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A formação inicial de professores: a percepção dos acadêmicos 

da licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM sobre a sua 

preparação para a atuação na educação básica

La formación inicial de los profesores: la percepción de los estudiantes de la licenciatura en 

Educación Física del CEFD/UFSM sobre su preparación para la intervención en la educación básica

 

*Especialista em Ciência do Movimento Humano (UNICRUZ)

Especialista em Educação Física Escolar (UFSM)

Mestrando em Ciências do Movimento Humano (UDESC)

Professor Pesquisador Associado do Grupo

de Estudos e Pesquisas em Educação Física (UFSM)

**Doutor em Educação

Doutor em Ciência do Movimento Humano

Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (UFSM)

Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física (UFSM)

Rodrigo de Rosso Krug*

rodkrug@bol.com.br

Hugo Norberto Krug**

hnkrug@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Essa investigação objetivou analisar a preparação profissional proporcionada pelo curso de Licenciatura em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para a atuação na educação básica na percepção dos acadêmicos. A metodologia caracterizou-se pelo enfoque fenomenológico sob a forma de estudo de caso com abordagem qualitativa. O instrumento utilizado para a coleta de informações foi um questionário três perguntas abertas. A interpretação das informações foi à análise de conteúdo. Os participantes foram trinta e dois (32) acadêmicos do 7º semestre do curso de Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM, matriculados na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado III (Séries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental), no 1º semestre letivo de 2010. Concluímos que foi possível identificar que a grande maioria dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM sentem-se ‘preparados’ e/ou ‘parcialmente preparados’ para a atuação docente como professores de Educação Física na escola nos diferentes segmentos da educação básica.

          Unitermos: Educação Física. Formação de professores. Formação inicial. Preparação profissional.

 

Artigo elaborado a partir do projeto de pesquisa denominado “A formação inicial de professores de Educação Física: um estudo de caso na Licenciatura do CEFD/UFSM”.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introduzindo a investigação

    De acordo com Lima (1994) na condição de seres humanos, não podemos viver sem fazer inúmeros julgamentos que afetam nossas vidas. Assim como temos direito à satisfação de nossas necessidades, estamos sempre na busca do melhor, do aprimoramento, do conhecimento, que na nossa sociedade é o que prevalece. Esse conhecimento, que é buscado nas instituições escolares e, posteriormente, nas universidades, tem por função a disseminação do saber e, nessa função, se inclui a organização e o oferecimento de cursos de formação profissional.

    Alguns autores (PETRICA, 1987; ONOFRE, 1991; CARREIRO DA COSTA, 1994) dizem que a formação profissional de professores é a formação que acontece nos cursos de Licenciatura e que formar docentes é uma tarefa complexa que requer uma formação sólida para que o professor consiga definir o que ensinar, porque ensinar, para que ensinar e como ensinar.

    Na perspectiva de Landshere (apud PETRICA, 1987), a formação de professores é constituída pela formação inicial e pela formação contínua.

    Particularmente essa investigação preocupa-se com a formação inicial que, segundo Nascimento (apud KRUG, 2004), é a denominação freqüentemente atribuída à etapa de preparação voltada ao exercício ou qualificação inicial do professor.

    Para Shigunov e Shigunov Neto (2001, p.26) a formação inicial “é importante na formação de professores, pois é a partir dela que os futuros docentes irão adquirir conhecimentos indispensáveis para sua atuação”. Além da finalidade de conferir uma habilitação legal ao exercício profissional da docência do curso de formação inicial que se espera que forme um professor, e que essa colabore para o exercício de sua atividade (PIMENTA, 2002).

    Já Carreiro da Costa (1994) entende que na formação inicial é preciso adquirir as competências necessárias para enfrentar adequadamente a carreira docente, constituindo-se no período em que o futuro profissional adquire os conhecimentos científicos e pedagógicos da profissão.

    Mas, será que isso realmente acontece nos cursos de formação de professores?

    Assim, considerando essas colocações, deslocamos o nosso interesse investigativo do professorado em geral e suas práticas pedagógicas para especificamente a formação inicial de professores de Educação Física, com o intuito de estudar em particular os acadêmicos em formação.

    Diante desse cenário, voltamos nossos olhares para um curso de Licenciatura em específico, que foi o do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que, de acordo com o seu Projeto Político Pedagógico (CEFD, 2005), visa formar profissionais para atuar na educação básica no sentido de desenvolver ações teórico-práticas, em que os conhecimentos e saberes acadêmicos contribuam na formação do ser humano em sua totalidade. Além de possibilitar uma formação político social, dentro de uma abordagem histórico-crítica, em diferentes manifestações da cultura corporal, compromissada com a educação emancipatória, possibilitando uma formação técnico-profissional visando o aperfeiçoamento de habilidades, capacidades e competências necessárias ao exercício profissional/docente. O profissional egresso desse curso estará habilitado para atuar na educação básica (instituições públicas e privadas de ensino infantil, fundamental, médio e superior; instituições, entidades ou órgãos que atuam com populações especiais); secretarias municipais, estaduais e nacionais voltadas à área da Educação Física.

    Portanto, a partir dessas premissas originou-se a seguinte questão problemática norteadora dessa investigação: Qual é a avaliação sobre a preparação profissional proporcionada pelo curso de Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM para a atuação na educação básica na percepção dos acadêmicos?

    Dessa forma, essa investigação teve como objetivo geral analisar a preparação profissional proporcionada pelo curso de Licenciatura em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para a atuação na educação básica na percepção dos acadêmicos.

    Em decorrência desse objetivo geral, buscamos vislumbrar os seguintes objetivos específicos: 1) Analisar a percepção dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM sobre a sua preparação para a atuação docente nas séries/anos iniciais do ensino fundamental; 2) Analisar a percepção dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM sobre a sua preparação para a atuação docente nas séries/anos finais do ensino fundamental; e, 3) Analisar a percepção dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM sobre a sua preparação para a atuação docente no ensino médio.

    Justificou-se essa investigação acreditando-se que a mesma possa servir de embasamento para oferecer subsídios para auxiliar na melhoria da qualidade da formação de professores de Educação Física.

A metodologia da investigação

    A metodologia empregada nessa investigação caracterizou-se pelo enfoque fenomenológico sob a forma de estudo de caso com abordagem qualitativa.

    Conforme Triviños (1987, p.125) “a pesquisa qualitativa de natureza fenomenológica surge como forte reação contrária ao enfoque positivista, privilegiando a consciência do sujeito e entendendo a relatividade social como uma construção humana”. O autor explica que na concepção fenomenológica da pesquisa qualitativa, a preocupação fundamental é com a caracterização do fenômeno, com as formas que se apresenta e com as variações, já que o seu principal objetivo é a descrição.

    Para Joel Martins (apud FAZENDA, 1989, p.58) “a descrição não se fundamenta em idealizações, imaginações, desejos e nem num trabalho que se realiza na subestrutura dos objetos descritos; é, sim, um trabalho descritivo de situações, pessoas ou acontecimentos em que todos os aspectos da realidade são considerados importantes”.

    Já segundo Lüdke e André (1986, p.18) o estudo de caso enfatiza “interpretação em contexto”. Godoy (1995, p.35) coloca que:

    O estudo de caso tem se tornado na estratégia preferida quando os pesquisadores procuram responder às questões “como” e “por que” certos fenômenos ocorrem, quando há pouca possibilidade de controle sobre os eventos estudados e quando o foco de interesse é sobre fenômenos atuais, que só poderão ser analisados dentro de um contexto de vida real.

    De acordo com Goode e Hatt (1968, p.17): “o caso se destaca por se constituir numa unidade dentro de um sistema mais amplo”. O interesse incide naquilo que ele tem de único, de particular, mesmo que posteriormente fiquem evidentes estas semelhanças com outros casos ou situações.

    O instrumento utilizado para coletar as informações foi um questionário com três perguntas abertas, que foi respondido por trinta e dois (32) acadêmicos do 7º semestre do curso de Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM, matriculados na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado III (Séries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental), no 1º semestre letivo de 2010. Optamos pelo ECS III por esse ser o último estágio dos acadêmicos e, portanto, significando a última experiência com a escola na grade curricular do curso de Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM. A escolha dos participantes aconteceu de forma espontânea, em que a disponibilidade dos mesmos foi o fator determinante. A fim de preservar as identidades dos participantes, esses receberam uma numeração (1 a 32).

    A cerca do questionário Triviños (1987, p.137) afirma que “sem dúvida alguma, o questionário (...), de emprego usual no trabalho positivista, também o podemos utilizar na pesquisa qualitativa”. Já Cervo e Bervian (1996) relatam que o questionário representa a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita buscar de forma mais objetiva o que realmente se deseja atingir. Consideram ainda o questionário um meio de obter respostas por uma fórmula que o próprio informante preenche.

    Pergunta aberta “destina-se a obter uma resposta livre” (CERVO; BERVIAN, 1996, p.138).

    As questões norteadoras que compuseram o questionário estavam relacionadas com o objetivo geral dessa investigação e foram as seguintes: 1) Na sua percepção você sente-se preparado ou não para a atuação docente nas séries/anos iniciais do ensino fundamental? 2) Na sua percepção você sente-se preparado ou não para a atuação docente nas séries/anos finais do ensino fundamental? e, 3) Na sua percepção você sente-se preparado ou não para a atuação docente no ensino médio?

    A interpretação das informações coletadas pelo questionário foi realizada através da análise de conteúdo, que é definida por Bardin (1977, p.42) como um:

    Conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

    Godoy (1995, p.23) diz que a pesquisa que opta pela análise de conteúdo tem como meta “entender o sentido da comunicação, como se fosse um receptor normal e, principalmente, desviar o olhar, buscando outra significação, outra mensagem, passível de se enxergar por meio ou ao lado da primeira”.

    Para Bardin (1977) a utilização da análise de conteúdo prevê três etapas principais: 1ª) A pré-análise – que trata do esquema de trabalho, envolve os primeiros contatos com os documentos de análise, a formulação de objetivos, a definição dos procedimentos a serem seguidos e a preparação formal do material; 2ª) A exploração do material – que corresponde ao cumprimento das decisões anteriormente tomadas, isto é, a leitura de documentos, a caracterização, entre outros; e, 3ª) O tratamento dos resultados – onde os dados são lapidados, tornando-os significativos, sendo que a interpretação deve ir além dos conteúdos manifestos nos documentos, buscando descobrir o que está por trás do imediatamente aprendido.

Os resultados da investigação

    Os resultados dessa investigação foram explicitados orientados pelos objetivos específicos.

A percepção dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM sobre a sua preparação para a atuação docente nas séries/anos iniciais do ensino fundamental

    Vinte e seis acadêmicos (1; 2; 3; 5; 6; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 18; 19; 20; 21; 22; 24; 25; 26; 27; 29; 30 e 32) da Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM declararam que sentem-se ‘preparados’ para a atuação docente nas séries/anos iniciais do ensino fundamental, quatro acadêmicos (4; 23; 28 e 31) que sentem-se ‘parcialmente preparados’ e, dois acadêmicos (7 e 17) que sentem-se ‘não preparados’.

    Esses resultados assemelham-se com os encontrados em estudos de Silva et al. (2005), Baccin et al. (2005) e Silva e Krug (2008) que ao questionarem os acadêmicos da Licenciatura em Educação Física (Currículo 1990) do CEFD/UFSM sobre se consideravam preparados para ministrar aulas de Educação Física nas séries/anos iniciais do ensino fundamental alguns responderam que ‘sim’ e outros que ‘não’. Entretanto, nesses três estudos a maioria dos acadêmicos respondeu que ‘sim’.

A percepção dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM sobre a sua preparação para a atuação docente nas séries/anos finais do ensino fundamental

    Vinte e nove acadêmicos (1; 2; 3; 4; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 23; 24; 25; 26; 27; 28; 29; 30 e 32) da Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM manifestaram que sentem-se ‘preparados’ para a atuação docente nas séries/anos finais do ensino fundamental, dois acadêmicos (5 e 15) que sentem-se ‘parcialmente preparados’ e, um único acadêmicos (31) que sente-se ‘não preparado’.

    Considerando que não conseguimos estudos na literatura especializada que se reportassem somente a preparação de futuros professores para atuarem especificamente nas séries/anos finais do ensino fundamental, para confrontarmos com os resultados dessa investigação, citamos um estudo de Krug e Dotto (2002) que tratou da preparação de um modo geral para a atuação na educação básica como um todo. Esses autores encontraram os seguintes resultados: 52,6% se dizem ‘preparados’; 34,2% ‘parcialmente preparados’; e, 13,2% ‘não se sentem preparados’. Assim, os autores concluem que os acadêmicos (1º semestre letivo de 2002) da Licenciatura em Educação Física (Currículo 1990) do CEFD/UFSM, em sua maioria, sentem-se totalmente e/ou parcialmente preparados para exercer a profissão escolhida.

A percepção dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM sobre a sua preparação para a atuação docente no ensino médio

    Vinte e sete acadêmicos (1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 10; 11; 12; 13; 14; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 24; 26; 27; 28; 30; 31 e 32) da Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM relataram que sentem-se ‘preparados’ para a atuação docente nas séries/anos finais do ensino fundamental, quatro acadêmicos (9; 15; 25 e 29) que sentem-se ‘parcialmente preparados’ e, um único acadêmicos (23) que sente-se ‘não preparado’.

    Também considerando que não conseguimos estudos na literatura especializada que se reportassem somente a preparação de futuros professores para atuarem especificamente no ensino médio, para confrontarmos com os resultados dessa investigação, citamos um estudo de Krug et al. (2001) que tratou da preparação de um modo geral para a atuação na educação básica como um todo. Os autores encontraram os seguintes resultados: 30,8% se dizem ‘preparados’; 38,4% ‘parcialmente preparados’; e, 30,8% ‘não se sentem preparados’. Assim, os autores concluem que os acadêmicos (1º semestre letivo de 2001) da Licenciatura em Educação Física (Currículo 1990) do CEFD/UFSM, em sua maioria, sentem-se totalmente e/ou parcialmente preparados para exercer a profissão escolhida.

Conclusão: uma possível síntese sobre a investigação

    Pela análise das informações obtidas concluímos que foi possível identificar que a grande maioria dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM sentem-se ‘preparados’ e/ou ‘parcialmente preparados’ para a atuação docente como professores de Educação Física na escola nos diferentes segmentos da educação básica.

    O que mais chamou à atenção foi que foi a existência de acadêmicos que sentem-se ‘preparados’ e/ou ‘parcialmente preparados’ como também a de ‘não preparados’.

    Sobre a existência de acadêmicos ‘preparados’ e/ou ‘parcialmente preparados’ nos reportamos a Conceição; Souza e Krug (2010) que dizem que, realmente, espera-se que a formação inicial contemple a necessidade formativa dos sujeitos que a procuram e essa deve estar direcionada à realidade educacional. Os autores ainda afirmam que é através da formação inicial que o futuro professor adquire seus conhecimentos e habilidades para conseguir repassar a sua teoria e prática para seus alunos. Assim, a formação inicial tem o papel de apresentar um embasamento teórico e prático completo em toda a sua amplitude pedagógica, mas o aluno/professor precisa ir à busca de novas formas para contribuir na sua construção da identidade docente. Já para Pimenta e Lima (2004) um curso de formação estará dando conta do aspecto prático da profissão na medida em que possibilite a preparação, em situações experimentais, de determinadas habilidades consideradas a priori como necessárias ao bom desempenho docente.

    Sobre a existência de acadêmicos ‘não preparados’ nos reportamos a Lima (apud KRUG et al., 2001) que coloca que a maioria dos cursos de formação inicial em Educação Física tem formado profissionais despreparados para atuarem na escola. Já segundo Conceição; Souza e Krug (2010) somente a formação inicial não é suficiente ao futuro professor para que ele ministre uma boa aula, porque a educação passa por diversas mudanças pedagógicas e de legislação. O acadêmico enquanto aluno precisa experimentar o que vai ensinar aos seus alunos, pois é onde ele vai relacionar teoria e prática, ajudando na sua formação docente. A falta de interesse pela busca de conhecimentos durante a formação inicial, faz com que os saberes do futuro professor tornem-se reducionistas sobre um determinado fato. Essa afirmativa pode ser confirmada pelo estudo realizado por Silva e Krug (2003) sobre os objetivos pretendidos pelos acadêmicos de Educação Física onde concluíram que somente 40,3% desses almejam ser profissionais qualificados após a conclusão do curso de Licenciatura em Educação Física (35,8% da UNICRUZ e 44,4% da UFSM).

    Mediante essa explicação do fenômeno da existência de acadêmicos que sentem-se ‘preparados, parcialmente preparados e não preparados’ para a atuação docente como professores de Educação Física na escola nos diferentes segmentos da educação básica citamos Garcia (1992) que destaca a necessidade de se conceber a formação de professores como um ‘continuum’, pois para manter a qualidade do ensino é preciso criar uma cadeia coerente de aperfeiçoamento, cujo primeiro nível é a formação inicial. Isso significa que o modelo de ensino e, conseqüentemente, o modelo de professor assumido pelo sistema educativo e pela sociedade tem de estar presente, impregnando as atividades de formação de professores, em todos os níveis. Esse princípio implica, também, a necessidade de existir uma forte interconexão entre o currículo da formação inicial de professores e o currículo da formação permanente de professores. Assim, nessa perspectiva de que a formação de professores é um ‘continuum’, não se deve pretender que a formação inicial ofereça produtos acabados, encarando-a antes como uma fase de um longo e diferenciado processo de desenvolvimento profissional (GARCIA, 1992).

    Entretanto, Gorski (2001, p.204) diz que “o nível de significado e persistência temporal do acadêmico na formação quanto às atividades contempladas na estrutura curricular, depende em parte da preferência dos alunos em conhecimentos específicos da área e pelas formas como são desenvolvidas as atividades dentro do processo”.

    Dessa forma, sugerimos que sejam feitos novas investigações buscando conhecer o perfil do acadêmico que o curso de Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM está formando, verificando assim, se o seu currículo oficial está condizente com a sua proposta e com os anseios da sociedade, permitindo-se um currículo em constante dinamismo que proporcione periódicas mudanças, pois, segundo Ilha e Krug (2008, p.1), “os cursos de formação de professores tem a função de proporcionar aos acadêmicos disciplinas, conhecimentos, estágios, experiências que possibilitem uma base teórico-prática para atuarem no contexto escolar. Diante disso, o currículo representa uma peça chave desse emaranhado de especificidades que compõem a formação inicial”.

Referências

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