A importância de atividades físicas recreativas adaptadas para grupos de terceira idade La importancia de las actividades físicas adaptadas para grupos de la tercera edad |
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*Graduada em Educação Física Especialista em Treinamento Desportivo e Fisiologia do Exercício Cursando Especialização em Educação Física Especial **Doutorando em Ciência da Educação Física e Esporte – UCCFD Professor de cursos de graduação e pós graduação em Educação Física |
Rosane Garstka de Mello* Ivan Carlos Bagnara** (Brasil) |
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Resumo Inúmeras são as modificações que acontecem ao passar do tempo em nosso organismo. A velhice é uma etapa da vida e um processo natural do envelhecimento humano. O que nos resta é preparar-se para vivenciá-la com dignidade. Procura-se nessa etapa de vida manter o máximo de tempo a funcionalidade e a autonomia física e mental. Por isso se faz necessário adquirir hábitos, e condutas saudáveis de vida, de maneira orientada, se necessário adaptada, mas de maneira que trabalhe o retardamento das impossibilidades. Tratando-se de buscar a qualidade de vida, que nessa idade normalmente está em falta, nota-se a necessidade de elaborar programas de atividades físicas recreativas, atrativas e adaptadas a grupos de terceira idade. Deve-se respeitar a individualidade buscando proporcionar o melhor bem estar possível, proporcionando além de saúde corporal e mental uma vida digna de autoconfiança e auto-estima. Depois de tantos anos de trabalho é natural que se deseje envelhecer e vivenciar a velhice saudavelmente. Unitermos: Terceira idade. Atividade física. Atividades físicas recreativas. Adaptadas.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Como um fator inevitável e irreversível o envelhecimento faz ou fará parte de nossas vidas. Sabemos que a população idosa cresce aceleradamente devido às conquistas da ciência e tecnologia e, portanto, vemos a necessidade de um programa de atividades físicas adaptadas e recreativas buscando propiciar o bem estar físico e social para esta população. Entende-se que, muito além de prolongar a vida, é necessário envelhecer com dignidade e qualidade.
O presente estudo viabiliza melhorar a percepção não apenas da convivência idosa junto à comunidade, como também tornar sua vida mais saudável e tornar o indivíduo idoso apto e consciente como cidadão cultivando a melhoria da sua qualidade de vida. Objetivos estes atingidos por meio de atividades físicas adaptadas e recreativas, com variadas atividades que proporcionem melhora na condição física e psicológica do idoso.
A ausência de uma pratica de atividade física orientada, de um programa que estimule o lazer, a dança, caminhada, atividades recreativas, contribuem para que o processo de envelhecimento seja mais traumático nessa população. Desencadeando a baixa auto-estima, monotonia e exclusão do meio produtivo e também perdas físicas afetivas desta população.
A sensação de bem estar, a recuperação da sua auto – estima são os fatores mais marcantes com a implantação de programas recreativos para idosos. A intenção maior é inibir o sedentarismo e o stress que propiciam o aparecimento de patologias não apenas fisiológicas, mas também psicológicas.
Busca-se por meio de diversas atividades físicas e recreativas, propiciar momentos de descontração, desinibição, integração e socialização fazendo com que os idosos passem a ter atitudes de confiança, vida mais saudável, e bem estar com uma orientação profissional especializada.
Importância de atividades físicas na terceira idade
A nossa população idosa aumenta a cada ano, segundo a Folha de São Paulo de 26/09/99, citado por Dantas e Oliveira (2003), comentou que “o Brasil possui 13,5 milhões de idosos, 8,65% da população. A estimativa é que, em 2050, terá 56 milhões, 24% da população prevista.”
Esta população chega à velhice naturalmente com perdas significativas da sua vitalidade comparando-se quando mais jovem. É um processo que faz parte da natureza humana e a perda de força, equilíbrio, velocidade, agilidade e tempo de reação, além de perdas celulares cerebrais, aumento de massa gorda e perda de massa magra, aparecimento de doenças circulatórias, cardiorrespiratórias, degeneração da estrutura óssea, entre outras é algo típico dessa faixa etária.
Ainda Dantas e Oliveira (2003 p.28), afirmam que estas alterações fisiológicas realmente ocorrem e abordam também a questão das alterações no sistema nervoso, sistema muscular, sistema circulatório, sistema respiratório e sistema esquelético.
A vida independente torna-se quase que impossível para idosos sedentários e sem hábitos saudáveis. É natural, porém, ver idosos fazendo algum tipo de exercício físico, mas poucos orientados por um educador físico. Esse fato, muitas vezes proporciona agravamentos ortopédicos e complicações cardiorrespiratórias. E como conseqüência da falta de conhecimento e de agravamento da condição de saúde, ocorre o abandono da prática de atividade física. O êxito de um programa regular de exercícios físicos está diretamente relacionado com a motivação, estímulo, e companhia.
Como o envelhecimento é gradativo, subentende-se que todos deverão passar por isso. Sendo assim, é importante saber que nessa faixa etária se encontram limitações no meio social, corporal e ambiental. Deve-se aproveitar a melhor idade e dar lugar no mercado de trabalho para os jovens. A aposentadoria não pode significar ou ser sinônimo de invalidez ou inaptidão.
Por isso revela-se a importância da manutenção corporal, pois o organismo humano é dependente de um bom condicionamento físico para execução de qualquer atividade da vida diária. Movimentos básicos de amarrar um cordão de tênis, vestir-se, pentear-se e banhar-se podem ficar severamente comprometidos devido ao sedentarismo associado com algum tipo de doença. Westcott e Baecle (2001) falam que os músculos são os motores do corpo, perdem tamanho e força com a idade, resultando em fraqueza física e vários problemas degenerativos, podendo evitar a perda muscular com realização regular de exercícios de fortalecimento. E, a manutenção da massa muscular está diretamente relacionada com a manutenção da capacidade funcional do idoso.
Literaturas evidenciam efeitos positivos em adoção de um estilo de vida ativo no envelhecimento, e para McArdle et al. (1998), a atividade física tem sido considerada determinante na manutenção, promoção e recuperação de funções orgânicas e musculares, tornando-se fundamental a sistematização de exercícios físicos, respeitando as limitações mais freqüentes do idoso e sua individualidade.
A contribuição do exercício físico na terceira idade é enorme, e a possibilidade para o alcance da qualidade de vida é evidente. Fatores fisiológicos e sociais são muito importantes para esta etapa da vida, pois para o idoso existe a necessidade de ser capaz de cuidar de si próprio. Principalmente atuando como membro ativo da sociedade e não excluso dela. Sentem a necessidade de interagir com o meio e isso pode ser obtido através de programas de atividades físicas, sejam em academias, parques, caminhadas, atividades recreativas em grupo, passeios ou viagens. Podem e devem resgatar o brilhantismo da vida, auto – estima e autoconfiança, percebendo que são tão importantes e capazes quanto os demais cidadãos, com adaptações ou não, auxiliados ou não, conviver e participar da vida social com saúde é fundamental para aumentar a longevidade.
A atividade física regular auxilia não apenas a população idosa, mas a todas as faixas etárias. Os benefícios são inúmeros e práticas de vida saudáveis só têm a se manifestar positivamente na vida diária. Isso é reforçado por Antunes, H. K. M.; et al (2001) apontando que um trabalho de condicionamento aeróbio só tem a ajudar significantemente o lado motor, cognitivo, humor e memória dos idosos. Isso reforça a idéia de que o idoso ativo é um idoso feliz e saudável.
Atividades físicas recreativas e adaptadas
A atividade física recreativa adaptada possibilita a participação e integração de pessoas que não conseguem fazê-la em modelo normal. Consistem na adequação ou adaptação das atividades a fim de atender o público em questão. A atividade física adaptada possibilita atender quase todos os públicos não excluindo-se ninguém do hábito saudável proporcionado pela pratica regular de atividades físicas. Leal y Haas (2006) apontam que estudos na área da atividade física para terceira idade vêm demonstrando a grande importância da prática para melhorar a qualidade de vida idosa.
O cuidado em prescrever qualquer exercício físico, dança ou brincadeira, precisa ser muito maior com a terceira idade do que com o público jovem. Eles têm menos mobilidade, são mais frágeis a impactos, além de apresentar níveis fisiológicos mais debilitados. Por isso, de maneira individualizada necessita-se de maior atenção na programação de atividades físicas, levando em conta, ambiente, intensidade e volume.
As atividades físicas realizadas com idosos possibilitam além dos benefícios físicos o bem estar e convívio social, com outros colegas, prosas, troca de experiência, divertimento e descontração. Com isso, o idoso consegue sentir-se melhor, deixando de lado o sentimento de incapacidade e solidão. Cagigal (1981) comenta que pessoas que praticam atividades em grupo se sentem bem e integram-se ao meio e muito dificilmente se sentirão solitárias. O autor não é o único a relatar isso. Muitos pesquisadores revelam a importância de atividades grupais e convívio social das pessoas e principalmente de pessoas na terceira idade.
A velhice é mais uma etapa da vida. Por isso deve-se adaptar-se a ela, estar preparado para ela, tentando vivê-la da melhor maneira possível, mas para que isso ocorra é necessário regrar a vida sempre, desde a juventude.
Trabalhar com a terceira idade requer muito mais que preparação a aplicação de atividades e conhecimento de exercícios adequados. É necessário ser muito mais que especialista, precisa ser além de muito bom profissional, um apaixonado pelo trabalho com idosos. Dedicar amor, carinho, tempo e atenção. O profissional necessita ter em mente que os idosos normalmente são pessoas carentes não só de físico, mas também de espírito. A maioria se sente solitário e carente, seja de uma conversa, um abraço ou de compreensão.
O cansaço toma conta naturalmente do corpo, sendo causa de uma involução de seu quadro de vida. A manutenção corporal é muito eficaz e por isso a importância de atividades físicas recreativas, com o objetivo de levantar o astral, sorrir, cantar, dançar, movimentar-se.
E como Géis (2003) afirma, atividades com a terceira idade precisam ser de simples compreensão e realização, sendo direcionada a qualidade e não a quantidade. Deve ser motivadora e atraente, adaptados a necessidade do grupo, devendo ocorrer variações para evitar a monotonia e desmotivação. O autor nos mostra exatamente como é necessário identificar o problema do idoso, verificar o que realmente ele precisa, respeitando suas limitações, incentivando e variando atividades de maneira que ele possa participar ativamente movimentando-se e se comunicando.
Jogos adaptados em parques, praças, ambientes ao ar livre ou não, podem proporcionar ao idoso, diversão e lazer; relacionamentos diversos, alcançando os objetivos físicos, psicomotores e intelectuais. Atividades de auto-massagem ou em grupo, ajudam a relaxar e aliviar a tensão. Atividades como balão dança, trabalhos de respiração junto ao movimento, natação entre outras, são atividades que podem ser aplicadas e adaptadas às possibilidades específicas de cada grupo.
Atividades recreativas, ginástica suave, criativa, danças de salão ou populares de acordo com o gosto do idoso, passeios, caminhadas, esportes como bocha, jogos com bola, tênis de mesa, excursões, colônias de inverno e verão, praia, são inúmeras as possibilidades de atividades a serem trabalhadas, de maneira lúdica, criativa e recreativa. Os autores Geis e Rubí (2003) nos colocam a disposição inúmeras atividades desde a organização à aplicação de exercícios aeróbios, de mobilidade articular, jogos de mímica, alongamento com acessório, trabalho de equilíbrio, atividades diversas com fitas, espelho, danças, trabalhos em duplas, grupos de quatro e grupo maiores.
Como pode-se verificar são inúmeras as opções de trabalhos e atividades que conduzem para um envelhecimento saudável. Para isso deve haver a possibilidade de adaptação de cada sujeito e de cada atividade a cada mudança que acontece em sua vida.
Considerações finais
Durante esta pesquisa bibliográfica percebeu-se a importância de programas de atividade física não apenas para a terceira idade, mas em todas as etapas da vida.
Percebeu-se que é de extrema importância ter acompanhamento profissional em atividades físicas, devido à necessidade de orientação adequada. Autores como Neumann e outros (2007) comentam sobre a grande necessidade de promover programas de intervenção educativa. Essa educação, além de tudo refere-se a reeducar o indivíduo para a prática de hábitos saudáveis e que proporcionem a participação em atividades físicas regulares. O idoso ativo e saudável sente-se melhor e confiante diante de sua vida diária e em sociedade.
Atividades físicas recreativas adaptadas possibilitam um maior número de adeptos devido ao grau mais atraente e adequado à terceira idade. Isso os ajuda tanto no seu lado físico quanto em seu lado social. A mudança do estilo de vida do idoso melhorará tanto a saúde cardiovascular quanto ao combate a obesidade e conseqüentemente a morbidade decorrente da idade. (BOUCHARD, 2003, p. 402).
Com hábitos saudáveis e com práticas regulares de atividades físicas o idoso terá uma vida com mais qualidade, e vivenciará da melhor maneira possível a sua melhor idade.
Referências
ANTUNES, H. K. M.; et. al. Alterações Cognitivas em Idosas Decorresntes do Exercício Físico, Sistematizado. São Paulo: Revista da Sobama, Vol.6, n.1, p.27-33. Dez.2001.
BOUCHARD, C. Atividade física e obesidade. Lousiana, EUA: Brasileira,2003.
CAGIGAL, J.M. Oh Deporte! Anatomia de um gigante. Valladolid: Ed. Miñón, 1981.
DANTAS, E. H. M; OLIVEIRA, R. J. Exercício, maturidade e qualidade de vida. Rio de Janeiro: 2ª Ed. Shape, 2003.
GEIS, P. P. Atividade Física e Saúde na Terceira Idade.Porto Alegre, RS: 5ª Ed. Artmed, 2003.
GEIS, P.P.; RUBÍ, M.C.; Terceira Idade – Atividades criativas e recursos práticos. Porto Alegre-RS: Artmed, 2003.
LEAL, I. J; HAAS, A. N. O significado da dança na terceira idade. Passo Fundo. RS. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, p.64-71, jan/jun, 2006.
McARDLE, W.; KATH, F. I.; KATH, V.L. Fisiologia do exercício. Rio de Janeiro: 4ª Ed. Guanabara Koogan, 1998.
NEUMANN, A.I.C.P. et. al. Padróes alimentares associados a fatores de risco para doenças cardiovasculares entre residentes de um município brasileiro. Revista Panam Salud Publica, v. 22, n.5, p. 329-39, 2007.
WESTCOTT, W.; BAECHLE, T. Treinamento de Força para a Terceira Idade. Barueri, SP: Manole, 2001.
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