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Motivação à prática regular de atividades esportivas: um 

estudo com praticantes de basquetebol escolar (13 a 16 anos)

Motivación para la práctica regular de actividades deportivas: un estudio con jugadores de baloncesto escolar (13 a 16 años)

Motivation to regular practice of sports activities: a study with scholar basketball players (13 to 16 years old)

 

*Graduado em Educação Física pela UFRGS

**Mestre em Ciências do Movimento Humano - UFRGS

***Doutor em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto

Núcleo de Estudos e Pesquisa em Pedagogia e Psicologia do Esporte (NP3 Esporte)

da UFRGS Porto Alegre, RS

(Brasil)

Prof. Tomé Kuckartz Pergher*

Prof. Roberto Tierling Klering*

Ms. Ricardo Saldanha**

Dr. Carlos Adelar Abaide Balbinotti***

tomepergher@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo central deste estudo foi verificar, entre seis dimensões motivacionais, quais as que mais motivam os basquetebolistas das categorias Infantil e Juvenil à prática regular de Atividades Físicas e/ou Esportiva; além disso, se existem diferenças significativas entre os fatores motivacionais dessas categorias. Para tanto, aplicou-se o Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividades Físicas e/ou Esportiva IMPRAFE-54 (BALBINOTTI e BARBOSA, 2008). Na categoria Infantil, o que mais motiva os adolescentes à prática do basquetebol são as dimensões Prazer, Competitividade e Saúde (1º), seguida pela Sociabilidade e Estética (2º) e Controle de Estresse (3º). Na categoria Juvenil, mostraram-se indissociáveis estatisticamente: Sociabilidade, Prazer, Competitividade, Saúde e Estética. Portanto, os resultados indicam que os atletas da categoria Infantil praticam o esporte por motivos intrínsecos, já a categoria Juvenil pratica por diversas razões.

          Unitermos: Motivação. Basquetebol. Infantil e juvenil.

 

Abstract

          The aim of this study was verify, amongst six motivational dimensions, which ones motivated the most U-14 and U-16 basketball players toward regular physical activity and/or Sports; furthermore, whether there are significant differences between the motivational factors for those age levels. In order to obtain these answers, it was applied an inventory called “Inventario de Motivação à Pratica Regular de Atividades Físicas” (IMPRAFE-54; BALBINOTTI e BARBOSA, 2006). In the U-14 category the main motivational factor was Pleasure, Competitiveness and Health (), followed by Sociability and Aesthetics () and Stress Control (3º). In the U-16 category, there was no statistically significant difference among: Sociability, Pleasure, Competitiveness, Health and Aesthetics. Therefore, the results indicate that U-14 athletes play basketball for intrinsic reasons, whereas the U-16 athletes play for several reasons.

          Keywords: Motivation. Basketball. Children and youth.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O tema central desse estudo trata dos motivos que levam à prática regular de basquetebol nas escolas de ensino fundamental e médio. Atualmente, percebe-se uma demanda alta de jovens que abandonam os esportes nos clubes para ingressarem nas escolinhas esportivas de suas próprias escolas de ensino fundamental e médio. Após o término das aulas, os alunos já se dirigem com seus próprios colegas/amigos à escolinha esportiva. Com esse crescente número de alunos praticando regularmente o esporte escolar, torna-se importante compreender as razões pelas quais esses jovens estão interessados e engajados nas diferentes modalidades esportivas praticadas nas escolas. Compreender quais são os fatores motivacionais que levam esses adolescentes à prática de Atividades Físicas e/ou Esportivas passa a ser importante para conhecer o perfil de nossos alunos e, dessa maneira, pensar em planos de aulas que possam ir ao encontro de suas motivações.

    Saber os fatores que motivam as crianças a ingressarem na modalidade de basquetebol é tão importante como termos alunos motivados durante as práticas esportivas. A motivação no contexto escolar tem sido avaliada como um determinante crítico do nível e da qualidade da aprendizagem e desempenho. Um estudante motivado mostra-se ativamente envolvido no processo de aprendizagem, não apenas desafiando seus limites em tarefas complexas, mas também buscando desenvolver novas habilidades de compreensão e de domínio (GUIMARÃES, 2004). A motivação torna-se fundamental para os jovens atletas seguirem as instruções dos treinadores para que a prática diária de treino torne-se um hábito (RYAN; DECI, 2000).

    Balbinotti et al. (2007) afirmam que a motivação é um importante fator para o efetivo engajamento do aluno nas práticas esportivas. Quando os alunos passam a ter um hábito e praticar a modalidade esportiva é comum assistirmos a uma maior motivação e, conseqüentemente, menor índice de abandono (RYAN; DECI, 2000). Por essas razões, percebe-se a importância de conhecer os motivos que levam as crianças a praticar o basquetebol escolar. Deste modo, é possível organizar um plano de atividades, que vai de encontro aos interesses dos jovens.

    Nesse contexto, o objetivo central do presente estudo é explorar os níveis de seis dimensões motivacionais associados à prática regular do basquetebol escolar (saúde, controle de estresse, sociabilidade, competitividade, prazer, estética), que melhor descrevem os meninos escolares da faixa etária de 13 a 16 anos que participam de Competições Institucionalizadas (Campeonatos Escolares, Campeonatos intermunicipais). Mais especificamente, o estudo procurará descrever os níveis destas seis dimensões motivacionais, segundo as duas categorias estabelecidas nas competições: “Infantil” (13 a 14 anos); e “Juvenil” (15 a 16 anos).

Metodologia

População e amostra

    A população que compõe este estudo é de jovens praticantes de basquetebol em escolas de ensino fundamental e médio das cidades de Porto Alegre e Viamão. A amostra foi composta por um total de 79 jovens, de ambos os sexos, entre 13 e 16 anos. Esses jovens foram divididos em dois grupos: infantil (13 a 14 anos); e juvenil (15 a 16 anos). O grupo infantil é composto por 42 jovens, enquanto que o grupo juvenil é composto por 37 jovens.

Instrumentos de coleta de dados

    Para este trabalho foram utilizados dois instrumentos, um contendo as informações sócio-demográficas da amostra (idade e local de prática de atividade física) e o Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física e/ou Esportiva (IMPRAFE-54). O IMPRAFE-54 pretende verificar seis das possíveis dimensões associadas a motivação à prática regular de atividades esportivas. Trata-se de 54 itens agrupados seis a seis, seguindo a seqüência das dimensões a serem estudadas, a saber: controle de estresse (ex.: liberar tensões mentais), saúde (ex.: manter a forma física), sociabilidade (ex.: estar com amigos), competitividade (ex.: vencer competições), estética (ex.: manter bom aspecto) e prazer (ex.: meu próprio prazer)

    As respostas aos itens do IMPRAFE-54 são dadas conforme uma escala de tipo Likert, bidirecional graduada em cinco pontos, indo de “isto me motiva pouquíssimo” (1) a “isto me motiva muitíssimo” (5). Cada dimensão é analisada e o resultado total também é obtido, pois todas as dimensões têm o mesmo número de questões. A confiabilidade (fidedignidade) e a validade de construto deste instrumento foram testadas e demonstradas no estudo de Barbosa (2005; 2006).

Procedimentos

    O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul analisou e aprovou o projeto por estar adequado ética e metodologicamente de acordo com a Resolução 196/96 e complementares do Conselho de Saúde sob o número 2007722.

    Para a coleta dos dados, iniciou-se fazendo um contato com os professores/coordenadores dos locais onde se realizou a coleta. Este primeiro encontro teve por objetivo uma apresentação do pesquisador, do tema e dos objetivos da pesquisa. Em uma conversa com o grupo de alunos, todos foram convidados a participar do estudo, deixando-se livre a escolha pela participação, podendo o adolescente desistir a qualquer momento, assim que o desejasse.

    Após o acordo verbal, foi solicitado aos responsáveis que assinassem o termo de consentimento informado (livre e esclarecido). Realizados todos os cuidados de natureza ética, a aplicação do IMPRAFE-54 foi feita em pequenos grupos, à medida que os alunos eram liberados por seus professores. Cada participante levou aproximadamente 15 (quinze) minutos para responder ao Inventário. Os critérios de seleção que foram adotados no recrutamento e compilação dos dados finais são os seguintes: estarem matriculados nas suas respectivas Escolas e possuir de 13 a 16 anos de idade (categorias “Infantil” e “Juvenil”).

Apresentação dos resultados

    Os dados obtidos nesta pesquisa, através das respostas do público envolvido, serão analisados a fim de avaliar as seis dimensões relacionadas à motivação. Esses resultados assim obtidos serão apresentados em dois grupos, segundo a classificação da Federação Gaúcha de Basquetebol: “Infantil” (13 a 14 anos) e “Juvenil” (15 a 16 anos).

    Para responder adequadamente a questão central desta pesquisa, procedeu-se a exploração dos escores obtidos pelo IMPRAFE-54, segundo os princípios norteadores comumente aceitos na literatura especializada (PESTANA; GAGEIRO, 2003). Apresentaremos a seguir os resultados das análises de itens, das estatísticas descritivas e, finalmente, das comparações das médias (conforme a variável controlada “grupo”). Para tanto, utilizou-se o programa estatístico SPSS 15.0, a fim de analisar os dados.

Estatísticas descritivas gerais segundo variável “categoria”

    Na Tabela 1 é possível verificar, a partir das estatísticas de tendência central e de dispersão da amostra, os valores nominais obtidos entre as respostas do inventário (IMPRAFE-54). Para a verificação da distribuição dos dados da amostra geral, foi aplicado o cálculo da normalidade de Shapiro-Wilk (p > 0,05), conforme exposto na Tabela 1. Os resultados do cálculo demonstram que todos os casos aderiram à normalidade (PESTANA; GAGEIRO, 2003).

    Todos os valores nominais de medida de tendência central da categoria “Infantil” apresentaram em todas as dimensões valores próximos uns dos outros, exceto a dimensão Controle de Estresse que ficou abaixo da média quando comparada às outras dimensões. Na categoria juvenil, também tivemos valores das dimensões próximos uns dos outros e, mais uma vez, a única dimensão que se mostrou abaixo da média foi à dimensão Controle de Estresse.

    Em relação às modas da categoria “Infantil”, apenas a dimensão Controle de Estresse não apresentou múltipla moda. Percebe-se, nessa categoria, que somente a dimensão Controle de Estresse não apresenta uma moda próxima ao valor da média. Na categoria “Juvenil” as dimensões Saúde, Sociabilidade, Competitividade apresentam múltiplas modas. As únicas dimensões que apresentaram valores de moda próximos a média, na categoria “Juvenil”, foram Controle de Estresse e Sociabilidade.

    Com relação aos valores “mínimos e máximos” percebe-se que, independente da variável analisada, os valores variaram de 8 a 40. Nota-se que em relação ao desvio padrão, nenhum dos valores apresentados em todas as dimensões de ambas as categorias foram maiores que a metade do valor da média.

    Os valores nominais (médias) obtidos demonstraram que as dimensões que mais motivam os jovens basquetebolistas da categoria Infantil à prática regular de atividades físicas foram o Prazer (= 32,14) e a Competitividade (= 32,14),seguido pela Saúde (= 31,16), Sociabilidade (=29,30), Estética (= 28,52) e, por último, Controle de Estresse (= 21,76). Na categoria Juvenil a dimensão que mais motivam os jovens a pratica de Atividade Física foi Sociabilidade (= 30,89), seguido pelo Prazer (= 30,81), Competitividade (= 29,94), Saúde (= 29,68), Estética (= 27,51) e o Controle de Estresse (= 21,29). A seguir, demonstraremos a comparação das médias através do teste t pareado para verificar se estas diferenças em valores nominais são estatisticamente significativas.

Tabela 1. Estatísticas de tendência central, de dispersão e distribuição da amostra segundo “categoria”

 

 

Gráfico 1. Distribuição das dimensões motivacionais segundo a categoria

Comparações das médias segundo a variável “categoria”

    A fim de esgotar as comparações das médias obtidas nas dimensões motivacionais, conduziu-se o teste de Mauchly (p < 0,01) o qual a homogeneidade da variância das categorias “Infantil” e “Juvenil” foi rejeitada pelo teste. Sendo assim, conduziu-se um teste t pareado com o intuito de verificar as dimensões que melhor descrevem a motivação dos praticantes de atividades físicas regulares. A tabela 4 apresenta estes resultados.

Tabela 2. Comparações entre os escores das dimensões motivacionais dos praticantes de atividades físicas na categoria Infantil

 

Tabela 3: Comparações entre os escores das dimensões motivacionais dos praticantes de atividades físicas na categoria Juvenil

    Os resultados do teste t pareado da Tabela 2 demonstraram que não existem diferenças estatisticamente significativas (p > 0,05), na categoria Infantil, entre as dimensões Prazer, Competitividade e Saúde; portanto, essas três encontram-se como sendo as principais dimensões que estimulam os jovens infantis à prática da Atividade Física e/ou Esportiva. Em segundo lugar encontram-se as dimensões Sociabilidade e Estética, ambas indissociáveis estatisticamente. Por fim, a dimensão que menos aparece entre os jovens é o Controle de Estresse.

    Na categoria Juvenil as dimensões que mais motivam os jovens à prática de atividade física e/ou esportiva são: Sociabilidade, Prazer, Competitividade, Saúde e Estética, todas indissociáveis estatisticamente. Por fim, a dimensão Controle de Estresse foi, novamente, a menos mencionada pelos jovens basquetebolistas.

    A fim de esgotarmos as possíveis análises comparativas, verificou-se inicialmente a homogeneidade das variâncias (ver Tabela 4), a qual não foi assumida na dimensão Estética. Desta forma, foi conduzido um teste t para amostras independentes, a fim de se testar possíveis diferenças entre as motivações à prática de Atividades Físicas regulares e/ou Esportivas entre os atletas de Basquetebol das categorias “Infantil” e “Juvenil”.

Tabela 4: Comparação entre as médias das dimensões das categorias “Infantil” e “Juvenil”

    Na tabela 4 podemos perceber que nenhuma das dimensões motivacionais apresentou diferenças estatisticamente significativas (p < 0,01) na comparação entre as duas categorias “Infantil” e “Juvenil” dos atletas de Basquetebol. A seguir, apresentaremos a discussão dos resultados.

Discussão dos resultados

    Com esses resultados, podemos observar que o que mais motiva a categoria infantil à prática da atividade física e/ou esportiva são as dimensões Prazer (= 32,14) Competitividade (= 32,14), e Saúde (= 31,16), primeiro grupo indissociável, seguido pela Sociabilidade (=29,30) e Estética (= 28,52) ambos indissociáveis (2º) e, por último, o Controle de Estresse (= 21,76).

    Os altos índices das dimensões Prazer e Competitividade já eram de ser esperadas por estudos existentes na literatura (GALLEGOS et al., 2002; ARENA; BÖHME, 2004; JUCHEM, 2006; JUCHEM et al. 2007, BALBINOTTI et al. 2007; SALDANHA, 2008). O Prazer é normalmente uma das dimensões mais escolhidas pelos adolescentes uma vez que eles gostam de praticar aquilo que sabem e que gostam; ou seja, eles praticam a modalidade que lhes proporcionam prazer. Esses resultados vão ao encontro dos de Juchem (2006) onde o autor, em estudo com tenistas, obteve a dimensão Prazer como sendo a que mais motivava os jovens tenistas. O Prazer, Segundo a TAD, representa a motivação intrínseca das pessoas; este aspecto, junto com a sensação de competência e autonomia, seriam as bases de um comportamento autodeterminado. Portanto, além de sentirem prazer pela atividade, esses adolescentes tendem a um comportamento autodeterminado.

    Os valores da dimensão Competitividade também foram elevados. Esses resultados podem ser explicados pelo fato desses basquetebolistas escolares gostarem de campeonatos onde possam disputar partidas com outras equipes, com esforço máximo na hora do jogo, fato que muitas vezes não acontece com tanta intensidade na hora do treino. De Rose Jr. (2002) afirma que a competição significa estar preparado para enfrentar os desafios da demanda situacional e desempenhar no mais alto grau de excelência. Sob esse ponto de vista, a competição é o ponto máximo do atleta. Entretanto, esse interesse à competição deve ser observado com certo cuidado, pois como lembra Arena e Böhme (2004), a competição deve respeitar a faixa etária para o início regular de práticas competitivas. Isso quer dizer que devemos ter cuidado para não cobrarmos demasiadamente dos nossos alunos em uma faixa etária, ou um grau de maturação precoce.

    Mas o que chama a atenção é o fato da dimensão Saúde estar presente entre as opções mais lembradas pelos adolescentes. Essa dimensão faz parte da motivação extrínseca do adolescente, mais que isso, ela é identificada como um aspecto de relevância atribuída a terceiros que pode vir a se internalizar com o passar do tempo, formando assim, um indivíduo com maior autonomia.

    Essa dimensão, Saúde, obteve um alto índice e esse resultado pode ser atribuído pelas respostas femininas que se interessam no Esporte Escolar como um meio de para se obter saúde. Também pelo fato da Saúde ser bastante comentada hoje em dia em nossa sociedade. Deci e Ryan (2000) nos trazem mais um motivo para a Saúde ter uma relevância tão grande: a Saúde está intimamente relacionada com uma melhora na condição física e uma mente sadia. Dessa maneira, o adolescente praticando uma Atividade Física e/ou Esportiva, obterá qualidade de vida de uma forma prazerosa.

    A dimensão Sociabilidade, que aparece em segundo lugar nas dimensões mais importantes para os adolescentes, tem uma relação direta com uma das três necessidades psicológicas inatas: o relacionamento. Quando essa necessidade é efetivada, promove-se uma sensação de bem-estar (DECI; RYAN, 2000) e, conseqüentemente, o aluno passa a ter mais interesse pelas aulas. Essa dimensão, a nível Escolar, além de ser elevada por transmitir uma sensação de bem-estar, também pode ser elevada pelo fato dos alunos já se conhecerem em sala de aula e já terem certa amizade. Com isso, essa relação pode influenciar os adolescentes a ingressarem na modalidade pelo companheirismo adquirido pela convivência Escolar.

    Junto com a dimensão Sociabilidade, a Estética aparece como umas das que mais motiva esses adolescentes à prática do basquetebol. Esse resultado pode ser explicado, mais uma vez, pelo alto índice de meninas que responderam ao Inventário. Nessa idade (13 a 14 anos – Infantil) os jovens se comparam muito com os outros pela aparência física; dessa forma, a estética passa a ter um papel importante na motivação dos alunos para praticar basquetebol. Essas idéias vão ao encontro as de Ré et al., (2004) ao afirmar que os adolescentes buscam a Atividade Física e/ou Esportiva para se obter uma melhor aparência.

    O Controle de Estresse apareceu em último lugar, o que já era esperado uma vez que esse não é um dos principais fatores que levam os adolescentes à prática de esporte. Essa dimensão costuma ter valores mais elevados nas populações adultas, que buscam o esporte como um meio de aliviar o Estresse. A respeito do Estresse pelas competições esportivas, De Rose Jr., (2002) afirma que a quantidade de estresse vivenciada pela criança é uma função de demandas do meio ambiente e das habilidades que ela possui para lidar com ele. Dessa forma, os resultados da pesquisa vão ao encontro das idéias do autor, uma vez que esses adolescentes escolares não possuem muitos fatores de pressão por resultado quando comparados a jovens que jogam em clubes e que possuem uma responsabilidade muito maior pela vitória.

    Na categoria Juvenil, os resultados obtidos apresentaram valores muito próximos uns dos outros, sendo que cinco dimensões ficaram indissociáveis umas das outras. Nessa categoria, as dimensões que mais motivavam os adolescentes eram a Sociabilidade, Prazer, Competitividade, Saúde e Estética, todas indissociáveis estatisticamente. Por último, ficou a dimensão Controle de Estresse.

    A dimensão Sociabilidade chama a atenção por apresentar no valor nominal o índice mais alto de todos. Esse fato pode estar associado pelo alto índice de meninos Juvenis da cidade de Viamão que responderam ao Inventário. Isso ocorre porque o campeonato interno de Viamão na categoria Juvenil Masculino foi, nesse ano de 2008, o mais disputado, o que mais tinha equipes participantes e o que teve a melhor qualidade técnica. Essa melhora dos jogadores foi proporcionada pelo projeto de basquetebol que existe na cidade desde o começo do ano para adolescentes da categoria Juvenil. Tal fato demonstra certa aproximação, entrosamento entre os alunos e formação de amizades. Como essa dimensão está fortemente relacionada com uma das necessidades psicológicas inatas, essa dimensão é uma das mais importantes responsáveis pela motivação dos basquetebolistas juvenis.

    A dimensão Prazer ficou indissociável com as outras quatro pelo simples fato de todas as pessoas engajadas na modalidade de basquetebol gostar de praticar esse esporte e, com isso, se sentirem motivadas intrinsecamente para praticar o basquetebol. Juchem et al. (2007) afirma que, juntamente com o prazer, a responsabilidade e o desempenho em busca de um objetivo, vão ser fatores que irão auxiliar a motivação intrínseca dos atletas.

    A dimensão Competitividade também aparece na primeira posição. Isso pode ser explicado pelo mesmo fato da categoria Infantil: os adolescentes gostam de treinar, mas também gostam de competir. Para De Rose Jr., (2002), competição significa não medir esforços para alcançar os melhores resultados, o que, na maioria das vezes, é a vitória. Dessa maneira, para alguns adolescentes (especialmente aqueles que buscam o alto rendimento) os treinos visam um aprimoramento físico, técnico e tático em que serão colocados em prática na hora das competições. Essa questão deve ser bem controlada, pois, apesar dos adolescentes gostarem da competição, essa deve ser dosada, ainda mais porque estamos diante de nível Escolar, onde, segundo Kunz (2000), o esporte Escolar deve assumir uma posição crítico-emancipatória, ou seja, a formação de cidadãos nesse contexto também é de grande relevância.

    As dimensões Saúde e Estética também ficaram indissociáveis nas primeiras posições. Esse resultado pode ter ocorrido, principalmente, por duas razões: 1) muitas meninas responderam ao IMPRAFE-54; 2) trata-se de dois importantes fatores no contexto da sociedade atual.

    A Saúde é identificada pelos adolescentes. Eles dão importância pessoal por essa dimensão por ser um tópico atribuído a um comportamento esperado por terceiros. Dessa maneira, essa dimensão passa a ser um importante fator motivacional extrínseco que, com o passar do tempo, pode vir a se interiorizar, formando um indivíduo mais autônomo e mais preocupado com fatores relacionados à Saúde.

    A Estética é um fator relevante, pois a sociedade dá uma grande ênfase à aparência. Garcia e Lemos (2003) afirmam que o “ser” é muito menos importante do que “parecer”. Os adolescentes, principalmente as meninas, estão buscando constantemente a construção de um corpo aceito pela sociedade.

    Por fim o Controle de Estresse foi, assim como a categoria Infantil, a resposta menos valorizada dos adolescentes. Essas respostas já eram de se esperar, pois nessa idade as preocupações, ansiedades e responsabilidades normalmente são menores se comparadas às de um adulto. Além disso, tal afirmação já é existente em estudos na literatura (DE ROSE JR., 2002; JUCHEM, 2006; JUCHEM et al., 2007)

    Essas cinco primeiras dimensões indissociáveis nos trazem um fato muito relevante: os alunos da categoria Juvenil são motivados para fazer aulas de basquetebol por diversos motivos, não é apenas o prazer ou quem sabe a busca de novas amizades que faz esses adolescentes ingressarem nas aulas de basquetebol. O que motiva esses jovens as aulas são diversas dimensões relacionados. Isso é muito importante, pois o adolescente tem mais motivos para fazer aula. Nessa categoria, não existe uma dimensão que se destaca mais que outra; portanto, o aluno quando sai de casa para ir à aula de basquetebol, está indo para aquela aula por diversas razões positivas.

    Na comparação entre as duas categorias percebe-se que nenhuma das dimensões motivacionais apresentou diferenças estatisticamente significativas (p<0,01). Com isso podemos perceber que os fatores motivacionais existentes entre as duas categorias são parecidos. Com valores tão próximos entre as categorias podemos afirmar que os adolescentes de ambas as categorias buscam o basquetebol pelos mesmos motivos.

Conclusão

    Com resultados obtidos no presente estudo, podemos concluir que as dimensões que mais motivam os adolescentes da categoria Infantil são o Prazer, a Competitividade e a Saúde (1º), seguidos pela Sociabilidade e Estética (2º) e o Controle de Estresse (3º)

    Na categoria Juvenil obtivemos valores próximos uns dos outros: Sociabilidade, Prazer, Competitividade, Saúde e Estética (1º) obtiveram valores indissociáveis estatisticamente entre si. Por fim, tivemos a dimensão Controle de Estresse (2º) como a dimensão que menos motiva os adolescentes. Esses resultados apontam que o grupo Juvenil possui vários fatores motivacionais que levam à prática do Esporte, os adolescentes que vão fazer aula, eles estão naquele ambiente por uma série de razões interligadas.

    Com esse estudo espera-se contribuir para descoberta dos fatores motivacionais que estimulam os jovens à prática do desporto. Além disso, com essas descobertas, acredito estar contribuindo para a Pedagogia do Treinamento Desportivo (planos de ensino, planejamento, conteúdo programático, entre outros) de basquetebolistas das categorias Infantil e juvenil.

Referências

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