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Escala de desenvolvimento motor: avaliação e ampliação das 

habilidades motoras utilizando o conteúdo esportes: uma revisão

Escala de desarrollo motor: evaluación y ampliación de habilidades motrices utilizando el contenido deportes: una revisión

 

Professoras Universo, Goiânia

(Brasil)

Samanta Garcia de Souza

Wesley Urzêda

Sabrina Garcia de Souza

samantagarciaef@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo é uma revisão de literatura tendo como objetivo analisar a Escala de Desenvolvimento Motor (ROSA NETO, 2002) enquanto um instrumento de avaliação do desenvolvimento motor e das habilidades motoras e posteriormente melhorar o desempenho das crianças utilizando o esporte, mais especificamente, o handebol. Assim, a idéia e refletir em relação ao papel dos profissionais de educação física na promoção de melhorias significativas das variáveis analisadas bem como na ampliação do repertório motor dos infantes. Percebe se então que é necessária a reflexão e a prática pedagógica crítica, sistematizada e cientificada para alcançar a plenitude dos nossos objetivos.

          Unitermos: Escala de desenvolvimento motor. Habilidades motoras. Esportes.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O ser humano desde a sua concepção até a velhice passa por diversas transformações. Todo organismo humano tem uma lógica biológica uma organização, um calendário maturativo e evolutivo, uma porta aberta a interação e a estimulação. Entre o nascimento e a idade adulta se produzem profundas modificações. As possibilidades motoras da criança evoluem amplamente de acordo com a sua idade e chegam a ser cada vez mais variadas completas e complexas (ROSA NETO, 2002, p.11).

    Muitas reflexões são feitas, sobre a importância de se trabalhar o desenvolvimento humano nas suas mais variadas esferas, principalmente nas primeiras fases da infância e da adolescência. Muito pode ser ganho com a evolução deste aprendizado que refletirá nos futuros desenvolvimentos. “esse processo gradativo de desenvolvimento dura por toda a vida”. (GALLAHUE e OZUMUN, 2003).

    Algumas correntes da Educação Física vão defender a idéia que o desenvolvimento cognitivo é facilitado pelo movimento, assim, o movimento tem uma importância fundamental no desenvolvimento não só do corpo, mas também da mente e da emotividade. Sem o suporte psicomotor, o pensamento terá maior dificuldade de ter acesso aos símbolos e à abstração. Desde o momento da nossa concepção, ate a nossa velhice, o organismo humano procura meios de se desenvolver e se adaptar as exigências impostas pelo ambiente. Um bom controle motor permite a criança explorar o mundo exterior, criando experiências concretas sobre as quais se processam as noções básicas para o seu desenvolvimento motriz e intelectual.

    Somente com essa visão pode-se perceber como ocorre a construção, por parte da criança, da sua visão de mundo e a forma de se colocar nele. As crianças utilizam então do movimento como uma forma de evoluir não só na perspectiva do movimento, mas também na perspectiva de fazer parte da sociedade em que são inseridas. O movimento é então importante para todas as crianças, tendo uma contribuição ímpar para o desenvolvimento motor e das habilidades motoras em geral.

    O esporte é sem dúvida o conteúdo mais hegemônico da EF tanto na escola quanto em outros âmbitos. A hegemonia esportiva torna se “fenômeno” com a incorporação de valores agregados ao esporte pela mídia e pelo senso comum que o esporte, por si só, possa significar saúde, educação e cultura numa perspectiva de autêntico desenvolvimento humano.

    Assim, o esporte é entendido enquanto fenômeno social construído historicamente e socialmente pelo homem moderno e que vem sendo tematizado pelo profissional de EF em suas várias frentes de atuação (GUIMARÃES, 2005).

    O presente estudo é uma revisão definida por ser uma avaliação crítica de pesquisa recente sobre um tópico em particular. (THOMAS e NELSON, 2002). Essa estratégia metodológica permite conhecer, compreender e analisar os conhecimentos culturais e científicos sobre o assunto, tema ou problema investigado. (MATTOS, ROSSSETO JÚNIOR e BLECHER, 2008).

    O estudo decorreu sobre a pesquisa bibliográfica de revisão e análise reflexiva, com o objetivo de selecionar informações já disponíveis em desenvolvimento das habilidades motoras nos esportes, para então revelar a dimensão fenomenal do esporte e a sustentação de um referencial de autores e obras que atendessem ao objetivo especificado.

    Os critérios de seleção para os autores analisados em cada um dos tópicos foram à produção do conhecimento através de publicações em periódicos eletrônicos nacionais e obras de grande relevância no cenário nacional.

Habilidades motoras

    Todo organismo humano tem uma lógica biológica, uma organização, um calendário maturativo e evolutivo, uma porta aberta à interação e a estimulação. Entre o nascimento e a idade adulta se produzem profundas modificações. As habilidades motoras da criança evoluem amplamente de acordo com a sua idade e chegam a ser cada vez mais variadas completas e complexas (ROSA NETO, 2002).

    Para investigar o desenvolvimento motor é necessário conceituá-lo. Assim, adotaremos neste estudo a elaboração proposta por Ferreira Neto (2004), definindo – o como o aspecto do comportamento motor e do controle motor que está diretamente relacionado com o estudo das mudanças ou transformações na performance motora durante os diferentes momentos da evolução da vida do indivíduo.

    Assim, explica se a importância dos infantes explorarem o ambiente por meio de atividades motoras tais como jogos, brincadeiras, atividades pré desportivas ou até mesmo pelo desempenho de habilidades motoras para otimizarem seu desenvolvimento motor, fato este que é resultante de modificações com relação ao seu desenvolvimento físico, perceptivo-motor, moral e afetivo (FERREIRA NETO, 2004). Essas modificações na organização das ações em desenvolvimento são resultantes da influência mútua de componentes biológicos e ambientais, em que o indivíduo e o ambiente se transformam reciprocamente, numa relação dinâmica que envolve as dimensões físicas e psicológicas (MONTEIRO, 2006).

    As crianças são quanto ao seu desenvolvimento, imaturas e, por isso, faz-se necessário estruturar experiências motoras significativas apropriadas para seus níveis desenvolvimentistas particulares, (GALLAHUE E OZMUN, 2003, p.107).

    Para a formação do repertório infantil todas as atividades que lhes são dadas podem contribuir para sua formação. Assim as qualidades das brincadeiras, jogos e atividades pedagógicas bem como o planejamento estão intimamente ligadas, já que as atividades devem alcançar os objetivos propostos pelo ato de planejar.

    Sobre as experiências trazidas pelas brincadeiras e o papel da intervenção com competência neste processo Le Boulch completa:

    O que importa é a experiência da criança, mais do que o resultado deste trabalho (aquisições das habilidades motoras). Portanto constitui um grave erro pedagógico para um educador querer acelerar o processo de aprendizado através de uma ação intempestiva e maçante. Seu papel é de suscitar de favorecer os ensaios, erros e ajustamento... E não de substituir as técnicas no jogo, particularmente educativo, nesse processo adaptativo. (LE BOULCH, 1992, p144).

    Além de uma intervenção inadequada, outros fatores também poderão interferir negativamente no desenvolvimento motor das crianças como:

    Condições biológicas ou ambientais que aumentam a probabilidade de déficits no desenvolvimento neuropsicomotor da criança, (...) ausência do pai, depressão materna, baixa escolaridade dos pais, entre outros. (WILLIRICH, AZEVEDO e FERNANDEZ, 2008, p 02 e 04).

    Os fatores de risco relacionados ao comprometimento do desenvolvimento motor poderão se prolongar até a fase adulta do individuo. Esses merecem atenção especial para que possam ser estudados e ter uma intervenção eficaz, para que de acordo com Carioni (2005) a aprendizagem não esteja comprometida, visto que ambos estão intimamente ligados e se interferem.

    Todavia, todas as experiências podem ser de grande relevância, visto que há uma possibilidade de ser internalizadas pelas crianças, enriquecendo, ampliando seu repertório motor. Rosa Neto (2002) refere-se à motricidade infantil como uma interação de diversas funções motoras (perceptivomotora, neuromotora, psicomotora, neuropsicomotora, etc.). Logo tal conceito não pode ser desprezado no aprendizado de crianças, já que o movimento faz parte de tal processo. A respeito desse aspecto, todo esse processo ocorre de forma interligada, auxiliando no desenvolvimento global da criança, fazendo com que as habilidades motrizes possam ser aliadas ao mesmo. Portanto a criança pode se desenvolver pelo movimento, além de se conscientizar sobre ela mesma, buscando uma possibilidade maior de independência.

    A exploração do ambiente pela criança é realizada por meio da sua motricidade, conceituada por Rosa Neto (2002) como a interação de diversas funções motoras, como a perceptivomotora, a psicomotora, a neuromotora e outras. Este fato implicaria conseqüentemente na importância da atividade motora para o desenvolvimento geral da criança. As estruturas consideradas psicomotoras, dentre elas o equilíbrio, a locomoção, a manipulação e o tônus corporal, que interagem com a organização espaço temporal, as coordenações finas e amplas, a coordenação oculossegmentar, a lateralidade, o ritmo e o relaxamento.

    A relação entre as estruturas psicomotoras e os componentes predominantemente motores é traduzida pelos esquemas posturais e de movimentos, como os atos de andar; correr; saltar; lançar; rolar; rastejar; engatinhar; trepar; estender; elevar; abaixar; flexionar; rolar; oscilar; suspender; inclinar e outros movimentos que se relacionam com os movimentos da cabeça, pescoço, mãos e pés. Esses movimentos baseiam-se nos diversos estágios do desenvolvimento motor, assumindo características qualitativas e quantitativas diversas. (MOLINARI e SENS, 2003).

    Assim, um bom desenvolvimento motor na infância afetaria positivamente na aquisição de habilidades motoras básicas específicas para cada modalidade desportiva. Assim, um amplo repertório motor ocasionaria uma maior facilidade de desenvolver habilidades motoras de maior complexidade, habilidades estas necessárias para ser um bom atleta de qualquer que seja a modalidade esportiva (obviamente que fatores anatômicos, psicológicos, fisiológicos entre outros também são relevantes na formação de atletas de ponta).

A Escala de Desenvolvimento Motor

    A Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) é um instrumento elaborado por Rosa Neto (2002) com o objetivo de realizar uma avaliação psicomotora das crianças abrangendo um conjunto de provas muito diversificadas e de dificuldades graduadas com o intuito de mensurar o desenvolvimento motor das crianças. Através desse instrumento podem ser detectadas características próprias do desenvolvimento das crianças, se existem atrasos no desenvolvimento motor e perturbações de equilíbrio, coordenação, lateralidade, agilidade, sensibilidade, esquema corporal, estrutura e orientação espacial, grafismo, afetividade, etc. (Santos, 2006).

    No protocolo em questão (EDM, 2002) temos a análise em ordem das seguintes variáveis: motricidade fina; motricidade global; equilíbrio; esquema corporal (imitação de posturas e rapidez); organização espacial; organização temporal (linguagem e estruturas temporais); lateralidade (mãos, olhos e pés).

    Segue então a definição e o entendimento de cada variável mensurada:

    A coordenação viso manual se elabora de modo progressivo com a evolução motriz da criança e do aprendizado. Visão e feedback perceptivo-motor estão estruturados e coordenados visando produzir um comportamento motor adaptado a qualquer situação (ROSA NETO, 2009,p, 15).

    Portanto, a praxia fina se elabora de acordo com a motricidade de cada criança, sendo que os fatores ambientais, o feedback e o comportamento a cada situação, vão se formando e se consolidando sempre mais.

    O movimento motor global, seja ele mais simples, é um movimento sinestésico, tátil, labiríntico, espacial, temporal e assim por diante. Os movimentos dinâmicos corporais desempenham um importante papel na melhora dos comandos nervosos e no afinamento das sensações e das percepções. (ROSA NETO, 2009, p. 16).

    O movimento em geral possui inúmeras informações por diversos meios, sendo ele do mais simples ao mais complexo. Todos esses movimentos auxiliam na melhora dos comandos nervos e no afinamento relacionado à motricidade da criança. Desse modo, Le Boulch (1992) também escreve sobre essa habilidade motora contribuindo para a discussão ao levantar o aspecto da espontaneidade e da naturalidade dos gestos, movimentos e das próprias atitudes infantis.

    Rosa Neto fundamenta ainda mais a definição desta habilidade motora ao afirmar: “A postura é a atividade reflexa do corpo em relação ao espaço” (ROSA NETO, 2002, p. 17).

    O equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos segmentos corporais. Quanto mais defeituoso é o movimento, mais energia consome; tal gasto energético poderia ser canalizado para outros trabalhos neuromusculares (ROSA NETO, 2009, p. 16).

    Outro fator relevante nesta habilidade é o fato de que para a manutenção do equilíbrio postural é preciso que se tenha um tônus muscular visto que, este tem a função de manter e sustentar o corpo, sobre diferentes maneiras.

    A função tônica é aquela que mantém certa tensão no músculo e sustenta seu esforço, ou seja, é a atividade que mantém em todos os momentos os músculos em forma, na posição que tomaram e que lhes dá um grau variável de consciência. Essa função, ao se exercer sobre os músculos, regula constantemente suas diferentes atitudes ou maneiras de sustentar o corpo. (WALLON, p. 47, 1979 apud SÁNCHEZ, MARTINEZ e PEÑALVER, p. 35, 2003).

    O esquema corporal pode ser definido no plano educativo como a chave de toda organização da personalidade. A elaboração do esquema corporal segue as leis da maturidade céfalo-caudal e próximo-distal. (ROSA NETO, 2002, p. 20).

    No âmbito educativo o esquema corporal está voltado com a ordem da personalidade de cada criança sendo que tal elaboração respeita determinadas leis. Deste modo atividades relacionadas a esta valência, devem ser utilizadas no âmbito educativo para colaborar na formação/organização da personalidade da criança. Assim essa habilidade para o autor é estruturada através das relações construídas com o meio, ou seja, através das experiências. Sobre as experiências das crianças, Gallahue e Ozmun (2003) afirmar que é importante a estruturação das vivências motoras na infância de modo a torná-las significativas e apropriadas ao nível de desenvolvimento dos mesmos.

    Assim, tem-se:

    (...) Em primeiro lugar ocupado pelo corpo e no qual se desenvolvem os movimentos do corpo. Um espaço postural escalonado pela estação sentada, depois a estação de pé permitindo recolher informações cada vez mais numerosas até descoberta do objeto. O espaço se tornara espaço de ‘configuração ’, definindo os limites da exploração através da manipulação (LE BOULCH, 1992, p. 118).

    Portanto esse conceito se vincula também as experiências da criança, recolhendo informações que lhes são transmitidas com a sua exploração. Rosa Neto (2002) acrescenta à noção de espaço a inter-relação entre o próprio corpo (estrutura anatômica biomecânica, fisiológica, etc.) E a natureza do meio que nos rodeia e de suas características.

    A organização temporal é algo não palpável, mas pode ser percebido conforme os acontecimentos, as ações entre outros elementos que também contribuem para a formação de tal conceito.

    Piaget (1969) apud por Rosa Neto (2002) fala da questão da ausência de percepção do tempo, justificando que o tempo é simplesmente percebido e não sentido. Le Boulch (1992) ainda ratifica essa afirmação destacando que essa percepção acontece através de uma vivencia corporal e num segundo momento ela se torna percepção temporal.

    Ao confrontar tais conceitos o que se pode destacar em todos é que, o conceito de tempo é algo construído ao longo das experiências, das condições de aprendizagem de cada criança.

    A lateralização é a tradução de uma assimetria funcional. Os espaços motores do lado direito e do lado esquerdo não são homogêneos. Esta desigualdade vai se tornar mais precisa durante o desenvolvimento e vai manifestar-se durante os reajustamentos práxicos de natureza intencional. (LE BOULCH, 1992, p.92).

    Assim, temos na EDM uma importante aliada no sentido de mensurar o desenvolvimento motor das crianças para que a intervenção do profissional de Educação Física seja significativa no sentido de promover melhorias no desenvolvimento motor das crianças. Pensando nisso, o esporte, enquanto elemento da cultura corporal pode ser uma riquíssima fonte de vivências e experiências significativas na ampliação do repertório motor dos infantes.

Os Esportes

    O esporte é um patrimônio da humanidade. Seu surgimento se deu a partir das representações simbólicas da humanidade, construídas por meio das relações estabelecidas entre os homens, ao longo de sua historicidade. (COLETIVO DE AUTORES, 1992) Significa dizer, portanto, que é um dos maiores fenômenos culturais no mundo contemporâneo. (BENTO, 2006; PAES, 2006).

    Assim, como proferiu Betti (1991, p.24) o esporte pode ser definido:

    (...) àquela modalidade de atividade física definida como uma ação social institucionalizada, convencionalmente regrada, que se desenvolve com base lúdica, em forma de competição entre duas ou mais partes oponentes ou contra a natureza, cujo objetivo é, através de uma comparação de desempenhos, designar o vencedor ou determinar o recorde; seu resultado é determinado pela habilidade e estratégia do participante, e é para este gratificante tanto intrinsecamente como extrinsecamente.

    A prática pedagógica deve então sustentar se sobre a diversidade e os princípios pedagógicos do ensinar esportes a todos, ensinar esporte bem a todos, ensinar mais que esportes e ensinar a gostar de esportes. Sua estratégia metodologia deve então estar pautada na aprendizagem do jogo por meio do jogo jogado, sendo o ensino orientado para compreensão do jogo, com o objetivo do desenvolvimento da capacidade tática (cognitiva) em direção à especificidade técnica (motora específica), privilegiando situações de jogos e brincadeiras populares da cultura infantil, metodicamente orientados pelo jogo-trabalho. (FREIRE, 2003).

    Autores clássicos da EF já abordaram os problemas desse conteúdo tão atrativo da EF ser considerado substituto da Educação Física no âmbito escolar, tais como Medina (1983); Caparroz (1997); Bracht (1986), Coletivo de Autores (1992) entre outros.

    Nessa perspectiva o conteúdo esporte enquanto uma prática corporal deve ser entendido e abordado num processo sócio-histórico-cultural. O professor deve ter a consciência como aponta Bracht (1992) que quando este conteúdo é aplicado na escola sem realizar nenhuma modificação, onde as metodologias visam como única forma de execução as habilidades do esporte definidas a priori, orientando toda sua pedagogia a tentar fazer com que as crianças joguem o jogo esportivo competitivo ele se esvazia.

    O princípio da diversidade deve ser respeitado no ensino dos esportes a Educação Física na escola deverá propor atividades diferenciadas. Em relação aos aspectos motores podemos destacar no conteúdo esporte as jogadas elaboradas pelos componentes de uma equipe; as respostas apresentadas dos outros jogadores; as diferentes ações motoras que desencadeiam uma gama de benefícios fisiológicos, das capacidades físicas e das habilidades motoras em geral.

    Conforme Tubino (2005) podemos dividir o fenômeno esportivo em dois momentos evolutivos e conceituais. O primeiro quando o esporte era perspectivado apenas pelo rendimento e o segundo quando o esporte, a partir da aceitação de que a prática esportiva era um direito de todos, somou a sua perspectiva de rendimento as perspectivas de participação (esporte lazer) e formação (esporte educação).

    O fenômeno esportivo reflete a sociedade, com suas virtudes e mazelas. O esporte de rendimento representa simbolicamente os mecanismos da sociedade capitalista, no que se refere à busca de resultados e de produtividade a qualquer custo. Pode representar também como afirma Paes (2006) e Reverdito; Scaglia e Paes (2009) um instrumento de manipulação e alienação reproduzindo os valores positivos e negativos vigentes na sociedade.

    Todavia, influências significativas como apontam os estudos de Guimarães (2000 e 2005) vem modificando a forma de tratar o esporte, até então o principal foco de resistência das inovações teórico metodológicas nas aulas de EF. Influências como: currículo oficial, disponibilidade de material e infra estrutura da instituição e certa cultura interna da área de conhecimento ainda são empecilhos para uma prática pedagógica significativa no conteúdo esporte.

    Abordagens significativas, transformadoras, questionadoras e até mesmo resignificadas devem ser consideradas para esta prática legitimada, conquistada histórica e socialmente na cultura brasileira.

Considerações finais

    Para uma intervenção de qualidade e que conduza ao desenvolvimento motor e das habilidades motoras os conteúdos devem ser diferenciados respeitando as fases de desenvolvimento dos indivíduos. No primeiro momento o foco é a ampliação do repertório motor, ou seja, potencializar, ampliar as vivências motoras das crianças, trabalhando de maneira vasta e rica os aspectos motores e sem deixar de lado o trabalho do jogo social. Ou seja, a criatividade e a competência do profissional são no sentido de promover melhorias no repertório motor propriamente dito, a modalidade, handebol em si é um instrumento utilizado para atingir o objetivo e não o foco.

    Diversos autores e publicações da Educação Física com enfoque no desenvolvimento motor e das habilidades motoras mostram que os conteúdos que abrangem o aspecto coletivo, a presença de regras, a diversidade de atividades, o contato com outras crianças e o prazer de praticar uma atividade onde se pode facilmente obter êxito são extremamente positivos para um segundo momento do trabalho com o handebol.

    Devemos lembrar que na infância o papel do profissional de Educação Física é o de despertar o gosto pela atividade física nas crianças e fazer com que todas obtenham êxito nas atividades realizadas, e o aspecto lúdico fundamental nesta fase da vida da criança com a finalidade de estimular e incentivar sempre os participantes da forma mais positiva possível.

    Assim, o desafio é aliar os interesses e objetivos gerais e específicos da modalidade às questões pedagógicas adequadas à idade e ao interesse das crianças, que é o de brincar, jogar e estar com os amigos em uma atividade diversificada em que todos jogam juntos, divertindo-se e aprendendo muito com o interesse os interesses profissionais ampliar o repertório motor.

Referências

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