O profissional de Educação Física na perspectiva da saúde El profesional de Educación Física en la perspectiva de la salud |
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*Acadêmica do 8º período no Curso de Educação Física da Universidade Estadual de Goiás. **Professora de Licenciatura Plena em Educação Física (Brasil) |
Pollyana de Vilela* Suzianne Morais** |
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Resumo O presente artigo trata das questões relativas à saúde e da atuação do profissional de educação física frente às mudanças que vem ocorrendo na sociedade. Uma das mais importantes está relacionada com o conceito de saúde que perpassa por um momento em que é tido de forma reducionista, com uma visão apenas biológica e num segundo momento abrange um conceito mais amplo e completos, tendo como foco elementos biopsico e sociais além de toda a estrutura que compõe organização social. Unitermos: Saúde. Educação física. Profissional.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Muitas vezes a questão de exercício físico e saúde são colocadas como uma via de mão única, de forma que o indivíduo que apresenta parâmetros fisiológicos de acordo com o que é considerado adequado traz a impressão de este seja considerado como uma pessoa saudável, com ausência de doenças, que na realidade nem sempre é possível se basearem somente nessas características e aparências puramente físicas, que de fato deveriam também ser analisadas.
Para Mira (2003), é mais do que necessário se analisar e reavaliar nossas argumentações e relações por nós colocadas sobre o exercício físico e a saúde, de forma que saibamos trabalhá-la em conjunto com outros fatores existentes para uma formação autônoma de saúde, de socialização e olhar crítico de nossos alunos.
A saúde
A perspectiva educação física e saúde vêm sendo amplamente discutidas no que se refere às questões biológicas em que a própria atividade física traz benefícios a saúde, previne doenças e etc. Porém essa ótica biológica apenas retrata uma parte da realidade em que situa o individuo. (Pitanga, 2002).
Nesse aspecto é importante perceber os significados de saúde e suas relações com o homem, o meio e a educação física.
Em seu artigo, Palma (2001) cita alguns significados de saúde e ressalta uma perspectiva reducionista das mesmas. Assim, saúde significava freqüentemente a ausência de doença, e mais tarde como um bem estar tanto físico, como social e mental, completo e não somente a ausência de doença. Em seguida afirma que:
Estas perspectivas, embora aparentem diferenças, engendram analises reducionistas, uma vez que para elas: a) as doenças decorrem de determinismos biológicos; b) o foco é centrado no indivíduo; c) a ausência de doenças é o “marcador” saúde; e, d) a idéia ingênua de “completude” ou perfeição. Neste sentido, o primeiro problema que daí decorre, refere-se ao processo de “culpabilização” do individuo frente ao aparecimento de doenças que, em ultima instancia, poderiam ter sido evitadas (PALMA, 2001).
Dessa forma busca-se entender a complexidade do sentido de saúde e da ação positiva da educação física, visto que seria então muito mais fácil alterar os hábitos do individuo, e lhes proporcionar conhecimento e autonomia própria sobre a sua saúde oferecendo assim a restauração e continuidade de tais hábitos.
Nesse sentido Palma (2001) ressalta que uma nova concepção de saúde foi apresentada no relatório da VIII Conferencia Nacional de saúde. Em que:
Saúde é o resultante das condições de alimentação, habitação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. É, assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis da vida. (apud MINAYO apud PALMA, 2001).
Assim, a saúde passou a ser compreendida como uma multiplicidade de processos biológicos, ambientais, sociais, político e econômico, que se inter-relacionam. Santos et al (2009) diz que, portanto, o foco de análise compreende o coletivo, superando a visão individual do sujeito, no qual as desigualdades são evidenciadas pelo olhar amplo da sociedade.
Já que para Palma (2001), a desigualdade social, é um elemento fundamental para examinar as questões relativas à liberdade e desenvolvimento humano e, a saúde.
Tais desigualdades dificultam então o acesso aos serviços de saúde em todo seu complexo, desde as políticas para saúde até a prática de atividades físicas. De forma que os indivíduos de fato deveriam obter direitos e liberdade de acesso a esses meios.
Mira (2003) traz em seu artigo encontrado no livro, A saúde em debate na educação física, uma breve discussão acerca da casualidade tão abordada entre causa e efeito do exercício físico e saúde, tendo como objeto de estudo o exercício físico como garantia e única forma direta de se obter saúde.
O mesmo inicialmente discute a questão de que na realidade, o exercício físico vem sendo o único a ser relacionado com a saúde que de fato não é garantida e considerada somente por questões físicas e biológicas por somente a prática de exercícios, mas sim em conjunto com bons hábitos de vida, de acesso a uma alimentação, água e saneamento básico para que possa levar a um bem-estar integral do homem que interaja com boas relações psicossociais, com o gosto e acesso a esse aluno que de fato deveriam ser consideradas não somente para validar o desenvolvimento de saúde do homem, mas também ser considerada na prescrição de exercício pelo profissional de saúde e também pelo profissional de educação física.
Saúde coletiva e o profissional de Educação Física: uma nova perspectiva
Ao se observar a questão do profissional de Educação Física relacionada à saúde, pode-se visualizar que muitas vezes tal prática se encontra de maneira simplória e, sem muita atenção e discussões acerca de possibilidades de participação e ação numa construção de princípios de saúde e ética para com a população.
Carvalho (2001), ao abordar essa questão da intervenção deste profissional para com a saúde, relata a falta de discussões e experiências na área de melhor entendimento para intervir em novas situações que a tornem mais amplas e valorizadas tanto pela população, que carece de novas perspectivas de saúde, quanto pelas outras áreas e campos de saber que trabalham também no caráter de saúde coletiva.
Ao analisar nossas atuações, muitas vezes nos deparamos em trabalhar de maneira determinada e invariável quanto à execução e escolha de exercícios, em seus resultados fisiológicos e biológicos, sem, no entanto analisar ou conter embasamento teórico, experimental e crítico quanto à comunidade trabalhada sobre “o que fazer”, “o porquê” e “como se tomar” essa medida. Vale lembrar que os aspectos biológicos, fisiológicos e motriz não devem ser esquecidos ou deixados de lado no estudo e avaliação de sua forma de trabalho, mas que estes devem estar relacionados também com aspectos sociais, psicológicos e culturais.
Para Carvalho (2001), um dos problemas citados seria que antes mesmo de analisar tal prática, nem mesmo os termos e os estudos utilizados por nós profissionais de educação física em fóruns e debates que a relacionam com a saúde e tão valorizados em nossa atuação, de fato são discutidos ou levados para a prática, como foi exemplificado pela autora o termo “qualidade de vida”, que ao citar Minayo et al (2000) diz se tratar de “(...) uma representação social criada a partir de parâmetros subjetivos e objetivos. (...)” (p. 01); que de certa forma se relaciona o bem-estar, o amor como subjetivo e a garantia de necessidades básicas como a alimentação, saúde e cidadania como objetivos do homem. Será que de fato estaríamos contribuindo para tal garantia de formação humana para além de analises e resultados quantitativos?
Outra questão colocada pela autora diz respeito à falta de integração e diálogo para se discutir saúde para além do âmbito de Educação Física, onde ao dialogar com outras ciências seria possível ampliar não somente nossa visão e formação profissional para com o mundo, como também nos capacitar a ver, rever e criar atuações frente a constantes desafios encontrados, pois
As possibilidades de intervenção diversificam e multiplicam-se e não são pontuais. Resultam de discussões amplas envolvendo diferentes sociedades e realidades, tanto do ponto de vista filosófico, cultural e social como econômico e político com a intenção de investir na qualidade de vida das populações sejam ricas, sejam pobres, do hemisfério norte ou do sul. (...) (CARVALHO, 2001, p. 4).
Para isso, poderíamos pensar no meio de nossa atuação em que ambiente de trabalho, em que realidade estamos e/ou vamos trabalhar, assim como nossas possibilidades de intervenção, pois e sabido que a saúde coletiva mesmo que tendo ideais de garantir ao cidadão qualidade de vida de maneira descentralizada e global, na pratica ela não se encontra validada desde por questões políticas, financeiras e ate mesmo culturais e regionais.
Sobre a distribuição de acesso a saúde coletiva, Marques (2007) destaca em seu trabalho que mesmo partindo do principio de uma saúde equilibrada e propiciada para toda a população, de fato ela se encontra centralizada por questões de mercado, regionais e culturais, entre governos devido às verbas aplicadas no serviço de saúde municipal, regional e outros fatores; que para a autora deixam a desejar ao se analisar especificamente cada região do país, em que o Brasil, por exemplo, acaba por ter nas regiões Sul e Sudeste maior taxa de natalidade e acesso a qualidade de vida, se comparado ao Norte e Nordeste do país.
Considerações finais
Nesse sentido, a atuação do profissional de educação física não deve de fato ser individualizada se obtém realmente como objetivo buscar trazer melhor qualidade de vida e saúde as populações que de fato deveriam usufruir desse direito. Nossa atuação necessita caminhar, dialogar e trabalhar em conjunto com outras áreas e campos do saber, das políticas públicas e etc.
Ainda assim, é necessário que se saiba que como dito por Hallal (2007) haverá dificuldades em se analisar o paradigma da saúde em relação com as atividades físicas, devido a pouca valorização e referenciais de pesquisas sobre tal assunto sendo realizadas para e pelo o país, ressaltando desde já futuros desafios e caminhos a serem re-escritos nessa nova perspectiva de trabalho voltado para uma saúde ampla e integral do ser humano.
Referências
CARVALHO, Yara Maria de. Educação Física e Saúde: releitura e perspectiva. In: Congresso Brasileiro de ciências do esporte. 12. Anais. Caxambu. MG: outubro/2001.
HALLAL, Pedro Curi et al. Evolução da pesquisa epidemiológica em atividade física no Brasil: revisão sistemática. Revista da Saúde pública. Vol. 41 n.3 2007.
MARQUES, Rosa Maria, MENDES, Áquilas. Democracia, Saúde Publica e Universalidade: o Difícil Caminhar. Saúde e Sociedade. Vol. 16 n.3 2007.
MIRA, Carlos Magalhães. Exercício Físico e saúde: da critica prudente. In: A saúde em debate na educação física. Blumenau – SC. Edibes, 2003.
PALMA, Alexandre. Educação Física, Ciência e Saúde: Outras Perspectivas. In: Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, XII, Caxambu, MG. Anais. 2001.
PITANGA, Francisco José Gondim. Epidemiologia, atividade física e saúde. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Vol. 10 n.03. 2002.
SANTOS, Marcel Invan dos. Et al. Percepções da educação física no campo da saúde coletiva: limites e possibilidades. In: EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 136, 2009. http://www.efdeportes.com/efd136/educacao-fisica-no-campo-da-saude-coletiva.htm
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