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Circo nas aulas de Educação Física. 

Relato de experiência para ensino médio

El circo en las clases de Educación Física. Relato de una experiencia en escuela media

 

Professora de Educação Física na Escola Sagrada Família, Jandira, SP

Especialista em Educação Física Escolar- FMU

(Brasil)

Alessandra Aparecida Dias Aguiar

alessandraef@bol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho relata a pratica que realizei ao notar que as atividades circenses faziam parte da vida de meus alunos. O trabalho realizado visou à oportunidade de vivenciar movimentos e técnicas do circo diversas além criarem seus próprios movimentos.

          Unitermos: Educação Física. Circo. Ensino Médio.

 

Trabalho realizado na Escola Sagrada Família, Jandira, São Paulo, durante o segundo semestre de 2008 com os alunos do Ensino Médio.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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“Vai, vai, vai começar a brincadeira
Tem charanga tocando a noite inteira
Vem, vem, vem ver o circo de verdade
Tem, tem, tem picadeiro e qualidade...”

O Circo. Nara Leão e Sidney Miller

    O processo de ensino e aprendizagem não necessariamente tem que ser motivador, agradável e prazeroso. Porém decorar regras de esportes, fazer cópia, correr por correr, não tem significado de aprendizagem dentro das aulas de Educação Física. Esse componente curricular vai muito, além disto, pois o professor elege sua prática, dentro de uma perspectiva que deve corresponder às exigências do processo construção da função social e cultural da Educação Física no contexto escolar.

    Na escola a Educação Física tem por finalidade introduzir e integrar o aluno no âmbito da cultura corporal do movimento tendo como ótica formar o cidadão que possa usufruir, compartilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas culturais no exercício de sua motricidade. Daólio (2003) diz que a Educação Física escolar se apresenta numa perspectiva cultural, e a partir deste referencial que a consideramos como uma parcela da cultura corporal, ou seja: ela se constitui numa área de conhecimento que estuda e atua sobre um conjunto de práticas ligadas ao corpo e ao movimento, criadas e efetivadas pelo homem ao longo de sua história.

    Para Betti (1991) a Educação Física deve ser, progressiva e cuidadosamente, conduzir o aluno a uma reflexão crítica que o leve à autonomia no usufruto da cultura corporal do movimento. Formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando o exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida, partindo de alguns princípios pedagógicos tais como: princípio da inclusão, princípio da diversidade e princípio da alteridade.

    No ensino da Educação Física escolar, pode-se partir do variado repertório de conhecimentos que os alunos já possuem sobre diferentes manifestações corporais e de movimento, buscando aprofundá-los e qualificá-los criticamente. Dessa maneira espera-se levar o aluno, ao longo de sua escolarização e após, as melhores oportunidades de participação e uso dos conhecimentos oferecidos e desenvolvidos ao longo da vida escolar.

    O jogo, assim como a atividade artística, é um elo integrador entre os aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais. Por isso, partimos do pressuposto de que é brincando e jogando que a criança ordena o mundo à sua volta, assimilando experiências e informações e, sobretudo, incorporando atividades e valores.

    Segundo Duprat (2007), o circo é uma das manifestações artísticas mais antigas do mundo. Quem nunca sorriu com a piada de um palhaço? Sentiu frio na barriga em um vôo do trapezista? Ficou curioso com as habilidades do mágico? Sentiu vontade de manusear as bolinhas? É uma prática com um alto valor sócio-cultural e que está tendo um aumento significativo do interesse popular nos últimos tempos.

    Além disso, esta atividade centenária traz consigo valores educacionais fundamentais para a vida em uma sociedade contemporânea e a importância do Circo enquanto parte relevante da manifestação cultura corporal.

    A arte circense exerce certo fascínio por sua plasticidade e efeito visual a quem assiste e aos que praticam, torna-se então uma pratica tentadora para superação de limites, por vivenciar o corpo em maneiras diversas e propor inúmeros desafios a serem explorados e vencidos.

Criando um circo

    Apresentamos, a seguir, o plano de aula, que desenvolvemos com os alunos do Ensino Médio na escola Sagrada Família, Jandira-SP, no semestre de 2008.Trata de uma seqüência em que os alunos denominaram de “Circo de Chulé” e cuja execução contou com a participação de todos, confeccionando o figurino, adereços, atividades motoras, cenário, cronograma e a organização do espetáculo.

    Objetivo

  • Ampliar o conhecimento sobre a cultura corporal;

  • Conhecer as relações do circo com aspectos políticos, econômicos, e sociais;

  • Aprender sobre as diferentes funções motoras e artísticas;

  • Aprender a organizar um evento.

    Conteúdo

  • Manifestações culturais. 

  • Atividades circenses.

  • Jogos e ginástica.

    Público alvo

  • 1º, 2º e 3º anos.

    Desenvolvimento

1ª etapa

    O primeiro passo é identificar e discutir sobre o circo. Inicie o diagnóstico com uma roda de conversa. Pergunte: quem já foi ao circo? Quais movimentos conseguem fazer? Quais podem ser feitos na escola? Construa uma lista e eleja junto com a classe, os movimentos possíveis de serem realizados na escola.

2ª etapa

    Hora de investigar a origem do circo, sua história e evolução. Peça aos alunos uma pesquisa em enciclopédias e sites com base em um roteiro mínimo: quem inventou o circo? Onde e quando isso aconteceu? Em quais locais que ele é popular? Que habilidades exigem? Como evoluiu em termos de habilidades e estruturas? Qual a função e importância do sonoplasta e do contra regra no circo?

3ª etapa

    Realize uma primeira prática, montando um circuito com estações de exercícios de solo (rolamentos), exercícios de equilíbrio (com pratos, cabo de vassoura), exercícios de manipulação (com bolinhas, diabolo), de forma que os alunos possam vivenciar diferentes funções. Em seguida, reúna a turma para um pequeno debate, com o objetivo de levá-los a refletir sobre o circo. Quais os mais difíceis de executar? Quais as habilidades necessárias para cada função? E o palhaço e o mágico são difíceis representá-los?

    Explique para turma, que terão que montar um espetáculo e se apresentarem para as crianças menores da mesma escola ou do bairro. Marque uma data para a apresentação.

4ª etapa

    Momento de retomar a prática – dessa vez, ampliada pela reflexão e pela pesquisa da turma. Divida a classe em seis grupos, deixando a cargo de cada um, uma etapa específica da organização: 1º grupo: Contra Regra, preparação do espaço, dos materiais e do cronograma de apresentação do espetáculo. 2º grupo: Sonoplastas, responsáveis pelo som na hora do espetáculo e organização das músicas. 3º grupo: responsáveis em montar uma apresentação de palhaços. 4º grupo: responsáveis para montar uma apresentação com malabarismo. 5º grupo: responsáveis para montar uma apresentação de equilíbrio. 6º grupo: responsáveis para montar uma apresentação de mágicos. Ressalte que o planejamento precisa ser feito levando em conta que todos devem ter um tempo determinado para suas apresentações.

5ª etapa

    Depois de divididos os grupos é hora de colocar a mão na massa, deixem que os grupos se reúnam e discutam a melhor forma de organização e seqüência das atividades. Verifique, sobretudo, se a moçada entende e valorizam a importância do trabalho em grupo e a necessidade de adaptação de espaços, materiais para que todos possam participar. Deixem criarem os movimentos que quiserem, tomando cuidado com os espaços e materiais utilizados a fim de evitar acidentes.

6ª etapa

    Depois de ensaiado é hora de verificar os detalhes com os grupos, como figurinos, cenário, som, cronograma e as apresentações. Proponha um novo debate, discutindo com a turma as dificuldades.

7ª etapa

    Apresentação do espetáculo.

    Depois da apresentação, finalize com uma roda de conversa sobre a relação do trabalho em grupo. Divida a turma novamente nos mesmos grupos, pedindo que cada grupo coloque seus questionamentos..

Avaliação

    Com base nas rodas de conversa, nas pesquisas e na participação nas atividades práticas. Avalie ainda a seleção de fontes de informação, o trabalho em grupo. Em termos atitudinais, se os estudantes escutam os outros nas rodas de conversa e se deixam os colegas falarem. Conceituais se conseguiram aprender e compreender a importância do circo e procedimentais se conseguiu executar os exercícios e suas funções de grupos.

“...Vai, vai, vai terminar a brincadeira
Que a charanga tocou a noite inteira
Morre o circo, renasce na lembrança
Foi-se embora e eu ainda era criança.”

O Circo. Nara Leão e Sidney Miller

Referências

  • BETTI, M. Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.

  • BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física. Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília, MEC/SEF, 1997.

  • DAÓLIO, J. Cultura, educação física e futebol. Campinas: Editora da Unicamp, 2003.

  • DUPRAT, R. M. Atividades circenses: possibilidades e perspectivas para educação física escolar. 2007. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP.

  • NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Pedagogia da Cultura Corporal: Crítica e alternativas. São Paulo: Phorte, 2006.

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