Conhecendo montanhismo e a escalada em rocha Conociendo el montañismo y la escalada en roca |
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Docente do Instituto de Educação Rangel Pestana - RJ Graduado e Licenciado em Educação Física (UNIABEU) Pós Graduação em Educação Ambiental (UCAM) |
Luciano de Almeida Feitosa (Brasil) |
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Resumo Este artigo apresenta o montanhismo e a escalada em rocha como uma prática de atividade física em ambiente natural sendo uma das modalidades crescente nos dias atuais, abordando sobre seus praticantes em variados níveis de experiências, equipamentos próprios, os tipos comumente encontrados de escalada em rocha bem como algumas das classificações dos níveis de dificuldades da escalada. Unitermos: Montanhismo. Escalada em rocha. Atividade física.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
As atividades em meio ambiente natural vêm apresentando cada vez mais adeptos e nesse cenário aparece o montanhismo que inclui atividades como escalada em rocha e caminhada, chegando à ordem de 50 milhões somente nos Estado Unidos (CASTELO BRANCO. 2005 apud ALVES JUNIOR & DIAS. 2007).
Buscando uma melhor compreensão dessa atividade, é feita uma apresentação acadêmica abordando de forma geral os aspectos de maiores relevância de suas peculiaridades, praticantes, equipamentos e as modalidades comumente encontradas.
Montanhismo
O montanhismo consiste na ascensão ao cume de montanhas, seja por caminhadas, seja por escaladas, acampamentos e trilhas, levando o indivíduo necessariamente ao contanto com o ambiente natural, na busca de atividades físicas e lazer fora da agitação dos centros urbanos, assim como acontece em outras modalidades de excursionismo. Como mostra (CUNHA & RAUSCHMAYER, 2008, p. 5):
“O montanhismo pode ser definido como ascensão de montanhas por caminhada ou escalada. Faz parte de um conjunto de atividades bastante amplo, denominado Excursionismo.
[...] envolve inúmeras modalidades, tais como o próprio montanhismo, o campismo, a exploração de cavernas, a canoagem, o mergulho, os roteiros culturais, os passeios recreativos etc.”
Esse tipo de atividade vem sendo cada vez mais procurado pelas pessoas na ocupação do tempo ocioso através do lazer e como alternativa na busca pela melhoria na qualidade de vida, pois, estando em contato com a natureza o indivíduo, tem a oportunidade de aproximar-se mais de si, através da ausência de muitos fatores geradores do estresse, na medida em que se afasta da agitação dos grandes centros urbanos, levando-o a reflexões que lhe são usurpados pela turbulência cotidiana. Como aponta (FEITOSA, 2008):
“Os ambientes naturais são cada vez mais procurados para práticas de atividades, sejam elas em prol do lazer ou da melhoria da qualidade de vida, no entanto parte dessas atividades necessita de equipamentos, cursos de habilitação e como fator de segurança a prática com pessoas mais experientes. Assim encontramos o montanhismo, o rafiting, o vôo de asa delta e parapente, entre outros.”
A prática do montanhismo exige cuidados específicos para a atividade por, além de ser uma atividade praticada no ambiente natural, exige do indivíduo o uso de equipamentos, cursos, companhia de pessoas experientes como fator de segurança, conforme citado anteriormente.
Montanhistas, Guias e Escaladores
As pessoas que praticam montanhismo ou mesmo escalada em rocha, podem ser classificadas de acordo com o seu grau de conhecimento e atuação assumindo assim, de uma forma geral, o nome de montanhista. Nesse sentido o termo “alpinista”, comumente usado, caracteriza-se apenas pelos que fazem ascensão de Alpes, devido suas peculiaridades técnicas e topográficas.
As atividades de montanhismo exigem conhecimento e experiência, por isso se faz necessário a figura do “guia”, que no tocante a escalada se apresenta como: guia de cordada e guia de montanha. O guia de cordada é o primeiro durante a escalada tendo o maior risco, o de cair, conduzindo outra pessoa durante a escalada em rocha e em locais, normalmente, de fácil acesso. O guia de montanha possui as funções de um guia de cordada de maneira ampliada, a ele cabendo o planejamento e execução de uma excursão onde, por vezes, é difícil o acesso a montanha até mesmo para equipes de salvamento e nesse caso aumentam-se as responsabilidades, os riscos. Já os escaladores são pessoas com um menor grau de conhecimento e experiência que acompanham os guias.
Dentre os conhecimentos necessários a prática do montanhismo, em especial para os guias, é apontado como necessários: os de técnicas de escalada, caminhada e acampamento, noções: de clima, anatomia e fisiologia básica, primeiros socorros, animais peçonhentos, cartografia, educação ambiental, nutrição, planejamento, história local e demais afins.
Equipamentos e funções
Na escalada em rocha existem diversos equipamentos necessários para a ascensão e segurança dos escaladores e alguns deles possui variações de formatos, porém com a mesma função geral. Dentre os de escalada veremos os essenciais e específicos, descartando os demais que fazem parte do contexto em outras situações como: materiais de primeiros socorros, materias para caminhada, pernoite e outros. De forma ilustrativa, dividimos os equipamentos em os de uso individuais e de uso coletivo.
Equipamentos de uso individual: 1) mosquetão: serve para prender dois equipamentos a fim de prever segurança; 2) capacete: serve para proteger a cabeça do escalador; 3) freio oito: serve para auxiliar a descida durante o rapel; 4) baudrier ou cadeirinha: serve para dar segurança ao escalador de forma a prendê-lo a corda (através de um nó) ou no grampo (através do uso de fita e mosquetão); 5) fita: serve para prender o escalador ao grampo, para costura e montagem de parada; 6) sapatilha: calçado apropriado para a escalada em rocha, bem justo ao pé, possui um solado de borracha extremamente rígido e aderente.
Equipamentos de uso coletivo: 7) costura: serve para prender a corda ao grampo que já se encontra afixado a rocha; 8) corda: principal equipamento utilizado para a segurança do escalador e guia, como também para a descida (rapel) feita de material resistente que permite a absorção de parte do impacto da queda por sua pequena capacidade elasticidade; 9) 9.1) grampo e 9.2) chapeleta: material que é afixado por um escalador no processo de “criação” (conquista) de uma nova via de escalada, sendo para isso necessário equipamentos específicos como máquina de furar a base de bateria ou martelo e talhadeira própria. Este processo de conquista de via é feita por escaladores com muita experiência e, uma vez conquistada a via, não será mais necessário repetir este processo.
Tipos de Escalada em Rocha
A escalada em rocha pode ser classificada de acordo com sua prática nas seguintes modalidades: Clássica ou Tradicional, Esportiva, top rope, Boulder, Artificial ou “em móvel”, além da escalada “indoor”, que embora não seja um tipo de escalada em rocha serve como forma de treinamento para a mesma.
Escalada clássica ou tradicional: o objetivo é atingir o cume da montanha ou da via de escalada, com extensão superior a 50 metros, possui grampos (proteção) para fixação de equipamentos de segurança (costura) e proteções duplas ou paradas duplas (dois grampos próximos entre si).
Escalada esportiva: é uma modalidade onde se exige maior empenho de força e técnica onde o objetivo não é chegar ao cume e sim, vencer (ultrapassar) partes difíceis, possuindo proteções bem próximas reduzindo ao máximo o risco de quedas.
Escalada em top rope: é um tipo de escalada onde se põe uma corda como proteção na parte de cima, com a finalidade de dar segurança ao escalador de forma que o mesmo não caia, e sim fique praticamente içado todo o tempo, é uma técnica utilizada nas escaladas em boulder, para os iniciantes em suas primeiras aulas e, por vezes, na escalada esportiva. Exige obviamente um acesso fácil a parte de cima da via ou mesmo que alguém escale da maneira tradicional para a fixação da corda.
Escalada em boulder: são escaladas feitas em pequenos blocos de rocha, com o objetivo de vencer partes difíceis, similar a escalada esportiva, porém em menor escala e dispensa, em sua maioria, equipamentos de segurança, uma vez que é bem próxima ao solo, utilizando somente sapatilha e bolsa contendo magnésio para manter as mãos secas.
Escalada Artificial ou “em móvel”: é um tipo de escalada semelhante à tradicional/clássica, porém se difere da mesma pelo fato de não haver na via os grampos para a proteção sendo necessária a colocação de equipamentos removíveis específicos no momento da escalada, que são fixados em fendas naturais.
Escalada indoor: é um tipo de escalada feita fora do ambiente natural, em paredes ou placas de madeiras que possui diversos pontos afixados que simulam áreas rochosas, este tipo de escalada é muito utilizado para treinamento com também para competições.
Graduação de Via de Escalada: uma forma de classificar o nível de dificuldade
As vias de escalada apresentam diversos níveis de dificuldades que são mensurados de forma subjetiva através da experiência de quem a conquistou (criou), como também pela dos demais que a escalam e apresentam sua opinião, até que se chegue a um consenso, sendo a palavra final a do escalador que a conquistou. Este sistema visa oferecer ao escalador uma previsão do nível de dificuldade que encontrará, possibilitando a escolha de vias que estão de acordo com a sua atual condição técnica e psicológica, evitando assim alguns imprevistos e consequentemente acidentes. Numa escala de I a XI, padrão da International Mountaineering and Climbing Federation (UIAA) entidade responsável pelo esporte em nível internacional, podemos ilustrativamente classificar como as vias de até IV grau como as mais comuns feitas por escaladores em geral, as de até VIIsup por escaladores que praticam com frequência e com uma técnica mais elevada, e as acima deste que exigem proporcionalmente uma técnica bem apurada e dedicação assídua.
Para fins de ilustração encontramos as vias graduadas de forma geral de I a XI no modelo apresentado pela UIAA, possuindo subdivisões com o nome de “sup” até o VI grau, ou seja, VIsup, deste em diante usa-se ao letras “a, b, c”. Vejamos o exemplo: I, II, IIsup, III, IIIsup até VIsup. Deste em diante vemos: VIIa, VIIb, VIIc, VIII, VIIIa.
No Brasil esta graduação é apresentada de seguinte forma, se uma via de uma maneira geral apresenta uma dificuldade de III grau e com um trecho mais difícil (crux da via) de V grau, este aparece com as classificações. Podendo assim ampliar as opções e incentivar os escaladores a melhorarem sua capacidade técnica. Exemplo: 3º V.
Segue abaixo um modelo de graduação de vias de escalada e suas correlações com outros sistemas.
Tabela de graduação de vias de escalada e correlações com outros sistemas
UIAA/Suíça/Áustria (Europa central) |
Brasil |
França/Itália/Espanha |
USA |
|
1 |
|
5.1 |
I |
1+ |
1 |
5.2 |
II |
2 |
2 |
5.3 |
III |
2+ |
3 |
5.4 |
IV |
3 |
4a |
5.5 |
V- |
3+ |
4b |
5.6 |
V |
4 |
4c |
5.7 |
V+ |
|
|
|
VI- |
4+ |
5a |
5.8 |
VI |
5 |
5b |
5.9 |
VI+ |
5+ |
5c |
5.10a |
VII- |
6 |
6a |
5.10b |
VII |
|
6a+ |
5.10c |
|
6+ |
6b |
5.10d |
VII+ |
7a |
6b+ |
5.11a |
VIII- |
7b |
6c |
5.11b |
VIII |
7c |
6c+ |
5.11c |
|
|
7a |
5.11d |
VIII+ |
8a |
7a+ |
5.12a |
IX- |
8b |
7b |
5.12b |
IX |
8c |
7b+ |
5.12c |
|
9a |
7c |
5.12d |
IX+ |
9b |
7c+ |
5.13a |
X- |
9c |
8a |
5.13b |
|
10a |
8a+ |
5.13c |
X |
10b |
8b |
5.13d |
|
10c |
8b+ |
5.14a |
XI- |
11a |
8c |
5.14b |
|
11b |
8c+ |
5.14c |
XI |
11c |
9a |
5.14d |
|
12a |
9a+ |
5.15a |
Graduação de vias de escalada e correlações com outros sistemas
Considerações finais
Este artigo se prestou a apresentar de forma superficial o montanhismo e a escalada em rocha como sendo uma atividade física em meio natural, em suas generalidades sendo possível visualizar algumas modalidades encontradas, tipos de praticantes, equipamentos e suas funções como também níveis de dificuldades das vias de escalada. Busca-se assim contribuir academicamente com essa pesquisa e incentivar estudo futuros sobre este tema.
Referências
CUNHA, Márcio; RAUSCHMAYER, Hans. Apostila do Curso Básico de Montanha. Impressão Própria do Clube Excursionista Light. Rio de Janeiro: Atualização 2008.
DAFLON, Cintia Adriane de Aquino; DAFLON, Flávio Henrique Alves. Escale melhor e com mais segurança. Rio de Janeiro: 2007.
DIAS, Cleber Augusto Gonçalves; ALVES JUNIOR, Edmundo de Drumond. Entre o Mar e a Montanha: esporte, aventura e natureza no Rio de Janeiro. Niterói, RJ: Ed UFF, 2007.
FEITOSA, Luciano de Almeida. Corrida de orientação: conhecendo para trilhar novos caminhos. In: 3º Congresso de Atividades de Aventura, 2008, Santa Teresa/ES. ANAIS 3º CBAA.
PORTELA, A. y SAWIAK FEITOSA, K.J. (2006) Escalada em rocha e seu potencial para a prática na região do município de União da Vitória. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 102. http://www.efdeportes.com/efd102/rocha.htm
QUEIROZ, Delson Luiz Martins de; DAFLON, Flávio Henrique Alves. Guia de Escaladas da Urca. 3º edição revisada e atualizada 2002. Rio de Janeiro: 1996
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