Análise e classificação do arco plantar de crianças praticantes de natação Análisis y clasificación del arco plantar en niños nadadores |
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Universidade Estadual da Paraíba, UEPB Educação Física (Brasil) |
Andree Philippe Pimentel Coutinho Breno Firmino Alves Prof. Dr. Josenaldo Lopes Dias Laerte Costa Vieira Washington Almeida Reis |
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Resumo Durante a transição da infância até o fim da adolescência é onde ocorrem as maiores modificações somática estrutural, podendo formar uma resposta típica e diferenciada da marcha, constituindo o seu padrão motor (MALINA, 2004; PRETA; GOMES, 2004). Este estudo teve como objetivo analisar e classificar o arco plantar de crianças praticantes de natação na academia Korpus em Campina Grande – PB. A mensuração do arco plantar é de fundamental importância na análise dos problemas posturais, visto que, através desta pode-se observar o quanto a interação do pé humano com o solo modifica a postura corporal. O trabalho foi realizado através de uma pesquisa direta de campo, de caráter exploratório. A amostra foram 23 alunos de natação da academia Korpus, sendo 12 do gênero feminino e 11 do masculino com faixa etária de 06 a 13 anos, que freqüentavam aulas há três meses e dispusera-se participar da pesquisa. O arco plantar longitudinal foi obtido individualmente através do teste por impressões plantares, da seguinte forma: a superfície plantar foi pintada e logo após fazia a impressão sobre a folha, formando a área de contato do pé na folha; submetidos ao teste de impressão plantar, equacionando o índice do arco plantar (IP), que estabelece a relação entre a região central e posterior dessa impressão, referenciando em Cavanagh e Rodgers (1987). Com base nos dados acima, não foram observadas diferenças significativas do IP dos lados direito e esquerdo quando comparado por dominância do segmento, entre e intergênero. O estudo foi respaldado nas diretrizes éticas emanadas em pesquisas que envolvem seres humanos. Unitermos: Crianças. Natação. Arco plantar.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Atualmente, está cada vez mais difícil se manter em uma postura adequada, devido às grandes sobrecargas que o corpo vem sofrendo no dia-a-dia, tais como, o uso de mochilas, calçados, a carga horária excessiva de trabalho, entre outros, o que podem desencadear com o tempo, um desequilíbrio em algumas estruturas corporais, podendo acarretar problemas de saúde. Percebe-se ainda que uma parte corporal que sofre muito com todas essas alterações posturais são os pés, que por sua vez tem como função possibilitar harmonia corporal e o deslocamento.
Sabe-se que durante toda a evolução humana, o homem desenvolveu uma característica na sua maneira de se deslocar e de se manter estático no meio, sendo essa função uma das atividades mais simples e necessária à vida diária (GALLAHUE; OZMUN, 2005; PAYNE; ISAACS, 2001). Esta por sua vez, é desenvolvida logo nos primeiros anos de vida e conforme Delisa (1992), o padrão de marcha bípede do ser humano é adquirido na infância por volta dos 07 ou 08 anos, onde o sistema sensório-motor está se adaptando a gerar automaticamente um conjunto repetitivo de comandos de controle motor que permiti uma pessoa caminhar sem esforço consciente.
Assim dentre as habilidades fundamentais utilizadas pelo homem, Amadio (1996) relata que o andar é uma das mais importantes, pois possibilita através da locomoção, a exploração dos espaços em diferentes contextos. Este envolve distintos padrões de movimentos estabelecidos por complexas estruturas neurológicas sincronizadas com as demais funções do aparelho locomotor, possibilitando de certa forma a construção de outros vários movimentos e habilidades mais especificas. Percebendo deste modo que os movimentos da locomoção se apresentam de forma variáveis, visto que, cada indivíduo apresenta particularidades sobrepostas ao padrão básico de locomoção e que se define com
O tempo de vida. Lippert (1996) ressalta que cada indivíduo tem um padrão de marcha que representa uma maneira de deslocar-se no ambiente, de forma aceitável, com menor esforço físico e uma estabilização adequada.
Assim, os pés formam bases de apoios para locomoção e apresentam uma relação profunda com a postura, e ainda se responsabiliza pela estática e dinâmica do corpo, suportando o peso corporal, como também colaborando com o amortecimento durante os gestos de marcha e a corrida. Deste modo com a presença de desarmonia neste segmento corporal pode vim a acarretar dor, desconforto e até incapacidades.
Em se tratando dos efeitos clínicos, Smith et al. apud Otowicz (2004) divide o pé também em três partes: Retropé: formado pelo tálus e calcâneo, Médiopé: formado pelo navicular, cubóide e os três cuneiformes, Antepé: formado pela parte medial e distal dos metatarsianos e pelas falanges. Desta forma a medida da região do médio pé serve como parâmetro para definir o tipo de pé.
Portanto, quando há alguma deformação nestes tais como, o pé valgo - onde ocorre uma pronação eversão, na qual o peso do corpo age deprimindo o arco plantar, ou ainda o pé varo - onde ocorre uma supinação-inversão de modo que o peso é transferido para a face externa do pé e seu lado medial fica fora do solo, entre outras deformidades que muitas vezes se não diagnosticada e tratada, com o passar dos anos pode causar sérios problemas de saúde.
De um modo geral ao passo que uma criança cresce e se desenvolve as modificações somáticas quantitativas em conjunto com os processos de diferenciação estrutural, de acordo com suas necessidades diárias, seus calçados e seus hábitos de vida, podem formar uma resposta típica e diferenciada da marcha, constituindo o seu padrão motor (MALINA, 2004; PRETA; GOMES, 2004). Assim dependo desta resposta típica, podem surgir posturas equivocadas durante as atividades ou tarefas que são realizadas freqüentemente, podendo levar a uma aceleração do processo de desgaste em estruturas especifica do aparelho locomotor (STABELINI NETO et al., 2004).
Para tanto existe algumas maneira de acompanhar e analisar o desenvolvimento plantar, segundo Manfio et al. (2007), dentre os diversos métodos de analise plantar, um dos mais comuns é o índice do arco plantar instituído por Staheli, que utiliza impressões plantares expostas em folhas de papel. Essa é uma técnica indireta, relativamente simples e facilmente realizável, utilizada como um método de avaliação quantitativa devido às suas vantagens e efetividade na aplicação clínica, como baixo custo no sistema de obtenção de imagens.
Contudo de posse dessas informações tornou-se viável a analise das características do segmento pé, se utilizando do método acima citado e reconhecendo que são poucos os estudos com escolares de natação nesta fase da vida. Considerando o pé como fundamental para locomoção humana, assim como para a execução de tarefas independentes, o estudo de suas características é tema de grande interesse para a área da saúde, justificando a realização desta pesquisa, a fim de colaborar com os profissionais diretamente ligados.
Acredita-se ainda que a partir das análises posturais com os escolares, os professores de Educação Física e os demais profissionais envolvidos com a educação terão condições de orientar os alunos para a adoção de posturas corretas nas atividades do dia-a-dia, como medida de prevenção de possíveis desvios e, caso necessário, encaminhá-los a um profissional especialista. Com essas premissas tivemos como objetivo investigar o índice do arco plantar em uma escola de natação numa academia em Campina Grande – PB.
Material e métodos
Caracterização da pesquisa: Trata-se de um estudo do tipo transversal, quantitativos, de caráter descritivo e de campo. O estudo foi desenvolvido em uma escola de natação numa academia na cidade de campina grande-PB.
População e amostra
A população da pesquisa foi composta de 40 indivíduos participam das aulas de natação. A amostra caracterizou-se como sendo probabilística, aleatória simples, sendo constituídos 23 alunos de natação da academia Korpus, sendo 12 do gênero feminino e 11 do masculino com faixa etária de 06 a 13 anos, que freqüentavam aulas há três meses e dispusera-se participar da pesquisa.
Instrumentos
O material utilizado foi constituído de, uma ficha para coleta de dados contendo informações de identificação pessoal como nome, idade, sexo, série entre outros, utilizou-se ainda folha de papel oficio A4, tinta guache preta de fácil remoção, rolo pequeno para pintar os pés, a fim de adquirir a impressão plantar, papel toalha e material de expediente (pranchetas, lápis, borrachas, bacias, grampeador e grampo, envelope A4).
Procedimentos para a coleta de dados
Após a elaboração, o projeto foi submetido a um estudo piloto com a participação de crianças de 6 a 8 anos de idade, a fim de verificar a sua aplicabilidade. Em seguida entrou em contato com a direção da academia como também com o profissional de educação física atuante na academia. Após a autorização foi feito um contato com os profissionais que contribuíram com pesquisa durante a coleta dos dados agendando um treinamento onde foram apresentados os objetivos do estudo como também todo o procedimento a ser seguido.
Entrou-se em contato com os pais ou responsáveis pelos alunos através de uma reunião na academia marcada pelo professor de educação física e direção, assim foi apresentado o objetivo da pesquisa e como procederia a coleta de dados. Em seguida foi agendado o horário e local para as coletas e entrega do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que deveria ser assinado e devolvido no dia da coleta por cada participante/aluno.
No dia e horário marcado, com de posse do TCLE assinado pelos responsáveis, foi preenchida a ficha de dados com a identificação pessoal de cada participante, descrevendo nome, idade, sexo, série, turma, endereço e contatos e em seguida para obtenção das impressões plantares utilizou-se o teste do plantigrama, onde o indivíduo enquanto sentando, tinha seus pés pintado e todo o procedimento esclarecido passo a passo pelo avaliador.
Assim com o auxilio do examinador, solicitava-se ao avaliado que levanta se lentamente de modo a apoiar ambos os pés nas folhas de papel logo abaixo destes, posteriormente era solicitado que a criança e/ou jovem volta-se a posição sentado de modo a retirar um pé de cada vez da folha com ajuda do examinador a fim de evitar deslize e consequentemente à invalidez do exame.
Em seguida avaliou o índice de o arco plantar, que por sua vez estabelece uma relação entre a região central e posterior do pé e é calculando como se segue. Traça-se uma linha tangente na borda medial do ante-pé e na região do calcanhar. Calcula-se o ponto médio dessa linha e partindo desse ponto em seguida traça-se uma linha perpendicular que cruza a impressão plantar e outra na tangência do calcanhar. Assim se obtém a medida da largura do apoio da região central do pé (B) e da região posterior ou calcânea do pé (C) em milímetros. Assim o Índice do Arco Plantar é calculado dividindo o valor da região central “B” pela região do calcanhar “C” ou seja, (IAP = B/C), segundo Henandez et al. (2006).
Para classificação do pé foi utilizado o método descrito por Cavanagh e Rodgers apud Teodoro et al. (2007). Um eixo longitudinal foi desenhado do centro do calcanhar até o centro do segundo dedo, correspondendo respectivamente às linhas “k” e “j”, em seguida duas linhas perpendiculares foram desenhadas, uma na base do calcanhar e a outra na base da região anterior do pé, excluindo os dedos, a distância entre essas linhas é representada por “L”, que foi dividida em três partes iguais, representadas por “A”, “B” e “C”.
Através da obtenção do coeficiente de razão das áreas do pé, foi determinada a classificação do arco plantar. O parâmetro utilizado para classificar o tipo do pé foi como se segue, A, representa a área da região anterior do pé (antepé), B, a área da região medial do pé (mesopé) e C, a área da região posterior do pé (retropé). O calculo é feito dividindo a região medial do pé (B) pela soma das três regiões (A + B + C). Sendo assim, o pé classificado como cavo aquele com o coeficiente menor que 0,07, em normal entre 0,08 e 0,24 e em plano entre 0,25 e 0,36.
Apresentação dos resultados e discussão
Percebe-se que o pé humano é uma estrutura altamente especializada e de grande importância para o suporte, locomoção, sustentação e equilíbrio do corpo tanto em posição estática como em marcha, sabe-se também que esta estrutura pode apresentar classificações distintas como pé: plano ou chato, cavo e valgo.
Percentual de classificação dos pés de acordo com gênero
Ao analisar a prevalência de desvios posturais em alunos de natação da academia Korpus na cidade de Campina grande, Paraíba, através do teste, identificou numa visão posterior que o segmento pé e tornozelo, apresentaram maiores tendências a pés varos e valgos para ambos os grupos. Já na visão lateral e visão anterior encontrou-se normalidade para ambas as partes.
Conclusões
O estudo com base na amostragem permitiu concluir que não foram observadas diferenças significativas do coeficiente plantar para o lado direito e esquerdo quando comparados o grupo e por gêneros e quanto à classificação dos pés ambos os gêneros estão em maior escala normais. A avaliação diagnóstica nas escolas para o acompanhamento e o desenvolvimento de exercício físico realizado principalmente pelos professores de Educação Física é capaz de encontrar diferentes alterações corporais dando-lhes suporte e segurança durante suas intervenções.
Referências
AMADIO, A. C. Fundamentos biomecânicos para análise do movimento humano. São Paulo: Laboratório de Biomecânica: EEFUSP, 1996.
BARELA, J. A. Estratégias de controle em movimentos complexos: ciclo percepção-ação no controle postural. Rev Paul Ed Fis, São Paulo, supl. 3, p.79-88, 2000.
BRUNO, M. Avaliação médica e física para atletas e praticantes de atividades físicas. São Paulo: Roca, 2000.
CARNAVAL, P. E. Medidas e avaliação em ciência do esporte. 6. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2004.
FERREIRA, M. N. D. S. Prevalência de desvios posturais em escolares das zonas urbana e rural na cidade de Crato, Ceará. 2007. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso Superior de Tecnologia em Gestão Esportiva) - Centro Federal de Educação Tecnológica Unidade de Ensino Descentralizada de Juazeiro do Norte, Juazeiro, 2007.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005
LIPOSCK, D. B.; ROSA NETO, F.; SAVALL, A. C. Validação do conteúdo do instrumento de avaliação postural – IAP. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 12, n. 109, jun. 2007. http://www.efdeportes.com/efd109/validacao-do-conteudo-do-instrumento-de-avaliacao-postural.htm
MALINA, R. M. Motor Development during infancy and early childhood: Overview and suggested directions for research. Int J Sport and Health Sci, v. 2, p. 50-66, 2004.
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