Pressão arterial: uma breve revisão Presión arterial: una breve revisión |
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*Prof. Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR) **Prof. Laboratório do Exercício da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) (Brasil) |
Alisson Gomes da Silva* Cláudio Augusto Gonçalves de Araújo Vieira* Vinícius Dias Rodrigues** |
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Resumo A pressão arterial reflete os efeitos combinados débito cardíaco, e da resistência a esse fluxo oferecida pelos vasos periféricos. Em indivíduos normotensos em repouso, a PAS e a PAD devem ser menor que 140 mmHg e 90 mmHg, respectivamente. Ela garante a perfusão dos tecidos corporais, tanto em repouso quanto em atividades físicas, sendo que complexos mecanismos interagem-se para manter a pressão dentro de uma faixa relativamente estreita de variação. O objetivo desse estudo é apresentar uma breve revisão sobre a pressão arterial. Unitermos: Pressão arterial. Débito cardíaco. Resistência.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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A pressão arterial (PA) reflete os efeitos combinados débito cardíaco (DC) (fluxo sangüíneo arterial por minuto), e da resistência a esse fluxo oferecida pelos vasos periféricos. Ou seja, representa a pressão exercida pelo sangue contra as paredes arteriais durante um ciclo cardíaco, e pode ser expressa pela seguinte equação: PA = DC x resistência vascular periférica (RVP) (McARDLE; KATCH; KATCH, 2003).
O valor mais elevado e o mais baixo da PA, expressos em milímetros de mercúrio (mmHg), são correspondentes à pressão arterial sistólica (PAS) e à pressão arterial diastólica (PAD), respectivamente (POWERS; HOWLEY, 2000).
Segundo Wilmore e Costill (2001), A PAS representa a maior pressão no interior da artéria e corresponde à sístole ventricular cardíaca. De acordo com McArdle, Katch e Katch (2003), a PAS proporciona uma estimativa do trabalho do coração e da força que o sangue exerce contra as paredes arteriais durante a sístole.
Durante o relaxamento ventricular (diástole) a PA diminui, e representa a PAD (POWERS; HOWLEY, 2000). Esta indica a resistência periférica, ou a facilidade com que o sangue flui das arteríolas para dentro dos capilares, já que durante a diástole, o recuo elástico natural das artérias proporciona uma pressão contínua, que mantém um fluxo constante de sangue para a periferia, até a próxima onda de sangue (McARDLE; KATCH; KATCH, 2003).
A pressão arterial média (PAM) representa a pressão média exercida pelo sangue quando ele circula através das artérias. Ela pode ser estimada a partir da PAD e da PAS da seguinte maneira: PAM = PAD + [0,333 x (PAS - PAD)] (WILMORE; COSTILL, 2001).
Em indivíduos normotensos em repouso, a PAS e a PAD devem ser menor que 140 mmHg e 90 mmHg, respectivamente (DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).
Em níveis adequados e razoavelmente constantes, a PA garante a adequada perfusão dos tecidos corporais, esteja o indivíduo em repouso ou desenvolvendo diferentes atividades, sendo que complexos mecanismos interagem-se para manter a pressão dentro de uma faixa relativamente estreita de variação (IRIGOYEN et al, 2003).
Assim, os níveis de PA dependem de vários fatores fisiológicos: DC, volume sanguíneo, a resistência ao fluxo e a viscosidade sanguínea, sendo que o aumento em uma dessas variáveis aumenta a PA, enquanto a diminuição de uma ou mais variáveis reduzem-na (POWERS; HOWLEY, 2000).
Esses determinantes primários da PA são determinados por uma série de fatores (MICHELINI, 1999), sendo o sistema nervoso simpático o responsável pela regulação aguda da PA, enquanto os rins, sobretudo, regulam a PA de longo prazo (GUYTON; HALL, 1998).
Para o sistema nervoso causar aumentos rápidos da PA, as funções vasoconstritoras e cardioaceleradoras do sistema nervoso simpático são estimuladas, e ao mesmo tempo, há inibição recíproca dos sinais vagais parassimpáticos ao coração. Assim, quase todas as arteríolas do corpo e as veias e grandes vasos entram em constrição, e o próprio coração é diretamente estimulado pelo sistema nervoso autonômico, acentuando ainda mais o bombeamento cardíaco (GUYTON; HALL, 1998).
Há também mecanismos subconscientes de controle nervoso para manter a PA em níveis normais. O mais conhecido é o reflexo barorreceptor, iniciado por receptores de estiramento, chamados de barorreceptores ou pressorreceptores (GUYTON; HALL, 1998), os quais são sensíveis a alterações da PA (POWERS; HOWLEY, 2000). Estes exercem controle sobre a PA a cada batimento cardíaco. Durante aumentos da PA, nervos aferentes que compõem o sistema barorreflexo são estimulados e desencadeiam bradicardia reflexa e vasodilatação periférica (NEGRÃO; BRANDÃO RONDON, 2001). Já durante queda da PA, a estimulação dessas aferências diminui, o que provoca taquicardia reflexa e vasoconstrição periférica, na tentativa de normalizar a PA (NEGRÃO; BRANDÃO RONDON, 2001).
Associado a esse sistema de controle da PA, há um reflexo quimiorreceptor, que opera de maneira semelhante, exceto pelo fato que os quimiorreceptores iniciam a resposta. Eles são células quimiossensíveis que respondem à falta de oxigênio, ao excesso de dióxido de carbono ou de íons hidrogênio. No entanto, esse mecanismo é mais importante no controle respiratório, sendo que em pressões mais baixas se torna importante para ajudar a impedir a queda adicional da pressão (GUYTON; HALL, 1998).
Em relação ao controle renal da PA, sempre que há um aumento no volume de líquido extracelular e a PA sobe, os rins atuam por meio de um mecanismo que aumenta a diurese (eliminação de água através da urina) e a natriurese (eliminação de sódio através da urina) com a finalidade de fazer a pressão voltar ao normal (GUYTON; HALL, 1998). Segundo os mesmos autores, quando a pressão cai abaixo do valor normal, os rins retêm água e sal até que a pressão seja controlada.
Além dessa capacidade de controlar a PA por meio de alterações do volume do líquido extracelular (POWERS; HOWLEY, 2000), outros mecanismos mais refinados permitem aos rins o controle em longo prazo da PA, como o sistema renina-angiotensina, que se inicia com a liberação de renina na circulação pelos rins, desencadeando uma série de reações que produz angiotensina I e angiotensina II (GUYYON; HALL, 1998). Ainda de acordo com os autores anteriormente citados, a angiotensina II aumenta a PA por meio de sua potente ação vasoconstritora, além de atuar nos rins por meio da diminuição da excreção de sal e água, o que permite que a PA aumente até seu valor normal.
Em caso de hipertensão, há alterações em praticamente todos esses controladores, o que torna difícil estabelecer quais foram preponderantes no desencadeamento e/ou manutenção de valores elevados da PA (IRIGOYEN et al, 2003).
Referências
DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, V. Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Nefrologia, 2006.
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Fisiologia humana e mecanismos das doenças. 6° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
IRIGOYEN, M.C. et al. Exercício físico no diabetes melito associado à hipertensão arterial sistêmica. Revista Brasileira de Hipertensão, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 109-17, mai. 2003.
McARDLE, W.D.; KATCH, F.I.; KATCH, V.L. Fisiologia do Exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 5° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
MICHELINI, L. Regulação neuro-humoral da pressão arterial. In: AYRES, M.M. Fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 473-88, 1999.
NEGRÃO, C.E.; BRANDÃO RONDON, M.U.P. Exercício físico, hipertensão e controle barorreflexo da pressão arterial. Revista Brasileira de Hipertensão, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 89-95, jan. a mar. 2001.
POWERS, S.K.; HOWLEY, E.T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento físico e ao desempenho. 3° ed. São Paulo: Manole, 2000.
WILMORE, J.H.; COSTILL, D.L. Fisiologia do esporte e do exercício. 2° ed. São Paulo: Manole, 2001.
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