efdeportes.com

Iniciação esportiva e especialização precoce nos esportes coletivos

Iniciación deportiva y especialización precoz en los deportes colectivos

Initiation and early specialization in sports team sports

 

Acadêmicos de Educação Física

Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO

Irati, Paraná

(Brasil)

Dante Luís Pereira

dantepelego@hotmail.com

Rafael Lupes

rafalupes@hotmail.com

Gabriela Martins Gorski

gabrielamgorski@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A especialização precoce é o termo utilizado para expressar o processo pelo qual crianças tornam-se especializadas em um determinado esporte mais cedo do que a idade apropriada para tal. Este processo de especialização precoce vem sendo vivenciado com maior intensidade nos dias de hoje. A cada ano que passa surge competições esportivas que visam faixas etárias baixas, por exemplo, no futsal onde na realidade da cidade de Irati é comum competições de sub-07, sub-09, onde muitas vezes crianças estão ali não por vontade própria, mas pela insistência dos pais, ou até mesmo das escolas. No entanto a problemática é ainda maior, pois a criança ainda em sua idade, onde a gama de movimentos e habilidades encontra-se elevada acaba se restringindo apenas na fixação de alguns movimentos e habilidades motoras referentes à modalidade esportiva praticada. Além de tudo o crescimento de escolinhas, onde se ensina a modalidade esta em constante crescimento e geralmente os profissionais que acompanharam a criança em seu desenvolvimento em alguns casos não estão aptos a planejar de forma acertada o crescimento da criança dentro do esporte, sendo assim nos deparamos com crianças e pré-adolescentes que são exigidos fisicamente, tecnicamente, taticamente e psicologicamente, comparados a profissionais do esporte.

          Unitermos: Iniciação esportiva. Especialização precoce. Esportes coletivos.

 

Abstract

          The early specialization is the term used to describe the process by which children become specialized in a particular sport earlier than the legal age to do so. This process of early specialization has been experienced with greater intensity today. With each passing year comes sports competitions aimed at lower age groups, for example, in soccer where the reality of the city is common Irati competitions sub-07, sub-09, where children often are not there voluntarily, but the insistence of the parents or even schools. However the problem is even greater, because the child still at her age, where the range of moves and abilities is high just being restricted only to the fixing of some movements and motor skills related to the sport practiced. Besides all the growth of small schools, where he teaches the sport is in constant growth and general practitioners who accompanied the child in its development in some cases are unable to plan judiciously the child's growth within the sport, so we faced with children and pre-teens who are required physically, technically, tactically and psychologically, as compared to professional sports.

          Keywords: Sports initiation. Early specialization. Team sports.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

1.     Introdução

    A especialização precoce é o termo utilizado para expressar o processo pelo qual crianças tornam-se especializadas em um determinado esporte mais cedo do que a idade apropriada para tal. A iniciação esportiva é o período em que a criança começa a aprender de forma específica e planejada a prática esportiva. Procurando uma iniciação esportiva que contemple toda a complexidade entende como o período em que a criança inicia a prática regular e orientada de uma ou mais modalidades esportivas, e o objetivo imediato é dar continuidade ao seu desenvolvimento de forma integral, não implicando em competições regulares. A partir da problemática exposta, torna-se necessária a realização deste estudo hora bibliográfica hora discutida em virtude da complexidade do tema e, sobretudo, pela divergência de idéias e bases teóricas que o sustentam. Portanto este trabalho tem o objetivo de discutir sobre as maneiras em que o esporte vem sendo trabalhado na escola e/ou instituições que visam à formação a criança no contexto esportivo.

2.     Discussão

    A especialização precoce é entendida por Kunz (1994) como um processo que acontece quando crianças são introduzidas antes da fase pubertária a um treinamento planejado e organizado em longo prazo, e que se efetiva em um mínimo de três sessões semanais, com o objetivo do gradual aumento do rendimento, além, de participação periódica em competições esportivas.

    Este processo de especialização precoce vem sendo vivenciado com maior intensidade nos dias de hoje. A cada ano que passa surge competições esportivas que visam faixas etárias baixas, por exemplo, no futsal onde na realidade da cidade de Irati é comum competições de sub-07, sub-09, onde muitas vezes crianças estão ali não por vontade própria, mas pela insistência dos pais, ou até mesmo das escolas.

    No entanto a problemática é ainda maior, pois a criança ainda em sua idade, onde a gama de movimentos e habilidades encontra-se elevada acaba se restringindo apenas na fixação de alguns movimentos e habilidades motoras referentes à modalidade esportiva praticada. Além de tudo o crescimento de escolinhas, onde se ensina a modalidade esta em constante crescimento e geralmente os profissionais que acompanharam a criança em seu desenvolvimento em alguns casos não estão aptos a planejar de forma acertada o crescimento da criança dentro do esporte, sendo assim nos deparamos com crianças e pré-adolescentes que são exigidos fisicamente, tecnicamente, taticamente e psicologicamente, comparados a profissionais do esporte.

    Essa temática tem sido estudada há algum tempo. Alguns estudiosos criticam e outros defendem o programa de esportes organizados para crianças. Nos estudos de Piaget (1980), o autor afirma que a criança, em um ambiente competitivo precoce, confunde as regras com objetivos por causa do seu realismo e por seu egocentrismo. Defende ainda, que o esporte coletivo exerce fascínio nas crianças muito mais pelo prazer da atividade (vivência) e pela coletividade do que pela competição.

    Neste sentindo que Piaget aborda o tema, encontramos uma variável positiva de iniciar com a criança cedo no esporte, haja vista que entendemos que este fator de coletividade, objetivos criados pela criança, prazer em brincar é algo criado pela essência própria da criança, sendo assim ela mesma constrói o ambiente propicio para adquirir uma gama maior no repertorio motor. Porém analisando a situação a conclusão é que chega em alguns momentos em que a criança não ira aceitar realizar uma atividade que ela não quer realizar, não tem o prazer em realizar, e a desmotivação pelo esporte começa aparecer com maior veemência.

    Contrapondo-se a idéia de Piaget, Santana (2002) procura inter-relacionar a pedagogia do esporte e o pensamento complexo com a iniciação esportiva. O autor considera que a pedagogia do esporte tradicional resume suas intervenções no campo da racionalidade, deixando à margem do processo dimensões humanas sensíveis, como afetividade, sociabilidade, moralidade, e que, do pensamento racional, resultam atitudes pedagógicas como supervalorização da competição, aprimoramento precoce das habilidades técnicas e táticas, composição precoce de equipes competitivas, entre outras.

    Os estudos sobre a iniciação esportiva não são recentes. Nesta perspectiva, Almeida (2005) diz que na década de 1970 encontra-se vasta bibliografia de autores estrangeiros sobre o assunto e, na década de 1980, essa preocupação passa a ser também dos autores nacionais. O termo iniciação esportiva é conhecido mundialmente como um processo cronológico no transcurso do qual um sujeito toma contato com novas experiências regradas sobre uma atividade físico-esportiva.

    Tradicionalmente, a iniciação esportiva é o período no qual a criança começa a aprender, de forma específica, a prática de um ou vários esportes. Santana (2005) acrescenta que a iniciação esportiva é marcada pela prática regular e orientada de uma ou mais modalidades esportivas, e o objetivo imediato é dar continuidade ao desenvolvimento da criança de forma integral, não implicando em competições regulares.

    A partir do que os autores disseram anteriormente, pode-se entender que a iniciação esportiva é o período em que a criança começa a aprender, de forma específica e planejada, a prática esportiva. Contudo, é necessário que se conheçam e respeitem suas características para que ela não seja transformada em um mini-adulto.

    Atualmente não é este cenário que estamos observando, seja no âmbito escolar ou na sociedade. Deparamo-nos com competições escolares durante o período da pré-adolescencia, onde são escolhidos os melhores alunos para defender suas respectivas escolas, ambiente este que exclui o restante dos alunos da prática esportiva, se não bastasse o contexto nada motivador, os profissionais de educação física tratam de piorar, ao usar a aula de educação física para montar equipes que representaram a escola em competições, sejam elas municipais, regionais, estaduais, e até nacionais, assim colaborando e muito na desvalorização esportiva e desmotivação da criança em práticas esportivas/atividades físicas, algo que por vezes é levado para a vida adulta.

    Almeida (2005) defende que a iniciação esportiva deve ser dividida em três estágios. O primeiro deles, chamado de iniciação desportiva propriamente dita, ocorre entre oito e nove anos. Nessa fase, o objetivo do treinamento é a aquisição de habilidades motoras e destrezas específicas e globais, realizadas através de formas básicas de movimentos e de jogos pré-desportivos. De acordo com o autor, nessa faixa etária, a criança encontra-se apta para a aprendizagem inicial dos esportes, contudo, ainda não está apta para o esporte coletivo de competição.

    Entende-se, assim, que o esporte coletivo atrai as crianças muito mais pelo prazer da atividade em si do que pela própria competitividade. O professor que percebe como é o desenvolvimento motor e cognitivo das crianças dessa faixa etária tem a possibilidade de planejar o seu trabalho de forma a torná-lo interessante e motivador, baseado em atividades lúdicas e recreativas, na busca de um aprendizado objetivo, eficiente e pouco monótono. O ideal, nessa fase, é oferecer um grande número de oportunidades para o desenvolvimento das mais variadas formas de habilidades à criança, instrumentalizando-as com atividades motoras que poderão ser utilizadas em diversos esportes coletivos.

    Entre 10 e 11 anos de idade, fase do aperfeiçoamento desportivo, a criança já experimenta e participa plenamente de ações baseadas na cooperação e colaboração. Neste caso, o jogo assume um aspecto sócio-desportivo, em que seus participantes interagem desempenhando um papel definido a ser cumprido. O objetivo dessa etapa é introduzir os elementos técnicos fundamentais, táticas gerais e regras através de jogos educativos e contestes e atividades esportivas com regras.

    Para o autor, essa é considerada uma excelente faixa etária para o aprendizado. Assim, as atividades físicas esportivas a serem oferecidas nessa faixa etária devem ter o intuito de ampliar o repertório de movimentos dos fundamentos básicos dos diversos esportes e, também, instrumentalizar as crianças com elementos psicossociais que permitam a socialização e as ações cooperativas através de jogos e brincadeiras (ALMEIDA, 2005).

    Na terceira e última etapa proposta por Almeida (2005), chamada de introdução ao treinamento, a criança entre 12 e 13 anos alcança um significativo desenvolvimento da sua capacidade intelectual e física. Assim, o objetivo dessa fase é o aperfeiçoamento das técnicas individuais, dos sistemas táticos, além da aquisição das qualidades físicas necessárias para a prática do desporto. As atividades físicas esportivas a serem oferecidas para atender as necessidades dessa faixa etária devem visar ao aperfeiçoamento das qualidades físicas, às técnicas individuais e às táticas (individuais e coletivas) dos diversos desportos, através de preparação física e de práticas esportivas (jogos), nas quais a ação do professor oferece oportunidade para o desenvolvimento corporal e para a melhoria do desempenho individual dos alunos. O professor, enquanto adulto e profissional, tem a responsabilidade de criar, através de atividades adequadas e diversificadas (motivadoras), condições que possibilitem às crianças e jovens uma aprendizagem individualizada, dentro do grupo, permitindo-lhes solucionar conflitos em coletividade.

    Como anteriormente abordado não é esse o contexto que encontramos dentro do ambiente escolar ou outra instituição de ensino, o respeito pela fase de aprendizado motor da criança não acontece e embora seja uma hipótese os resultados do Brasil no que diz respeito a medalhas Olímpicas é pífio, encontramos dificuldades imensas em obter status em um número maior de modalidades olímpicas, motivo este atribuído a falta de estrutura, que não compreendemos como o principal motivo para tamanhos fracassos olímpicos. Atribuímos estes fracassos a falha na formação de atletas, perdendo vários talentos pelo caminho apenas por falta de planejamento esportivo escolar e/ou institucional.

    A problemática vai além de um simples fracasso olímpico, o problema envolve a saúde pública do país, pois vivemos hoje um verdadeiro caos na saúde em todos os lugares, advindos de situações onde a pessoa encontra-se com o quadro de doença crônico-degenerativa, adquirida ao longo de sua vida sedentária, apenas pela simples falta de vontade de praticar um esporte por lazer, ou mesmo atividades físicas regulares como, por exemplo, caminhadas ou corridas. Esse contexto é criado dentro da escola ou em espaços onde ainda criança o ambiente deveria privilegiar o simples ato de realizar a atividade que gosta de realizar, não por dever e sim por prazer, criar na pessoa desde seus primeiros anos de vida o gosto pela atividade física, e não apenas traduzir esportes e/ou atividades físicas, em formação de atletas, performance, aspecto tático e técnico, filas e estafetas e etc.

    Analisando tudo o que foi discutido, não entramos na questão social, na segurança pública, consumo de drogas, e violência que atualmente são problemas latentes no território nacional e sem dúvida o esporte é uma ferramenta viável de melhoria destas condições, logicamente se a formação esportiva ocorresse de forma planejada, sem queimar etapas e com cautela.

    Já Pinni e Carazzatto (2005) preconizam que a iniciação esportiva da criança deve obedecer a duas fases distintas: geral e especializada. Na iniciação geral, dos dois aos 12 anos de idade, o objetivo maior é a formação, a preparação do organismo e esforços posteriores, o desenvolvimento das qualidades físicas básicas e o contato com os fundamentos das diversas modalidades. Não deve haver uma preocupação centralizada na competição esportiva. Na fase seguinte, entre 12 e 14 anos, o adolescente é orientado para a especialização esportiva.

    Uma questão bastante discutida e refletida nos meios acadêmicos é a especialização esportiva precoce, realizada através da proposição de atividades esportivas competitivas que, via de regra, é precedida de rigorosos comportamentos inadequados ao desenvolvimento infantil com o objetivo do máximo desempenho esportivo.

    Com a mesma concepção de Kunz (1994), diz que especialização precoce é o termo utilizado para expressar o processo pelo qual crianças tornam-se especializadas em um determinado esporte, mas numa idade não apropriada para tal. A prática especializada das habilidades de um determinado esporte, sem a prática das atividades motoras, quase sempre traz como conseqüência o abandono prematuro da prática esportiva.

    Esclarece que a especialização esportiva caracteriza-se por cargas de treinos muito intensos, que promovem rápidos desenvolvimentos da prestação desportiva nas fases iniciais, mas que levam a um esgotamento prematuro da capacidade de rendimento, promovendo aquilo que se designa por barreiras de desenvolvimento

    Para Añó (1997), a especialização precoce define a prática intensa, sistematizada e regular de crianças e jovens antes das idades consideradas normais, como resultado da aplicação de sistemas de treinos não adequados, ou a utilização literal dos sistemas de treinos dos adultos em crianças ou jovens. (SANTANA, 2005) explica que especialização precoce implica em competições regulares, desenvolvimento de capacidades físicas, habilidades técnicas e táticas, onde o objetivo é o desempenho.

    As possíveis conseqüências de se especializar a criança precocemente estão diretamente ligadas ao fato de se adotar, por longo período de tempo, uma metodologia incompatível com as características, interesses e necessidades dela. Logo, os possíveis efeitos podem não se manifestar diretamente, mas no decorrer de temporadas (SANTANA, 2005).

    A respeito disso, Kunz (1994) diz que os maiores problemas que um treinamento especializado precoce provoca sobre a vida da criança e especialmente seu futuro, após encerrar a carreira esportiva, podem ser enumerados como: formação escolar deficiente, devido à grande exigência em acompanhar com êxito a carreira esportiva;

    A unilateralização de um desenvolvimento que deveria ser plural, e reduzida participação em atividades, brincadeiras e jogos do mundo infantil, indispensáveis para o desenvolvimento da personalidade na infância.

    Santana (2005) acrescenta mais alguns riscos da especialização precoce na criança: estresse de competição: que se caracteriza por um sentimento de medo e insegurança, causado principalmente por conflitos oriundos de uma prática excessivamente competitiva. A criança, neste caso, tem medo de errar, sente-se insegura e com a auto-estima ameaçada; saturação esportiva: que se manifesta quando a criança apresenta sinais de desânimo (enjôo) e desinteresse em continuar a prática do esporte. Sente-se, assim porque o praticou em excesso e quer abandoná-lo, e; lesões que advêm, principalmente, pela prática em excesso e inadequada para a faixa etária.

Referências bibliográficas

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 154 | Buenos Aires, Marzo de 2011
© 1997-2011 Derechos reservados