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Educação Física e atividade lúdica: o papel 

da ludicidade no desenvolvimento psicomotor

Educación Física y actividad lúdica: el papel de lo lúdico en el desarrollo psicomotor

 

Licenciada em Educação Física

pelas Faculdades Integradas de Itararé, FAFIT-FACIC

(Brasil)

Lucinéia Darlyene Silveira

dkasmierczak@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Com o passar dos anos pode-se observar mais comumente que as atividades lúdicas são trabalhadas apenas na Educação Infantil, e que estas mesmas atividades foram sendo deixadas de fora da aula nos anos finais do Ensino Fundamental para dar ênfase ao esporte. Muitas vezes este esporte acaba focado em apenas alguns alunos tornando assim as aulas de Educação Física um celeiro de atletas. Sendo assim, muitos alunos acabam não entendendo o sentido de desenvolvimento que a disciplina deve proporcionar. Desta forma, busca-se a importância de trabalhar a atividade lúdica nas séries finais do ensino fundamental, como agente de desenvolvimento motor e psicossocial dos alunos nesta faixa etária. Já que entender o universo lúdico não é uma tarefa fácil, podendo parecer complexa para alguns profissionais quando estes entendem o verdadeiro valor deste tipo de atividade. Propõem-se assim, uma análise da importância desta atividade na formação do aluno nas aulas de Educação Física, assim, como os benefícios para o desenvolvimento motor e psicossocial do aluno. Seu objetivo é uma análise da importância deste tipo de atividade na formação do aluno nas series finais do ensino fundamental, bem como os interesses que os movem. Desta forma, entende-se o professor de Educação Física como um mediador do resgate destas brincadeiras, pois teve uma vivência rica em movimentos e significados culturais em sua infância.

          Unitermos: Atividade lúdica. Educação Física. Psicomotricidade.

 

Abstract

          Over the years we can observe that the most common recreational activities are worked only in kindergarten, and that such activities were being left out of class in the final years of elementary school to emphasize the sport. Often this sport just focused on only a few students thus making physical education a barn athletes. Thus, many students end up not understanding the meaning of development that should provide the discipline. Thus, the goal is to work the importance of leisure activity in the final grades of elementary school, as agent for motor and psychosocial development of students in this age group. Since we understand the universe of play is not an easy task and can seem complex to some professionals when they understand the true value of this type of activity. It proposes therefore an analysis of the importance of this activity on student education in physical education classes, as well as the benefits to motor and psychosocial development of students. Your goal is to analyze the importance of this type of activity in the education of students in the final series of elementary school, and the interests that motivate them. Thus, means the physical education teacher as a mediator of the rescue of these games, because it was an experience rich in cultural meanings and movements in its infancy.

          Keywords: Leisure activity. Physical education. Psychomotor.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A atividade lúdica é tão antiga quanto os jogos, os brinquedos e as brincadeiras. Até mesmo nos tempos da Companhia de Jesus, de Inácio de Loyola, já se compreendia o jogo como exercício auxiliar de ensino, despertando o interesse para se aprender algo novo. Dessa forma, muitos profissionais devem aprender á diferenciar os tipos de jogos, não só como brincadeira, mas, como forma de aprendizado, dando o verdadeiro valor a esta importante ferramenta de ensino (KISHIMOTO, 2002).

    Lúdico, palavra do latim que significa brincar, e nela se incluem jogos, brinquedos e brincadeiras, bem como o comportamento de quem á pratica, transformando o indivíduo em um ser consciente. A atividade lúdica tem um papel fundamental na formação da criança, podendo ser utilizado como um rico recurso para as práticas pedagógicas (KISHIMOTO, 2002).

    A recreação também é uma atividade ligada a ludicidade. Ela proporciona ao individuo satisfação mesmo quando praticada ocasionalmente, atendendo as necessidades físicas, psíquicas e sociais do indivíduo.

    Alguns educadores são unânimes em afirmar que a educação encontra-se em crise, e também são unânimes em dizer que a ludicidade é uma estratégia viável para a educação. Muitos estudaram e constataram esta realidade, mas, poucos colocaram em prática, ou seja, é mais fácil induzir que a ludicidade é algo complexo (SANTOS, 2001).

    De acordo com Kishimoto (2002), a atividade lúdica atende ás necessidades do desenvolvimento, e não pode ser considerada como algo sem valor. Esta tem um papel importante á longo prazo na formação humana.

    Afirmar que a ludicidade é importante para a vida da criança é uma hipótese, colocá-la em prática é outra bem diferente. Somente aceitar a ludicidade nas aulas não quer dizer que se está tendo uma postura lúdico-pedagógica, muito pelo contrário, estão apenas provando o não conhecimento deste meio pedagógico. O lúdico nada mais é do que uma junção entre a teoria bem fundamentada e prática bem elaborada.

    Desta forma, entende-se que um bom professor é aquele que reflete sobre suas práticas pedagógicas, organizando suas abordagens metodológicas de acordo com as atividades lúdicas que são seu eixo na aprendizagem. Assim, o papel do professor é formar um aluno motivado e consciente que consegue entender a importância que este tipo de atividade trás para sua vida (MARINHO et al., 2007).

    Sendo que, o elemento ludicidade representa um eixo de grande importância no desenvolvimento da criança. A partir disso, esta começa a diferenciar o lúdico do não lúdico. E o professor de Educação Física neste momento tem papel principal no processo ensino aprendizagem do mesmo.

    Onde a escola passa a ser uma disseminadora de conhecimentos e habilidades, e é nela que o aluno passa uma parte de seu tempo. Com isso, os alunos tendem a se soltarem mais nas aulas de Educação Física por ser um ambiente aberto e prazeroso. Não que as demais disciplinas não proporcionem prazer, entretanto, é durante estas aulas que as atividades lúdicas aparecem mais visivelmente, podendo ser utilizadas de inúmeras formas com a mesma finalidade desenvolver o indivíduo.

2.     O brincar aliado á psicomotricidade

    O brinquedo, muitas vezes, é considerado apenas um objeto de satisfação para a criança, mas será que todo brinquedo é um objeto de satisfação? Vigotski (1998) usa como exemplo uma criança pequena que usa uma chupeta. Ela não se sacia, mas se satisfaz através dela. Já uma criança em idade pré-escolar só se satisfaz com o que lhe interessa, e quando chega a outro estágio da idade já não se satisfaz com o brinquedo quando este lhe traz uma situação desfavorável.

    Assim, pode-se concluir, com esta observação de Vigotski, que o brinquedo não pode ser considerado um meio de satisfação e que nem toda satisfação está relacionada ao brinquedo, já que este pode ser utilizado de diversas formas em diferentes idades.

    Vários pesquisadores como Pellegrini, Smith e Ortega já constataram diretamente ou indiretamente a importância do brincar no desenvolvimento psicológico do aluno. Ao brincar, ele tem a possibilidade de aprende tanto dentro quanto fora da escola. Mas este brincar não deve ser tratado como algo supérfluo, pois é através desta ação que o aluno pode desenvolver suas inúmeras habilidades bem como vivenciar novas possibilidades de conhecimento (KISHIMOTO, 2002).

    Uma mesma brincadeira pode tomar diferentes significados dependendo da idade do indivíduo que á pratica. Como este tipo de atividade é bem abrangente pode-se tomar significado tanto de cognitivas, sociais, motoras ou afetivas. Desta forma, pode-se entender o brincar com algo fundamental para o desenvolvimento de habilidades e destrezas dos alunos.

    De acordo com Fonseca (2008, p.392),

    ao brincar, a criança envolve-se em uma atividade psicomotora extremamente complexa, não só enriquecendo a sua organização sensorial, como estruturando a sua organização perceptiva, cognitiva e neuronal, elaborando conjuntamente sua organização motora adaptativa.

    Desta forma, pode-se entender que os jogos e as brincadeiras contribuem de forma significativa para a vida da criança, fazendo com que ela se desenvolva de forma saudável e prazerosa.

    Através do jogo a criança se prepara para a vida, imitando a função social como processo de integração. O jogo toma um caráter livre, onde não há cobranças, obrigações, exigências, propósitos e fins. Apenas representa para criança um momento ao qual ela terá liberdade para criar sua realidade. Sendo assim, o jogo passa a ter uma enorme importância para o desenvolvimento de sua personalidade (FONSECA, 2008).

    Aqui, entende-se que o brincar, mesmo que ilusório, ajuda a criança a compreender sua realidade, dando sentido ao que lhe cerca e sendo fonte de estímulo para a criação de seus pensamentos na idade infantil.

    Com o auxilio do brinquedo a criança passa a agir pelas fontes internas e não mais externas. Seus movimentos não se restringem apenas pelos objetos. Quando se tem um objeto como fonte principal, a criança fica atada á determinada situação. O brinquedo é, portanto, um importante instrumento de auxilio para a criança compreender o mundo e entender o ambiente e suas situações.

    De acordo com Vigotski (1998, p.126), “no brinquedo, [...] os objetos perdem sua força determinadora”. A criança vê um determinado objeto, mas ao mesmo tempo não consegue relacioná-lo com a sua realidade. Sendo assim, a liberdade de ação não é adquirida no instante exato e sim ao longo de um processo de desenvolvimento.

    A conduta da criança é determinada pela ação. Ela se utiliza do brinquedo para conseguir entender e perceber o espaço e o ambiente em que está inserida. O ser humano tende por sua natureza a não analisar separadamente os objetos, isto é, analisa por um todo para isso fazer sentido em sua vida.

    A criança tem desejo pelo brinquedo e este tende a instigar a sua criatividade, proporcionando uma sensação de prazer, ou seja, o prazer pode ser definido pela satisfação que ela encontra no brinquedo. Portanto, pode-se dizer que o brinquedo é um ótimo estimulante para a criatividade do aluno, ajudando-o desde os desenvolvimentos mais básicos.

    O brinquedo pode ser utilizado de diferentes formas e significados, contribuindo diretamente para o desenvolvimento psicomotor da criança. A criança pensa somente em seu mundo e o jogo tem um significado muito sério para a mesma. Por isso, há necessidade de incentivar a imaginação das crianças através de jogos, tanto em casa quanto na escola.

3.     O jogo e suas influências na Educação Física Escolar

    Com as várias mudanças que vêm ocorrendo durante as ultimas décadas, o processo educativo também passa por adequações em diferentes aspectos como: organização, espaço físico, currículo entre outros mais. A criança, antes considerada um adulto em forma de miniatura, passou a ser vista de outra forma e o processo educativo passou pelas mesmas transformações. Desta forma, a educação foi repensada e a organização dos currículos foi sendo feita de acordo com a necessidade das crianças (MARINHO et al., 2007).

    A atividade física já faz parte do ser humano, e este possui plena consciência dos benefícios que este tipo de atividade proporciona para o físico e o psíquico dos estudantes. Mas este tipo de atividade algumas vezes é distorcido no especializado setor educativo, o qual questiona os valores que esta tem para com a criança. O questionamento não se dá pelo lado positivo do esporte em si, mas, sim, pelos valores antieducativos que o mesmo tem na formação da criança (MURCIA; GARCIA, 2005).

    Assim, o jogo passou a ser reconhecido como ferramenta didática, o qual ensina e, ao mesmo tempo, traz prazer, criatividade e inovação sobre as práticas pedagógicas aproximando a criança do brincar e aprender. O jogo desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da criança, pois é através dele que ela tem a possibilidade de vivenciar de forma divertida sua criatividade no imaginar (MARINHO et al., 2007).

    As aulas podem ser desenvolvidas sempre de forma prazerosa, instigante, desafiadora, propiciando que o processo de aprendizagem seja a cada dia mais interessante e que o aluno não se canse e/ou se desinteresse das aulas. Ao utilizar o jogo nas aulas de Educação Física, o professor deve ter claro quais os objetivos pretende atingir ao final de suas aulas.

    Freire (2002 apud MARINHO et al., 2007, p. 95) diz que “as relações entre jogo e educação, jogo e cultura, jogo e sociedade, jogo e processos de desenvolvimento da criança, jogo e vida são tecidas juntas”. Assim, entende-se que a ludicidade está fortemente presente na vida da criança, e é através dela que irá se desenvolver de forma ampla, em seu físico, psíquico, motor e social.

    Antes de o professor utilizar determinada ludicidade como ferramenta didática, este deve planejar e selecionar jogos que atendam os objetivos e conteúdos propostos para aquela determinada faixa etária. Aspectos como grau de dificuldade, interesse do aluno, caráter desafiador, número de participantes, espaço e material, sendo estes recursos indispensáveis para um bom decorrer de aula (MARINHO et al., 2007).

    No ensino fundamental os jogos esportivos estão focados no lado psicológico construtivista. Sendo baseados nos quatros princípios educativos que dão rumo ao modelo de ensino contemporâneo. De acordo com Gonzáles (1996 apud MURCIA; GARCIA, 2005, p. 145) os quatros princípios se baseiam em: “dosar de significado conteúdos e atividades, ensinar de forma que a aprendizagem faça sentido, ter significado para os praticantes e fomentar a comunicação e a interação em aula”.

    Penso que as atividades lúdicas revelam e apóiam o desenvolvimento do aluno. O professor precisa tomar conhecimento disso e não exercer uma pressão que ignore a fase do faz de conta, do brincar e dançar. Normalmente, são atribuídas responsabilidades muito precoces aos alunos e assumir as brincadeiras na escola é uma postura que pede muita reflexão aos educadores (FRIEDMANN, 2003).

    Desta forma, percebe-se que o jogo ajuda na evolução do aluno, desenvolvendo seu lado cognitivo, motor, físico, afetivo, além de facilitar a aquisição dos valores humanos em sua formação. É um excelente meio didático, sendo utilizado para se alcançar êxito no ambiente escolar.

    Portanto, o conteúdo deve estar de acordo com o desenvolvimento e aprendizagem do aluno, formando uma seqüência lógica para que este possa aprender da melhor forma. O conteúdo deve estar estruturado de forma com que ele aprenda e coloque em pratica no seu dia a dia. Assumindo assim, a ideia de que este deve aprender do mais simples ao mais complexo, o que se pode verificar nas turmas de ensino fundamental onde iniciam em um ciclo e este segue aumentando gradativamente á sua complexidade perante os conteúdos (MURCIA; GARCIA, 2005).

    Desta forma, o jogo é um meio de ensino que engloba os três blocos curriculares: atitudinal, conceitual e procedimental. Sua atividade, de característica lúdica, possui um recurso metodológico pensado para obter informações, através das quais o aluno adquire atitudes, conceito e preceitos perante á sua vida. Desta forma o currículo se constitui em objetivos, conteúdos, métodos e critérios de avaliação (GARÓFANO; CAVEDA, 2005).

    Para que as atividades tenham sentido na vida do aluno, o professor deve conhecer o mesmo, juntamente com seus interesses e necessidades, para que a aula tome um caminho prazeroso. Somente assim, o aluno conseguirá relacionar o seu cotidiano com as atividades propostas em aula.

    Cada aluno é único e este aprende de acordo com suas necessidades. Desta forma, o papel do professor é proporcionar diferentes formas de jogo para que o aluno consiga solucionar as situações problemas do seu cotidiano. Utilizando sempre o diálogo como ferramenta principal do seu processo de aprendizagem crítica e social.

    Os alunos nesta faixa etária de (11 a 14 anos) devem entender que o jogo está ali para ajudá-lo e/ou auxiliá-lo, e que a competição deve ser sempre saudável não havendo nenhuma forma de preconceito perante os demais. Desta forma, o que se pretende trabalhar nesta idade é a cooperação, autonomia e sua criticidade.

    A Educação Física é um meio educativo que contribui para a socialização, autonomia, aprendizagem básica e expressiva, cognitiva, comunicativa e lúdica do movimento. As orientações metodológicas englobam os grupos de conceitos a serem transmitidos dentro do papel do professor e do aluno, além do planejamento metodológico e didático. O papel do professor nos jogos é o de ser animador, flexível, motivador, buscando o interesse do grupo da melhor forma. Assim, o professor deverá estimular o aluno a inventar e criar novos jogos, contribuindo para que todos sejam incluídos nas diversas situações lúdicas (GARÓFANO; CAVEDA, 2005).

    Através do jogo o aluno tende a aprender á tomar decisões, formulando conceitos através da compreensão que o contexto jogo fornece. Desta forma, é necessário conhecer o jogo esportivo e suas táticas a fim de extrair o máximo possível de proveito durante o jogo. Interligando assim, inteligência, domínio e habilidades que o próprio ambiente proporciona ao aluno durante as diferentes situações de jogo.

    A ludicidade pode ser praticada por todas as idades já que está inserida em todo o desenvolvimento humano. O lúdico deve fazer parte da vida do aluno e as escolas, como meio formador, devem entender primeiramente o valor que este tipo de atividade proporciona, colocando-a como elemento fundamental em seu currículo pedagógico. Esta não pode mais ser pensada como algo apenas do currículo da Educação Física, devendo ser vista e trabalhada nas diferentes matérias como, matemática, português, ciências, entre outras. O resgate da ludicidade deve fazer parte da prática pedagógica escolar (FRIEDMANN, 2003)

    O brincar é fundamental para o desenvolvimento do aluno e a falta desta influenciará em sua idade adulta. Tem papel fundamental no seu desenvolvimento social, além de contribuir para a sua inteligência instigando-a criar, a imaginar e a vivenciar a situação criada. Brincar nada mais é do que uma fonte de aquisição de autonomia e equilíbrio emocional (VALENZUELA, 2005). Desta forma,

    brincar não é apenas coisa de crianças; ou melhor, sim, é coisa de crianças. O que acontece é que se acredita que ser criança é questão de uma determinada idade e, passada essa idade, quase todos “matam” a criança que têm dentro de si. Na realidade, uma boa maturidade deveria ser acompanhada de crescimento em outros aspectos, englobando o ser criança também (BONET, 1900 apud VALENZUELA, 2005, p. 90).

    Pode-se dizer que a brincadeira está diretamente ligada ao ser humano, e que esta é um importante instrumento de trabalho do professor já que ajuda no desenvolvimento de várias habilidades e capacidades da criança não só na sua infância como também em toda a sua vida.

    A ludicidade fica meio que atada quando a educação torna-se complexa e resistente perante á aceitação destas atividades no ambiente escolar, a brincadeira é um instrumento de prazer e aprendizagem sendo um instigante meio de formação e entretenimento para a criança (VICIANA; VALENZUELA, 2005).

    De acordo com Blández (2000 apud VALENZUELA, 2005, p. 92), [...] associa-se a “brincadeira” ás aulas de educação física porque nelas os alunos se “divertem”, enquanto na matemática, nas línguas etc, aprendem-se coisas “sérias” e “importantes”, em que não há espaço para o lúdico.

    O jogo pode ser usado em diferentes idades, entretanto, devem ter um objetivo diferenciado a cada período da vida já que crianças e adultos tendem a ter intenções diferentes. Através do jogo, o ser humano pode desenvolver-se em diferentes situações seja no meio afetivo, social, motor e/ou cognitivo, se preparando para ser um ser social (VALENZUELA, 2005).

    Portanto, os jogos e as brincadeiras devem ter uma natureza social que é necessária ao desenvolvimento integral do ser humano, sendo trabalhados como meio educativo para a satisfação dos jogadores e se acumulando em forma de aprendizado. Assim, cada um assimila á sua vida real e a guarda para um dia ser utilizada. Todavia, este tipo de brincadeira deve ter um objetivo claro para que não se torne negativo em suas condutas (VALENZUELA, 2005).

    Assim, percebe-se que os jogos influenciam a vida da criança e devem ser trabalhados de forma clara através das aulas de educação física, não vendo o aluno como um executador da técnica e sim um aluno com sede movimentos. O professor deve trabalhar com a diversidade, sem excluir nenhum aluno de suas aulas, fazendo assim com que todos tomem gosto pela prática da atividade física tendo ou não habilidades para certos esportes já que a escola é um ambiente formador de pessoas conscientes e não um celeiro de atletas.

4.     Considerações finais

    Observa-se que o ser humano quando brinca dispõe de uma experiência vasta, podendo ir onde quiser através de sua imaginação. Esta amplia seu lado cognitivo não só de conhecimento, mais em nível de aprendizagem também. A ludicidade é universal e todos podem usufruir deste meio, pois não precisa ter bens, nem facilidades, é algo que pode ser feito por qualquer individuo e em qualquer lugar.

    Nesta pesquisa, observou-se que o ser humano tem necessidade de se movimentar e isto começa desde o seu nascer e se estende até a fase adulta. Hoje, a maioria das crianças não tem tempo para brincar, já que estão imersas em cursos e deveres impostos pelos pais, além de poucos espaços para a prática da atividade física, e é na escola e nas aulas de Educação Física que a criança tem a oportunidade de desenvolver seu lado lúdico, expressando-se de forma livre e sem cobrança levando-as sempre ao mesmo fim que é o prazer.

    Com o surgimento das novas tecnologias este passou a esquecer-se da sua cultura de ludicidade passando a ser um indivíduo sedentário e ou com pouco movimento. Desta forma, seu desenvolvimento e potencialidades se tornaram cada vez mais escassas durante sua vida.

    O educador deve sempre pensar em seu aluno bem como de onde ele vem e qual a sua realidade para que, ao planejar suas aulas, não o afaste seu aluno e sim o traga cada vez mais para sua proposta. Neste sentido, os jogos e brincadeiras são importantes ferramentas de socialização e bem estar.

    Deste modo, fica claro que cada vez mais crianças apresentam atrasos motores quando entram na escola, pois não vivenciam estas atividades motoras na prática. O qual terá grande impacto quando estes chegarem á fase adulta.

Referências

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