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Atendimento fisioterapêutico no puerpério 

imediato de cirurgia cesariana: estudo de caso

La terapia física después del parto por cesárea: un estudio de caso

 

Acadêmica do 8º semestre de Fisioterapia

do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte, CEFID

Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC

Theresa Katarina Bezerra de Amorim

theresa.k.amorim@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O puerpério se caracteriza como um período marcado por substanciais modificações no corpo e nas atividades exercidas pela mulher. Neste período, podem surgir dificuldades que o fisioterapeuta, enquanto componente da equipe multidisciplinar, deve sanar. Objetivo: descrever o atendimento fisioterapêutico no puerpério imediato de cirurgia cesariana através de um estudo de caso. Métodos: através da avaliação do sistema musculoesquelético e da amamentação, foi constatado tensão na região cervical, dor na perna esquerda , ingurgitamento mamário e dificuldade na pega para amamentação.As intervenções utilizadas foram alongamento de tríceps sural e trapézio superior, massoterapia na região cervical, ordenha manual e orientação para mamada invertida. Resultados: alivio dos sintomas apresentados pela puérpera, assim como sucesso na pega para amamentação. Conclusão: a intervenção fisioterapêutica se mostrou eficaz e necessária neste período, dando o suporte necessário ao restabelecimento da puérpera e sua interação com o lactente

          Unitermos: Fisioterapia. Puerpério.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introduçâo

    O puerpério se caracteriza como um período cronologicamente variável, de âmbito impreciso, durante o qual se desenrolam todas as manifestações involutivas e de recuperação materna após o parto1. Ele começa com o parto da placenta e termina cerca de 6 a 8 semanas, variando, de acordo com algumas referencias, até a retomada do ciclo menstrual2. Sua relevância e extensão são proporcionais ao vulto das transformações gestativas experimentadas e diretamente subordinadas à duração da gravidez1.

    As principais dificuldades encontradas pela puérpera neste período são o dolorimento do períneo, a diástese do reto abdominal, dor nas costas, dor na sínfese púbica, problemas da trato urinário e gastrointestinal e ingurgitamento mamário e no caso de puérperas que foram submetidas a cirurgia cesariana, dor a tosse e cicatrização do corte cirúrgico2.

    O papel do fisioterapeuta no puerpério imediato e tardio é oferecer orientações sobre amamentação, prevenir e tratar disfunções musculoesqueléticas e uroginecológicas, bem como complicações clínicas relacionadas ao sistema cardiovascular e respiratório, diminuir as possíveis dores e desconfortos apresentados, enfocando , primeiramente, no bem estar da puérpera3.

    O objetivo deste estudo foi descrever o atendimento fisioterapêutico no puerpério imediato de cirurgia cesariana, suas implicações, objetivos e resultados.

Materiais e métodos

    Paciente de 21 anos, na terceira gestação (1 parto cesáreo e 1 aborto espontâneo), em 29 semanas e 6 dias (pela data da última menstruação), internada em uma maternidade da cidade de Florianópolis, com queixas de cólicas, dificuldade respiratória e escotomas visuais. A paciente apresentava história prévia de pré-eclampsia, contudo negava hipertensão arterial sistêmica. A paciente estava O diagnóstico foi de Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG), o que levou a internação, deixando-a sob tratamento medicamentoso e fisioterapêutico. O tratamento fisioterapêutico durante este período consistiu em massoterapia na região lombar e cervical e alongamentos. Ao completar 33 semanas, a paciente começou a sentir cólicas abdominais fortes e dores de cabeça, com picos de pressão arterial de 170/100 mmHg, entrando em trabalho de parto. Foi realizada cirurgia cesariana, nascendo feto vivo, do sexo feminino, de baixo peso e encaminhado a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal. A puérpera foi encaminhada ao setor pós-parto da maternidade onde recebeu atendimento fisioterapêutico alvo deste estudo.

    Os atendimentos foram realizados no 3º, 4º e 5º dias pós-operatórios. Na avaliação, foi constatada dor na perna esquerda apresentada durante o teste de Hommans, tensão na musculatura cervical perceptível a palpação, ingurgitamento mamário. Após transferência da lactente da UTI neo natal da maternidade para o setor pós-parto com a puérpera, no 5º dia de pós-operatório, foi constatada dificuldade na pega para amamentação na mama direita.

    Os objetivos das condutas fisioterapêuticas foram: diminuir a dor apresentada na perna esquerda, aliviar a tensão presente na musculatura cervical, diminuir o ingurgitamento mamário e orientar as condutas adequadas para amamentação.

    Embora o teste de Hommans tenha dado positivo, não foram encontrados outros sinais de trombose venosa profunda. Assim, a conduta adotada para dor na perna foi de alongamento por inibição recíproca de tríceps sural.

    Para a tensão apresentada na região cervical foi realizada massoterapia e alongamento de trapézio superior e para o ingurgitamento mamário, foi realizada ordenha manual, com expressão robusta de leite e encaminhamento para o banco de leite da maternidade para doação.

    Na dificuldade para pega na amamentação, foram dadas orientações e tentativa de pega na posição de mamada invertida.

Resultados

    Após o alongamento do músculo tríceps sural, foi relatado pela puérpera alívio do dolorimento da região, sendo negativo o resultado do teste de Hommans feito após o atendimento.

    A tensão na região cervical, após massoterapia e alongamento da região do trapézio superior, foi aliviada segundo relatos da puérpera e achados à palpação.

    A dificuldade na pega para amamentação na mama direita foi resolvida com aplicação da técnica da mamada invertida, sendo esta posição aceita com sucesso pela lactente.

Discussão

    As dores musculoesqueléticas e tensões musculares apresentadas pela puérpera no período pós-parto são comuns tendo em vista que esse período é marcado por substanciais modificações. Devido a alterações na postura que frequentemente acompanham a gravidez, pode ocorrer dor nas regiões laterais do pescoço e superior das costas, sendo o trapézio e os músculos superiores e mediais da região cervical frequentemente atingidos2. O tratamento das tensões pela massoterapia se mostra eficaz, devido a promoção do relaxamento eu induz a redução da ansiedade e tensão4. O alongamento proporciona diminuição das dores e desconfortos musculares proporcionando um melhor alinhamento e posturas corporais5. Assim, a junção destes dois recursos no tratamento de dores musculares se torna eficaz, mesmo em doses pequenas, como foi encontrado neste caso.

    Nos três primeiros dias do pós-parto ocorre uma elevação sérica do hormônio prolactina que irá produzir alterações significativas na mama6. O ingurgitamento mamário de caracteriza pelo aumento de volume das mamas, que se apresentam túrgidas, distendidas e dolorosas consequente à congestão venosa e ao edema da mama1. O ingurgitamento mamário pode ser evitado com o início precoce da amamentação7. No presente estudo, a lactente permaneceu internada no UTI neonatal até o 5º dia de vida, impossibilitando a amamentação. Assim, a ordenha manual foi eleita como tratamento paliativo mostrando eficaz na diminuição do desconforto do ingurgitamento tendo em vista o esvaziamento mamário proporcionada a puérpera.

    A importância do aleitamento materno já foi comprovada e está sendo exaustivamente recomendada pelos órgãos de saúde, tanto mundiais como nacionais. O ministério da saúde, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde, orienta o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida, e complementada até os 2 anos de idade ou mais. Assim, os profissionais da saúde devem atuar no sentido de promover, proteger e apoiar a amamentação3.

    A mamada invertida permite a drenagem do leite contido nos ductos da região axilar, sendo recomendada nos primeiros dias após a apojadura3. A posição consiste no apoio do ventre do bebê na parte lateral do tórax materno, estando esse sobre almofadas e com apoio da cabeça na mão da mãe, que permanece na posição sentada3.

    A abordagem no puerpério deve ser multidisciplinar, sendo a intervenção fisioterapêutica eficaz e necessária neste período, dando o suporte necessário ao restabelecimento da puérpera e sua interação com o lactente.

Referências

  1. REZENDE, Jorge de; MONTENEGRO, Carlos Antonio Barbosa. Obstetricia fundamental. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. 670 p.

  2. STEPHENSON, Rebecca G.; O'CONNOR, Linda J. Fisioterapia aplicada à ginecologia e obstetrícia. 2. ed. Barueri: Manole, 2004. 520 p.

  3. SOUZA, Elza Lucia Baracho Lotti de. Fisioterapia aplicada à obstetrícia, uroginecologia e aspectos de mastologia. 4. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Médica e Científica: Guanabara Koogan, 2007. 579 p.

  4. DE DOMENICO, Giovanni; WOOD, Elizabeth C. Técnicas de massagem de Beard. 4. ed. São Paulo: Manole, 1998. 185 p.

  5. NELSON, Arnold G.; KOKKONEN, Jouko. Anatomia do alongamento: guia ilustrado para aumentar a flexibilidade e a força muscular. Barueri: Manole, 2007. 144 p.

  6. CABRAL, Antônio Carlos Vieira. Obstetrícia. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2002. 427 p.

  7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Política de Saúde. Organização Pan Americana da Saúde.Guia alimentar para crianças menores de dois anos. Secretaria de Políticas de Saúde, Organização Pan Americana da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

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