Atendimento fisioterapêutico no puerpério imediato. Estudo de caso La terapia física en el puerperio inmediato. Estudio de caso |
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Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC (Brasil) |
Priscilla Geraldine Wittkopf |
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Resumo O período pós parto é definido como puerpério, neste período ocorre o retorno das estruturas que sofreram alterações durante o período gravídico. Este estudo tem como objetivo descrever atuação fisioterapêutica e evolução de uma puérpera jovem. Foi incluída no estudo uma puérpera jovem, primípara que recebeu atendimento fisioterapêutico após submetida a cirurgia cesariana. Foram avaliados a mecânica respiratória, a presença de edema de membros inferiores, a diástase dos retos abdominais, a avaliação de formação de trombos e a dificuldade na amamentação. Durante o atendimento foram feitos exercícios respiratórios, metabólicos e fornecidas informações acerca da amamentação. A puérpera inicialmente apresentou mecânica respiratória alterada e edema de membros inferiores, estando reduzidos na segunda avaliação. A amamentação apresentou melhoras nos escores dos domínios propostos após os atendimentos fisioterapêuticos. Unitermos: Atendimento fisioterapêutico. Puerpério.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Durante a vida da mulher ocorrem muitas alterações fisiológicas sistêmicas, estas alterações incidem com mais frequência no período gestacional e são necessárias para o perfeito crescimento e desenvolvimento fetal1. Durante este período, para acomodar o útero em expansão e em decorrência das influências hormonais da gravidez, a linha Alba se torna alongada, o que coloca os músculos abdominais em desvantagem, ocasionando a diástase dos retos abdominais (DRAM), em que estes se separam ao longo da linha média2. A ocorrência de DRAM é mais comum no ultimo trimestre gestacional e no puerpério e tem como fatores predisponentes a obesidade, a multiparidade, a macrossomia fetal, a flacidez da musculatura abdominal, o polidrâmnio e as gestações múltiplas3.
Além disso, com o crescimento uterino e a ação da progesterona a biomecânica diafragmática também pode alterar-se, refletindo-se em um padrão respiratório deficiente que pode manter-se após o parto. Neste período alterações hemodinâmicas e presença de edema, especialmente em membros inferiores, são comuns4.
O período pós parto é definido como puerpério e encerra quando as modificações fisiológicas sistêmicas da gravidez e do parto retornam ao estado pré gravídico2. O período puerperal pode ser dividido em pós parto imediato (1º ao 10º dia), pós parto tardio (11º ao 45º dia) e pós parto remoto (além do 45º dia)4.
No puerpério imediato ocorrem as maiores alterações nas mamas, inicialmente com a sucção do recém nascido (RN) é liberado o colostro, rico em fatores imunizantes, e durante as 72 horas subsequentes, dependendo do estímulo gerado pela sucção do RN, ocorre a apojadura5. Nesse período de adaptação e aprendizado diversos são os fatores que podem influenciar na amamentação. Quando não há um bom posicionamento para o lactente, ou a preensão da região mamilo-areolar não é feita de forma correta podem aparecer fissuras e ingurgitamentos nas mamas acarretando dor intensa e interrupção do aleitamento6, 7.
A intervenção fisioterapêutica, fundamentada, no pós parto imediato pode evitar ou minimizar problemas como: disfunções do assoalho pélvico, alterações posturais, disfunções musculoesqueléticas e uroginecológicas, DRAM3, fadiga, dificuldade de amamentação8, bem como complicações clínicas relacionadas ao sistema cardiovascular e respiratório; além de diminuir as possíveis dores e desconfortos que possam estar presentes2,9.
Diante do exposto o presente estudo de caso tem como objetivo descrever atuação fisioterapêutica e evolução de uma puérpera jovem.
Métodos
Foi incluída no estudo uma puérpera jovem, 19 anos, submetida à cirurgia cesariana no dia 21 de abril de 2010 a 1 hora e 30 minutos na Maternidade Carmela Dutra de Florianópolis-SC. Primípara, com Idade Gestacional(IG) de 36semanas compareceu na primeira consulta pré-natal no dia 6 de outubro de 2009 pesando 58Kg e na última no dia 24 de março de 2010 quando pesava 67Kg. O Recém nascido com 3.100g mamou na primeira hora após o parto.
A Puérpera foi avaliada em dois momentos: antes do primeiro atendimento fisioterapêutico e ao final do terceiro atendimento fisioterapêutico. Foi avaliado a mecânica respiratória através da ausculta pulmonar, freqüência respiratória e análise do ritmo e padrão respiratório10; a diástase dos retos abdominais com a puérpera em decúbito dorsal, com quadril e joelhos flexionados e os pés apoiados no leito foi pedido uma flexão de tronco até descolarem as bordas inferiores das escápulas do leito e em seguida medida a separação das bordas mediais do reto abdominal, quatro cm acima da cicatriz umbilical e em cima desta;3 a presença de edema de membros inferiores através da inspeção; a avaliação de formação de trombos através da palpação da fossa poplítea até região maleolar3; e a dificuldade na amamentação através de um formulário de observação e avaliação da mamada publicado pela UNICEF. Este formulário avalia os comportamentos favoráveis e os comportamentos indicativos de dificuldades através de 5 domínios: posição, respostas, estabelecimento de laços afetivos, anatomia e sucção (figura 1)11.
Figura 1. Formulário de observação e avaliação de mamada
Nas três sessões de tratamento foram realizados exercícios respiratórios com conscientização diafragmática, inspiração máxima e freno labial12, exercícios metabólicos para membros inferiores, assim como instruções de posicionamento dos membros inferiores em elevação e incentivo a deambulação3. Além dos exercícios, foram passadas instruções acerca da amamentação tais como: a puérpera deve sentar-se em uma cadeira com apoio de braços e um travesseiro no colo, ao segurar o lactente com segurança em um braço a mão apóia firmemente as nádegas, a mão livre faz um C ao segurar a mama sem obstruir a aréola, o corpo do lactente deve estar totalmente virado para a puérpera com o queixo encaixado na mama, o recém nascido pega além do mamilo parte da aréola, os lábios do RN precisam estar curvados para fora formando um lacre13.
Resultados
Na primeira avaliação a puérpera apresentou frequência respiratória de 28 incursões respiratórias por minuto (rpm), retração de fúrcula e murmúrios vesiculares (MV) presentes sem ruídos adventícios (RA). Verificou-se que a DRAM supra umbilical igual a 7 cm e umbilical 5 cm, a medida infra umbilical não pode ser efetuada devido a incisão da cirurgia cesariana. Foi observado presença de edema de membros inferiores. Os comportamentos indicativos de dificuldades na amamentação apresentaram escore ruim para os domínios estabelecimento dos laços afetivos e anatomia, já os domínios resposta e sucção receberam escore regular e apenas posição recebeu escore bom.
Na segunda avaliação a DRAM supra umbilical reduziu para 5,5 cm e umbilical para 3,5 cm. A puérpera não apresentou retração de fúrcula, a frequência respiratória foi de 20irpm. Foi observado redução no edema de membros inferiores. Houve melhora nos comportamentos indicativos de dificuldade da amamentação em que os domínios resposta e sucção receberam escore bom e estabelecimento de laços afetivos e anatomia adquiriram escore regular, o escore do domínio posição não se alterou.
Discussão
Durante a gravidez ocorrem adaptações importantes no sistema respiratório. Mudanças mecânicas e bioquímicas interagem e afetam a função respiratória.O útero em crescimento modifica a posição de repouso do diafragma e a configuração do tórax. Este quadro pode estender-se até o período pós parto14. No presente estudo a puérpera apresentou aumento da frequência respiratória e retração de fúrcula refletindo alteração na mecânica respiratória que após a intervenção fisioterapêutica retornaram a normalidade.
Ao avaliar a presença de edema em membros inferiores de puérperas Hoffman et al (2004) demonstram presença de 43%15 . A puérpera do presente estudo também apresentou edema de membros inferiores. Diante disso, exercícios metabólicos de membros inferiores foram realizados e enfatizados após a alta hospitalar. Tais exercícios, associados ao estímulo à deambulação precoce, são práticas importantes, uma vez que auxilia a prevenção dos fenômenos tromboembolíticos, ajudam no retorno venoso e diminuem o edema da puérpera15,16.
Dentre as muitas alterações musculoesqueléticas A DRAM é considerada normal até 3 cm, acima deste valor é preciso cuidados com relação ao posicionamento em flexão do tronco e exercícios concêntricos de abdome são contra-indicados. Como a medida da DRAM da puérpera em estudo foi de 7 cm supra umbilical e 5 cm umbilical as orientações e cuidados foi passados3.
Ao contrário do que ocorre com os demais mamíferos, a amamentação da espécie humana não é um ato puramente instintivo. Mães e bebês precisam aprender a amamentar e ser amamentados. Esse aprendizado, que antes era facilitado pelas mulheres mais experientes da família extensiva, hoje depende em grande parte dos profissionais de saúde17. Com isso, observamos a importância das instruções fisioterapêuticas dadas a puérpera incluída neste estudo de caso. Visto que, houve melhora na avaliação da mamada após os três atendimentos fisioterapêuticos.
Conclusão
A puérpera necessita no período pós-parto de suporte familiar e de um acompanhamento multiprofissional. A fisioterapia nesta fase é de grande importância, pois um programa de exercícios auxilia no retorno rápido a condições pré-gravídicas e evita problemas futuros, além de instruir e ajudar na amamentação do recém nascido.
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