A influência da força muscular sobre as respostas agudas cardiovasculares no exercício aeróbio La influencia de la fuerza muscular sobre las respuestas agudas cardiovasculares en el ejercicio aeróbico The influence of muscular strength on the cardiovascular response in acute aerobic exercise |
|||
*Instituto Passo 1, Pós-Graduação em Fisiologia do Esporte Treinamento e Performance **Faculdade Atenas de Paracatu/MG, Núcleo de Estudo e Pesquisa Associado à Grupos Especiais NEPAGE-Atenas, Universidade de Brasília Doutorado em Ciências da Saúde |
Eliane Rosa dos Santos* Alexandre Gonçalves** (Brasil) |
|
|
Resumo O exercício físico caracteriza-se por uma situação que retira o organismo de sua homeostase, pois, implica no aumento instantâneo da demanda energética da musculatura exercitada e, conseqüentemente, do organismo como um todo. Assim, para suprir a nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas são necessárias e, dentre elas, as referentes à função cardiovascular durante o exercício físico. O objetivo deste estudo foi analisar, através de uma breve revisão bibliográfica, a influência da força muscular sobre as respostas agudas cardiovasculares durante o exercício aeróbio. Para tanto foi realizado uma revisão da literatura através dos bancos de dados PUBMED e SCIELO além de periódicos especializados, tendo como limitação a utilização somente dos artigos disponíveis on line. Dentre os principais resultados verificou-se que exercícios aeróbios mais prolongados possuem efeitos hipotensores maiores e mais duradouros, onde a queda pressórica pós exercício se deve a redução do débito cardíaco em função da diminuição do volume sistólico ou em função da redução da resistência vascular periférica, o que ocorre devido à vasodilatação muscular mantida após o exercício. Também se observou que o aumento da força muscular promovida pelo exercício resistido leva a menor resposta das variáveis fisiológicas cardiovasculares de sujeitos submetidos à exercícios aeróbios. Com base nos estudos revisados, concluiu-se que o treinamento de força pode ser um valioso auxílio ao programa de exercícios aeróbios, aumentando a potência anaeróbia, melhorando a economia de movimento e aumentando também o tempo até a exaustão de exercícios de capacidade aeróbia. Unitermos: Força muscular. Exercício aeróbio. Sistema cardiovascular.
Abstract Physical exercise is characterized by a situation which deprives the body homeostasis, therefore, implies the instantaneous increase in energy demand of the muscles exercised, and consequently the organism as a whole. Thus, to meet the new metabolic demand, several physiological adaptations are necessary and, among them those related to cardiovascular function during exercise. The aim of this study was to examine, through a brief literature review, the influence of muscle strength on the acute cardiovascular responses during aerobic exercise. To that end, we conducted a review of the literature through the databases PUBMED and SCIELO addition of specialized periodicals, with the limitation of using only items available online. Among the main results it was found that aerobic exercise longer possess hypotensive effects larger and more lasting, where the blood pressure fall after exercise is due to reduced cardiac output due to a reduction in stroke volume or in terms of reduction in peripheral vascular resistance, which occurs due to sustained muscle vasodilation after exercise. We also observed that the increase in muscle strength promoted by resistance exercise leads to lower cardiovascular response of physiological parameters of subjects undergoing aerobic exercises. Based on the studies reviewed, it was concluded that strength training can be a valuable aid for endurance exercise program, increasing the anaerobic power, improving the economy of movement and also increasing the time until exhaustion exercise aerobic capacity. Keywords: Muscular strength. Aerobic exercise. Cardiovascular system.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
1. Introdução
Segundo Brum et. al.1 o exercício físico caracteriza-se por uma situação que retira o organismo de sua homeostase, pois implica no aumento instantâneo da demanda energética da musculatura exercitada e, conseqüentemente, do organismo como um todo. Assim, para suprir a nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas são necessárias e, dentre elas, as referentes à função cardiovascular durante o exercício físico.
Para manter a homeostase celular diante do rápido aumento das necessidades metabólicas, há um aumento significativo do débito cardíaco, uma redistribuição do fluxo sangüíneo e uma elevação da perfusão circulatória para a musculatura ativa. Os níveis de pressão arterial sobem durante o exercício físico, porém sabe-se que o mesmo praticado de forma regular e freqüente contribui para que haja uma redução da mesma, tanto de forma aguda como crônica.2
Com o avanço da idade, as alterações cardiovasculares são inevitáveis. A aorta e as grandes artérias apresentam paredes muito elásticas que se distendem com a sístole e impulsionam o sangue para as artérias, artériolos, capilares e veias, fenômeno que se dá durante a sístole ventricular e continua durante a diástole ventricular. Isto representa na prática, um segundo impulso de grande importância até os 50 anos de idade, quando então a aorta e as grandes artérias vão perdendo a sua elasticidade e aumentam a rigidez pela infiltração do colágeno. A elasticidade dos vasos mantém a pressão sistólica em níveis normais e sua perda contribui para a elevação dos níveis pressóricos na idade mais avançada.3
Recentes estudos mostraram que a rigidez desses vasos, condiciona o aumento da pressão arterial sistólica, enquanto a pressão arterial diastólica tende a ficar normal ou até baixar devido à redução da complacência dos vasos de grande capacitância. Tal fato conduz a níveis de hipertensão mais comum nos idosos denominada de hipertensão sistólica isolada.4,5
A musculação e o treinamento de força não eram vistos no passado como benéficos para a saúde e a aptidão física. Atualmente dispomos de evidências científicas que relatam os benefícios do exercício com peso para a saúde, inclusive para o sistema cardiovascular.6
Segundo Fleck e Kraemer7 as adaptações cardiovasculares ao treinamento de força ocorrem devido à necessidade de bombear uma quantidade relativamente baixa de sangue em uma pressão relativamente alta.
O principal ponto a destacar em relação às adaptações do exercício de força sobre o sistema cardiovascular é a diminuição da resposta aguda da FC e PA para mesma proporção de carga.8
Assim, podemos inferir que um sujeito com determinado peso corporal ao realizar exercícios de endurance, em que deveria deslocar sua massa corporal por uma determinada distância, ao se fortalecer, terá menores respostas cardiovasculares para este tipo de esforço, quando comparado a sujeito com as mesmas características, porém, com fraqueza muscular.
Portanto, o objetivo do presente estudo é analisar, através de uma revisão bibliográfica nos bancos de dados Scielo, Pubmed e periódicos especializados, a influência da força muscular sobre as respostas agudas cardiovasculares durante o exercício aeróbio.
2. Respostas cardiovasculares do exercício resistido
Segundo Carmo et. al.9 os efeitos agudos imediatos, tardios e crônicos, são considerados efeitos fisiológicos dos exercícios físicos. Entende-se por efeitos agudos as respostas que acontecem em associação direta com a sessão do exercício físico. Assim, os efeitos agudos imediatos estão relacionados aos efeitos peri e pós-imediato ao exercício, como a elevação da freqüência cardíaca, da ventilação pulmonar e sudorese. Já os efeitos agudos tardios são os que ocorrem ao longo das primeiras 24 ou 48 horas que se seguem a uma sessão de exercício. Por outro lado as respostas crônicas estão associadas às adaptações fisiológicas que ocorrem num prazo mais longo, decorrente de um exercício regular e dependente do tipo de sobrecarga aplicada, podendo ser considerados como somatórios das respostas agudas continuadas.
As principais respostas cardiovasculares ao exercício resistido, dependerão das características do exercício executado, ou seja, o tipo, a intensidade, a duração e a massa muscular envolvida.
Nos exercícios estáticos observa-se aumento da freqüência cardíaca, com manutenção ou até redução do volume sistólico e pequeno acréscimo do débito cardíaco. Em compensação, observa-se o aumento da resistência vascular periférica, que resulta na elevação exacerbada da pressão arterial. Esses efeitos ocorrem porque a contração muscular mantida durante a contração isométrica promove obstrução mecânica do fluxo sangüíneo muscular, o que faz com que os metabólitos produzidos durante a contração se acumulem, ativando quimiorreceptores musculares, que promovem aumento expressivo da atividade nervosa simpática. É interessante observar que a magnitude das respostas cardiovasculares durante o exercício estático é dependente dos fatores anteriormente citados, a intensidade do exercício, sua duração e a da massa muscular exercitada, sendo maior quanto maiores forem esses fatores10.
Os exercícios resistidos ou exercícios de musculação possuem papel de destaque, pois quando executados em altas intensidades, apesar de serem feitos de forma dinâmica apresentam componente isométrico bastante elevado, fazendo com que a resposta cardiovascular durante sua execução assemelhe-se àquela observada com exercícios estáticos, ou seja, aumento da freqüência cardíaca e, principalmente, aumento exacerbado da pressão arterial, que se amplia à medida que o exercício vai sendo repetido.11
Entretanto, Silva e Torres12 demonstraram que o método fracionado para execução dos exercícios resistidos seria uma opção viável para se evitar as elevadas respostas da PA no exercício resistido tradicional e garantir o treinamento de força adequado para populações de risco.
Hill, Collins e Cureton13, verificaram o efeito hipotensivo relacionados a programas de treinamento de força e investigaram as respostas pressóricas após este método de treinamento. Os resultados mostraram uma significativa redução na pressão arterial diastólica após 1h do término dos exercícios, contrariamente, nenhum efeito hipotensivo foi encontrado na pressão arterial sistólica.
Segundo estudos apresentados por Gonçalves, Lopes, Resende8, a resposta hipotensiva aguda pós esforço é mais acentuada após exercício em circuito na musculação com 60% da carga máxima do que nos exercícios em esteira e bicicleta a 60% FCR, provavelmente ocasionada por uma maior vasodilatação devido a maior massa muscular envolvida.
Estudos realizados por Brum et. al.1 em relação aos exercícios resistidos, verificaram que a queda da pressão arterial pós-exercício em indivíduos normotensos se deve à redução do débito cardíaco por diminuição do volume sistólico, sendo que essa queda não é compensada pelo aumento da resistência vascular periférica. Esse mecanismo parece ser o mesmo nos exercícios de baixa e alta intensidade. Porém quando se considera período mais longo após o exercício de alta intensidade, a resistência vascular periférica no início da recuperação, compensa parcialmente a redução do débito cardíaco, impedindo a redução da pressão arterial diastólica, mas não a redução da pressão arterial sistólica. Em indivíduos hipertensos, esses mecanismos ainda não foram investigados.
3. Respostas cardiovasculares do exercício aeróbio
Segundo Forjaz; Tinucci10 nos exercícios aeróbios, como as contrações são seguidas de movimentos articulares, não existe obstrução mecânica do fluxo sangüíneo, de modo que, nesse tipo de exercício, também se observa aumento da atividade nervosa simpática, que é desencadeado pela ativação do comando central. Em resposta a esse aumento da atividade simpática, observa-se aumento da freqüência cardíaca, do volume sistólico e do débito cardíaco. Além disso, a produção de metabólitos musculares promove vaso dilatação na musculatura ativa, gerando redução da resistência vascular periférica. Dessa forma, durante os exercícios dinâmicos observa-se aumento da pressão arterial sistólica e manutenção ou redução da diastólica. Essas respostas são tanto maiores quanto maior for a intensidade do exercício, mas não se alteram com a duração do exercício, caso ele seja realizado numa intensidade inferior ao limiar anaeróbio.
Outro aspecto importante é que, além do exercício, outras condutas comumente utilizadas em sessões de condicionamento físico, como o relaxamento também possui efeito hipotensor após sua realização. Além disso, quando o relaxamento é associado ao exercício aeróbio, a queda pressórica obtida é ainda maior e mais duradoura, sugerindo que a prática conjunta dessas intervenções deva ser aplicada. Diante do exposto, observa-se que mesmo agudamente, o exercício físico tem um papel hipotensor de relevância clínica, principalmente para indivíduos hipertensos, o que sugere que o exercício deve ser indicado no tratamento não-farmacológico da hipertensão arterial.14
A influência da duração desse exercício está bem demonstrada, apontando para o fato de que exercícios mais prolongados possuem efeitos hipotensores maiores e mais duradouros, porém o efeito da intensidade do exercício ainda é controverso.
Estudos de Forjaz et al., 1999 verificaram que, em indivíduos normotensos jovens, os exercícios de diferentes intensidades (30, 50 e 80% da VO2pico) promoviam reduções pressóricas pós-exercício semelhantes, enquanto que num segundo estudo, observou-se que o exercício mais intenso (75% do VO2pico) promovia maior redução pressórica. Na realidade, a execução de outras medidas conjuntas à medida da pressão arterial pode ser responsável pela diferença de respostas observada entre os estudos, ou seja, o exercício mais intenso promove maior redução da resposta de alerta às medidas hemodinâmicas, fazendo com que quando essa medida for feita junto com a medida de PA, o efeito hipotensor dessa execução seja evidente.
Brum et. al.15 realizaram um estudo do efeito do treinamento físico sobre a sensibilidade dos reflexos pressorreceptor e cardiopulmonar em ratos espontaneamente hipertensos. Nesse aspecto, observou-se que o treinamento físico restaura a sensibilidade do reflexo pressorreceptor e cardiopulmonar, além de aumentar a atividade aferente pressorreceptora a variações na pressão arterial.
Estudos recentes comprovaram em seres humanos, os resultados obtidos em animais de laboratório. Verificaram redução da PA clínica em indivíduos hipertensos sustentados e hipertensos do avental branco, após um período de quatro meses de exercício físico aeróbio de baixa intensidade16.
4. Influência da força muscular sobre as respostas cardiovasculares agudas do exercício aeróbio
Segundo estudos de Neumann e Olivoto17 pessoas treinadas anaerobiamente, possuem um aumento da densidade capilar por fibra muscular e um aumente no estoque de glicogênio, que pode chegar até 100% do glicogênio armazenado. Além disso, as enzimas oxidativas ficam aumentadas, o que aumenta a capacidade máxima de oxidação, bem como a sua eficiência do sistema metabólico oxidativo, em até 45%.
Tanto Fleck e Kraemer7 como Leite18, afirmam que o treinamento causa um aumento da massa ventricular esquerda tanto na cavidade quanto na espessura da parede. Durante o exercício a FC e o VS estão aumentados, porém no repouso a FC diminui e o VS se mantém. O treinamento anaeróbio também melhora a contratilidade do ventrículo esquerdo e o metabolismo basal encontra-se aumentado. Todos esses fatores influenciam o aumento do VO2máx. Este está altamente relacionado com o débito cardíaco máximo e a diferença arteriovenosa de oxigênio (diferença AV O2).
De acordo com Leite18, músculos treinados utilizam mais oxigênio devido ao maior teor de mioglobina; ao maior número e tamanho de mitocôndrias; a maior atividade e concentração das enzimas envolvidas no ciclo de Krebs; a maior capacidade de oxidação de gorduras; a maiores concentrações de glicogênio muscular e, ao aumento na densidade capilar (mais capilares por fibras musculares).
Em estudos realizados por Bucci et. al.19, verificou-se que treinamento concomitante de hipertrofia e endurance podem prejudicar a hipertrofia muscular, pois treinar as duas modalidades na mesma sessão de treinamento resulta em estados de fadiga e over training, principalmente pelo excesso de volume, depleção de fontes energéticas inerentes aos dois treinamentos incapacidade de adaptação das fibras intermediarias. Entretanto, a interação força-endurance parece não prejudicar, e sim melhorar, o desempenho de indivíduos em atividades aeróbias. Tais estudos demonstraram que um programa de treinamento concomitante pode resultar em aumentos no VO2 máx de atletas, quando comparado ao treinamento de endurance isolado (12,9 e 6,8%, respectivamente).
Lima et.al.20 observaram a eficiência do treinamento resistido em promover aumentos no VO2max de indivíduos idosos. Observando 62 indivíduos de ambos os sexos e com idade variando entre 60 e 83 anos, encontraram significativo incremento no VO2max em decorrência do treinamento resistido. No protocolo de treinamento proposto, um grupo executou exercícios de baixa intensidade (50% 1RM), enquanto que outro grupo se exercitara em alta intensidade (80% 1RM), ambos com duração total de seis meses e com freqüência semanal de três vezes, sendo que os dois grupos que sofreram a intervenção apresentaram aprimoramentos significativos, enquanto que no grupo controle a capacidade aeróbia máxima não foi modificada. Neste estudo os autores correlacionaram esta adaptação com o aumento de força muscular e identificaram significativo resultado, o que sugere uma possível relação de causa e efeito. Durante o teste de esforço para detecção do VO2max, o idoso pode não atingir seu limite cardiovascular devido a uma fadiga muscular precoce, sendo assim, é possível que o treinamento resistido propicie ao idoso adquirir força muscular suficiente para atingir ou pelo menos se aproximar mais do seu real limite cardiovascular.
O treinamento de força com altas cargas não é normalmente considerado a ter um impacto sobre o VO2 máx. Entretanto, o VO2 máx. de fisiculturistas competitivos, levantadores de peso olímpicos e levantadores de força atingem de 41 a 55 ml/kg/min que são valores médios para o VO2 máx. Isso poderia ser interpretado a significar que o treinamento de força pode causar aumento no VO2 máx. em alguns, mas não todos os programas de força. Tais fatores como o volume de treinamento total, os períodos de descanso entre as séries e exercícios envolvendo grandes massas musculares versus pequenas musculaturas poderiam levar em conta diferenças no VO2 máx. entre atletas de treinamento de força de elite.21
De acordo com os estudos, as alterações no VO2 máx. gerados pelo treinamento de força dependem do tipo de protocolo de treinamento utilizado; as mudanças não aconteceram com o treinamento de força tradicional. Entretanto, aumentos do VO2 máx. foram observados a partir do treinamento de força em forma de circuito o que enfatiza o ponto, de que o tipo de programa afetará as adaptações no VO2 máx., principalmente em indivíduos destreinados.
A elevação aguda da pressão arterial durante o exercício é regulada pelo sistema nervoso simpático com influência da freqüência cardíaca, volume sanguíneo, volume de ejeção e aumento da resistência periférica. Portanto aferir a pressão arterial é importante para averiguar o relativo estresse cardiovascular através do duplo produto, constituindo uma forma mais segura de conduzir um treinamento.22
Segundo estudo clássico de Pollock23 a FC e PA sistólica mais baixa diante da carga de trabalho submáxima padronizada, indicam um menor fluxo sanguíneo pelo miocárdio, conseqüentemente, uma melhora da eficiência do sistema cardiorespiratório, refletindo adaptações do DP reduzidos em situação repouso. Observou-se que o comportamento do DP a partir da sobrecarga imposta ao miocárdio tende a depender mais do tempo do exercício (nº. de repetições) do que a própria carga. Concluiu-se, portanto que o treinamento de força apresenta menor stress cardiovascular. É provável que o fato de a FC ser mais baixa no treinamento de força leve à menor demanda de oxigênio, e a PA diastólica, ligeiramente mais alta, leve à maior oferta de sangue para o miocárdio.
5. Considerações finais
Com base nos estudos revisados, muitos autores sugerem que o treinamento de força pode ser um valioso auxílio ao programa de exercícios aeróbios. Apesar de gerar pouco ou nenhum aumento no VO2 máx., aumenta a potência anaeróbia, melhora a economia de movimento e aumenta também o tempo até a exaustão de exercícios de capacidade aeróbia. Sendo assim, seus efeitos parecem ser positivos em relação à melhora no desempenho de resistência.
Pode-se concluir que, o treinamento de força associado ao treinamento aeróbio resulta em incrementos adicionais da força muscular, os quais podem se traduzir em melhora do desempenho em atividades de vida diária.
Referências
Brum, PC, Forjaz, CLM., Tinucci,T, Negrão, CE. Adaptações agudas e crônicas do exercício físico no sistema cardiovascular. Rev. Paulista de Educação Física 2004;18:21-31.
Araújo CGS. Fisiologia do exercício e hipertensão arterial: uma breve introdução. Fisiologia do exercício 2001; 4(3).
Luna RL. Conceituação de hipertensão arterial e sua importância epidemiológica. Rev. Socerj 2002; 15(4):203-209.
Franklin BA. Exercise testing, training and arm ergometry. Sports Med 1985; 2(2):100-119.
Ferrier KE, Waddell TK, Gatzka CD, Cameron JD, Dart AM, Kingwell BA. Aerobic exercise training does not modify large-artery compliance in isolated systolic hypertension. Hypertension 2001; 38:222-226,.
Rebelo FPV, Benetti M, Lemos LS. Efeito agudo do exercício físico aeróbio sobre a pressão arterial de hipertensos controlados submetidos a diferentes volumes de treinamento. Revista Brasileira Atividade Física e Saúde 2001; 6(2).
Fleck SJ, Kraemer WJ. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. 2ed. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas Sul Ltda; 1999.
Gonçalves A, Lopes LTP.; Resende ES. Resposta do duplo produto e pressão arterial diastólica em exercício de esteira, bicicleta estacionária e circuito na musculação. Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho Hum 2008; 8(2):53-58.
Carmo, AC, Santana DA, Awad SMN, Navarro F. Monitoração da pressão arterial sistêmica no efeito agudo imediato e tardio do exercício resistido moderado num indivíduo hipertenso leve. Rev. Bras. de Prescrição e Fisiologia do Exercício 2007; 1(6): 28-38.
Forjaz CLM, Tinucci T. A medida da pressão arterial no exercício. Rev. Bras. de Hipertensão 2000; 7(1):79-87.
Forjaz CLM, Rezk CC, Melo CM, Santos DA, Teixeira L, Nery SS, Tinucci T. Exercício resistido para o paciente hipertenso: indicação ou contra-indicação. Rev. Bras. de Hipertensão 2003; 10(2):119-24.
Silva AC, Torres FC. Ergoespirometria em atletas paraolímpicos brasileiros. Rev. Bras. Medicina Esporte 2002; 8:107-116.
Hill DW, Collins MA, Cureton KJ. Blood pressure response after weight training exercise. J. Appl. Sport Sci. Res. 1989; 3(2):44-47.
Santaella DF. Efeitos do relaxamento e do exercício físico nas respostas pressórica e autonômica pós-intervenção em indivíduos normotensos e hipertensos. [Dissertação de Mestrado - Faculdade de Medicina]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2003.
Forjaz CLM, Ramires PR, Tinucci T, Ortega KC, Salomão HEH, Igns EC,et.al. Post-exercise responses of muscle sympathetic nerve activity, and blood flow to hyperinsulinemia in humans. Journal of Applied Physiology 1999; 87(2):824-9.
Souza MO. Efeito do treinamento físico aeróbio nos níveis pressóricos clínicos e de 24 horas de indivíduos hipertensos. [Dissertação Mestrado Programa de Pós Graduação em Educação Física e Esporte]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2003.
Neumann AGR, Olivoto R. Análise comparativa e classificatória do VO2máx de indivíduos praticantes de musculação. Revista Brasileira Atividade Física e Saúde 2005; 5:18-35.
Leite PF. Fisiologia do Exercício: ergometria e condicionamento físico, cardiologia desportiva. 4. ed. São Paulo: Editora Robe Editorial; 2000.
Bucci M, Vinagre EC, Campos GER, Curi R, Pithon-Curi TCO. Efeitos do treinamento concomitante hipertrofia e endurance no músculo esquelético. Rev. Bras. Ci e Mov 2005; 13(1): 17-28.
LIMA, R.M.; OLIVEIRA, R.J.de; SILVA, V.A.P.da. Efeitos do treinamento resistido sobre a capacidade cardiorrespiratória de indivíduos idosos. Rev. Bras. Cine. Hum 2006; 6(2): 73-82.
Komi PV. Strength and power in sport. Blackwell: London; 2003.
Polito MD, Farinatti PTV. Considerações sobre a medida da pressão arterial em exercícios contra resistência. Rev. Bras. de Medicina do Esporte 2003; 9(1): 25-33.
Pollock ML. The quantification of endurance training programs. Exerc. Sport Sciences. Rev 1973; 1(1):155-188.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 16 · N° 155 | Buenos Aires,
Abril de 2011 |