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Nível de Atividade Física de Estudantes de Educação Física

e Fisioterapia da Universidade do Estado de Santa Catarina

Physical Activity Level of Physical Education and Physiotherapy Students of Santa Catarina State University

 

*Acadêmica do Curso de Educação Física

Licenciatura do Centro de Ciências da Saúde

e do Esporte da Universidade do Estado de Santa Catarina

**Professor Orientador. Mestre em Ciências

do Movimento Humano. CEFID/UDESC

Diana Ramos de Amorim*

dianabeto@gmail.com

Jonathan Ache Dias**

jonathanache@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desse estudo foi analisar o nível de atividade física de acadêmicos de Educação Física e Fisioterapia da Universidade do Estado de Santa Catarina. Foi realizado um estudo transversal, do tipo descritivo com delineamento de levantamento, em 258 acadêmicos, sendo 151 (58,5 %) do sexo feminino e 107 (41,5 %) do sexo masculino, com idade média de 21,3 ± 3,35 anos. Utilizou-se a forma curta do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) na versão 8, para analisar o nível de atividade física. Os acadêmicos apresentaram-se na maioria ativos (56,2 %) e muito ativos (21,8 %), com menor proporção de sedentários (0,4 %). Em geral os acadêmicos de Educação Física (Muito Ativos = 19,4 %; Ativos = 54,9 %) são mais ativos que os de Fisioterapia (Muito Ativos = 7,2 %; Ativos = 39,8 %). Em relação ao sexo, os homens são mais ativos que as mulheres. Considerando a importante relação entre atividade física, saúde e o papel dos profissionais desta área, nada mais apropriado que estes que divulgarão este conhecimento sejam exemplos de seu próprio discurso.

          Unitermos: Atividade física. Universitários. Educação Física. Fisioterapia.

 

Abstract

          The objective of this study was to analyze the level of physical activity of Physical Education and Physiotherapy students. Was conducted a cross-sectional study design with a descriptive survey with 258 students, 151 (58.5 %) females and 107 (41.5 %) males with a mean age of 21.3 ± 3.35 years. The International Physical Activity Questionnaire (IPAQ, short form) was used in order to analyze the level of physical activity. The academics are physically active (56.2 %) and very physically active (21.8 %), with a smaller proportion of sedentary (0.4 %). In general the students of Physical Education (very physically active = 19.4 %; physically active = 54.9 %) are more physically active than the Physiotherapy students (very physically active = 7.2 %; physically active = 39.8 %). Regarding gender, men are more physically active than women. Considering the important relationship among physical activity, health and the role of professionals in this area, nothing is more appropriate that those students, who will disseminate this knowledge, are examples of his own speech.

          Keywords: Physical activity. University. Physical Education, Physiotherapy.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A associação entre a prática de atividade física e melhores padrões de saúde é amplamente difundida. Entretanto, somente nos últimos 30, 40 anos, pôde-se confirmar que o baixo nível de atividade física é fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. O sedentarismo e a inatividade física associam-se às principais doenças e condições metabólicas como câncer, derrame, diabetes, hipertensão, obesidade, doença coronariana, osteoporose, depressão juntamente com o fumo, álcool e a dieta inadequada, são fatores de risco associados ao estilo de vida.1,2,3,4,5,6

    De acordo com o último relatório do Banco Mundial, 56% de todos os óbitos em países em desenvolvimento podem ser atribuídos a doenças não transmissíveis e a Organização Mundial de Saúde – (OMS) estima que até 2020 essas doenças possam causar 80% de todos os óbitos7. Recentemente, um estudo conduzido pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) utilizando o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), que coleta informações de atividades físicas de lazer e ocupacionais, observaram níveis de inatividade física que variaram de 28% a 54,5% em 16 capitais do Brasil. As variações nos níveis de atividade física mostram a tendência de países em desenvolvimento, onde há mais atividade física relacionada às atividades de trabalho e menos lazer ativo8.

    O incentivo a prática de atividades físicas é uma preocupação geral de saúde pública mundial. O conhecimento acerca da prevalência de fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis pode alertar estudantes, educadores e gestores de educação para a importância da elaboração de programas de prevenção. A literatura indica forte consistência entre os hábitos adquiridos na fase da adolescência e, a continuidade de prática desses hábitos na fase adulta, especialmente em relação à atividade física. Para grande parte dos estudantes, o período de transição da adolescência para idade adulta coincide com o momento em que estes se encontram no universo acadêmico. Neste contexto, o papel do professor de Educação Física ganha destaque, seja na escola ou em qualquer campo de atuação profissional que lide com crianças e jovens, pois a prática de exercícios físicas nesta fase da vida está associada a sua continuidade ao longo da vida adulta. Sendo assim, esta etapa tende a ser muito importante na consolidação de hábitos saudáveis, entre eles a prática de atividades físicas.5,9,10.

    Considerando o potencial de intervenção do professor de Educação Física, independente da área onde este trabalhe, seria importante que esse profissional possuísse um estilo de vida condizente com seu discurso9. Além dos profissionais de Educação Física, outros profissionais da saúde, como os Fisioterapeutas deveriam estar conscientes da importância da prática de exercícios físicos regulares. Sendo assim, o presente estudo teve por objetivo analisar o nível de atividade física de estudantes de Educação Física e Fisioterapia da Universidade do Estado de Santa Catarina.

2.     Métodos

2.1.     Sujeitos

    A população do estudo foi composta de 765 alunos de 17 a 42 anos, matriculados no Centro de Ciências da Saúde e do Esporte – CEFID/UDESC, na cidade de Florianópolis. Trata-se de um estudo transversal do tipo descritivo com delineamento de levantamento e amostragem aleatória. Para o cálculo do tamanho da amostra foram utilizados dados fornecidos pela Secretaria do CEFID, estimando-se em média 30 alunos por turma, 243 acadêmicos do Curso de Fisioterapia-Bacharelado, 213 acadêmicos do Curso de Educação Física-Licenciatura, 249 acadêmicos do Curso de Educação Física – Bacharelado do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da Universidade do Estado de Santa Catarina. Calculou-se o tamanho da amostra admitindo-se erro amostral máximo de 5% e nível de confiança de 95 %. Utilizando-se a equação de Barbetta (1998, p.58), obteve-se como tamanho da amostra n = 258.

    O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UDESC (Parecer nº 181/2010) e seguiu as diretrizes da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. No período da coleta de dados, os Cursos tinham registros de 765 estudantes regularmente matriculados. Deste total, 39 não foram considerados elegíveis para a pesquisa visto que não estavam freqüentando as aulas. O critério de inclusão foi estar regularmente matriculado nos cursos de graduações. Os critérios de exclusão foram: não assinar o termo de consentimento livre e esclarecido, entregar questionários em branco, incompletos ou com respostas incoerentes.

2.2.     Procedimentos

    Para verificar o nível de atividade física foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ). O instrumento classifica o nível de atividade física, composto por questões de múltiplas escolhas que permite identificar os níveis de atividade física do indivíduo no lazer e no trabalho e ainda verificar se as atividades ocorrem em intensidade leve, moderada ou vigorosa. Para avaliação do nível de atividade física todos os voluntários responderam a forma curta do IPAQ versão 8, validada no Brasil11. O questionário aborda a quantidade de dias e minutos das atividades físicas realizadas como atividades de lazer, ocupacionais, locomoção e trabalho doméstico. A pontuação foi obtida pela soma da quantidade de dias e minutos ou horas das atividades físicas realizadas na semana anterior ao preenchimento do questionário. Estudaram-se as seguintes variáveis: idade (anos completos), sexo, curso, fase e os níveis de atividade física que foram classificados em sedentário, insuficientemente ativos A e B, ativo e muito ativo.

    Sendo assim, muito ativo foi aquele que cumpriu as recomendações de vigorosa: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão; vigorosa: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão + moderada e/ou caminhada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão. Ativo foi aquele que cumpriu as recomendações de vigorosa: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão; ou moderada ou caminhada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão; ou qualquer atividade somada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 150 minutos/sem. Irregularmente ativo aquele que realiza atividade física, porém insuficiente para ser classificado como ativo, pois não cumpre as recomendações quanto à freqüência ou duração. Este grupo foi dividido em dois subgrupos de acordo com o cumprimento ou não de alguns dos critérios de recomendação: Irregularmente Ativo A: aquele que atinge pelo menos um dos critérios da recomendação quanto à freqüência ou quanto à duração da atividade. Irregularmente Ativo B aquele que não atingiu nenhum dos critérios da recomendação quanto à freqüência nem quanto à duração. Sedentário foi aquele que não realizou nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos durante a semana.

    Antes da aplicação do questionário, os acadêmicos foram informados sobre o objetivo do estudo e os procedimentos aos quais seriam submetidos. Foi realizado um sorteio de alunos voluntários por sala. Uma orientação escrita sobre os procedimentos adequados também está presente no próprio questionário. A distribuição dos questionários foi efetuada de acordo com a disponibilidade de cada curso, sendo seu preenchimento de caráter voluntário.

2.     Resultados

    No total, 258 responderam ao questionário. A média de idade da amostra estudada foi de 21,3 ± 3,35 anos variando de 17 a 42 anos, sendo 151 (58,5%) do sexo feminino e 107 (41,5%) do sexo masculino.

    A tabela 1 apresenta a distribuição da amostra segundo o nível de atividade física do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte – CEFID/UDESC. Pode-se observar que os acadêmicos de Educação Física são, em geral, mais ativos que os da Fisioterapia. Em relação ao sexo, os homens são mais ativos que as mulheres.

Tabela 1. Freqüência (f) e percentual (%) do nível de atividade física de acadêmicos de Educação Física e Fisioterapia dos sexos masculino e feminino

3.     Discussão

    É uma preocupação nacional quanto ao baixo nível de atividades física na população. Nada mais apropriado do que esperar que acadêmicos de Educação Física e Fisioterapia, futuros profissionais da área da saúde, desde já assumam comportamentos positivos em relação à prática de atividades físicas no seu cotidiano. É possível que o fator regional tenha interferido positivamente sobre a taxa de sedentários encontrada, até mesmo por ser uma cidade litorânea e também a preocupação com excesso de peso principalmente entre as mulheres onde a questão estética assume um papel importante.

    O IPAQ, instrumento utilizado para identificar o nível de atividade física, pode ter interferido nos resultados, pois considera vários tipos de atividade física como atividade física ocupacional e de locomoção, que representam grande parte do total das atividades dos habitantes de países em desenvolvimento. Um exemplo foi o estudo, da alta prevalência de ativos encontrada (70,1%)6.

    O presente estudo mostrou que a maioria dos acadêmicos dos cursos de Educação Física e Fisioterapia alcançaram um bom nível de atividade física. Acredita-se que os conhecimentos adquiridos ao longo do curso podem servir de estímulo para um estilo de vida mais saudável e principalmente, para que os profissionais divulguem os benefícios que a atividade física pode proporcionar. Tal afirmativa pode parecer óbvia caso não existissem evidências semelhantes de que, mesmo a formação acadêmica proporcionando a aquisição de conhecimentos, os indivíduos mantem hábitos prejudiciais à saúde.

    Um estudo realizado com estudantes de Educação Física de duas universidades particulares do Rio de Janeiro mostrou que 90,8% dos acadêmicos praticavam atividades físicas regularmente, pelo menos uma vez por semana12. Além disso, a exemplo do presente estudo, os homens se mostraram mais ativos que as mulheres12. Silva et al.14, ao avaliarem o nível de atividade física entre acadêmicos de Educação Física de uma universidade de Minas Gerais, mostraram que 92% da amostra foram considerados ativos ou muito ativos ao aplicarem o IPAQ na sua versão curta. Guedes et al15 encontraram prevalências de 80,0% e 76,3% de indivíduos ativos ou muito ativos (homens e mulheres, respectivamente) entre acadêmicos de Educação Física da Universidade Estadual de Londrina. Este estudo avaliou o nível de atividades físicas através do IPAQ - versão curta - e não encontrou diferenças significativas quanto ao sexo15.

    O ensino superior tem papel fundamental na adoção de planos e ações preventivas para proporcionar ao graduando a possibilidade de modificar a comunidade onde está inserido. A procura pelo curso de Educação Física muitas vezes vem incentivada por experiências positivas no campo do esporte ou da atividade física em geral. Por isso as escolhas desses acadêmicos na maioria fazem esta opção profissional por serem ou terem sido atletas e, dessa forma, é muito mais provável de adotarem um estilo de vida ativo em relação a população em geral, mesmo se comparados a indivíduos da mesma idade.

    Dessa forma, o estudo encontrou baixas prevalências de sedentarismo e um número maior de acadêmicos ativos na Educação Física em relação à Fisioterapia. Os participantes do sexo masculino são mais ativo que as participantes do sexo feminino. É importante que os profissionais de Educação Física e Fisioterapia tenham um comportamento adequado em relação à prática de atividades, especialmente se considerarmos que um de seus compromissos e objetivos é promover a adoção de hábitos saudáveis nos indivíduos de todas as idades.

Referências

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  8. Matsudo RKV, Bracco MM, Andrade E. Planejamento de intervenções no ambiente urbano para aumentar o nível de atividade física e melhora da saúde cardiovascular. Diagn Tratamento 2007; 12(3): 140-5.

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  13. Hallal PC, Victora CG, Wells JCK, Lima RC. Physical inactivity: prevalence and associated variables in Brazilian adults. Medicine & Science in Sports & Exercise 2003; 35: 1894-900.

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