efdeportes.com

Potência aeróbia máxima de atletas 

adultos de basquetebol de Florianópolis

Potencia aeróbica máxima en jugadores adultos de básquetbol de Florianópolis

 

*Bacharel em Educação Física

**Acadêmico de Educação Física

Laboratório de Pesquisas em Desempenho Humano (LAPEDH)

Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID)

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

(Brasil)

Tiago Turnes*

tiagoturnes89@gmail.com

Rafael Alves de Aguiar*

deaguiar.rafael@hotmail.com

Rogério Santos de Oliveira Cruz*

rogerinhojj@yahoo.com.br

Nivaldo Kammers Junior*

nivaldo_fb@hotmail.com

Amadeo Félix Salvador**

madeo_salva@hotmail.com

Rafael Penteado dos Santos**

pent_jj@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do estudo foi verificar a potência aeróbia máxima (PAM) de atletas adultos de basquetebol e relacionar com suas posições de jogo. A amostra do estudo foi composta por 12 atletas do time adulto de basquetebol de equipe de nível estadual de Florianópolis - SC. Para avaliar a potência aeróbia máxima, estimada pelo pico de velocidade (PV), foi utilizado o Teste Incremental de Corrida Intermitente (TCAR). Este teste consiste de múltiplos estágios de 90s caracterizado por cinco repetições de 12s de corrida no sistema ida e volta, intercalados por 6s de pausa. Para comparação dos resultados foi utilizado Anova one-way e P < 0,05. Os atletas do referente estudo apresentaram média de idade de 20,4 ± 5,7 anos e PV de 13,9±2 km·h-1. Na média, os pivôs foram os atletas mais novos (16,6 ± 1,6 anos), seguidos pelos laterais (22,3 ± 6,3 anos) e armadores (23 ± 6,3 anos), porém, sem diferença significativa. Foi encontrada diferença significativa na experiência de prática no basquetebol dos pivôs (2,8 ± 1 anos) com relação aos armadores (13 ± 5,7 anos). Além disso, os pivôs obtiveram menores PV (13,3 ± 1,6 km·h-1), em relação a armadores (14 ± 2,2 km·h-1) e laterais (14,3 ± 2,5 km·h-1), porém não foi encontrada diferença significativa entre as posições. Em conclusão, a equipe estudada apresenta baixa aptidão aeróbia, no entanto, possui homogeneidade entre as posições em relação à potência aeróbia máxima, isto pode ser pelo fato do tamanho reduzido da amostra.

          Unitermos: Potência aeróbia máxima. Basquetebol. Atletas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O basquetebol é um dos esportes mais praticados no mundo e em nosso país (NETO e CÉSAR, 2005), e ainda, sendo ele o mais popular nas escolas dos Estados Unidos (COHEN e METZL, 2000). Tem como característica a alternância de períodos de atividades de curta duração e alta intensidade, intercalados por períodos de recuperação (KOKUBUN, 1992), e sabe-se que o bom desenvolvimento da potência aeróbia tem sido bem relacionado a uma melhor recuperação durante exercícios desta natureza (TOMLIM e WENGER, 2001).

    O maior valor de consumo de oxigênio encontrado em teste de esforço máximo (Potência Aeróbia Máxima) tem sido considerado o método “padrão ouro” para determinar a capacidade funcional do sistema cardiorrespiratório durante a atividade física (SHEPHARD, 1968). Neste sentido o estudo das variáveis fisiológicas, entre elas a PAM, é essencial para o subsídio aos projetos de treinamento do desporto tanto no âmbito da preparação física como técnica ou tática (NETO e CÉSAR, 2005). Assim, torna-se de fundamental relevância a avaliação desta variável para análise da capacidade cardiorrespiratória de jogadores de basquetebol.

    O TCAR, teste incremental de corrida intermitente proposto por Carminatti et al, (2004), tem se mostrado um teste específico para esportes de características intermitentes e de fácil aplicação para avaliar a potência aeróbia por meio do pico de velocidade (PV) (CETOLIN et al, 2004).

    Pensando nisso, o objetivo do atual estudo foi verificar a potência aeróbia máxima (PAM) de atletas adultos de basquetebol por meio de Teste Incremental de Corrida Intermitente (TCAR) e relacionar com suas posições de jogo.

Materiais e métodos

Sujeitos

    Participaram deste estudo 12 atletas (Idade: 20,7 ± 5,7 anos; Experiência no esporte: 8,9 ± 6,2 anos) da categoria adulto, de nível estadual de uma equipe de basquetebol de Florianópolis – SC (Brasil). A equipe encontrava-se no período competitivo de treinamento. Todos os atletas possuíam no mínimo dois anos de prática de basquetebol, sendo que os sujeitos foram questionados quanto aos anos de prática na modalidade para saber a experiência de cada sujeito no treinamento do basquetebol.

Determinação da Potência Aeróbia Máxima

    A PAM foi estimada pelo pico de velocidade (PV) obtido a partir de Teste Incremental de Corrida Intermitente - TCAR (CARMINATTI et al, 2004), realizado em ginásio coberto. Este teste consiste de múltiplos estágios de 12s de corrida ida e volta e pausas de 6s. A distância inicial é de 15 metros com incrementos de 1 metro (0,6 km.h-1) a cada 90 segundos. Tendo em vista que a velocidade inicial do teste é 9,0 km.h-1, não se fez necessário um aquecimento específico, já que os indivíduos aqueciam nas intensidades iniciais do teste. Foi utilizado um Notebook da marca Acer Aspire 5920® contendo a gravação do protocolo do TCAR e caixa amplificadora de som para execução dos sinais sonoros para o controle do ritmo de corrida. O teste foi finalizado quando os sujeitos entravam em exaustão ou quando atrasavam três sinais sonoros consecutivos. Todos os atletas foram verbalmente encorajados a realizar o teste até a exaustão voluntária.

Análise estatística

    A análise estatística foi realizada com a ajuda do software SPSS Statistics 17.0 (IBM, Nova York, USA). A normalidade dos dados foi verificada através do teste de Shapiro-Wilk. Para comparar o PV, a idade e a experiência entre as posições de jogo foi utilizado Anova One-Way. Os resultados foram expressos em média ± desvio padrão e em todos os testes foi adotado um nível de significância de 5%.

Resultados

    A equipe apresentou idade média de 20,4 ± 5,7 anos. Em relação às posições de jogo, os pivôs foram os mais novos (16,6 ± 1,6 anos), seguido dos laterais (22,3 ± 6,3 anos) e armadores (23 ± 6,3 anos) (Tabela 1). Não foi encontrada diferença significativa entre nenhuma das posições na variável idade (Tabela 2).

    Com relação à experiência de cada atleta na prática do basquetebol, os pivôs apresentaram experiência na modalidade significativamente menor que os armadores (P < 0,05). Não foi encontrada diferença significativa na experiência no basquetebol em nenhuma das outras posições.

Tabela 1. Idade, PV e experiência de cada sujeito e média total da equipe 

Valores em média ± DP.

    Em relação à PAM, os laterais apresentaram maiores PV (14,3 ± 2,5 km·h-1), seguidos dos armadores (14 ± 2,2 km·h-1) e pivôs (13,3 ± 1,6 km·h-1). Entretanto, não foi observada diferença significativa na variável PV entre nenhuma das posições (Tabela 2).

Tabela 2. Variáveis de idade, experiência e PV separadas por posição de jogo

* Diferença significativa em relação aos armadores (p ≤ 0,05). Valores em média ± DP.

Discussão

    O principal achado deste estudo foi a homogeneidade da equipe em relação ao PV. Embora os pivôs apresentaram menores, e os laterais maiores PV, não foi encontrada diferença significativa nesta variável entre nenhuma das posições. Estes achados discordam dos encontrados na literatura, em que os pivôs apresentam potência aeróbia máxima significativamente menor que os armadores (ABDELKRIM et al, 2010; SALLET et al, 2005), entretanto, o número reduzido da amostra no presente estudo pode ter contribuído para estes resultados.

    Não se conhece estudos na literatura que utilizaram o teste TCAR em atletas de basquetebol, no entanto, alguns estudos tem utilizado o Teste Incremental Intermitente Yo-Yo com recuperação nível 1 (Yo-Yo RN1) para avaliar a PAM de atletas de basquetebol (CASTAGNA et al, 2008; ABDELKRIM et al, 2010), que tem sido considerado como um teste específico válido para avaliação do condicionamento aeróbico e resistência ao jogo de basquetebol (CASTAGNA et al, 2008). Recentemente, Abdelkrim et al, (2010) observaram em seu estudo realizado com 45 jogadores de nível nacional que os armadores alcançaram PAM significativamente maior no Yo-Yo RN1 que os pivôs. Em outra investigação com 58 jogadores (22 pivôs, 22 laterais e 14 armadores) de basquete profissional, Sallet et al, (2005) encontraram por meio de teste incremental em esteira rolante que os pivôs apresentaram PAM significativamente menor que os armadores (15.5 ± 1.2 km/h-1 vs 16.8 ± 1.5 km/h-1). Ainda, os valores de PAM encontrados no estudo de Sallet et al, (2005) foram consideravelmente maiores que o valor encontrado pelos pivôs (13,3 ± 1,6 km/h-1) e armadores (14 ± 2,2 km/h-1) do presente estudo. No entanto, este resultado era esperado, mediante a diferença de níveis competitivos entre as equipes. Porém, a comparação desses valores deve ser feita com cautela, tendo em vista a diferença dos protocolos utilizados, já que em nosso estudo foi utilizado protocolo incremental de corrida intermitente.

    Um fato importante verificado em nosso estudo é a menor experiência na prática do basquetebol dos pivôs em relação aos armadores. Abdelkrim et al, (2010) observaram diferença significativa no desempenho obtido no Yo-Yo RN1 em relação às categorias de idade. Os atletas da categoria Sênior alcançaram desempenho significativamente melhor que os atletas da categoria Sub-20, sendo que estes alcançaram desempenho significativamente melhor que os atletas da categoria Sub-18, mostrando que a experiência no basquetebol é um fator intimamente relacionado ao índice de PAM. Isto pode explicar o fato de em nossa pesquisa os pivôs, mesmo sem significância, alcançaram menores índices de PAM que laterais e armadores.

    Tendo em vista a característica intermitente do basquetebol e a existência de esforços de curta duração e alta intensidade seguida por períodos de recuperação, o desenvolvimento da potência aeróbia é de fundamental importância para atletas desta modalidade (KOKUBUN, 1992). Estudos têm mostrado que uma potência aeróbia bem desenvolvida está relacionada à melhor recuperação do exercício intermitente de alta intensidade por meio do aumento da resposta aeróbica, melhora da remoção do lactato e melhora da recuperação dos estoques de fosfocreatina (TOMLIM e WENGER, 2001). Assim, o desenvolvimento desta valência no treinamento físico do basquetebol é de grande importância pensando no melhor desempenho competitivo. Entretanto, Castagna et al (2007) encontraram que o valor do VO2PICO não é um preditor da habilidade de realizar repetidos sprints em jogadores jovens de basquetebol.

Conclusão

    Em conclusão, a avaliação do índice de potência aeróbia máxima é de grande importância para técnicos e atletas de basquetebol tendo em vista o caráter intermitente da modalidade. Entretanto, a equipe aqui estudada não apresenta boa aptidão aeróbia quando comparada a equipes de nível nacional, porém os diferentes níveis competitivos dificultam esta comparação. Ainda, diferentemente do encontrado na literatura, a equipe do presente estudo possui certa homogeneidade entre as posições em relação à potência aeróbia máxima, sendo que o tamanho reduzido da amostra pode der sido determinante para este resultado.

Referências

  • ABDELKRIM BN; CHAOUACHI A; CHAMARI K; CHTARA M; CASTAGNA C. Positional role and competitive-level differences in elite-level men's basketball players. J Strength Cond Res.; 24(5):1346-55, 2010.

  • CARMINATTI LJ, LIMA-SILVA AE, DE-OLIVEIRA FR. Aptidão Aeróbia em Esportes Intermitentes - Evidências de validade de construto e resultados em teste incremental com pausas (Resumo). Rev Bras Fisiol Exerc.; 3(1),p.120, 2004.

  • CASTAGNA C; IMPELLIZZERI FM; RAMPININI E; D'OTTAVIO S; MANZI V; The Yo-Yo intermittent recovery test in basketball players. J Sci Med Sport.; 11(2):202-8, 2008.

  • CASTAGNA C; MANZI V; D'OTTAVIO S; ANNINO G; PADUA E; BISHOP D. Relation between maximal aerobic power and the ability to repeat sprints in young basketball players. J Strength Cond Res.; 21(4):1172-6, 2007.

  • CETOLIN T; FOZA V; CARMINATTI LJ; GUGLIELMO LGA; SILVA JF. Diferença entre intensidade do exercício prescrita por meio do teste TCAR no solo arenoso e na grama. Rev. Bras. Cine. Des. Hum.; 12(1):29-35, 2010.

  • COHEN AR; METZL JD. Sports-specific concern in the young athlete: Basketball. Pediatr Emerg Care.; 16(6):462-469, 2000.

  • KOKUBUN, E; DANIEL, JF. Relações entre a intensidade e duração das atividades em partida de basquetebol com as capacidades aeróbica e anaeróbica: estudo pelo lactato sanguíneo. Rev. Paul. Educ. Fís.; 6(2):37-46, 1992.

  • NETO AP; CÉSAR MC. Avaliação da composição corporal de atletas de basquetebol do sexo masculino participantes da liga nacional 2003. Rev. Bras. Cine. Des. Hum.; 7(1):35-44, 2005.

  • SALLET P; PERRIER D; FERRET JM; VITELLI V; BAVEREL G. Physiological differences in professional basketball players as a function of playing position and level of play. J Sports Med Phys Fitness.; 45(3):291-4, 2005.

  • SHEPHARD RJ; ALLEN C; BENADE AJ; DAVIES CT; DI PRAMPERO PE; HEDMAN R. The maximum oxygen intake. An international reference standard of cardiorespiratory fitness. Bull World Health Organ.; 38:757, 1968.

  • TOMLIN DL; HOWARD AW. The Relationship Between Aerobic Fitness and Recovery from High Intensity Intermittent Exercise. Sports Med.; 31(1):1-11, 2001.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 153 | Buenos Aires, Febrero de 2011
© 1997-2011 Derechos reservados