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Índices de aptidão física de uma 

equipe adulta de futsal do Rio Grande do Sul

Índices de aptitud física de un equipo de adultos de futsal de Río Grande do Sul

 

Graduados em Educação Física

pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, UNISINOS, RS

(Brasil)

Matias Noll

Rudiard Vogt

matiasnoll@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

         O objetivo deste estudo foi verificar os índices de aptidão física de uma equipe adulta de Futsal do Rio Grande do Sul. Participaram do estudo 15 atletas de Futsal de uma equipe do Rio Grande do Sul, que disputou a Segunda Divisão do Campeonato Gaúcho de Futsal no ano de 2010. Foram avaliados a massa corporal, flexibilidade (teste de sentar e alcançar) no banco de Wells, teste de resistência (Yoyo Test), salto horizontal e o percentual de gordura. Os dados foram coletados por profissionais de Educação Física, previamente treinados. Após a coleta de todos os dados, esses foram reunidos em uma nova tabela, onde puderam ser utilizados em conjunto para cálculo da média e desvio padrão a partir do programa SPSS 18.0. O grupo de 15 atletas participantes da Segunda Divisão de Futsal do Rio Grande do Sul apresentaram média de idade de 23,4 ± 4,4 anos. Estes atletas apresentaram médias de VO2 Máx, percentual de gordura, massa corporal, flexibilidade e salto horizontal, de 54,4±4 ml/kg/min, 12,7±2 %, 73,3±6 kg, 34,7±7 cm e 224,9±15 cm, respectivamente. Conclui-se, a partir destes achados, que os atletas apresentam níveis adequados das capacidades físicas, muito semelhantes aos estudos encontrados na literatura, e que estes níveis de aptidão física podem ser considerados como ideais para a prática competitiva de Futsal.

         Unitermos: Treinamento. Futsal. Atletas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O Futsal, conhecido também como Futebol de Salão, nasceu por volta de 1930, na Associação Cristã de Moços de Montevidéu, no Uruguai, e desenvolveu-se basicamente devido à falta de espaços para a prática do futebol (disseminado em larga escala nesse país) resultando na necessidade de se encontrar alternativas viáveis para a prática deste esporte. Uma das soluções encontradas, e associadas à criação do Futsal, foi a improvisação da prática de Futebol em locais menores como quadras de basquetes e ginásios. Entretanto, estas readequações necessitaram de algumas mudanças nas regras do futebol tradicional para viabilizar a prática deste esporte nestes locais, culminando no esporte Futsal. Desde está época, o Futsal vem sofrendo uma série de mudanças de regras, com o objetivo de tornar-se um esporte mais dinâmico e cada vez mais atrativo ao público e atletas (VOSER, 2003; VOSER & GIUSTI, 2002).

    Estas mudanças e atualizações, com certeza, foram um dos principais fatores responsável pela grande expansão do Futsal nas últimas décadas. Conforme Voser (2003), atualmente o Futsal é o esporte que possui o maior número de praticantes no Brasil. Da mesma forma, no contexto mundial, são mais de 70 países em que o Futsal é praticado de modo competitivo, destacando-se, além do Brasil: Argentina, Espanha, Portugal, Itália e Paraguai.

    Esta expansão do Futsal no número de praticantes em todos continentes, também fez com que este esporte evoluísse de forma muito significativa nas questões específicas da sua prática, como as áreas de preparação física, técnica e tática, além da área médica e psicoterapêutica, assim como a profissionalização dos atletas, dirigentes e clubes (VOSER, 2003; VOSER & GIUSTI, 2002).

    Mais especificamente no esporte de alto rendimento, a preparação física é um fator muito relevante para o bom desempenho físico do atleta e para a obtenção de resultados satisfatórios a nível individual e coletivo. Deste modo, o treinamento deve ser bem periodizado e específico para a modalidade em questão (BOMPA, 2004), para que os sistemas de energia do atleta se adaptem às exigências específicas do esporte praticado.

    As etapas de organização, planejamento e estruturação do processo de preparação desportiva são fundamentais na execução de qualquer tipo de trabalho, não só em temporadas competitivas. Gomes (2002) define preparação desportiva como o conjunto de fatores relacionados à preparação do atleta e direcionados ao desenvolvimento de desempenho ótimo no desporto escolhido para prática. Nesse sentido, os três sistemas que compõem este processo – competição, treinamento e fatores complementares - devem atuar de maneira conjunta e auxiliar na preparação dos desportistas.

    Dantas (2003) demonstra a importância do treinamento físico ao relatar que a preparação física para o Futsal corresponde a 60% do treinamento total realizado no período preparatório, que tem como objetivo o desenvolvimento das capacidades físicas em geral. Já a preparação física no período de competição, tem como objetivo principal o aperfeiçoamento das capacidades físicas imprescindíveis à prática do desporto.

    O Futsal apresenta uma gama de ações motoras, sendo caracterizado por Gomes e Silva (2002), como um jogo atlético com elevada atividade motora. Neste esporte, os atletas realizam uma sucessão de esforços intensos e breves, com um nível de exigência muscular muito alto. Levando em consideração a duração de uma partida oficial de Futsal pode-se dizer que esse esporte tem fonte aeróbia para o fornecimento de energia. Porém, o metabolismo anaeróbio se faz presente em grande parte desta atividade, uma vez que o Futsal é um desporto de velocidade, agilidade, potência, com constantes sprints em contra-ataques e jogadas de velocidade, saltos para cabeceios e movimentações rápidas para se livrar ou realizar marcação (SILVA & SILVA, 2009).

    Deste modo o preparador físico, no planejamento dos treinos físicos, e não menos importante, o treinador, na elaboração jogos técnico-táticos, devem atentar para a especificidade do treinamento, desenvolvendo e aprimorando o sistema energético predominante na modalidade esportiva, com o objetivo de trabalhar os sistemas relevantes àquela atividade (HERNANDES JÚNIOR, 2002).

    Estudos desenvolvidos por Araújo (1996) mostram que o Futsal é uma modalidade de caráter intermitente, sendo caracterizado pelo predomínio de esforços intensos e curtos com atuação metabólica dos três sistemas energéticos (anaeróbio alático, lático e aeróbio), com níveis de predominância diferenciado (McARDLE, KATCH e KATCH, 2003). Ao analisarmos o tempo médio de permanência em quadra dos atletas, Molina (1996) em seu estudo, demonstra que este tempo é de 30min, e deste tempo, apenas 53% é correndo. Quanto a isto, observa-se que em relação à distância relativa, ou seja, na proporção dos 100% de tempo de jogo (40 min) pressupõe-se que a maior e menor distância percorrida em 40 minutos está entre 4500 e 6500m, respectivamente (MOLINA, 1996).

    Neste sentido, sabendo-se da escassez de estudos relacionados ao Futsal de rendimento, o objetivo deste estudo foi verificar os índices de aptidão física de uma equipe adulta de Futsal do Rio Grande do Sul.

Metodologia

    Participaram do estudo 15 atletas de Futsal de uma equipe do Rio Grande do Sul, que disputou a Segunda Divisão do Campeonato Gaúcho de Futsal no ano de 2010. Foram avaliados a massa corporal, flexibilidade (teste de sentar e alcançar) no banco de Wells, teste de resistência (Yoyo Test), salto horizontal e o percentual de gordura. Os dados foram coletados por profissionais de Educação Física, previamente treinados. Durante a avaliação, os indivíduos utilizaram o mínimo de roupa possível. O atleta foi colocado em posição ortostática, com o peso distribuído igualmente em ambos os pés, no centro da balança modelo Britânia, com precisão de 100g. Em seguida foram verificadas as medidas das dobras cutâneas, utilizando-se um Adipômetro Científico Cescorf com precisão de 0,1 mm. Cada dobra foi medida três vezes, sendo considerada como válida a mediana das mesmas. As medidas seguiram a seguinte ordem: 1) Tricipital, na parte posterior do braço, uma dobra vertical sobre o músculo tríceps, na distância média entre o acrômio e o epicôndilo lateral, com o cotovelo mantido em posição de extensão e relaxado; 2) Subescapular, na prega oblíqua medida imediatamente abaixo da extremidade do ângulo inferior da escápula; 3) Supra-ilíaca, uma dobra diagonal a ser medida acima da crista ilíaca, no ponto de intersecção imaginária com o prolongamento da linha axilar média; e 4) Abdominal, uma dobra vertical a uma distância de dois cm ao lado direito da cicatriz umbilical.

    O percentual de gordura foi calculado pela equação de Faulkner:

% gordura = ∑ 4 x 0.153 + 5.783

Onde: ∑4= soma das dobras cutâneas tricipital, subescapular, supra-ilíaca e abdominal.

    Esses cálculos foram efetuados automaticamente através do programa Excel. Após a coleta de todos os dados, esses foram reunidos em uma nova tabela, onde puderam ser utilizados em conjunto para cálculo da média e desvio padrão a partir do programa SPSS 18.0, para a caracterização da amostra. Os testes foram realizados no mês de junho, ao longo da competição da Segunda Divisão do Campeonato Gaúcho de Futsal no ano de 2010. Esta equipe de Futsal tem uma freqüência de treinamento de 3 a 4 treinos por semana e o jogo oficial aos sábados, totalizando em média 15 treinos e 4 jogos por mês.

Resultados e discussão

    O grupo de 15 atletas federados e participantes da Segunda Divisão de Futsal do Rio Grande do Sul apresentaram média de idade de 23,4±4,4 anos. Estes atletas apresentaram médias de VO2 Máx, percentual de gordura, massa corporal, flexibilidade e salto horizontal, de 54,4±4 ml/kg/min, 12,7±2 %, 73,3±6 kg, 34,7±7 cm e 224,9±15 cm, respectivamente.

    Os dados do presente referentes ao VO2 Max apresentaram-se aproximadamente 10% superiores quando comparados com os dados do estudo de Noll et al (2009), onde verificaram valores de 50,5 ml/kg/min. É relevante destacar, que Noll et al (2009), encontraram tais valores em um grupo de 14 atletas de Futsal de uma equipe do Rio Grande do Sul, similar ao presente estudo, que disputou também a Segunda Divisão do Campeonato Gaúcho de Futsal, em 2009, sendo que o grupo de atletas realiza também 3 treinos semanais. Quanto ao % de gordura, os resultados de Noll et al (2009) foram inferiores aos do presente estudo, ao encontrarem percentual médio de 11,8.

    O estudo publicado por Generosi et al (2009), em que propuseram descrever o perfil morfológico dos atletas profissionais de futebol e de Futsal, comparando os atletas divididos por posição de jogo e os atletas agrupados na sua totalidade, verificaram valores de massa muito próximos ao presente estudo, de 73,98±3,96kg. Para atingir o objetivo avaliou-se 441 atletas profissionais praticantes de futebol e Futsal masculino, com faixa etária entre 18 e 40 anos.

    Conclui-se, a partir destes achados, que os atletas apresentam níveis bons nas capacidades físicas, muito semelhantes aos estudos encontrados na literatura, e que estes níveis de aptidão física podem ser considerados dentro dos padrões ideais para o Futsal.

Referências

  • ARAUJO, TL; ANDRADE, DR; FIGUEIRA JUNIOR, AJ; FERREIRA, M. Demanda fisiológica durante o jogo de futebol de salão, através da distância percorrida. Revista da Associação dos Professores de Educação Física, v.11, n.19, p.12-20, 1996.

  • BOMPA, TO. Treinamento de potência para o esporte. São Paulo: Phorte, 2004.

  • DANTAS, EHM. A prática da preparação física. 5. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.

  • GENEROSI, R; NAVARRO, F; GRECO, P; LEAL, EC; LIBERALI, R. Aspectos morfológicos observados em atletas profissionais de futebol e Futsal masculino. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, v.1 n., p.10-20, 2009.

  • GOMES, AC. Treinamento desportivo: estruturação e periodização. Porto Alegre: Artmed, 2002.

  • GOMES, AC; SILVA, SG. Preparação física no futebol: características da carga de treinamento. In.: Silva, F. M. (org.). Treinamento desportivo: aplicações e implicações. João Pessoa: Editora Universitária/ UFPB, 2002.

  • HERNANDES JÚNIOR, BD. O. Treinamento Desportivo. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.

  • McARDLE, DW; KATCH, LV; KATCH, IF. Energia, nutrição e desempenho humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

  • MOLINA, R. Lactato sangüíneo em partida de Futsal: relação com condicionamento físico e com desempenho. 1996. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Rio Claro.

  • NOLL, M; BRUNE, L; SIEBEN. Influência da pré-temporada sobre os incides de aptidão física de uma equipe de Futsal do Rio Grande do Sul. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 15, n.143, p.1, 2010. http://www.efdeportes.com/efd143/pre-temporada-de-uma-equipe-de-futsal.htm

  • SILVA, KS; SILVA F. Perfil Morfológico e velocidade dos jogadores de Futsal e a relação com a posição de jogo. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, v.1, n/1, p.64-73, 2009.

  • VOSER, RC. Futsal: princípios técnicos e táticos. Canoas: Editora Ulbra, 2003.

  • VOSER, RC; GIUSTI, JG. O Futsal e a escola: uma perspectiva pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2002.

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