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Efeitos de um treinamento muscular propioceptivo nos 

parâmetros espaço temporais da caminhada de idosos

Efectos del entrenamiento muscular propioceptivo en los parámetros espacio temporales de la caminata en personas mayores

Effects of a training muscle and proprioceptive in space temporal parameters in elderly gait

 

*Acadêmico Centro Universitário Metodista IPA, Porto Alegre, RS

**Mestranda em Ciências do Movimento Humano, Mecânica e Energética da Locomoção

Humana, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ESEF, Porto Alegre, RS

***Acadêmico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ESEF, Porto Alegre, RS

****Mestranda em Ciências da Saúde, Cardiologia e Ciências Cardiovasculares

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

*****Professor, Mestre Centro Universitário Metodista IPA, Porto Alegre, RS

(Brasil)

Felipe Castelli dos Santos*

felipecastelli@hotmail.com

Renata Luísa Bona**

renatabona@ig.com.br

Natalia Andrea Gomeñuka**

natalia.gomenuka@gmail.com

Rodrigo Gomez da Rosa***

rodrigo@clubedaendorfina.com.br

Paula Figueiredo da Silva****

paula.edfisica@terra.com.br

Marcelo Krás Borges*****

mkrasb@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: Com o envelhecimento ocorrem algumas modificações nos parâmetros espaço-temporais da caminhada, levando a uma diminuição no comprimento do passo e da passada, aumentando o número de passos para percorrer uma certa distância, e ocorrendo um declínio na velocidade de caminhada. Objetivos: Comparar o comprimento do passo e passada, a cadência e velocidade da caminhada em idosos submetidos a um treinamento. Métodos: O estudo foi composto por 21 idosos entre 60 e 75 anos, os quais foram submetidos a um treino por um período de 6 semanas, realizado 2 vezes por semana, constituído de caminhada, exercícios proprioceptivos, fortalecimento muscular de membros superiores e inferiores e finalizado com alongamentos. Foi realizada uma avaliação da caminhada antes e depois das 6 semanas de treino. Resultados: Ocorreu melhora significativa na caminhada, aumento do comprimento do passo e da passada, diminuição da cadência de passos e aumento da velocidade de deambulação dos participantes. Considerações finais: Com os nossos achados sugerimos que um treino de força e propriocepção por 6 semanas com idoso melhora os parâmetros espaço temporais da caminhada.

          Unitermos: Envelhecimento. Caminhada. Fortalecimento muscular.

 

Abstract

          Introduction: With the aging occurs some changes in parameters of space temporal gait, leading to a decrease in the length of the step and the gait cycle, increasing the number of steps to go a distance, and occurring a decline in the speed of walking. Objectives: To compare the length of the step and gait cycle, the pace and speed of movement in the elderly undergoing a training. Methods: The study was composed by 21 senior between 60 and 75 years, have undergone a training of 6 weeks, two twice a week. The training was constitute to walk, proprioceptive exercises, muscle strengthening of arms and legs and finished with stretching. It was do an assessment of the gait before and after 6 weeks of training. Results: There was significant improvement in gait, increasing the length of the step and the gait cycle, reducing the frequency of steps and increasing the speed of walking the participants. Conclusion: With our findings suggest a training of 6 weeks with the elderly improve the parameters of space temporal gait.

          Keywords: Aging. Gait. Muscle training.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A expectativa de vida tem sido prolongada, pois a prática de exercícios físicos está sendo incluída na rotina de muitas pessoas, mas por outro lado, o risco de fraturas e quedas tem aumentado devido ao aumento da longevidade (1).

    Mesmo com o crescente aumento da realização de atividades físicas pela população idosa, existem outros fatores inerentes à terceira idade, como a diminuição da visão, osteoporose, diminuição do equilíbrio, diabetes e sarcopenia, fatores que podem direta ou indiretamente levar a quedas (2).

    Esses fatores fazem parte do processo normal do envelhecimento, que se caracteriza pela diminuição da capacidade funcional de diversos órgãos e tecidos (1). A fraqueza e a atrofia muscular, particularmente dos membros inferiores é associada ao maior risco de quedas, à diminuição da densidade mineral óssea (DMO) e à maior probabilidade de fraturas, fatores relacionados com a osteoporose. A redução da massa e da força muscular decorrentes do envelhecimento são os aspectos mais freqüentes referidos na literatura (3).

    A diminuição do trofismo da musculatura esquelética que acompanha o envelhecimento ocorre por questões intrínsecas do músculo e do sistema neuromuscular, e é definido como sarcopenia a qual leva à diminuição do volume e da força muscular, conduzindo à dificuldade em realizar tarefas cotidianas que dependem desta valência física, pois quanto mais uma tarefa depende da força, maior será a dificuldade do indivíduo para realizá-la. Aliada à perda de volume da massa muscular, há uma progressiva degeneração da capacidade neuronal do indivíduo, gerando alterações na coordenação motora e na propriocepção (4).

    Também com o passar dos anos ocorrem alterações principalmente nas fibras do tipo II (anaeróbias, de contração rápida), mas as fibras do tipo I (aeróbias, de contração lenta) parecem ser resistentes à atrofia associada ao envelhecimento. A partir dos 70 anos encontramos a área relativa das fibras tipo II diminuída, resultando em uma maior perda na contração rápida (5). A capacidade que os idosos têm de manter-se independentes parece estar ligada à manutenção da flexibilidade, da força e da resistência muscular (fibras tipo I), características que em seu conjunto, poderiam ser consideradas como componentes da aptidão muscular (6,7).

    Entre os componentes da aptidão muscular, a diminuição da flexibilidade acarreta redução da amplitude de movimentos de forma geral, proporcionando uma caminhada mais limitada, aumentando o risco de ocorrer uma queda (3).

    Cunningham et al., (8), sugeriram que a caminhada é um bom ou o melhor indicador de risco para perda de autonomia com o envelhecimento. Mesmo a auto-análise do estado funcional ou o medo de sofrer quedas parecem estar associados a variações no padrão e na velocidade eficaz da caminhada (9).

    As modificações desfavoráveis na forma de andar, como o aumento do tempo necessário para percorrer certa distância e a necessidade de utilizar apoio para o deslocamento também estão relacionadas com o envelhecimento (10).

    Em conformidade, Daniels e Worthingham (11) incluíram a fraqueza muscular e a limitação do movimento articular entre os cinco principais fatores que poderiam causar alterações no padrão da caminhada. Esses estariam associados a uma fase mais ampla de apoio e passadas reduzidas durante a caminhada, bem como à dificuldade de equilíbrio (12).

    Nagasaki et al., (13) em estudo que envolveu 1.134 sujeitos com mais de 65 anos de idade, constataram que a amplitude do passo tende a diminuir, a cadência a aumentar, e a força muscular diminuir, restringindo mecânica funcional da caminhada, estabelecendo que é fundamental o fortalecimento da musculatura envolvida na caminhada.

    Além disso, Soares (14) salientou que o idoso tem um estimulo proprioceptivo alterado, o que torna necessária à estimulação proprioceptiva, como atividade primordial para a reeducação da caminhada.

    Ainda, essas alterações tanto da mecânica da caminhada quanto da propriocepção, geram um declínio da velocidade da caminhada, redução do comprimento do passo e da cadência, além de distúrbios da coordenação entre os membros superiores e inferiores (13, 14, 15).

    Deste modo a prática de exercícios físicos é recomendada para promover a saúde, o bem-estar físico e prevenir o risco de lesões por quedas. Ela restaura, melhora ou mantém a força, a potência, a resistência muscular e reduz a fadiga (16).

    Dentre as práticas de exercícios físicos há o treino de força que induz alterações no funcionamento do sistema nervoso central, o qual pode aumentar o número de unidades motoras recrutadas, alterar a freqüência de disparo dos motoneurônios, melhorar a sincronia da unidade motora durante execução de determinado padrão de movimento e reduzir os impulsos inibitórios, permitindo que o músculo atinja níveis elevados de força (17).

    Sendo assim o objetivo deste estudo foi investigar as mudanças ocorridas nos parâmetros espaço-temporais da caminhada: comprimento do passo, comprimento da passada, velocidade e cadência, ocorridas em indivíduos com idade entre 60 a 75 anos submetidos a um programa de treinamento de facilitação neuromuscular proprioceptiva.

Materiais e métodos

    A pesquisa apresenta caráter longitudinal, quase experimental, quantitativa, comparativa e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Rede Metodista de Educação do Sul – IPA, parecer número 82/2007. O estudo foi realizado no Asilo Padre Cacique, com uma amostra inicial constituída por 35 idosos, com idade de 60 a 75 anos. Todavia, 14 desses sujeitos foram excluídos do treinamento pelo fato de terem abandonado o mesmo. Os participantes não praticavam exercício físico regularmente, mas ainda assim enquadravam-se, ao menos, no nível moderado de atividade física, de acordo com o Questionário Internacional de Atividade Física – versão curta (IPAQ) (18). Foram excluídos os indivíduos que apresentavam doenças cardiopulmonares não tratadas, dor ao deambular, seqüelas de doenças neurológicas e altos escores, segundo o IPAQ (intensidade vigorosa). Neste sentido, a amostra final passou a ser de 21 sujeitos, 15 homens e 6 mulheres.

Protocolo de treino

    Todos os sujeitos da amostra foram submetidos a um programa de treinamento durante 6 semanas que envolveu: caminhada, facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) de membros superiores e inferiores. Os sujeitos foram divididos em grupos para a realização do treino, sendo realizado duas vezes por semana, com duração de 40 – 50 minutos cada sessão, perfazendo um total de 12 sessões. Todas as sessões foram supervisionadas por acadêmicos de fisioterapia.

    Sempre antes de realizar o treino foi verificada a freqüência cardíaca e a tensão arterial de cada indivíduo. O treinamento constituiu de 15 minutos de caminhada, com velocidade auto selecionada pelo participante nas dependências do asilo, seguida de 5 minutos de descanso.

    Após, os indivíduos desempenharam fortalecimento dos membros superiores, realizando as diagonais flexoras (19). A primeira diagonal realizada partiu de extensão e rotação externa do ombro e extensão do cotovelo, direcionando-se para flexão e rotação interna do ombro e flexão do cotovelo. A outra diagonal partiu de extensão e rotação interna do ombro e flexão do cotovelo, direcionando-se para flexão e rotação externa de ombro e extensão de cotovelo (20). Os participantes realizaram 2 séries de 8 a 12 repetições nos dois exercícios21, iniciando com 60% da 1 repetição máxima de cada individuo, aumentando 200g a cada duas semanas, sendo seis semanas de treinamento.

    O treinamento incluiu um fortalecimento de membros inferiores com a execução da combinação sinérgica (diagonal) preconizada pelo Método de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (20), partindo de flexão, adução e rotação externa do quadril, com flexão do joelho e dorsiflexão do tornozelo e direcionando-se para extensão, abdução e rotação interna do quadril, com extensão do joelho e plantiflexão do tornozelo (20). Foram realizadas 2 séries de 12 repetições da diagonal (21), com a técnica de contrações repetidas e com resistência manual do aplicador em nível máximo que o participante conseguia realizar.

    Para finalizar o treinamento o participante realizou alongamentos gerais no trapézio, tronco, membros superiores e inferiores, sendo realizado em ortostase, com duração de vinte segundos cada, em um período de 10 minutos para a realização dos mesmos.

Avaliação da caminhada

    As avaliações foram realizadas antes do final das 12 sessões de treinamento. Assim foram comparados os parâmetros espaciais e temporais da caminhada: comprimento do passo, comprimento da passada, velocidade e cadência. A avaliação da caminhada foi conforme Umphred (22).

    Para a análise o individuo primeiramente ficou sentado para colocação de uma tira de feltro embebida em tinta têmpera na região posterior plantar dos pés, para que a marcação de cada toque do calcanhar ficasse registrada sobre a pista de caminhada. Esta pista era formada por10 metros de papel pardo.

    Para realizar a caminhada na pista, o sujeito foi orientado a iniciar a caminhada 2 metros antes do inicio da pista, para evitar o efeito da aceleração da caminhada. Foram instruídos a caminhar com velocidade auto selecionada durante todo o percurso. O final da avaliação sobre a pista era 2 metros após o término da pista, a fim de que os efeitos da desaceleração não interferissem na velocidade do teste. Somente os 10 metros, descontados os 2 metros antes e após a pista foram analisados. Foi cronometrado o tempo para calcular a velocidade, e contada a cadência de passos (pelo pesquisador) para percorrer o percurso.

    O comprimento do passo foi medido com uma fita métrica padrão (com resolução de 1milímetro), analisado as distâncias das marcas do calcanhar de um pé ao calcanhar do outro pé.

    Para medir o comprimento da passada, foi utilizado o mesmo procedimento, porém foram mensuradas as distâncias entre as marcas subseqüentes dos toques dos calcanhares de um mesmo membro. Essa mensuração dos comprimentos foi analisada após a caminhada, através dos pontos demarcados pela tinta provenientes das tiras de feltro sobre o tapete (pista).

    Cadência é a repetição do passo em uma determinada distância. Neste estudo foi utilizada a distância de 10 metros.

    O teste foi realizado duas vezes antes e duas vezes após o treinamento. Após foi escolhido de forma qualitativa pelo pesquisador o melhor resultado dos dois testes realizados (pré e pós treinamento).

Análise estatística

    As medidas foram apresentadas sob a forma de média e desvio padrão dos parâmetros espaço-temporais da caminhada. A normalidade dos dados foi avaliada através do teste de Shapiro-Wilk, e a equivalência das variâncias foi avaliada através do teste de Levene. Foi utilizado, para avaliação o Teste t de Student, para amostras pareadas o índice de significância adotado foi de α = 0,05. O pacote estatístico utilizado para os testes foi SPSS versão 17.0.

Resultados

    A tabela 1 ilustra os resultados obtidos antes e depois da realização do treinamento de 6 semanas com idosos, descrita com médias, desvios padrões e o valor de significância, para a totalidade do grupo de participantes. Como observou-se, houve diferença significativa em todos os parâmetros espaciais-temporais da caminhada, com aumento no comprimento do passo direito e passo esquerdo; no comprimento da passada direita e esquerda, ocorrendo uma diminuição na cadência, número de passos para percorrer o percurso e aumento na velocidade de deambulação dos indivíduos.

Tabela 1. Parâmetros espaço temporais da caminhada

MI= média inicial (pré treinamento muscular). MF= média final (pós treinamento muscular). DP= desvio padrão. * representa diferença significativa entre a avaliação pré e pós o treinamento.

    O gráfico 1 nos mostra a média do comprimento dos passos de cada indivíduo antes e depois do treinamento, ocorrendo significância estatística.

Gráfico 1. Comprimento do passo antes e depois do treinamento.

    No gráfico 2 como podemos observar ocorreu uma melhora na velocidade da caminhada, sendo assim diminuído o tempo para percorrer o percurso.

Gráfico 2. Velocidade dos participantes antes e depois do treinamento.

Discussão

    A caminhada em idosos tem sido investigada com crescente interesse, dada a importância que a manutenção desta representa para este grupo de indivíduos, em termos de autonomia e qualidade de vida.

    Em relação à variável comprimento do passo, que é medida pela distância do toque de um dos calcanhares ao solo até o toque do calcanhar contra lateral, esta mostrou-se dentro dos valores esperados, pois apresentou valores parecidos com encontrados na literatura. Bassey et al.,(23) encontraram um aumento no comprimento do passo após treinamento de força. A diferença encontrada neste trabalho para esta variável foi significativa p = 0,014 para o passo do membro inferior direito, sugerindo que o treinamento aumenta o comprimento de passo.

    Estudos anteriores descreveram uma diminuição do comprimento do passo e velocidade com o envelhecimento (23, 24). O encurtamento do passo está diretamente relacionado com a diminuição da passada, sendo estas duas variáveis proporcionais (25). Os achados encontrados por Murray (26) relataram um aumento do número de passos para percorrer a distância do teste feito, o que pode relacionar-se com o encurtamento do passo e diminuição da passada. Com o treinamento realizado neste estudo houve um aumento do comprimento do passo, aumento do comprimento da passada e uma diminuição da cadência de passos, com um p=0 para o passo esquerdo, p=0,002 para passada esquerda e p= 0,001 para cadência. Os resultados mostram que o treinamento de facilitação neuromuscular proprioceptiva trouxe uma diferença significativa nos parâmetros espaço temporais da caminhada.

    Callisaya (27) descreveu, em seu estudo, que o comprimento do passo e a cadência são fatores determinantes na velocidade de deambulação. Farinatti e Lopes (28) relataram que os idosos caminham com uma velocidade diminuída, explicando que isto ocorria, principalmente, em virtude de uma redução da amplitude da passada, associada a um declínio da flexibilidade de quadril e tornozelos e da redução da força dos músculos flexores do tornozelo e dos extensores e flexores do joelho. Isto seria de certa forma, compensado pelo aumento da cadência e do tempo da fase de apoio do passo, ainda que com um contato mais curto do calcanhar com o solo. A partir da segunda metade da sexta década de vida, começa a ocorrer um declínio da velocidade da caminhada, redução do comprimento do passo e da cadência, além de distúrbios da coordenação entre os membros superiores e inferiores (26). Com os resultados encontrados neste trabalho, observou-se que o grupo aumentou a velocidade após o treinamento, sugerindo que a velocidade antes do treinamento era menor, concordando com resultados dos autores acima.

    Trancoso e Farinatti (29), em um treinamento de força muscular de 12 semanas, observaram melhoras na velocidade da caminhada em mulheres acima de 60 anos. Daniels e Worthingham (30) detectaram que o treinamento da força e da flexibilidade poderia ocorrer com uma melhora da velocidade da caminhada, amplitude e cadência do passo. Fiatarone et al., (31), em um treinamento de 10 semanas com intensidade de 80% da força máxima em idosos entre 87 a 90 anos melhorou a força muscular e a velocidade da caminhada. Semelhante achado ocorreu neste estudo, pois o treinamento proporcionou melhor velocidade da caminhada e dos parâmetros espaço temporais da mesma.

    Em outro estudo realizado por Lord et al., (32), também foram identificadas melhoras significativas na velocidade auto selecionada da caminhada em idosos após 12 semanas de treinamento envolvendo atividades de: força, equilíbrio e flexibilidade, concluindo que as variáveis amplitude e cadência do passo estão associadas aos componentes da aptidão muscular (flexibilidade, força e resistência muscular de membros inferiores). Entretanto Wolfson et al.,(33) aplicando 12 semanas de treinamento de força e equilíbrio com idosos, não observaram melhoras na velocidade da caminhada, justificando que provavelmente a força e o equilíbrio já eram boas e que a velocidade dos indivíduos já era elevada. Os resultados neste trabalho foram semelhantes aos achados por Lord et al., (32), mas discordam de Wolfson (33), pois obteve-se melhoras significativas nas variáveis observadas. Neste estudo ocorreu uma melhora na velocidade da caminhada dos idosos, ocasionando um aumento do passo e aumento da passada, diminuindo o número de passos na caminhada.

    Outro estudo de Lord (34) utilizou um programa de 12 meses de exercício em 551 idosos de 62 até 95 anos, para determinar se a atividade física pode reduzir a taxa de queda em idosos frágeis. Os resultados mostraram que o exercício do grupo pode prevenir quedas e manter o funcionamento físico em idosos frágeis.

    Gleberzon et al., (35), relatam que para a independência funcional, o treinamento de força pode atenuar ou mesmo reverter um declínio progressivo das atividades de vida diária mesmo em idosos debilitados. E os ganhos funcionais observados incluem melhorias na caminhada, na velocidade da caminhada, no equilíbrio, em tarefas de mobilidade e diminuição do risco de quedas. Assim, concluiu que programas domiciliares de exercício de resistência concebido para idosos sendo uma estratégia eficaz para melhora na qualidade de vida.

Considerações finais

    Este estudo analisou os parâmetros da caminhada do idoso e com os resultados encontrados foi possível chegar às seguintes considerações: a) o treino muscular e proprioceptivo oferecido por seis semanas aumentou o comprimento do passo, bem como o comprimento da passada; b) diminui a cadência de passos para percorrer uma determinada distância; c) aumentou a velocidade da caminhada. Os resultados encontrados encontradas nos parâmetros espaço temporais da caminhada de idosos submetidos a um treinamento muscular e proprioceptivo indicam os benefícios do treinamento físico para idosos entre 60 a 75 anos.

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