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Correlação entre variáveis do desempenho
anaeróbio de futebolistas sub-20

Correlación entre variables de rendimiento anaeróbico de jugadores de fútbol sub-20

Correlation between variables of the anaerobic performance in footballers under-20

 

*Graduado em Educação Física pela Universidade de Itaúna

Especialização em Treinamento Esportivo pela Universidade Federal de Minas Gerais

Mestrado em Ciências do Esporte pela Universidade Federal de Minas Gerais

**Graduado em Educação Física pela Universidade de Itaúna

Especialização em Fisiologia do Exercício e Musculação pela Universidade Veiga de Almeida

Mestrando em Ciências do Esporte pela Universidade Federal de Minas Gerais

***Graduado em Educação Física pela Universidade de Itaúna

****Graduado em Educação Física pela Universidade de Itaúna

Especialização em Treinamento Esportivo pela Universidade Federal de Minas Gerais

Mestrando em Ciências do Esporte pela Universidade Federal de Minas Gerais

*****Graduado em Educação Física pela Universidade de Itaúna

Mestrado em Ciências do Esporte pela Universidade Federal de Minas Gerais

(Brasil)

João Gustavo de Oliveira Claudino*

joaogustavoclaudino@gmail.com

Rafael Soncin Ribeiro**

rafaelsoncin@yahoo.com.br

Derik Fúrforo Dias***

derik@catesports.com.br

Adriano Lima Alves****

adrianolimaa@gmail.com

Reginaldo Gonçalves*****

reginaldociclismo@hotmail.com

Kelerson Mauro de Castro Pinto*****

kelerson2@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          As variáveis relacionadas ao metabolismo anaeróbico podem ser determinantes no desempenho de futebolistas. O objetivo do estudo foi correlacionar as variáveis pertinentes no desempenho anaeróbio de jogadores de futebol Sub-20 sendo elas, Força Explosiva, Velocidade de Corrida e Potência Anaeróbica, mensuradas através de testes específicos da modalidade. A amostra composta por 19 atletas do sexo masculino (Idade = 18,4±0,8 anos, Estatura = 174±5,2 cm, Massa Corporal = 67,9±5,2 kg e %Gordura = 6,8±1,9). Realizaram os seguintes testes e correlacionadas as suas variáveis: Salto Vertical sem contra movimento (SJ), Pico de Potência (PP); Teste de Corrida de Velocidade de 30 metros (V30m), tempos de 0–10m (aceleração), de 10–30m (velocidade máxima) e de 0–30m (velocidade média); RAST, Potência Anaeróbica de Pico (PAn-Pico), Potência Anaeróbica Média (PAn-Média) e Índice de Fadiga (IF). Utilizada análise descritiva e Correlação Multivariada (p<0,05). Não foi encontrada correlação significativa entre o SJ e demais variáveis dos testes de corridas predominantemente anaeróbicas aláticas e láticas. Encontrada correlação significativa entre o tempo de 0–10m (aceleração) e de 0–30m (velocidade média) no V30m, também entre 10–30m (velocidade máxima) e 0–30m no mesmo teste. Entre o tempo de 0–10m e a PAn-Pico. Entre os tempos de 10–30m e 0–30m e as variáveis avaliadas no RAST (PAn-Pico, PAn-Média e IF). Verificou-se correlações significativas entre variáveis do desempenho anaeróbio específico de futebolistas Sub-20, embora um teste não substitua o outro, uma medida obtida, o desempenho de 0-10m no V30m, por exemplo, poderia ser utilizado como referência da PAn-Pico do RAST. O que poderia otimizar um processo de avaliação.

          Unitermos: Futebol. Força explosiva. Potência. Velocidade.

 

Abstract

          Variables related to anaerobic metabolism can be crucial in the performance of footballers. The objective of the study was to correlate the relevant variables anaerobic performance of soccer players under-20, Explosive Strength, Speed of Race and Anaerobic Power, assessed with specifics tests of the sport. The sample consisted of 19 male athletes (Age = 18,4±0,8 years, Stature = 174±5,2 cm, Body Mass = 67,9±5,2kg and %Fat = 6,8±1,9). The athletes realized the following tests and correlated their variables: Squat Jump (SJ), Peak Power (PP); Sprint Test of 30 meters (S30m), times of 0–10m (acceleration), of 10–30m (maximum speed) and of 0–30m (mean speed); RAST, Anaerobic Peak Power Output (PAn-Peak), Anaerobic Average Power Output (PAn-Average), and Fatigue Index (FI). It was utilized descriptive analysis and Multivariate Correlation (p<0,05). Significant correlation among the SJ and the furthermore tests variables of Sprints predominantly latics and laticsless anaerobics wasn’t found in it. Significant correlation 0–10m times (acceleration) and of 0–30m (mean speed) in S30m, between also 10–30m times (maximum speed) and 0–30m in itself test. Between 0–10m times and the PAn-Peak. Between 10–30m and 0–30m times and the other variables at RAST (PAn-Peak, PAn-Average, FI). Found significant correlation among variables related to anaerobic performance specific of footballers Under-20, though a test don’t replace other, a measure obtained, the performance of 0-10m in S30m, for example, could be used as reference of PAn-Peak of the RAST. What could optimize a process of assess.

          Keywords: Soccer. Explosive strength. Power. Speed.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As variáveis relacionadas ao metabolismo anaeróbio podem ser determinantes no desempenho de futebolistas, pois é a habilidade para converter rapidamente energia química em mecânica, um fato de grande valia na velocidade dos deslocamentos, nas ações curtas e intensas realizadas durante os jogos.6 Mesmo ocorrendo durante o jogo uma maior utilização do metabolismo aeróbio, que se faz mais importante na otimização da recuperação (intervalo, pausas e/ou corridas de baixa intensidade), a maioria das habilidades decisivas, como a capacidade da saltar alto e correr rápido nos duelos contra os adversários, são anaeróbios.1

    No esporte de alto rendimento a avaliação, o controle e o monitoramento da carga de treinamento são ferramentas importantes que possibilitam conhecer a situação e o desenvolvimento de determinado sistema energético ou de outras variáveis que influenciam o desempenho.18

    A força e a velocidade estão interligadas nas ações motoras de curta duração e grande intensidade, com grande participação do sistema anaeróbio.6 De acordo com Schmidtbleicher17 a máxima performance de força/potência tem relação com resultados de saltos e testes de Velocidade de Corrida de 30m.

    Sendo assim a avaliação da força nas suas diferentes formas de manifestação são fundamentais para o desempenho atlético.5,10

    Segundo Bangsbo1 sprints e altas velocidades de corridas representam 11% da distância total percorrida e a 2,8% do tempo efetivo de jogo. Essas ações contribuem decisivamente nos momentos crucias da partida de futebol, como nas disputas pela bola e nas situações que podem resultar em gol.

    Jogadores de elite do futebol brasileiro executam em média 70 sprints durante uma partida, sendo que aproximadamente 96% desses, são menores que 30m e 49%, menores que 10m.2

    As ações de alta velocidade durante o futebol competitivo podem ser categorizadas em ações que requerem aceleração, velocidade máxima e agilidade. Aceleração é a mudança crescente no ritmo da velocidade que permite ao futebolista chegar a velocidade máxima na mínima quantidade de tempo. Velocidade máxima é a mais alta velocidade que o atleta pode correr. Agilidade é reconhecida como uma habilidade de mudar de direção, parar e iniciar rapidamente.14

    A potência anaeróbia enquadra as formas específicas do esporte, como a boa assimilação das sobrecargas intermitentes e repetitivas de corrida, acelerações e saltos, dribles em velocidade, chutes e cabeçadas rápidas, também melhor capacidade de resistir às mudanças de velocidade e poder acompanhar o alto ritmo de jogo.1

    Uma distinção entre Força Explosiva e Potência se faz interessante para um maior esclarecimento. A força explosiva é um componente da forma de manifestação de Força Rápida é definida como Taxa Máxima de Produção de Força, que significa “proporção, taxa ou velocidade de desenvolvimento ou produção de força em relação ao tempo”, maior elevação da força por unidade de tempo, avaliado na Curva força-tempo.17

    Potência será definida com base nos conceitos da física. Potência que é a capacidade de gerar Trabalho no tempo (P=T/t), e este Trabalho que pode ser entendido como a Força aplicada para realizar um deslocamento horizontal (Fxd), nos fornece a seguinte relação P=Fxd/t, portanto, Potência é igual ao produto da Força pela Velocidade, (P=FxV), o produto da Força pela Velocidade em cada instante do movimento, o que pode ser verificado na Curva força-velocidade.7

    O jogo de futebol é caracterizado predominantemente por acelerações e desacelerações.12 De acordo com a 2ª Lei de Newton, Força = Massa x Aceleração (F= m x a). Com a estabilização do ganho de Massa, a Aceleração é diretamente proporcional à magnitude da Força, este fato indica uma estreita relação entre Força Explosiva e os resultados de sprints e saltos, também característicos desse esporte.

    Porém a capacidade de desenvolvimento de Força e Potência é dependente de vários fatores como: posição inicial do movimento, velocidade de alongamento e encurtamento muscular, início da fase excêntrica, tipo de fibra muscular predominante, número de unidades motoras ativadas instantaneamente, área de secção transversa do músculo, a freqüência de impulso e substrato utilizado para o exercício muscular.3

    O objetivo do estudo foi correlacionar as variáveis pertinentes no desempenho anaeróbio de jogadores de futebol Sub-20 sendo elas, Força Explosiva, Velocidade de Corrida e Potência Anaeróbica, mensuradas através de testes específicos da modalidade.

Métodos

Amostra

    Foi constituída de 19 atletas do sexo masculino, posição lateral/ala do futebol mineiro, com idade de 18,5±0,6 anos, estatura de 174,2±4,8cm, massa corporal de 67,9±5,2kg. No momento do estudo os jogadores se encontravam no período competitivo, participando da fase final do Campeonato Mineiro de Sub-20.

Procedimentos éticos

    Todos os voluntários foram informados sobre os riscos e benefícios dos testes, responderam o questionário de PAR-Q e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido previamente ao estudo, que foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Itaúna com processo de n° 019/2006.

Procedimentos na coleta de dados

    Os dados foram coletados nos Centro de Treinamento das cinco equipes em dias distintos, mas nos mesmos horários. As condições ambientais de Temperatura e Umidade Relativa do Ar (URA) foram registradas com higrômetro Instrutherm®HT200, precisão de ±1°C e ±5%RH. A bateria de testes obedeceu a seguinte ordem:

Composição Corporal

    Avaliação antropométrica realizada às 08h30min, com mensuração da Massa Corporal(kg) e Estatura(cm) na Balança eletrônica Toledo®2096PP/2 e estadiômetro fixado a mesma. Na avaliação do Percentual de Gordura, utilizou-se o protocolo de sete dobras proposto por Jackson e Pollock. Obteve-se a Densidade Corporal (DC) com adipômetro científico Sanny®, coletando as dobras cutâneas propostas.

Salto Vertical sem contra movimento (SJ)

    O SJ seguiu o protocolo descrito por Komi e Bosco.13 Às 09h00min iniciou-se uma movimentação padronizada visando preparação para o teste, que consistia em duas séries de 15 repetições de meio agachamento livre, com 1’ de intervalo entre as sessões e trabalho de propriocepção para o tornozelo. Através do software Multi-Sprint®, o avaliado se posiciona com os pés afastados a largura dos ombros com um deles sobre a plataforma de contato, quadril e joelhos em flexão de 90º, com as mãos na cintura. Durante o salto, não houve movimento das mãos, nem abaixamento do centro de gravidade antes da fase ascendente. Realizadas três tentativas, a melhor marca era registrada. A fórmula de Harman et al.11 foi utilizada para determinar o Pico de Potência (PP) (PP(w)=61,9 x altura do salto(cm)+36 x massa corporal(kg)–1822),.

Teste de Velocidade de Corrida de 30 metros (V30m)

    A aplicabilidade desse teste é eficaz para sujeitos que praticam atividades que dependem de aceleração, como o caso, jogadores de futebol. Utilizando as marcas de 0–10m se avalia a aceleração, de 10–30m velocidade máxima e de 0–30m, a média da velocidade desenvolvida no teste.14

    Às 10h00min foi realizada movimentação padronizada visando preparação para o teste com estímulos de velocidade percorrendo duas vezes sete metros, com os coordenativos de corrida, Dribling, Skiping e Horserlaulf. Em seguida foi utilizado o V30m, com uma corrida partindo da posição parada, tendo o tempo dos zero, 10 e 30 metros computados por pares de fotocélulas, posicionados a uma distância horizontal de um metro aproximadamente e verticalmente posicionadas entre a linha do acrômio e da crista ilíaca. Posicionamento adotado para que os sensores fossem ativados somente uma vez na passagem do tronco, sem sofrer influência do movimento dos membros superiores (Multi-Sprint, Hidrofit, Brasil).

Running-based Anaerobic Sprint Test (RAST)

    O RAST foi desenvolvido especificamente para avaliar a potência anaeróbia em esportistas de modalidades baseadas em corridas e sprints.9

    O RAST consiste em realizar seis tiros de 35m, com intervalo de recuperação de 10”. É usado para determinar, Potência Anaeróbia de Pico (PAn-Pico), o percurso de 35m no menor tempo possível, Potência Anaeróbia Média (PAn-Média), a média de potência nos seis tiros e Índice de Fadiga (IF), que é a relação entre a Potência Mínima e a PAn-Pico.9

    Em seguida foram posicionados dois pares das mesmas fotocélulas nos pontos de zero e 35m para dar início ao RAST às 11h00min, quando os atletas realizaram novamente o aquecimento com os estímulos de velocidade. Mensurou-se a potência em cada um seis tiros. Potência (w)=Massa corporal(kg)xDistância2(m2)/Tempo3(s3).9

    Apesar de haver o envolvimento das articulações do quadril, joelho e tornozelo tanto no SJ, no V30m e no RAST, essas tarefas possuem demandas físicas diferentes, sendo essa uma limitação desse estudo.

Análise estatística dos dados

    Utilizado a análise descritiva, para caracteriza a amostra. A Análise de Variância two-way (p<0,05), para tratamento das variáveis de Temperatura e Umidade Relativa do Ar (URA).

    Para verificar a relação entre as variáveis dos testes foi utilizado o método de correlação multivariada, que serve para descrever e explorar as relações entre três ou mais variáveis de uma só vez.

    Para tratamento dos dados foram utilizadas as ferramentas estatísticas do software SPSS for Windows®11.0.

Resultados

    Na Tabela 1 presente a estatística descritiva da Caracterização da Amostra.

Tabela 1. Caracterização da amostra

A Tabela 2 apresenta os valores médios e os desvios padrão dos resultados dos testes.

 

Tabela 2. Variáveis dos testes

    A tabela seguinte mostra, coeficiente de correlação (r) e nível de significância (p) entre as variáveis mensuradas nos testes já descritos.

Tabela 3. Nível de correlações entre os resultados dos testes

    As Condições Ambientais de Temperatura e URA, não mostraram diferenças significativas (p=0,183) entre os dias de avaliação.

Discussão

    Existiu correlações significativas entre as variáveis pertinentes no desempenho anaeróbio de jogadores de futebol Sub-20. Portanto verificando relações dos desempenhos de testes de força muscular com testes motores que envolvem a capacidade de aceleração e de velocidade.

    Segundo Bangsbo1 jogadores com idade entre 18 e 21 anos possuem capacidades físicas comparáveis com atletas top de classe da equipe principal.

    As alturas do salto foram similares aos valores de SJ colocados por Santos16, que apresentou valores de acordo com as posições, laterais/alas 35,7±4,2cm, meio-campistas 33,4±4,9cm, zagueiros 36,2±3,9cm e atacantes 37,5±4,3cm.

    Entretanto numericamente inferiores aos apresentados por Chamari et al.8 em Seleções africanas Sub-19 apresenta 51,3±6,7cm. Wisloff et al.20 com 56,4±4,0cm em jovens atletas da elite do futebol norueguês.

    Os tempos para percorrer os 0–10m, 10–30m e 0–30m (Tabela2), foram bem próximos aos encontrados no quadro abaixo.

Quadro 1 . Tempos de Testes de Corrida de Velocidade

Pesquisa

Tempo nos 0-10m

(s)

Tempo nos 10-30m

(s)

Tempo nos 0-30m

(s)

Wisloff et al.20

1,82±0,30

3,00±0,30

4,00±0,20

Chamari et al.8

1,87±0,10

2,51±0,08

4,38±0,18

Hoff e Helgerud12

1,82±0,30

3,00±0,83

4,00±0,20

    Mostrando que essa amostra atende as exigências de velocidade apresentadas atualmente pelo futebol mundial, principalmente na função por eles desempenhadas no jogo.

    A PAn-Pico e a PAn-Média no RAST (Tabela2), apresentaram valores maiores que as encontradas em atletas de futebol adulto (n=95), júnior (n=25) e juvenil (n=24), que apresentam valores de PAn-Pico de 10,62 (±1,36) w/kg, 10,70 (±0,99) w/kg e 10,40 (±0,82)w/kg e PAn-Média de 8,63 (±1,05) w/kg, 8,01 (±0,65) w/kg e 7,84(±0,79)w/kg, respectivamente.19 Indicando uma boa resposta da potência anaeróbica avaliada nessa amostra.

    No V30m verificou-se o mesmo comportamento entre os 0–10m (Aceleração) e os 0–30m (Velocidade Média), r=0,729 e p=0,001, indicando assim que existe uma relação no comportamento dos momentos iniciais, os primeiros 10 metros, com o tempo médio final nos 30 metros percorridos. Entre os 10–30m (Velocidade Máxima) e os 0–30m, com r=0,885, e p=0,000.

    Destaca-se a não correlação significativa entre os 0–10m e os 10–30m (r=0,327 e p=0,086), que segundo Little e Williams14 justifica-se pelo fato destes momentos estarem relacionados a capacidades diferentes. Concordando com o que sugere Wisloff et al.20 que uma substancial diferença nos tempos dentro do V30m, pode possibilitar focos individuais de treinamento com base na divisão do tempo total do teste.

    Os níveis de correlações do RAST com as variáveis do V30m indicam importância da Aceleração na PAn-Pico (r= -0,436 e p=0,031). É admissível influência positiva da fase de Velocidade Máxima nas variáveis avaliadas no RAST, PAn-Pico, PAn-Média e IF (r= -0,589 e p=0,004; r= -0,569 e p=0,005; r= -0,439 e p=0,030, respectivamente), bem como o nível significativo de correlação da Velocidade Média do V30m e as variáveis do RAST (r= -0,641 e p=0,002; r= -0,545 e p=0,008; r= -0,445 e p=0,028, respectivamente).

    Quanto a não existência de correlação significativa entre o PP do SJ e todas as demais variáveis dos testes (Tabela 3), poderia estar ligada ao fato descrito por Bobbert et al.4, que o CMJ produz maiores elevações do centro de gravidade, pelo fato dos executantes não terem ótima coordenação na realização do SJ. O componente coordenativo de importância para as ações neste tipo de salto vertical é o correto timing das ações musculares que ocorrem do sentido proximal para o distal, significando que a articulação do quadril é utilizada inicialmente, seguida pela articulação do joelho e logo após pela do tornozelo, sendo o treinamento específico desse tipo de salto (SJ), um fator primordial para otimizar resultados, o que não se assemelha à especificidade dos tipos de saltos do futebol.

    Os achados desse estudo corroboram com Menzel et al.15 que não verificaram correlação significativa entre os tempos de velocidade de corrida e a altura do Salto Vertical, mas os futebolistas foram avaliados através do Teste de Velocidade/Agilidade de 15m e o SJmono.

    Mas são contrários a Wisloff et al.20 que encontraram r=0,94 e p ≤0,001 entre resultados do Salto Vertical e tempo de 0–10m, e r=0,60 com p≤0,01 do 0–30m e a altura do Salto Vertical. Já Chamari et al.8 não encontraram correlação significativa entre a altura do Salto e os tempos no V30m, mas apresentam correlação entre o Pico de Velocidade do Salto (Pvs) e o sprint, os resultados foram 10–30m com Pvs, r2=0,40 e p=0,0002, do 0–30m com o Pvs, r2=0,34 e p=0,0006.

    Cabe destacar que tais autores8, 20 não descrevem em sua metodologia se o salto realizado era o salto com ou sem o contra movimento, pois poderia influenciar os resultados. Caso o com contra movimento fosse utilizado, contribuiria para o desempenho a participação do Ciclo Alongamento-Encurtamento (CAE), que segundo Schmidtbleicher17 os mecanismos básicos que contribuem no CAE são o potencial reflexo e o armazenamento e utilização da energia elástica

Conclusões

    Verificou-se correlações significativas entre variáveis do desempenho anaeróbio específico de jogadores de futebol Sub-20, embora um teste não substitua o outro, uma medida obtida, o desempenho de 0-10m no V30m, por exemplo, poderia ser utilizado como referência da PAn Pico do RAST. O que poderia otimizar um processo de avaliação.

    Não foi encontrada correlação significativa entre o SJ e as demais variáveis dos testes de corridas predominantemente anaeróbias aláticas e láticas.

    Sugere-se a realização de novos estudos, com obtenção de mais dados de atletas de categorias semelhantes, para que a aplicabilidade desses valores sejam sustentados cientificamente.

Agradecimentos

    Os autores agradecem o apoio financeiro do Programa de Apoio, Fomento, Acompanhamento à Pesquisa (PAFAP) da Universidade de Itaúna e ao Professor Mário Simim pelo apoio integral na parte estatística do estudo.

Referências

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