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Interferência e influências no comportamento de estudantes

causadas pela prática de atividades desportivas de lutas

La interferencia y las influencias en el comportamiento de los 

estudiantes causadas por la práctica de actividades deportivas de las luchas

 

*Estudante do curso de Licenciatura em Educação Física

**Professor do curso de Licenciatura em Educação Física

Universidade de Caxias do Sul

Cássio Zanotto Hoffmann*

cassiozh@yahoo.com.br

Gerard Mauricio Martins Fonseca**

gerardmfonseca@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho teve por objetivo identificar as influências e interferências que a prática de lutas traz ao comportamento do aluno, investigando a participação da atividade corporal de luta no desenvolvimento educacional, já que a luta está prevista nos Parâmetros Curriculares Nacionais e deve ser inserida nos conteúdos da educação física. A amostra da pesquisa foi composta com estudantes que praticam atividades de lutas no período contrário ao dos estudos e que faziam parte da escola entre a 6ª série do ensino fundamental e o último ano do ensino médio com idades entre 12 e 18 anos da cidade de Vacaria no Rio Grande do Sul. A pesquisa realizou-se através do método observacional, através de pautas observacionais (Brauner,1994) dos comportamentos e atitudes nos locais de treinamento dos alunos e da sala de aula. As informações foram coletadas por meio de filmagens e analisados através das pautas de observação. Os resultados apontaram que nas atividades dentro dos centros de treinamento de lutas os indivíduos recebem uma formação apoiada no respeito, disciplina e moral, refletindo assim, nos seus comportamentos e atitudes nas aulas de educação física da escola. Concluímos que as atividades de lutas têm propostas que estão de acordo com o trabalho na área da educação física e as condutas comportamentais que elas influenciam aos indivíduos são positivas.

          Unitermos: Lutas. Influências. Educação Física.

 

Resumen

          El objetivo de la investigación fue identificar las influencias de la práctica de las luchas en el comportamiento del alumnado, analizando la participación de las contenidos de las luchas en el desarrollo educativo de alumno, pues lo mismo está determinado en los Planes de Estudio Nacionales y debe ser parte de las clases de educación física. La muestra de la investigación fue de estudiantes que practicaban las actividades de luchas en los horarios libres después de las clases y con edades entre los 12 y 18 años, residentes en la ciudad de Vacaria-RS. La investigación se produjo por medio del método observacional, a través de hojas de observación de los comportamientos y actitudes en los lugares de entrenamientos de los alumnos y en las clases de Educación Física. Las informaciones fueron captadas por medio de video y analizadas con base en las hojas de observación. Los resultados determinan que en las actividades en los centros de entrenamientos de lucha, los individuos reciben una formación basada en el respeto, disciplina y la moral, lo que se refleja en sus actitudes en las clases de educación física en la escuela. Concluimos que las actividades de lucha presentan propuestas que están de acuerdo con el trabajo en el área de la Educación Física y las conductas que ellas producen son positivas.

          Palabras clave: Luchas. Influencias. Educación Físicas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A educação física e as demais disciplinas da formação escolar são caracterizadas pela presença de aspectos cognitivos, afetivos, sociais e psicológicos. Porém, em comparação com as demais, a educação física é distinguida na sua formação pela presença da cultura corporal e movimento. O movimento corporal e as atividades decorrentes dele, que são desenvolvidas com os integrantes do círculo escolar também podem ser responsáveis por afetar, influenciar ou interferir no comportamento dos educados melhorando ou até mesmo levando para o desenvolvimento de um comportamento não adequado. Na adolescência, é onde estas mudanças comportamentais mais se manifestam principalmente associadas às diversas transformações corporais e psicológicas. De acordo com Cruz, Fiamenghi (2010, p. 426) “parece haver uma dificuldade das pessoas descreverem suas emoções através da verbalização e já que as emoções são vivenciadas com o corpo, as atividades físicas podem trazer benefícios aos aspectos emocional dos adolescentes”. A atividade física sendo este agente de transformação junto às demais disciplinas que fazem parte da escola tem por objetivos o desenvolvimento e podem trazer inúmeras transformações aos indivíduos tanto nas atividades mais comuns como futebol e recreação estas transformações e aprendizados dos alunos na escola podem se realizar através de diversas modalidades incluindo também atividades de lutas.

    Por trás das atividades de lutas não se inserem apenas os golpes e as manifestações corporais que cada modalidade de luta propicia, estas atividades são conseqüência de processos culturais e fazem parte de um contexto histórico de determinadas regiões e de momentos sociais dos povos que se utilizavam das técnicas de cada arte marcial. Para Aberastury, Knobel (1981) apud Cruz, Fiamenghi (2010, p. 426) “as lutas e as artes marciais podem, ser vistas como construções identificadas e inerentes ao patrimônio cultural de diversos povos”. As lutas trazem para o mundo da educação física parcelas de tradição, religião, filosofia, rituais, disciplina, além de aspectos relacionados ao corpo, movimentos, passíveis de serem transmitidos, preservados e reorganizados às necessidades de cada contexto (BENTO, GARCIA, GRAÇA, 1999; PAEZ, 2002, apud GOMES et al, 2010)

    As artes marciais estão na educação física como as demais modalidades esportivas que existente pelo fato de serem atividades que estão associadas a todos os atributos que a educação física prioriza para suas atividades, a arte marcial trabalha além de atividades motoras, também envolve na sua prática o desenvolvimento cognitivo e social no participante através de suas virtudes e sua cultura, Segundo Mattos e Neira (2006), os trabalhos com o movimento, descrito pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), devem contemplar a multiplicidade de funções do ato motor, visando à ampliação corporal de cada aluno. Neste caso, as lutas estão ligadas a educação física escolar com propósitos de se encaixar nos parâmetros que a educação busca para a formação integral do aprendiz, estes parâmetros estão relacionados ao desenvolvimento humano.

    Segundo os PCN's, (2000), lutas são disputas em que o oponente deve ser subjugado com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Como exemplo de lutas para se trabalhar no ambiente escolar, relata sobre brincadeiras desde o cabo de guerra e braço de ferro, até as mais complexas como a Capoeira, Judô e Karatê.

    A luta esta acrescentando ao aluno diversos benefícios que podem ser encontrados nas demais atividades esportivas tanto em seu aspecto motor quanto ao lado pedagógico e psicológico, que em diversas modalidades de luta é tratado com grande importância. O aluno praticante pode desenvolver com as artes marciais autocontrole, administração de stress e raiva, lidar com o medo, criar estratégias entre outros valores como a cooperação, solidariedade e o respeito que interferirão no seu comportamento com os demais. Matias et al (2010, p.371) ressaltam que “a prática de atividade física pode auxiliar os adolescentes a desenvolverem atitudes positivas frente aos seus conceitos”.

    Por outro lado existem velhos preconceitos que difundem da verdadeira concepção das lutas e levam a pensar apenas em agressão, violência, combate, socos e pontapés através dos fatos históricos das lutas que se travaram em diversas batalhas ao decorrer da história e do tratamento comercial de algumas academias e meios de informação relacionados as artes marciais. A desinformação a respeito dessas atividades e a falta de profissionais qualificados para difundi-las, têm feito com que se crie uma imagem distorcida sobre as lutas (CORREIA; FRANCHINI, 2010).

    A partir da suposição de que a prática de lutas poderia estar envolvida a hábitos que não trouxessem resultados ao bom desenvolvimento comportamental dos adolescentes que praticassem estas atividades, surgiu o questionamento sobre a influência das lutas no comportamento dos jovens estudantes.

    Desta forma, fomos levados a levantar a seguinte questão problematizadora: A prática de lutas no ensino poderá influenciar os estudantes a condutas e a comportamento favoráveis a seu desenvolvimento educacional?

    A partir do problema levantado, buscamos traçar objetivos para a nossa investigação, ressaltando isto o presente estudo teve como objetivo geral investigar e identificar as influências que a prática de lutas traz ao comportamento educacional do aluno. Os objetivos específicos foram os seguintes:

  • Analisar as influencias das Lutas nas atitudes dos estudantes;

  • Verificar as principais influencias e interferências das lutas aos indivíduos;

  • Analisar as lutas e comportamento dos estudantes através destas atividades para avaliar a atividade de lutas para a área escolar.

Metodologia

    Este trabalho é caracterizado por uma pesquisa observacional de características qualitativas, o método de observação é um modo de coletar dados, em que o pesquisador investiga e analisa os comportamentos dos indivíduos e a partir desta análise produzem respostas as sua pesquisas (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007).

    Para a coleta das informações, foram utilizadas como instrumento as pautas observacionais. Especificamente para esta pesquisa, as pautas foram adaptadas de daquelas propostas por Brauner, (1994) e elas tinham o objetivo de analisar e verificar influências comportamentais das atividades de lutas nas atitudes dos estudantes, buscando analisar sobre a questão do desenvolvimento do aluno em relação a suas condutas e comportamentos influenciados pelas lutas. As pautas abrangeram questões sobre o comportamento e atos dos participantes durante as observações realizadas nos locais das práticas das atividades e na escola em que os alunos freqüentavam. As sessões observacionais foram gravadas em vídeos através de uma câmera digital Olympus 7.1 megapixel modelo X775. O uso deste instrumento traz vantagens à pesquisa pelo fato de registrar todos os atos e os mesmos podem ser utilizados e analisados diversas vezes, trazendo vantagens a pesquisa observacional (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007). As imagens foram analisadas no computador por meio do programa Videospin by pinnacle versão 2.0. No total, foram realizadas duas horas de filmagens para cada indivíduo totalizando 24 horas de filmagens entre todos os integrantes da pesquisa e foram 36 horas de análise das imagens.

    Participaram desta pesquisa alunos da rede pública estadual de ensino da cidade de Vacaria, num total de doze alunos. Para participar desta amostragem definiu se critérios de seleção dos participantes. Os alunos relacionados deveriam ter a idade mínima de doze anos e a máxima de dezoito anos e que estes alunos desta faixa etária estivessem cursando entre a 6ª série do ensino fundamental e o último ano do ensino médio, devendo participar de atividades de lutas, em projetos de escola ou aulas de artes marciais, no período inverso do período escolar, não importando seu nível de treinamento, nem de desempenho. Ou seja, foi considerado apenas que participassem de alguma atividade de luta extraclasse, podendo ser participante de ambos os sexos. Este critério para a escolha dos participantes teve por objetivo o enfoque em adolescentes e alunos a partir das séries finais do ensino fundamental onde em seu currículo constam atividades desportivas diferentemente das séries iniciais.

    Após a aprovação dos participantes e seus responsáveis, através de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi dado início as coletas de informações com os indivíduos autorizados a fazerem parte da pesquisa, submetendo eles a analise e filmagens em atividades de lutas e em sala de aula para o preenchimento dos itens a serem analisados nas pautas observacionais. Cabe salientar que este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Fundação Universidade de Caxias do Sul.

    As análises das informações coletadas na academia e na escola se deram através da comparação entre os resultados obtidos pelas filmagens de vídeo nos dois momentos dentro da academia e da escola, comparando os resultados da primeira observação com os resultados da segunda observação, por meio de análise da média percentual apresentada em cada um dos indicadores de comportamento previsto em cada pauta.

    A comparação percentual realizou se para constatar as possíveis diferenças nos resultados das influências das atividades de lutas no comportamento dos indivíduos.

Analise dos resultados

    A análise das pautas foi dividida em duas partes. Primeiro analisamos as pautas relacionadas ao comportamento dos alunos durante as aulas de lutas, nas academias de lutas. Os resultados demonstraram que todos os avaliados apresentaram comportamento e condutas eficazes ao desenvolvimento no período em que participaram de atividades com lutas nos centros de treinamento.

    Ao analisar as pautas observacionais dos treinos de luta na academia chegou-se ao resultado nulo de atos de agressividade e violência pelo fato do total dos alunos participantes das atividades de lutas não demonstraram, em suas atitudes dentro do treinamento na academia, atos de agressão e violência contra os demais praticantes, utilizando de golpes e torções apenas durante as práticas contra adversários sem utilizar de violência propriamente dita visando a sua defesa e imobilização dos adversários. Este resultado satisfatório ao desenvolvimento corporal sem estimulação de violência e agressão se liga as idéias passadas por Martins e Kanashiro (2010 p. 643) que citam que “treinos que visavam às lutas, formas de resistência e guerras, tinham por objetivo também, o aperfeiçoamento moral e espiritual do praticante”. Em vista desta razão podemos verificar que as perspectivas das lutas não são de trazer a seus praticantes a agressão e violência ao conter em suas principais metas e princípios o desenvolvimento espiritual e mental do indivíduo que segue as filosofias deste desporto, minimizando o interesse por agressão e violência e ressaltando a prática corporal. Com isto, podemos dizer que na medida em que os praticantes têm consciência sobre os objetivos da luta, eles aprendem a respeitar o oponente e apenas utilizar seu conhecimento nos momentos necessários.

    Também foram inexistentes nas análises na academia, durante a prática dos indivíduos nas atividades de lutas, atitudes desrespeitosas e desleais dos alunos em relação aos seus colegas de atividade, professores e a adversários de combate, visto que nas análises se constatou grande respeito dos participantes com a atividade de luta, respeito em relação ao professor e seus ensinamentos e muita disciplina ao praticar a atividade de luta, as filosofias e objetivos do desporto e aos outros participantes desta atividade. As atitudes morais de jovens praticantes de modalidades esportivas destacaram que os professores e os conhecimentos trazidos por eles também tem grande parcela para a contribuição do desenvolvimento moral e ético do praticante.

    “técnicos, professores e treinadores podem melhorar o planejamento de suas aulas, treinos e competições a fim de que os atletas das modalidades esportivas coletivas infanto-juvenis possam, através do esporte, melhor desenvolver seus comportamentos relativos às atitudes para a tomada de decisão moral. Compreender, ensinar e demonstrar as virtudes das boas práticas, refletir sobre a natureza da competição e sobre o enquadramento educacional das práticas esportivas significa assumir a responsabilidade de ensinar e melhorar os comportamentos éticos” (MARTINS; KANASHIRO, 2010, p.385).

    O professor com uma imagem de uma pessoa com conhecimento e ética nos seus atos, deve estimular e fazer com que os alunos sigam seus atos e ensinamentos e os desenvolvam. Para Evangelista et al (2010, p. 385) “ensinar os atletas a serem leais e corretos na prática do desporto envolve sempre uma combinação entre a parte de instrução explícita, exemplos e oportunidades para praticar”. Podemos constatar que as condutas morais dos integrantes de atividades de lutas é satisfatório e que a prática destas atividades contribui e estimula os participantes a formas respeitosas as atividades aplicadas e a seus colegas de atividade e que o desrespeito não faz parte dos princípios das atividades físicas educacionais impostas pelos objetivos das lutas. Ainda sobre os valores apresentados por Martins e Kanashiro (2010, p.640) “fator que observamos nos rituais é o respeito e disciplina, característica fundamental de um praticante de Arte Marcial e herança do bushido, código de conduta dos samurais”. Nos códigos de condutas das artes marciais indicam o caminho e hábitos saudáveis aos participantes, defendendo aspectos éticos como disciplina, respeito, lealdade e honra (MARTINS; KANASHIRO 2010). Por estas colocações e pela análise dos resultados percebe-se que as artes marciais priorizam qualidades morais positivas para uma socialização e desenvolvimento humano. Nas amostragens verificou-se que as condutas do praticante em relação de respeito e lealdade, aos integrantes das práticas de lutas, fez a demonstração de que os sujeitos investigados não têm na sua prioridade o combate, mas um objetivo por trás destas práticas de melhora de conduta e busca pelo desenvolvimento corporal, espiritual mental e social que as atividades de lutas têm por prioridade

    Na análise das pautas observamos um nível alto em relação à participação e colaboração das atividades isso deve se pelo fato da colaboração, empenho e dedicação de todos os indivíduos com a prática esportiva de luta, nenhum aluno demonstrou falta de vontade ao praticar as lutas e desinteresse pela atividade colaborando com o bom funcionamento das aulas. Este alto nível na demonstração de dedicação dos praticantes contrasta o caso das dimensões de empenho socialmente positiva uma vez que para alcançar os objetivos, é necessário aplicação, dedicação, esforço, dar o melhor de si (EVANGELISTA et al, 2010). O alto grau de dedicação nas atividades demonstra que para alcançar os objetivos de forma satisfatória, necessita de muita participação empenho e colaboração com as atividades para a busca do desenvolvimento das habilidades, ao participarem e colaborarem com o funcionamento das aulas os alunos estão contribuindo para alcançar os seus próprios objetivos dentro das atividades e evoluindo com o aprendizado. Desta forma eles transferem para seus atos diários de comportamentos a colaboração, dedicação, solidariedade, respeito entre outros aspectos favoráveis ao desenvolvimento de boas condutas.

    Sobre a relação com os colegas as análises demonstraram que os praticantes de lutas obteram um nível alto de relação positiva com os colegas de atividades e professores, constatado pelo fato de ter uma relação de respeito com todos os colegas e com o professor. Os alunos saudavam-se antes de cada atividade solicitada, e estas saudações eram diversas ao longo dos treinos e são formas de demonstração de respeito e gratidão aos demais participantes de lutas. Estas informações vêm ao encontro das idéias de Santos e Vieira (2009) que tinham por saudação como o início de uma relação com outras pessoas, considerando as suas individualidades e demonstração de respeito às mesmas. Tomando-se um meio para manter a ordem social, estabelecendo um relacionamento amistoso entre as pessoas.

    Peruca (1996) apud Queiros, Gomes e Santos (2008) que reflete sobre um dos princípios do Judô criado por mestre Jigoro Kano, que estabelece que pelo desenvolvimento corporal e formação moral o individuo tem uma boa interação com a comunidade. O desenvolvimento individual interagindo com a comunidade traz não apenas felicidade, como também propicia harmonia e solidariedade. Através dos resultados obtidos pelo presente estudo, percebeu-se que a prática de atividades de lutas, com cuidados pedagógicos e com orientação adequada, proporciona um convívio social harmônico e respeitoso. Assim, estas práticas de atividade física aliadas com uma boa orientação e diretrizes educativas definidas, estimulem inclusive o pleno desenvolvimento da relação do individuo com seu meio social.

    Em relação às observações realizadas dentro do ambiente escolar, observou-se que o resultado de agressividade e atos violentos foram inexistentes, esta constatação se deu através de que durante as analises não foram constatados nenhum atrito corporal entre os alunos pesquisados não observando assim nenhum ato agressivo e violento. As atividades físicas na adolescência podem contribuir para o gasto de energia, percepção do próprio corpo e seu controle emocional (VIEIRA, PRIORE, FISBERG, 2002). O sentimento contrário a violência tem que se tornar maior que o a vontade de cometer atos violentos nos meios sociais, para que isso ocorra é necessário que o sentimento a violência não cresça no conjunto da sociedade (DURKHEIM, 1937 apud PINO, 2007). O presente estudo demonstra que não havendo a estimulação da violência, os alunos não terão o interesse em cometer atos violentos e nem desenvolverão agressividade contra outros indivíduos. Não estimular a violência e estruturar planejamentos bem definidos aos interesses do desenvolvimento educacional dos alunos dentro da escola desencadeará nos alunos sentimentos contrários a agressão e violência explorando sentimentos de conduta comportamental, aumentando o nível de boas condutas e a percepção da gravidade de atos violentos.

    Do total de alunos pesquisados e analisados, observou-se que dos doze participantes da pesquisa, dez não demonstraram desrespeito com os demais colegas e dois alunos tiveram leves discussões com os demais durante uma das sessões de observação, estas leves discussões dentro da análise demonstraram que este dois alunos tiveram durante as aulas um baixo nível de desrespeito com alguns colegas em uma das sessões de observação. Os aspectos de respeito com os demais deve ser trabalhado dentro das escolas e das atividades físicas, pois os objetivos da educação física vão além do físico, também contempla as necessidades cognitivas e sociais. A educação física pode ser uma aliada para se trabalhar com os adolescentes, tanto do ponto de vista das relações sociais, como das dificuldades que eles apresentam na adolescência (CRUZ; FIAMENGHI, 2010). Ao trabalhar com esta faixa etária de adolescentes é necessário trabalhar não apenas o seu desenvolvimento físico é nesta fase que os alunos têm as maiores dúvidas, e a maior variação de comportamentos, é necessário que as escolas levem aos alunos uma busca de valores, e demonstrem a eles ensinamentos ao convívio social e equilíbrio emocional. Com os resultados obtidos percebeu-se que na escola os alunos devem ter condutas de respeito com os demais participantes do circulo escolar, para influenciar este respeito às atividades escolares devem propiciar aos alunos orientação bem planejada ao desenvolvimento de condutas respeito e responsabilidade utilizando das atividades escolares uma fonte e um recurso para que os alunos encontrem formas de desenvolver o convívio harmonioso com os demais.

    Na análise sobre a colaboração com as atividades escolares dos doze participantes oito demonstraram alto nível de colaboração, pelo fato de participarem ativamente das aulas e demonstrarem disponibilidade participação e auxiliarem ao desenvolvimento das atividades. Três alunos demonstram nível médio de colaboração com as atividades, ao não participar ativamente das atividades muitas vezes deixando de lado a participação para bate papos e outras distrações, apenas um dos pesquisados demonstrou nível baixo de colaboração com as atividades, pelo fato de pouco participar das atividades pretendidas pelo professor. A participação dos alunos nas aulas é a principal fonte de avaliação dos professores, os professores com isso têm o objetivo de fazer os alunos participarem e se motivarem a continuar participando de atividades físicas na escola (FOSCARINI; FONSECA, 2010). Os resultados encontrados pelo presente estudo demonstram que a prática e colaboração durante as atividades físicas são satisfatórias aos alunos que participam ativamente das atividades físicas, a colaboração se torna importante para o desenvolvimento e aprendizado do aluno. As atividades físicas devem ser estruturadas e elaboradas pelo professor para atender as necessidades de todos e fazer com que a participação seja intensa entre todos os alunos e estimulem aqueles que não colaboram e participam ativamente, para trazer pleno desenvolvimento a todos que se dedicam as atividades.

    Ao verificar as análises sobre o relacionamento com os demais colegas constatou-se alto nível de bom relacionamento na escola, pelo fato de que os alunos obtinham com os demais relacionamentos que interagiam em conjunto e respeitos harmonioso e não demonstravam isolamento, e falta de comunicação e interação com as demais pessoas com quem se relacionavam. A educação física pode ser um espaço importante de convívio social, onde se mesclam as diferentes formas do pensar e de agir, onde as relações interpessoais se fazem necessárias para que esse convívio ocorra (CRUZ; FIAMENGHI, 2010). Ao se relacionar com outras pessoas, procura-se aquelas com quem se identificamos e que tem os mesmos pensamentos ou mesmas necessidades, na escola não é diferença este pensamento vem de encontro às idéias de Aberastury e Knobel, (1981) apud Cruz e Fiamenghi (2010, p. 429) que “os adolescentes estão formando sua identidade, eles se aproximam daqueles que lhes servem como referência, estabelecendo assim mais vínculos de amizade com determinados grupos cujos interesses são comuns”. A pesquisa constatou através das análises de seus indivíduos que o relacionamento dentro da escola deve ser favorecido através das atividades escolares pelo fato do convívio social e integração entre as pessoas. A escola deve possibilitar este contato com pessoas para estimular o relacionamento e tornar estas relações uma forma de desenvolvimento social dos alunos.

Considerações finais

    Ao identificar e analisar os comportamentos que a prática de lutas pode trazer aos alunos observou-se diversos comportamentos favoráveis ao desenvolvimento educacional do aluno ao ser percebido que as atividades de lutas têm objetivos filosóficos e suas condutas não influenciam atos agressivos e violência aos ambientes escolares, as lutas revelaram que além de não transmitirem violência tem objetivos comuns ao desenvolvimento de atitudes respeitosas e leais com os demais integrantes, o respeito com outros indivíduos é constatado a partir das moralidades impostas pelas artes marciais que preconizam também os meios atitudinais. Atos de desrespeito com os demais participantes do círculo escolar tiveram pouca evidência, quase nulo, e não demonstraram serem atos oriundos de participação em atividades com lutas em vista que os princípios atitudinais das lutas não têm ênfase no desrespeito e também pelo fato das atitudes de respeito ter maior evidência nos fatos apurados nas análises nas escolas entre os praticantes de atividades de lutas.

    As artes marciais visam colaboração e a participação nas atividades para desenvolver-se plenamente e esta colaboração com as atividades refletem no aprendizado fazendo com que os alunos desenvolvam-se dentro dos princípios morais e corporais das lutas, isso pode ser percebido na participação dos alunos dentro das atividades escolares constatando que houve a participação da grande maioria dos alunos que praticam as lutas na colaboração do bom andamento e participação das atividades. O convívio social também esta inserido no contexto das atividades de lutas, pois elas pretendem além da atividade física o desenvolvimento social para uma vida plena este contato social positivo na relação dos indivíduos esta evidenciado nas análises ao demonstrar que a relação com os demais indivíduos é satisfatória no ambiente escolar.

    Podemos concluir que as atividades de lutas trazem diversos benefícios ao comportamento educacional do aluno e podem influenciá-lo a diversas atitudes positivas ao comportamento entre eles podemos destacar a disciplina, o respeito, amizade, lealdade, relações interpessoais, colaboração e participação, descartando as influências negativas como violência e desrespeito. Ao analisar a atividade de luta e os comportamentos dos estudantes que participam destas atividades para fazer uma avaliação sobre esta atividade para a área escolar, nota-se que como outras atividades motoras a atividade de luta demonstra o seu papel como atividade física, desencadeando diversos processos de movimento e habilidades motoras, as atividades de lutas tem os mesmos fins de movimento que outras atividades como futebol e atletismo, por exemplo, As atividades de lutas ao demonstrar que não geram violência e prestigiam o respeito ao próximo e contato social demonstra e confirma as idéia dos PCN’s de que estas atividades devem estar enquadradas no planejamento da área escolar para servir como um dos diversos desportos que deverão levar ao aluno o seu desenvolvimento físico e educacional.

    Portanto, as atividades de lutas acrescentam ao desenvolvimento do indivíduo, e esta atividade estão aptas a estar dentro do círculo escolar e nas aulas de Educação Física. Suas contribuições geram ao comportamento, evoluções pelo seu lado espiritual e os valores adquiridos e influenciados através das artes marciais revelam condutas positivas e favoráveis ao desenvolvimento educacional do indivíduo que segue os ensinamentos e as filosofias marciais.

    O presente estudo apresentou algumas limitações dentro da pesquisa dentre estas podemos destacar a inexperiência em formulação de estudos de pesquisa, também se pode citar a dificuldade de encontrar um número expressivos de indivíduos jovens que se encaixassem nos requisitos da pesquisa de lutas na cidade de Vacaria, pelo fato de não existir muitos praticantes adolescentes dentro dos centros de treinamento de artes marciais nesta cidade. Sugere-se para próximas pesquisas com base neste tema, formulação de outros instrumentos de pesquisas como entrevistas com alunos e professores, questionários para ter também a opinião dos jovens sobre as atividades, realizar analises de seus comportamentos em diversos momentos e situações dentro do ambiente escolar e fora dele também.

Referências bilbiográficas

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