi-structured questionnaire to assess the history of health, physical functional ability and knowledge about preventive measures for the diabetic foot. The physic-functional evaluation comprised the following protocols: palpation of the feet / ankles, muscle function test of the feet / ankles and toes and test the functional level of the feet / ankles and toes. The descriptive analysis was made by the Statistical Package for Social Sciences-18. It were verified about the knowledge in relation to the care of feet, that subjects of G1 had not received guidelines regarding self-examination of the feet daily, use of appropriate shoes and socks and hygiene, hydration and specific care and callous nails. They were not instructed to warn health care professionals about changes in color of the feet too.As for foot-related annual assessment by health professionals, no subject had received this intervention. Among the members of G2 was found that these were not informed about the need to prioritize the use of corduroys and socks without elastic and do not remove calluses at home. Find out that 92.9% did not have their feet assessed annually by department personnel for signs of diabetic foot. Regarding the evidence of muscle function was found that except for the trial of strength bilateral plantar flexion and dorsiflexion of the right foot the other tests identified subjects with greater frequency under "normal" between elements of G1. Both diabetic and diabetic neuropathy involved in the sample detained little knowledge about the care of the diabetic foot. The diabetic neuropathy have a higher deficit in muscle strength and functionality than the non-diabetic neuropathy which may reflect a greater vulnerability to falls and impaired quality of life among these individuals.

          Keywords: Functionality. Prevention. Diabetic foot. Diabetes. Diabetic neuropathy.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O diabetes mellitus (DM) pode desencadear complicações sensório-motoras e vasculares nos membros inferiores que poderão culminar em déficit sensorial, infecções, ulcerações e por fim, amputações características do pé diabético1,2,3. Intervenções preventivas dessas complicações devem extrapolar as ações assistenciais e demandar práticas abrangentes e minimizadoras dos fatores de riscos e da oportunidade dos diabéticos se exporem a eles4. Nesse sentido, o Ministério da Saúde (MS) orienta os profissionais lotados no serviço público de saúde, a repassar aos usuários orientações educativas básicas para cuidados dos pés e prevenção das complicações do pé diabético5. Ao se considerar essas premissas os objetivos deste estudo foram avaliar o conhecimento dos diabéticos adscritos na Estratégia de Saúde da Família em relação aos cuidados com os pés; avaliar a capacidade fisico-funcional dos mesmos e comparar os resultados entre os grupos de diabéticos e diabéticos neuropatas.

Método

    O estudo caracterizou-se como descritivo, quantitativo, comparativo e transversal. A população foi composta por sujeito de ambos os gêneros, independente da etnia, com idade acima de 60 anos e que estivessem adscritos em uma unidade de saúde da família em Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.

    A amostra constituiu-se por 24 sujeitos selecionados de forma intencional e criteriosa. Como critério de inclusão para compor a amostra os sujeitos não poderiam apresentar outras causas primárias da neuropatia. O grupo 1 (G1) foi formado por diabéticos e o Grupo 2 (G2) por diabéticos neuropatas. Utilizaram-se como instrumentos para coleta de dados: ficha de acompanhamento do hipertenso e/ou diabético (FAHD); questionário semi-estruturado para avaliar a história pregressa de saúde, a capacidade físico-funcional e o conhecimento acerca das medidas preventivas do pé diabético. A triagem para detecção da neuropatia diabética deu-se pelo instrumento validado para língua e cultura nacional: Escore de Sintomas Neuropáticos (ESN) e Escore de Comprometimento Neuropático (ECN)6. A avaliação físico-funcional compreendeu os seguintes protocolos validados: palpação dos pés/tornozelos7, prova de função muscular dos pés/tornozelos8 e prova do nível funcional dos pés/tornozelos9.

    A estratégia adotada para a obtenção dos dados deu-se a partir da seleção da amostra. Para tal realizou-se levantamento nas FAHDs dos diabéticos adscritos na unidade de saúde da família e em seguida realizou-se rastreamento domiciliar dos mesmos. Após identificação desses, apresentação dos objetivos do estudo e obtenção do consentimento para participação na pesquisa, cada sujeito respondeu à história pregressa de saúde e às questões acerca do conhecimento relativo aos cuidados com o pé diabético. Aqueles que apresentaram compatibilidade para compor a amostra participaram da triagem para detecção da neuropatia e avaliação da capacidade físico-funcional, sendo então constituídos os dois grupos amostrais. Processou-se análise descritiva dos dados colhidos pelo software Statistical Package for the Social Sciences-18. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa das Faculdades Unidas do Norte de Minas (CEP-Funorte) com parecer consubstanciado nº 0412-09.

Resultados e discussão

    Verificou-se quanto ao conhecimento a cerca dos cuidados com os pés, que os sujeitos de G1 não haviam recebido orientações principalmente em relação ao auto-exame diário em busca de sinais do pé diabético, para avisar ao médico e/ou enfermeiro do serviço alteração de cor nos pés, usar calçados com meia, preferencialmente de couro macio ou tecido, lavar os pés diariamente com água morna e sabão neutro e nunca com água quente, fazer uso de creme hidratante nos pés e evitar passar o creme entre os dedos bem como não remover calos e unhas encravadas em casa. Quanto à avaliação podológica anual pelos profissionais de saúde, nenhum sujeito recebera tal intervenção.

    Entre os integrantes do G2 constatou-se maior frequência de ausência de informação no que diz respeito à necessidade de priorizar o uso de calçados de tecidos e com meias sem elástico e para não remover calos em casa. Averigou-se que 92,9% (n=13) não têm os pés avaliados anualmente pelos profissionais do serviço em busca de sinais de complicações do pé diabético.

    A prova de função muscular foi graduanda de 0 a 5 onde “0” representou “ausência de contração muscular” e “5” referenciou a “contração muscular normal”8. Verificou-se que com exceção da prova de força de flexão plantar bilateral e de dorsiflexão do pé direito os demais testes identificaram maior frequência de sujeitos com força considerada normal entre o grupo de diabéticos. Estudo que comparou a função muscular entre diabéticos neuropatas e sujeitos sadios também encontrou menor frequência de força muscular normal no grupo de neuropatas em todos os grupos musculares testados10.

    A Tabela 1 apresenta os resultados da avaliação da palpação, da prova de função muscular e dos testes funcionais de atividades de vida diária.

Fonte: Comparação da funcionalidade e do nível de conhecimento a cerca dos cuidados com o pé diabético entre diabéticos e neuropatas diabéticos. 2010.

    Na avaliação funcional contou-se o número de repetições durante o período de 15 segundos para os testes de eversão e inversão e para os testes de flexão e extensão de tornozelo e dedos delimitou-se o tempo de 30 segundos para contagem dos movimentos. Cada sujeito foi orientado previamente para repetir o movimento a maior quantidade de vezes possível. Para o teste de eversão e inversão considerou-se como “funcional” a capacidade de executar de “5 a 6 repetições” no tempo estabelecido e para os testes de flexão e extensão de tornozelo e dedos foi considerado “funcional” a realização de “10 a 15 repetições” no período pré-determinado9. Com exceção do teste funcional de flexão dos dedos do pé direito, os demais testes funcionais indicaram maior funcionalidade entre o grupo de diabéticos quando comparado ao grupo de neuropatas. O estudo de Sacco et al.10 ao comparar a funcionalidade entre neuropatas diabéticos e sujeitos sadios também verificou que os neuropatas apresentaram resultados funcionais inferiores.

    Destaca-se que na literatura encontrou-se apenas um estudo com desenho similar à da presente pesquisa, o que limitou por sua vez, a discussão dos resultados.

Conclusão

    Tanto os diabéticos quanto os diabéticos neuropatas envolvidos na amostra detiveram pouco conhecimento a cerca dos cuidados com o pé diabético.

    Os diabéticos neuropatas participantes desse estudo apresentaram maior déficit de força muscular e de funcionalidade quando comparados aos diabéticos não neuropatas.

    Nesse sentido, intervenções terapêuticas que previnam e/ou minimizem a incapacidade funcional e o comprometimento da força muscular devem ser planejadas e desenvolvidas em meio a neuropatas diabéticos para que desta forma essa comorbidade não impacte em maior vulnerabilidade às quedas, ao comprometimento da funcionalidade, da mobilidade e da qualidade de vida entre os esses sujeitos.

Referências

  1. Vedolin, A.C. et al. Pé Diabético: Estudo comparativo entre diferentes formas de apresentação clínica e tratamentos. SBACV, Rio de Janeiro: v. 12, n. 1, jan./mar. 2003.

  2. Santos AA et al. Efeito do treinamento proprioceptivo em mulheres diabéticas. Rev Bras Fisioter., São Carlos: v. 12, n. 3, p. 183-187, 2008.

  3. Braga A, Medeiros TP, Araújo BV. Investigação da atividade antihiperglicemiante da farinha da casca de Passiflora edulis Sims, Passifloraceae, em ratos diabéticos induzidos ao aloxano. Rev Bras Farmacogn, São Paulo: v. 20, n. 2, p. 186-191, 2010.

  4. Guimarães, F.P.M; Takayanagui, A.M.M. Orientações recebidas do serviço de saúde por pacientes para o tratamento do portador de diabetes mellitus tipo 2. Rev. Nutr, Campinas: v. 15, n. 1, jan./abr. 2002.

  5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica. Diabetes Mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 9 p.

  6. Moreira, RO et al. Tradução para o português e avaliação da confiabilidade de uma escala para diagnóstico da polineuropatia distal diabética. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo: v.49, n.6, p. 944-950, dez. 2005.

  7. Souza, A. et al. Avaliação da neuropatia periférica: correlação entre a sensibilidade cutânea dos pés, achados clínicos e eletroneuromiográficos. Rev. Acta Fisiát, São Paulo: v. 12, n. 3, p. 87-93, 2005.

  8. Hoppenfeld, S. Exame do Pé e Tornozelo. In: Propedêutica Ortopédica-Coluna e Extremidades. Rio de Janeiro: Atheneu, 2006, p. 207-247.

  9. Palmer, L.M; Epler, M.E. Tornozelo e Pé: In: Palmer, LM.; Epler, ME. Fundamentos das Técnicas de Avaliação Musculoesquelética. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. p.302-336.

  10. Sacco I.C.N; et al. Avaliação das perdas sensório-motoras do pé e tornozelo decorrentes da neuropatia diabética. Rev. Bras. Fisiot. São Carlos: v. 11, n.1, jan./fev. 2007.

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