Análise de artigos sobre meio ambiente e sustentabilidade em periódicos nacionais de Educação Física Análisis de artículos sobre medio ambiente y sustentabilidad en periódicos nacionales de Educación Física |
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Mestrado em Ciências da Atividade Física Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO, Niterói (Brasil) |
Renata Osborne Marcelo Azeredo Terra Marcelo Porretti Jacques Araújo Netto Paulo de Tarso Bezerra Simões Leandro Costa |
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Resumo Este artigo teve como objetivo investigar a produção de artigos em periódicos nacionais brasileiros sobre a temática atividade física e sustentabilidade. O referencial teórico se baseou em subtemas tais como: Educação Física, Educação Ambiental, Educação para o Desenvolvimento Sustentável, Olimpismo e meio ambiente, e esportes praticados na natureza. O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica que consistiu em analisar artigos de periódicos publicados entre os anos de 1930 e 2000, do Catálogo de Periódicos de Educação Física e Esportes de Ferreira Neto, e artigos publicados entre 2001 e 2010 em periódicos nacionais citados no referido catálogo. Buscou-se títulos com as palavras chaves “natureza”, “meio-ambiente”, “educação ambiental” e “sustentável”. Os resultados da pesquisa apontaram para a prevalência dos esportes na natureza no tratamento de questões ambientais. Unitermos: Educação ambiental. Desenvolvimento sustentável.
Abstract This article aimed to investigate the production of articles in Brazilian journals on the subject physical activity and sustainability. The theoretical framework is based on subtopics such as: Physical Education, Environmental Education, Education for Sustainable Development, Environment and Olympism, and sports practiced in nature. The method used was a literature review which consisted in the examination of journal articles published between 1930 and 2000 in the Catalogue of Periodicals in Physical Education and Sports Ferreira Neto, and articles published between 2001 and 2010 in national journals cited in that catalog. Titles with the key words "nature", "environment", "environmental education" and "sustainable" were searched. The research results pointed to the prevalence of sports in nature in addressing environmental issues. Keywords: Environmental education. Sustainable development.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Duas perguntas formuladas por Grossman e Krueger (1995) são pertinentes para refletir sobre a lógica do desenvolvimento. O crescimento econômico contínuo trará cada vez mais danos ao ambiente da Terra? Ou o aumento da riqueza joga as sementes de uma melhora nos problemas ecológicos? Nestas perguntas, fica subentendido que alguns ainda pensam que a lógica do crescimento econômico pode superar os limites que as questões ambientais deveriam impor aos seres humanos. Inúmeras evidências demonstram que o processo de desenvolvimento causa mudanças estruturais naquilo que as economias produzem. E tais mudanças são sentidas cada vez mais nos ecossistemas terrestres.
O desenvolvimento econômico e social dos paises, através de um modelo de sociedade industrial avançada, não poderá se manter através da espoliação exacerbada dos recursos naturais, nos padrões atuais de produção e consumo exagerados e na degradação ambiental para a manutenção desses padrões.
Limites são essenciais para que as condições de vida não sejam destruídas e também entender que enquanto alguns grupos usufruem de riquezas, outros ainda vivem sob condições subumanas. Então há a necessidade de desenvolvimento de algumas regiões pobres. Diante desse contexto, o conceito de desenvolvimento sustentável tornou-se uma utopia a ser seguida, para transformar essa realidade. Todos têm algo a dizer sobre esse desenvolvimento que seria aquele capaz de conciliar crescimento econômico com preservação ambiental.
Segundo Lima (2003), nas últimas duas décadas, sustentabilidade tornou-se expressão dominante no debate sobre meio ambiente e desenvolvimento social. “Sustentabilidade tornou-se palavra mágica, pronunciada por diferentes sujeitos, nos mais diversos contextos sociais e assumindo múltiplos sentidos” (p. 99).
A Educação Física e o esporte, como outras áreas, não devem ficar alienados dos problemas da sociedade e dos caminhos possíveis para superá-los. Inclusive, as Nações Unidas celebraram em 2005, o Ano Internacional do Esporte e da Educação Física. A sua visão é que o esporte e a Educação Física são um meio de promover a educação, a saúde, o desenvolvimento e a paz (UNITED NATIONS, 2003).
Nesta perspectiva, definiu-se como objetivo geral de pesquisa investigar a produção de artigos em periódicos brasileiros sobre educação física, esporte e sustentabilidade. O referencial teórico se baseou em 3 blocos temáticos: 1) Educação Física, Educação Ambiental e Educação para o Desenvolvimento Sustentável; 2) Olimpismo e meio ambiente; e 3) esportes praticados na natureza.
Educação Ambiental, Educação para o Desenvolvimento Sustentável e Educação Física
A Educação Ambiental (EA) é anterior à Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS). Desde a década de 70 discute-se internacionalmente a EA e esta já debatia o conceito de desenvolvimento sustentável. No entanto, a EDS surge 30 anos depois. A UNESCO lidera atualmente a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (DEDS), que compreende o período de 2005 a 2014. A DEDS se vincula a outras iniciativas internacionais, tais como as “Metas de Desenvolvimento do Milênio”, o Movimento de “Educação para Todos” dentre outras. Essas iniciativas pretendem alcançar a melhoria de qualidade de vida, especialmente para os mais marginalizados e excluídos; a realização dos direitos humanos, incluindo igualdade em questões de gênero, redução da pobreza, democracia e cidadania, e concordam sobre a importância da educação básica de qualidade. (UNESCO, 2005).
Dias (2004), esclarece que a evolução do conceito de EA sempre esteve relacionada com o conceito de meio ambiente. Se o meio ambiente era percebido sob uma ótica mais reducionista, o conceito de EA também seria entendido desta maneira. Com o acontecimento das principais conferências mundiais sobre o tema meio ambiente e desenvolvimento humano, a EA passou a ganhar novos significados, afastando-se do reducionismo antropocêntrico.
Loureiro (2004) acrescenta que os problemas da sociedade são estruturalmente relacionados e a EA se apresenta como processo educativo amplo capaz de abarcar as dimensões políticas, culturais e sociais e gerar novos valores e atitudes compatíveis com a sustentabilidade da vida.
A prática da EA parece não ter acompanhado a força de sua discussão teórica. O fato é que, recentemente, foi criada a EDS, que apresenta as seguintes características: ser interdisciplinar e holística, visar à aquisição de valores, desenvolver o pensamento crítico e a capacidade de resolução de problemas, recorrer à multiplicidade de métodos, estimular a participação, ser aplicável, e estar estreitamente relacionada com a vida local (UNESCO, 2005). É importante chamar a atenção para o fato de essas características serem as mesmas da EA, e podemos dizer aplicam-se a qualquer disciplina curricular.
No Brasil, a EDS parece ainda não existir, porém no ensino e aprendizagem da EA, destacamos as diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) sobre como trabalhar a EA na escola através do tema transversal “meio ambiente”. Os temas transversais foram selecionados de acordo com sua relevância social e abrangência nacional e mundial. A transversalidade significa que tais temas não devem ser abordados por uma disciplina apenas, mas sim por todas as disciplinas obrigatórias do ensino fundamental (BRASIL, 2000a; BRASIL, 2000b).
Mas como a Educação Física deve abordar os temas transversais? Um trabalho recente, de Bastos (2010), propõe “os jogos transversais” com uma abordagem didático-metodológica que une o jogo e a ludicidade aos temas transversais dos PCN´s. Através destes jogos, utilizados como um meio, o(a) professor(a) busca desenvolver a consciência do educando visando a formação do cidadão crítico, questionador e capaz de refletir sobre as problemáticas sociais. Procurou-se associar os conteúdos práticos dos jogos aos conteúdos teóricos (saúde, ética, pluralidade cultural, orientação sexual e meio ambiente). Frisa o autor que cada jogo contém reflexões adaptadas sobre os temas transversais.
Nesse sentido Figueiredo (2002) também aponta alguns caminhos. Para o autor, a Educação Física escolar estará contribuindo para a EA na medida em que buscar superar a visão fragmentada do homem e a dissociação dos saberes naturais e sociais. O autor recomenda práticas tais como os jogos cooperativos, os jogos tradicionais, o frescobol e a capoeira. Os jogos cooperativos servem para trabalhar o valor da cooperação, o princípio do jogar “com” o outro e não “contra” o outro. Os jogos tradicionais ajudam a criança a entender a cultura regional e outras gerações. A capoeira além de resgatar nossa história apresenta também uma visão de mundo questionadora de diversos padrões da sociedade moderna ocidental. Somente estas atividades não são suficientes; a intencionalidade do professor é fundamental para estimular o pensamento crítico do aluno.
A Educação Física escolar no Brasil teve mais orientações de como trabalhar a EA do que a EDS. Isso parece ser consequência do fato de a EDS ser recente e da relação entre a EA e a EDS ser ainda nebulosa. Portanto, ao se pensar sobre o papel da EF escolar na DEDS é preciso dar continuidade à participação da EF no ensino da EA, tentando incorporar o que possa ser novo na proposta da EDS.
Olimpismo e meio ambiente
O desporto de alto rendimento também tem um papel importante a cumprir quando se trata de participar na preservação do meio ambiente e na construção do desenvolvimento sustentável. A história do Olimpismo demonstra essa participação.
Em 1972, realizava-se em Estocolmo, Suécia, a primeira conferência internacional sobre meio ambiente, e em Munique, acontecia os Jogos Olímpicos. Nessa ocasião, houve uma adaptação do lema olímpico “mente sã em corpo são” para “competição sã em meio ambiente são”. Esta iniciativa já demonstrava uma preocupação do Movimento Olímpico com a questão ambiental (INTERNATIONAL OLYMPIC COMMITTEE, 2005).
Em 1992, a comunidade local protestou contra os abusos ambientais cometidos na organização dos Jogos de Inverno de Albertville, que incluíram desmatamento da sua região alpina, produção de resíduos não recicláveis e construção de instalações permanentes que não tiveram uso posteriormente ao evento. Esse ano representou um marco; o Conselho da Europa condenou a repetição dos abusos cometidos em Albertville, e o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) reconheceu a prioridade de uma agenda ambiental e a assimilação do conceito de desenvolvimento sustentável por parte do movimento olímpico (DACOSTA, 2002).
A seguir, O COI declarou ser o meio ambiente o terceiro pilar do Olimpismo, junto de esporte e cultura. Para o COI, um saudável ambiente local e global é um parceiro natural dos ideais olímpicos, que visam colocar o esporte ao serviço do desenvolvimento harmônico dos seres humanos e contribuir para a construção de um mundo melhor, tendo como objetivo aplicar uma política ambiental na organização dos Jogos Olímpicos, assim como estender essa política para assegurar que a proteção do meio ambiente seja parte dos valores educacionais ensinados para a juventude através do esporte. Nesse sentido visa-se encorajar condutas responsáveis em relação ao meio ambiente e educar a todos conectados ao Movimento Olímpico sobre a importância do desenvolvimento sustentável (INTERNATIONAL OLYMPIC COMMITTEE, 2005).
Desde então o Movimento Olímpico tem valorizado a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. Os resultados mais atuais desse movimento em prol da preservação ambiental começaram com os Green Games [Jogos Verdes] na Olímpiada de Lillehammer, em1994. Foram adotadas práticas do tipo: informações sobre proteção ambiental foram impressas nos ingressos dos jogos para educação do público; o excesso de calor produzido por superfícies de gelo e ar condicionado das instalações olímpicas foi reciclado para aquecimento de outras partes dessas instalações; verificar livro da professora? a escolha da localização de uma instalação olímpica foi realizada em colaboração com associações ambientalistas, que inclusive modificaram os planos iniciais de forma a deixar a entrada pública no lado oposto a uma reserva ornitológica perto de um lago (COSTA, 2006).
Em Sydney, 2000, exemplos de práticas adotadas foram: 75% do material usado foi reciclado e a eletricidade usada na vila olímpica provinha de painéis de captação de energia solar; quatro milhões de árvores foram plantadas na Austrália entre 1998 e 2000; e a olimpíada contou com a parceria da conceituada organização ambientalista Greenpeace. Em Atenas, 2004: mais de um milhão de arbustos, 290.000 árvores e 11 milhões de pequenas árvores foram plantadas depois dos Jogos; e materiais de construção alternativos e nova tecnologia em energia foi utilizada para a proteção dos recursos naturais (THE IOC..., 2004).
Mesmo com tais iniciativas, o Movimento Olímpico tem sido criticado por adotar medidas tecnológicas, mas que são insuficientes. Figueiredo (2002) criticou a Olimpíada de Sydney por causa das ocorrências de doping entre os atletas e em sua opinião as medidas tecnológicas tais como o uso de painéis solares, iluminação natural, captação da água da chuva, e outras no parque olímpico no final serviram mais como uma ferramenta de marketing.
Dessa maneira, vislumbramos que a preservação do meio ambiente como um dos pilares para um desenvolvimento humano e sustentável, como sugere o próprio Olimpismo, ainda é um grande desafio devido aos interesses comerciais na promoção do esporte. O Olimpismo preconiza: “colocar em toda a parte o esporte a serviço do desenvolvimento harmonioso do homem, na perspectiva de encorajar o estabelecimento de uma sociedade pacífica preocupada com a preservação da dignidade humana” (COI, 2005, p. 6), o que entra em consonância com o conceito de sustentabilidade no que diz respeito à preservação dos direitos de desenvolvimento do ser humano, porém não comprometendo os direitos das geração vindouras. Esse desenvolvimento harmonioso do homem deve estar também em harmonia com o meio ambiente.
Esportes na natureza
Dumazedier (2001) afirma imazedier (2001), que diz que lazer é um conjunto de ocupações “as quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para divertir-se, recrear-se e entregar-se ou ainda para desenvolver sua formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações [...]” (p.34).
Muitas vezes o lazer é relegado a segundo plano nas práticas esportivas tradicionais, sendo a performance o elemento primordial, o que torna a prática esportiva excludente com aqueles que não estão tão aptos para sua realização. Além disso, os esportes tradicionais são geralmente praticados em ambientes normatizados por tempo e espaços tais como quadras, pistas e piscinas.
Atividades esportivas na natureza emergem como práticas recreativas a partir da década de 70. O lazer, gradualmente, passa a ser visto como algo importante, e as atividades junto à natureza surgem como uma nova dimensão social para o esporte deste século (BETIOLLO, 2003).
A busca pela aventura, pelo novo, pelo desconhecido, longe dos padrões urbanos, tem-se mostrado presente em algumas atividades de lazer como o montanhismo, as trilhas de bicicletas ou caminhadas, o campismo, dentre outros. O desenvolvimento do intitulado ecoturismo nos últimos anos, parece ter propiciado um espaço fértil para o incremento desse tipo de esporte, na população adepta, onde a relação homem/natureza manifesta-se de forma acentuada (BRUHNS, 1997, p. 86).
Porém, os esportes na natureza, também conhecidos como de aventura, não tem como objetivo principal a competição, embora alguns desenvolvam competições. Por exemplo, o montanhismo e a caminhada são praticados por pessoas com diversos níveis de aptidão física. A sua prática em grupo não se divide por faixas etárias ou gênero e o tempo de atividade não é pré-determinado, é mais livre. Sendo assim, configura-se em uma prática esportiva prazerosa como forma de lazer, onde, em geral, a entrega do seu participante se dá de maneira harmoniosa, não apenas com o ambiente, mas com seu próprio limite.
Percebemos que na mesma velocidade em que aumenta o consumo dos esportes junto à natureza, os recursos naturais de nosso planeta se esgotam. Com isso a temática da preservação do meio ambiente e da garantia dos recursos naturais para a sobrevivência humana torna-se uma problemática central de relevância pública, política, econômica e social a ser discutida em nossa sociedade.
O crescimento dessas práticas gera uma nova discussão: os esportes na natureza trazem como consequência a preservação ou a degradação do meio ambiente? De acordo com Marinho (2001) essas atividades simplificam o significado da natureza porque esta é encarada como:
[...] um mero local de atividades, cujo propósito é limitado a servir as necessidades dos praticantes que procura satisfação e prazer. A natureza, levada, então, a um segundo plano é redefinida como um ambiente coincidentemente útil e agradável, atrativo e conveniente para as atividades esportivas. O conhecimento e a proteção ambiental, nesse contexto, parecem ser irrelevantes (p. 144).
DaCosta (2006) afirma que as primeiras investigações sobre o impacto das atividades de lazer sobre o meio ambiente apareceram na década de 70 e que na década seguinte foi a vez dos filósofos se destacarem sobre as agressões à natureza por convívio equivocado de humanos, incluindo freqüentemente o esporte. O esporte pode ajudar ou prejudicar o meio ambiente, e se beneficiar ou ser prejudicado pelas condições ambientais. Um meio ambiente poluído não faz distinção entre indivíduos, atletas ou não. Acima de tudo, precisamos preservar o ambiente onde são realizadas as práticas esportivas para que futuras gerações possam usufruir deste mesmo espaço. Desta forma, será possível minimizar os impactos negativos causados por estas e maximizar os positivos, usufruindo do máximo dos benefícios presentes na atividade na natureza.
Métodos
A primeira etapa dessa pesquisa bibliográfica consistiu em analisar artigos de periódicos publicados entre os anos de 1930 e 2000, do Catalogo de Periódicos de Educação Física e Esportes (FERREIRA NETO, 2002). Buscou-se títulos com as palavras chaves “natureza”, “meio-ambiente”, “educação ambiental” e “sustentável”.
A segunda etapa da pesquisa consistiu em analisar artigos publicados entre 2001 e 2010 em periódicos que estivessem no Catálogo de Periódicos de Educação Física e Esportes e que fosse possível acessar os títulos dos artigos on-line. Os periódicos selecionados foram: Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Conexões, Motrivivência, Revista de Educação Física do Exército, Revista Mineira de Educação Física e Revista Kinesis. Procedeu-se da mesma forma que na etapa anterior, ou seja, buscaram-se títulos com as mesmas palavras chaves.
A principal limitação desse estudo foi que a análise procedeu-se apenas nos títulos; não se buscou elementos nos resumos ou no texto para verificar como o artigo tinha a ver com as subtemáticas estudadas. Em conseqüência, artigos que tinham relação com a temática podem ter sido excluídos. Outra limitação foi não ter utilizado “ecologia” como palavra-chave na busca de artigos. Esta palavra teria sido relevante para o estudo proposto.
Resultados
Na primeira etapa foram obtidos os seguintes resultados: dos trinta e seis periódicos do catálogo foram encontrados 18 (50%), classificados pela CAPES como de circulação internacional C e nacional B e C, que abordavam as subtemáticas selecionadas em 49 artigos (tabela 1). Do total de artigos, 27 (55,1%) relacionavam-se com o subtema “natureza”; 16 (32,6%) tratavam a subtemática “meio ambiente”; 5 (10,2%) mencionavam “educação ambiental”; e 1 (2,04%) referia-se ao “desenvolvimento sustentável”. A Revista Brasileira de Ciências do Esporte publicou a maior parte dos artigos, 18 (36,7%), seguida da Revista Conexões.
Periódicos |
“Natureza” |
“Meio Ambiente” |
“Educação Ambiental” |
“Desenvolvimento Sustentavel” |
Total |
RBCE |
8 |
9 |
1 |
0 |
18 |
Conexões |
5 |
3 |
0 |
0 |
8 |
Revista Educação Física |
2 |
1 |
0 |
0 |
3 |
Artus |
1 |
1 |
1 |
0 |
3 |
Arquivo da Escola Nacional de Educação Física e Desporto |
2 |
0 |
0 |
0 |
2 |
Motrivivência |
1 |
0 |
1 |
0 |
2 |
Revista Mineira de Educação Física |
0 |
1 |
1 |
0 |
2 |
Educativa |
0 |
1 |
0 |
0 |
1 |
Congresso Brasileiro de Ciência do Esporte |
0 |
0 |
0 |
1 |
1 |
Sprint |
0 |
0 |
1 |
0 |
1 |
Educação Physica |
1 |
0 |
0 |
0 |
1 |
Educação Física |
1 |
0 |
0 |
0 |
1 |
Esporte Educação |
1 |
0 |
0 |
0 |
1 |
Revista Kineses |
1 |
0 |
0 |
0 |
1 |
Revista Brasileira de Ciência e Movimento |
1 |
0 |
0 |
0 |
1 |
Motus Corpuris |
1 |
0 |
0 |
0 |
1 |
Motriz |
1 |
0 |
0 |
0 |
1 |
Licere |
1 |
0 |
0 |
0 |
1 |
Tabela 1. Palavras-chave encontradas nos periódicos entre os anos de 1930 a 2000
Na segunda etapa, foram obtidos os seguintes resultados: dos periódicos selecionados, foram encontrados 26 artigos publicados entre 2001 e 2010, dos quais 16 (61%) relacionavam-se com a palavra-chave “natureza”, 5 (20%) abordavam a subtemática “meio ambiente”; 4 (15%) mencionavam “educação ambiental” e 1 (4%) referia-se a palavra-chave “desenvolvimento sustentável” (tabela 2). Nesta etapa, a Revista Motrivivência foi a que publicou mais, seguida da Revista Brasileira de Ciências do Esporte e da Revista Motriz.
Periódicos |
“Natureza” |
“Meio ambiente” |
“Educação Ambiental” |
“Desenvolvimento Sustentavel” |
Total |
Motrivivência |
5 |
1 |
2 |
0 |
8 |
Revista Brasileira de Ciências do Esporte |
4 |
3 |
0 |
0 |
7 |
Revista Motriz |
3 |
1 |
1 |
1 |
6 |
Conexões |
4 |
0 |
0 |
0 |
4 |
Revista Educação Física |
0 |
0 |
1 |
0 |
1 |
Revista Mineira de Educação Física |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
Revista Kinesis |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
Total |
16 (61%) |
5 (20%) |
4 (15%) |
1 (4%) |
26 |
Tabela 2. Palavras-chave das revistas dos anos de 2001 a 2010
Quando comparadas as porcentagens dos artigos publicados entre 1930 e 2000 e os publicados em 2001 e 2010 em relação às subtemáticas exploradas (gráfico 1), observou-se um ligeiro aumento em algumas áreas, porém não houve mudanças significativas. A publicação sobre a subtemática natureza aumentou apenas 6%, meio ambiente diminuiu apenas 12%, educação ambiental cresceu 5% e, embora igual no número de artigos publicados, o desenvolvimento sustentável superou o anterior em 1,6%, devido às características desta última década. Antes representava a subtemática de menor ênfase, com 2,4%.
Gráfico 1. Comparação das publicações encontradas nos periódicos pesquisados nas duas fases da pesquisa.
Considerações finais
Os resultados da pesquisa apontaram para a prevalência dos esportes na natureza no tratamento de questões ambientais. Embora a educação ambiental tenha sido um tema importante desde 1970, a publicação de periódicos no período estudado conferiu a esse tema pouca ênfase. E, embora o desenvolvimento sustentável tenha sido adotado como uma prioridade pelo Comitê Olímpico Internacional e seja um tema extremamente atual, esse conceito obteve o menor destaque. Pergunta-se por que a educação ambiental e o desenvolvimento sustentável foram tão pouco explorados? São temas que pressupõe um pensamento complexo e o diálogo entre disciplinas.
Recomenda-se uma política de publicação em periódicos que inclua como um tema o papel do esporte e da Educação Física na Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, de 2005 a 2014, liderada pela UNESCO.
Referências
BASTOS, Denis Mendes. Jogos Transversais: uma proposta de abordagem dos temas transversais nas aulas de Educação Física. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 14, n. 142, 2010. http://www.efdeportes.com/efd142/temas-transversais-nas-aulas-de-educacao-fisica.htm
BETIOLLO, G.M. e Santos, S.S. Contribuições do montanhismo para a educação ambiental. Motrivivência, ano XV, nº 20-21, p. 163-87. Mar/Dez. 2003.
BRUHNS, H.T. Lazer e Meio ambiente: corpos buscando o verde e a aventura. RBCE, 18(2); janeiro 1997.
COMITE OLÍMPICO INTERNACIONAL.Olimpic charte. Lausenne: COI, 2005.
COSTA, L.P.da. Atividade Física e o Meio Ambiente, Revista Brasileira de Educação Física, São Paulo. V.20, p. 21-23; set 2006.
DIAS, Conceição. Ética ecológica ou ambiental? Em aberto, Brasília, v. 3, n.2, p. 15-21, 2000.
DUMAZEDIER, Joffre. Lazer e Cultura Popular. – 3 ed; - São Paulo: Perspectiva, 2001
FREITAS, Mário. Evolução do conceito de desenvolvimento sustentável. Perspectiva, Florianópolis, v. 22, n. 2, p. 547-575, 2004.
GROSSMAN,Gene M.; KRUEGER, Alan B. Economic Growth and the Environment. The Quarterly Journal of Economics, n.110, p. 353, may 1995.
GRÜN, M. Ética e Educação Ambiental: a conexão necessária. São Paulo: Papirus, 1996.
KNOWLES, M. S. The modern practice of adult education: form pedagogy to andragogy (rev. ed.). New York: Cambridge, 1980.
LIMA, Gustavo da Costa. O discurso da sustentabilidade e suas implicações para a educação. Ambiente & Sociedade, Campinas, v. 6, n.2, p. 99-119, 2003.
TAVARES, F. J. P. A Educação Ambiental na formação de professores de Educação Física: uma emergente conexão. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 9 - N° 61 - Junio de 2003. http://www.efdeportes.com/efd61/eamb.htm
TAVARES, O., Miranda, R. e DaCosta, L.P. “Esporte, Olimpismo e Meio Ambiente – Visões Internacionais”. Rio de Janeiro: Editora Gama Filho, 2002.
TEIXEIRA, J.P. ESPORTE DE AVENTURA E MEIO AMBIENTE: TEMATIZANDO ESSES CONHECIMENTOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA. Monografia submetida ao curso de Licenciatura em Educação Física da Faculdade Social da Bahia. Salvador, 2005
UNESCO. Década das Nações Unidas da educação para o desenvolvimento sustentável 2005-2014: documento final plano internacional de implementação. Brasília: UNESCO, 2005.
UNITED NATIONS. Resolution adopted by the General Assembly: sport as a means to promote education, health, development and peace. 2003. 3 f. Disponível em: http://www.who.int/hpr/physactiv/docs/pa_un_resolution_en.pdf. Acesso em: 26 jan. 2005. A/RES/58/5.
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