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Antropometria, composição corporal, somatotipo e qualidades 

físicas entre os estágios maturacionais determinados pela menarca

Antropometría, composición corporal, somatotipo y cualidades físicas durante las etapas de maduración determinadas por la menarca

 

*Professor da Faculdade de São Lourenço, UNISEPE

Professor do Centro Superior de Ensino e Pesquisa de Machado (CESEP) – FEM

**Professor da Escola de Educação Física e Desporto, UFRJ-RJ

Líder do Grupo de Pesquisa – LABIMH-UFRJ

(Brasil)

Hugo Politano*

personalhugo@hotmail.com

José Fernandes Filho**

jff@ceafbr.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do nosso foi analisar as características antropométricas, composição corporal, somatotipo e qualidades físicas entre os estágios maturacionais determinados pela menarca. Após o preenchimento da anamnese e o termo de consentimento, foram marcadas as datas e horários das avaliações. Participaram do nosso estudo, 55 alunas de 11 a 17 anos da cidade de São Lourenço – Minas Gerais, praticantes de atividades físicas escolares, sendo 11 do estágio M0, 15 do estágio M, 14 do estágio M1 e 15 do estágio M2. O presente estudo foi desenvolvido através de pesquisa descritiva (média aritmética e desvio padrão). Foi identificada idade da ocorrência da menarca (12,4±1,1 anos), a massa corporal (M0=42±8,2, M=48,2±5, M1=55,4±5,8 e M2=54,7±7,7 kg), a estatura corporal (M0=152,5±7,5, M=161,1±6,3, M1=161,6±6,8 e M2=161,1±5,9 cm), o índice de massa corporal - IMC (M0=17,9±2,4, M=18,6±1,7, M1=21,3±2,3 e M2=21±2,1 kg/m2), para composição corporal - %G (M0=19,8±4,4, M=20,7±4,8, M1=25,8±5,6 e M2=24,8±4,7 %G), para a força de preensão manual da mão esquerda - PMME (M0=11,64±4,27, M=16,87±6,89, M1=21,43±5,24 e M2=22±7,15 kg/f), força de preensão manual da mão direita - PMMD (M0=11,36±3,98, M=20,53±8,25, M1=22,57±4,57 e M2=23,93±9,76 Kg/f), para o consumo máximo de oxigênio – VO2 max absoluto através do teste “maximal multstage 20m Shuttle-run test” (M0=1,8±0,38, M=2,1±0,4, M1=2,3±0,3 e M2=2,3±0,4 l/min) e VO2 max relativo (M0=43,2±2,8, M=43,8±5,3, M1=41,1±4,4 e M2=41,3±2,2 ml/(kg.min)-1) e para agilidade – shuttle run de 9,14 metros (M0=12”84, M=12”79, M1=12”84 e M2=12”77 segundos). Considerando os achados, podemos concluir que os resultados encontrados corroboram com outros estudos, nas variáveis: Idade da menarca, Massa Corporal, Estatura Corporal, Índice de Massa Corporal (IMC), Percentual de Gordura Corporal (%G), Preensão Manual da mão direita e esquerda (PMMD e PMME) e consumo máximo de oxigênio – VO2 máximo absoluto, no entanto, não foram encontrados os mesmos resultados para agilidade e VO2 máximo relativo. Quanto às características somatotipológicas ocorreu o aumento do componente endomorfia com o avanço maturacional, principalmente após a menarca.

          Unitermos: Antropometria. Composição corporal. Somatotipo. Menarca.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A puberdade é o período em que o indivíduo desenvolve características sexuais secundárias e progride através de uma série de estágios, até adquirir função reprodutiva1. Tem duração aproximada de dois anos, e é neste período que ocorre a aceleração do crescimento em massa corporal, estatura corporal e composição corporal2, diferindo acentuadamente entre os sexos. Isso se deve a um aumento da concentração sanguínea de estradiol, um tipo de estrogênio3, que tem uma influência significativa sobre o crescimento, mediante o alargamento da pelve, estimulando o desenvolvimento das mamas, e aumentando a deposição de gorduras no sexo feminino3,4,5.

    A menarca, primeira menstruação, é o mais claro indicador da maturação sexual feminina, que estadeve ser entendida como o conjunto de mudanças biológicas que ocorrem de forma seqüencial e ordenada e que levam o individuo a atingir o estado adulto ou o processo de tornar maduro, além de refletir numerosos aspectos de saúde da população, incluindo o crescimento, o estado nutricional, as condições ambientais e o desempenho motor6,7,8,9,10,11, no entanto, o indicador mais usado12,13,14,pois a idade cronológica parece ser um procedimento que pode levar a um erro metodológico por não garantir um grande poder discriminativo15.

    A antropometria é a mensuração do corpo humano e a representação da configuração morfológica presente, nela se enquadram várias técnicas diferentes de mensuração do corpo, como: massa corporal, estatura corporal, Índice de Massa Corporal (IMC)16. O IMC é um indicador de obesidade para adolescentes e apontam a influência familiar e o sedentarismo como importantes fatores no desenvolvimento do sobrepeso, e também observa que a idade da menarca é um importante fator preditivo do IMC17,18, pelo aumento da massa corporal em todas as faixas etárias em todas as sociedades, devido ao estilo de vida e hábitos alimentares13 e pela desaceleração da velocidade de aumento da estatura corporal pós menarca14 e aumento da composição corporal19.

    O aumento da composição corporal (gordura corporal) em meninas brasileiras se dá pelo marco da menarca, podendo estar relacionada à falta de atividade física14, pois a gordura corporal é um parâmetro que interfere na maioria dos indicadores de desempenho, reforçando a incompatibilidade entre adiposidade e o rendimento esportivo20. Petroski e Velho21 verificaram que a adiposidade corporal tem um aumento significativo e exponencial após a menarca.

    O somatotipo é um método duplamente indireto e pode ser determinado de várias maneiras, sendo que a mais difundida é através de medidas antropométricas22, que refere-se apenas a traços fenotípicos (nutrição, nível de estresse físico ou treinabilidade a que cada indivíduo é exposto) e é extremamente útil na observação das modificações corporais durante a maturação biológica8,23.

    A força é usada em todas as atividades físicas e aumenta bastante durante a infância e adolescência8,18,24,25,26,27,28. Durante a puberdade o consumo máximo de oxigênio - VO2max absoluto aumenta juntamente com o desenvolvimento físico8,29. O desempenho da agilidade depende de outras capacidades, como: força, coordenação e flexibilidade30 por ser a capacidade de realizar movimentos rápidos com mudanças de direção e sentido31.

    Portanto, o objetivo do presente estudo foi analisar as características antropométricas (Massa Corporal, Estatura Corporal e Índice de Massa Corporal), composição corporal, somatotipo e qualidades físicas entre os estágios maturacionais determinados pela menarca.

Materiais e métodos

    A pesquisa foi submetida, avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética e Investigação com Seres Humanos e Animais da Universidad Autonoma de Asuncion (UAA) – Py, sob o protocolo 04/10 e está de acordo com as determinações prescritas pelo Conselho Nacional de Saúde e Comissão Nacional de Ética que determina as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.

    O presente estudo foi desenvolvido, segundo Thomas & Nelson32, dentro de um modelo de pesquisa descritiva, que é amplamente utilizada nas ciências comportamentais.

    A amostra do estudo foi composta por 55 alunas praticantes de atividades físicas escolares de 11 a 17 anos da Escola Estadual Antônio Magalhães Alves da cidade de São Lourenço – MG, atendendo os critérios de inclusão e exclusão. Como critério de inclusão as alunas deveriam estar aptas e autorizadas pela direção, com autorização do responsável para a coleta dos dados e a identificação da data da menarca, e não participaram as alunas que não eram integrantes das atividades físicas escolares, as que praticavam modalidades esportivas competitivas, as que não concordaram e desejaram participar como voluntárias do estudo, as que não realizaram todos os testes e aquelas que possuem idades superiores e inferiores propostas pelo pesquisador.

Procedimentos

    No presente estudo, primeiramente realizada uma reunião com o órgão diretivo e pedagógico da Escola Estadual Antônio Magalhães Alves da cidade de São Lourenço em Minas Gerais para esclarecimento do objetivo da pesquisa. Após autorização, as alunas foram informadas sobre o objetivo e todos os procedimentos do estudo através de uma palestra.

    Uma carta foi entregue as alunas contendo o objetivo do estudo, procedimentos de avaliação, datas e horários dos testes, locais dos testes, vestimenta adequada, caráter de voluntariedade da participação e a anamnese que foi preenchida e assinada pelas voluntárias e responsáveis.

    A utilização dos protocolos segue a constituição de um trabalho científico, com a utilização de instrumentos validados, ou amplamente utilizados, nas pesquisas referentes ao tema. Os mesmos foram aplicados em dois dias, no primeiro, a entrega da anamnese devidamente preenchida, com o objetivo de identificar os estágios maturacionais determinados pela menarca. A amostra foi dividida em quatro grupos, M0, meninas que não menarquiaram, M, meninas que menarquiaram de zero meses a doze meses, M1, meninas que menarquiaram há mais de doze meses e um dia até vinte e quatro meses, e M2, meninas que menarquiaram há mais que vinte e quatro meses e um dia, em seguida foram aferidas as variáveis antropométricas.

    Para a massa morporal16utilizou-se uma balança antropométrica Toledo sem estadiômetro com capacidade de até 200kg;

    A estatura corporal16 foi verificada através do estadiômetro compacto tipo trena de parede da marca Kawe Germany;

    Os perímetros corporais16 foram aferidos com uma trena antropométrica da marca Sanny, em aço flexível de 0 a 2m com tolerância de ±0,1mm em 1m;

    Para a identificação dos diâmetros ósseos16 utilizou-se um paquímetro antropométrico pequeno da Sanny de 0 a 300mm de alumínio anodizado com tolerância de ±0,1mm.

    A composição corporal foi identificada através da equação de predição do percentual de gordura corporal (Slaugtheret al 1988)16 onde foram utilizadas as dobras cutâneas do tríceps e subescapular, através de um adipômetro científico da marca Sanny revisado e calibrado, da American Medical do Brasil com uma tolerância de ±0,5mm em 78mm.

    Para a dinamometria manual16, força de preensão manual da mão direita e esquerda, foi necessária a utilização de um dinamômetro de mão com fidedignidade de r=0,90 e validade de r=0,6933, da marca Baseline®, do tipo Smedley, com variação de 0 a 100 quilogramas, distribuídos pela Medical Eletronics, INC., Miami-USA.

    De posse destes dados foi possível calcular o Índice de Massa Corporal16 e os componentes do somatotipo de Heath e Carter22, a Endomorfia, Mesomorfia e Ectomorfia; todos realizados na HFFitness – Centro de Treinamento Personalizado.

    Já no segundo dia, no pátio da Escola Estadual Antônio Magalhães Alves, foi avaliado o consumo máximo de oxigênio, através do teste de “maximal multstage 20m Shuttle-run test” (Léger et al)34, para identificar o VO2max absoluto e relativo e agilidade com o teste shuttle run de 9,14 metros31.

Procedimentos estatísticos

    Na estatística descritiva verificou-se a média aritmética e desvio padrão para todas as variáveis observadas no estudo; idade da menarca, Massa Corporal, Estatura Corporal, Índice de Massa Corporal, Composição Corporal e as Qualidades Físicas e o para o somatotipo foi verificado a porcentagem da predominância de cada componente entre os estágios maturacionais determinados pela menarca. Foi utilizado para a análise dos dados o SPSS 17.0.

Resultados

    A média aritmética e desvio padrão da idade cronológica e da idade biológica (idade da menarca) entre os estágios maturacionais determinados pela menarca são apresentados na tabela 1.

Tabela 1. Média Aritmética e Desvio Padrão da idade cronológica e idade biológica entre 

os estágios maturacionais determinados pela menarca, expressas em idades decimais (n=55)

    A média aritmética e desvio padrão das características antropométricas; Massa Corporal, Estatura Corporal e Índice de Massa Corporal entre os estágios maturacionais determinados pela menarca são apresentados na tabela 2.

Tabela 2. Características antropométricas; Massa Corporal (Kg), Estatura Corporal (cm) e Índice 

de Massa Corporal – IMC (Kg/m2) entre os estágios maturacionais determinados pela menarca

    A média aritmética e desvio padrão da composição corporal, realizada através da equação de Slaugtheret al 198816, para identificar o percentual de gordura corporal entre os estágios maturacionais determinados pela menarca são apresentados na tabela 3.

Tabela 3. Composição corporal (Percentual de Gordura Corporal - %G) entre os estágios maturacionais determinados pela menarca

    No somatotipo foi observado o percentual da ocorrência de todos os componentes, Central, Endomorfia, Mesomorfia e Ectomorfia entre os diferentes estágios maturacionais determinados pela menarca como são apresentados na tabela 4.

Tabela 4. Percentual de ocorrência do componente do Somatotipo entre os estágios maturacionais determinados pela menarca

    A média aritmética e desvio padrão das qualidades físicas, dinamometria manual – preensão manual da mão esquerda e direita – PMME e PMMD, consumo máximo de oxigênio - VO2 max absoluto e relativoe agilidade entre os estágios maturacionais determinados pela menarca são apresentados na tabela 5.

Tabela 5. Dinamometria Manual – Preensão Manual da mão esquerda e direita – PMME e PMMD (Kg/f), Consumo Máximo de Oxigênio

  VO2 max absoluto (l/min) e relativo ml/(kg.min)-1 e agilidade (segundos) entre os estágios maturacionais determinados pela menarca

Discussão

    No Brasil, o início da puberdade ocorre aos 9,7 anos em meninas35. Dentre os recursos utilizados para a avaliação da maturação, a menarca parece ser o mais adequado para o âmbito escolar, por ser um método retrospectivo e não invasivo6,7,8,9. Para ocorrer à menarca é necessário que 17% do peso corporal sejam em gordura e para manter a menstruação nos primeiros anos é preciso de 20 a 22% do peso corporal em gordura13, como também aos fatores ambientais, genéticos, treinamento físico e ainda o tamanho da família14 e que a sua ocorrência acontecia com predominância entre 12 e 13 anos de idade cronológica.

    Vitalle13 em São Paulo, 12,1±1,1 anos, Borges e Schwarztback36, em Marechal Cândido Rondon no Paraná, 12,16±0,81 anos, Castilho, Saito e Barros Filho37 em São Paulo ao avaliar 111 meninas encontrou 12,63±1,39 anos, ao avaliarem 62 escolares de Ilhabela, Bassio, Matsudo e Matsudo17 encontraram a média da idade da menarca de 12,5±1,04 anos, Roman et al38, 12,2±1,2 anos em escolares de Cascavel e os resultados encontrados em nosso estudo corroboram com os demais com a média e DP de 12,4±1,1 anos.

    Quando observado os resultados de Guerra, Knackfuss e Silveira39 do IMC em atletas femininas de handebol de 12 a 14 anos, não levando em conta o estágio maturacional associado às modificações antropométricas e acúmulo de gordura no corpo, foi de 20,28±2,19 kg/m2, mostrando que à prática de atividades físicas orientadas pelos profissionais de Educação Física nas duas aulas propostas pela escola e atividades recreativas, pode ser importante na manutenção da massa corporal ou por pouco tempo de treinamento, que impossibilitou o desenvolvimento das características físicas da modalidade. Para Bergmann et al18, observou que o aumento do IMC acontece progressivamente dos 10 aos 14 anos de idade. Biassio, Matsudo e Matsudo17, o IMC aumenta progressivamente do estágio pré-menarca, 17,5 kg/m2, até pós-menarca, 20,9 kg/m2, devido principalmente, ao aumento do peso corporal. O mesmo é encontrado no presente estudo onde o IMC para o estágio M0, foi de 17,9±2,4 kg/m2, para o estágio M, foi de 18,6±1,7 kg/m2, para o estágio M1, foi de 21,3±2,3 kg/m2 e o estágio M2, foi 21±2,1 kg/m2.

    Com relação à composição corporal (%G) existe um aumento progressivo com o avanço da maturação, onde, para o estágio M0, foi de 19,8±4,4, para o estágio M, foi de 20,7±4,8, para o estágio M1, foi de 25,8±5,6 e o estágio M2, foi 24,8±4,7 %G. Para Petroski e Velho21, ao avaliar meninas e Florianópolis, verificaram que a adiposidade corporal tem um aumento significativo e exponencial, principalmente, após a menarca.Para Biassio, Matsudo e Matsudo17 o aumento do somatório das dobras cutâneas ocorre progressivamente com o avanço maturacional. Já Duarte14, utilizando o método de Tanner (mamas e pêlos pubianos), identificou que o aumento da composição corporal acontecia entre os estágios 4 e 5, e que a menarca parece ter sido responsável pela rápida transformação da composição corporal.

    Segundo Malina e Bouchard8, nas variáveis somatotípicas mensuradas em diferentes estágios maturacionais, ocorreu aumento no componente endomorfia, a estabilidade do componente mesomorfia e diminuição do componente ectomorfia com o avanço da maturação. É importante mencionar que em meninas atletas os resultados não são semelhantes ao nosso estudo. Guedes e Guedes40 encontraram em moças aumento drástico do componente endomorfia com o avanço da idade cronológica. Ao verificar as medidas encontradas dos três componentes somatotípicos, observamos que o componente endomorfia aumenta desde o estágio que antecede a menarca até o estágio de dois anos após a menarca. Estudos estes, que reforçam nosso estudo, onde o componente somatotípico antropométrico endomorfia, aumenta entre os estágios maturacionais determinados pela menarca.

    O acúmulo do tecido adiposo acarreta paralelamente o desenvolvimento da massa muscular8,9, que por sua vez pode ter contribuído para o aumento da força nos diferentes estágios maturacionais. Biassio, Matsudo e Matsudo17 encontraram aumento da força de preensão manual em três grupos avaliados, pré menarca, menarca e pós menarca, que a força aumenta gradativamente com o avanço maturacional, e que os maiores aumentos acontecem no início da puberdade. Schneider e Meyer25 também encontraram resultados similares, onde o aumento da força acontece do estágio pré púbere para pós púbere. No estudo de Giarolla, Junior e Matsudo27 os valores também foram crescentes com o amadurecimento, podendo notar que o pico da força aconteceu entre os 12 e 13 anos em função do pico de maturação, visto que, é neste período da puberdade que ocorre a menarca, corroborando com os resultados encontrados em M0 e M, principalmente, na preensão manual da mão direita.Ulbrichet al28 no experimento, identificou aumento nos níveis de força isométrica de preensão manual através dos estágios maturacionais do modelo proposto por Tanner (pelos pubianos), dados estes que contribuem com nosso estudo, onde a força de preensão manual apresentou aumento entre os estágios maturacionais determinados pela menarca, tanto na mão esquerda, como na direita.

    Observasse que com o aumento da massa corporal as alunas obtiveram redução no consumo máximo de oxigênio – VO2max relativo com o avanço dos estágios maturacionais determinados pela menarca, mas quando observado de forma absoluta apresentou aumento com a maturação. Para Duarte e Duarte34 o VO2 max absoluto tende a aumentar com o crescimento, ressaltando que quanto mais avançada maturacionalmente, maior é esse aumento. Para Tourinho e Tourinho41 entre as idades de 8 a 18 anos para o sexo feminino há um declínio do VO2max relativo, observando valores maiores até a menarca e menores pós menarca. Também, Santos Silva e Petroski42como Fonseca Junior, Dantas e Fernandes Filho29, observaram que o VO2 max absoluto aumenta gradativamente, e que o VO2 max relativo tem um declínio com o avanço maturacional. Para Malina e Bouchard8 o pico de VO2 máximo para as meninas acontecem entre 13 e 14 anos e que o VO2 máximo absoluto tente a aumentar um ano antes do momento da menarca, atingindo seu platô um ano após a mesma e que corroboram com o presente estudo, pois os estágios M e M1, corresponde as médias de idade cronológicas de 13,5 e 14,4 anos e reforça os valores encontrados no gráfico (VO2maximo absoluto), onde M seria um ano antes com o VO2 máximo de 1,82 ± 0,38 l/min e M1 um ano depois quando se estabiliza com o VO2 máximo de 2,27 ± 0,27 l/min.

    Com relação à agilidade, Bojikian, Luguetti e Böhme43e Maia et al44, observaram que são poucas pesquisas que estudam o seu desenvolvimento everificaram que ela é difícil de ser melhorada entre os diferentes níveis de maturação, mas que o exercício pode ajudar a manter os mesmos níveis com o decorrer do tempo, evitando assim maiores perdas, confirmando assim com o presente estudo onde osresultados encontrados tiveram ligeiros aumentos e declínios entre os estágios maturacionais determinados pela menarca. Quando comparados com os estágios maturacionais seria esperado que o aumento da força muscular pudesse possibilitar melhor resultado, visto que a agilidade é a capacidade de realizar movimentos rápidos com mudanças de direção e sentido31. Possivelmente outro fator teve influencia no desenvolvimento da agilidade com o avanço maturacional, parece ser o aumento da variável antropométrica Massa Corporal e a Composição Corporal, já que o aumento destas variáveis pode influenciar no deslocamento da corrida.

    As mudanças ocorridas ao longo da linha do tempo nas variáveis antropométricas, composição corporal, somatotipo e qualidades físicas, demonstram que existem diferentes comportamentos de elevação e declínio nos valores de todas as variáveis e que isto pode ser dividido por regiões corporais, corroborando com a literatura que indica que os eventos púberes provocam mudanças no crescimento longitudinal e transversal e em sujeitos do sexo feminino um aumento nas concentrações regionais de gordura45.

Conclusão

    A menarca parece ser um bom indicador da maturação biológica. Considerando os achados neste estudo, podemos afirmar que as médias aritméticas e desvios padrãoencontrados entre os estágios maturacionais determinados pela menarca nas variáveis: Massa Corporal, Estatura Corporal, Índice de Massa Corporal (IMC), Percentual de Gordura Corporal (%G), Preensão Manual da mão direita e esquerda (PMMD e PMME) e VO2 máximo absoluto corroboram com os estudos mencionados, no entanto, não foram observadas semelhanças nos resultados na agilidade e VO2 máximo relativo. Quanto às características somatotipológicas ocorreu o aumento do componente endomorfia com o avanço maturacional, principalmente após a menarca.

    Portanto, é necessária a realização de novos estudos com o intuito de verificar o impacto da menarca em todas as variáveis observadas em diferentes grupos, com estilo de vida e/ou condições socioeconômicas diferenciadas, também estudos longitudinais, para acompanhar o desenvolvimento das variáveis observáveis na adolescência do mesmo grupo e outras variáveis como força de membros inferiores, velocidade e dermatoglifia.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 155 | Buenos Aires, Abril de 2011
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