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Intensidade de esforço durante ciclismo

indoor em mulheres treinadas e iniciantes

Intensidad del esfuerzo durante el ciclismo indoor en mujeres entrenadas y principiantes

 

*Laboratório de Avaliação Física e Fisiologia do Exercício, LAFIFE

Faculdade de Educação Física – Universidade de Cuiabá, Mato Grosso

**Docente e Coordenador da Faculdade de Educação Física

Universidade de Cuiabá – UNIC

(Brasil)

Maycon Robert Vidotti*

maycon8miles@yahoo.com.br

Otávio Rodrigo Palacio Favaro* **

triota2005@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve como principal objetivo analisar se os níveis de intensidade de esforço atingidos durante uma aula de ciclismo indoor (CI) permanecem dentro das intensidades recomendadas pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM), bem como comparar a freqüência cardíaca e percepção subjetiva de esforço durante ciclismo indoor em mulheres treinadas e iniciantes. Participaram deste estudo nove voluntárias, divididas em dois grupos, grupo treinado (GT) (n= 5; 33,6 ± 5,4 anos; 1,63 ± 0,05m; 59 ± 4,5 kg; 22,1 ± 2,5Kg/m2) e grupo iniciante (GI) (n=4; 33,7 ± 8,8 anos; 1,64 ± 0,03m; 65,2 ± 8,5 kg; 24,1 ±3 Kg/m2). A freqüência cardíaca (FC) e percepção subjetiva de esforço (PSE) foram registradas durante uma aula de CI em cinco momentos diferentes. Utilizou-se a estatística descritiva (média ± dp), bem como teste t-student e ANOVA. O nível de significância foi de p≤0.05. Para o GT a intensidade variou entre 67% (moderado) a 98% (muito pesado), atingindo valores de 103% (supra-máximo). Para o GI a intensidade variou entre 71% a 86% (pesado), atingindo valores de 98% (muito pesado). Conclui-se que a intensidade de esforço no CI atinge predominantemente domínios de intensidade pesado e muito pesado. Desta forma recomenda-se que a prática do ciclismo indoor deva ser cautelosa com indivíduos iniciantes

          Unitermos: bicicleta estacionária. Atividade física. Programa de RPM. Intensidade de exercício. Freqüência cardíaca.

 

Abstract

          The purpose of this study were to evaluate if the levels of exercise intensity riched during a indoor cycling class (IC) remain within the American College of Sports Medicine (ACSM) recommendations and to compare the heart rate (HR) and ratings of perceived exertion (RPE) in experience and novice females participants. Nine volunteers, divided in group trained (GT) (n=5; 33,6 ± 5,4 years; 1,63 ± 0,05 m; 59 ± 4,5 kg; 22,1 ± 2,5 Kg/m2) and group novice (GN) (n=4; 33,7 ± 8,8 years; 1,64 ± 0,03 m; 65,2 ± 8,5 kg; 24,1 ± 3Kg/m2). In five different moments the HR e RPE were measured. Descriptive statistical analyses (mean ± dp), ANOVA and Student t-test applied to compared HR and RPE values. The level of significance was set at p≤0.05. For GT, the exercise intensity ranged from moderate to very hard, reaching supramaximal intensity. For GN, the exercise intensity ranged from hard to very hard. We concluded that the exercise intensity in IC reaches, most of the time, hard and very hard domain. As such, the results suggest that indoor cycling class must be done with caution in novice subjects.

          Keywords: Stationery bicycle. Physical activity. RPM program. Exercise intensity. Heart rate.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Estudos reforçam que participações regulares em programas de exercícios cardiorrespiratórios promovem a aquisição e o aprimoramento da aptidão cardiovascular (1,2). Com a divulgação da importância de se praticar atividade física (AF) e sua relação com a saúde, atualmente muitas pessoas estão se envolvendo em programas de condicionamento físico promovidos por um grande número de modalidades de AF.

    O Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM) (3,4) recomenda práticas diárias de exercício físico, de 20 a 60 minutos de forma contínua ou intermitente, com intensidades variando entre 55% a 90% da freqüência cardíaca máxima (FCmax), bem como em intensidades relacionadas ao consumo de oxigênio (5).

    Entre os exercícios cardiovasculares, programas de exercício em bicicleta estacionária, conhecidos como ciclismo indoor (CI), vêm ganhando popularidade nos últimos anos na indústria do fitness. Esse programa pode ser oferecido em clubes esportivos, academias e centros de atividade física e é considerado como um meio alternativo de treinamento físico que simula situações de ciclismo de rua, sob orientações de um instrutor, visando o desenvolvimento do condicionamento muscular e cardiorrespiratório (6,7). Desde sua criação, o CI passou por uma ampla proliferação de programas tais como RPM®, SPINNING®, Trebispin®, Cycle Reebok®, Schwinn® Cycling e TopRide®.

    Recentemente, estudos vêm caracterizando o CI como uma modalidade de AF de alta intensidade (8-12) de alto gasto calórico (11,12) e de grande impacto na função cardiovascular (9).

    Relevantes estudos encontraram que o CI impõe, em alguns momentos da aula, grande solicitação cardiorrespiratória além de uma grande exigência do metabolismo anaeróbio (10, 13), com valores de freqüência cardíaca (FC) variando de moderados a elevados (14) atingindo intensidades acima das recomendações do ACSM (12).

    Como método de controle da intensidade exercício, recomenda-se o uso da FC e percepção subjetiva de esforço (PSE) para controle da intensidade de exercício como meio de segurança e efetividade do treinamento (3, 15), assim, o conhecimento da resposta cardíaca, por meio da FC, durante o CI contribui para uma prática mais segura e saudável desta modalidade. Poucos estudos investigaram a resposta da FC em indivíduos iniciantes de CI. Foster et al. (8) relatam que, devido a alta intensidade de exercício observada durante o CI, esta prática pode ser inapropriada para indivíduos iniciantes. Desta forma, este estudo teve como principal objetivo analisar se os níveis de intensidade de esforço alcançados durante uma aula de ciclismo indoor permanecem dentro das intensidades recomendadas pelo ACSM (3), bem como comparar a freqüência cardíaca e percepção subjetiva de esforço durante ciclismo indoor em mulheres treinadas e iniciantes.

Materiais e métodos

Amostra

    No início deste estudo a amostra era constituída por 18 mulheres, sendo 10 praticantes e 8 iniciantes. No entanto, apenas 09 se encaixaram nos critérios de seleção no momento do estudo. Com isso esta pesquisa contou com a participação de 9 voluntárias com idade variando entre 22 a 43 anos dividas em dois grupos. O primeiro grupo formado por 05 mulheres treinadas (GT), praticantes de CI a mais de 6 meses, com freqüência de três vezes por semana, cada sessão com duração de 45 minutos e, um segundo grupo, formado por 04 mulheres (GI) que estavam iniciando a pratica de ciclismo indoor na semana do estudo. As voluntárias foram selecionadas considerando sexo, tempo de experiência na aula (> 6 meses de prática com três vezes por semana) para as consideradas treinadas e para as iniciantes com no máximo uma semana de prática, Par-q negativo, sem uso de nenhum medicamento que influenciasse nas respostas investigadas e sem patologias osteomioarticulares. Foram excluídas da pesquisa mulheres que não se encaixaram nos critérios e ainda que não concordassem com as orientações sobre a alimentação e ausência de atividade física 24 horas antes da aula-teste. Características das participantes são apresentadas em médias e ± DP na tabela 1.

Tabela 1. Descrição da amostra pela idade, estatura, peso e índice de massa corporal e tempo de prática do ciclismo indoor (n=9)

    Dada a dificuldade em reunir uma amostra com um número maior de participantes só do sexo feminino, principalmente para o grupo iniciante, e que atendesse a todos os critérios de inclusão, aceitou-se este número. Esta pesquisa respeitou a Resolução 196/96. Todas as voluntárias assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

Procedimentos

    Este estudo foi realizado dentro da sala de aula específica para ciclismo indoor, modelo RPM®, nos horários da rotina do estabelecimento e com instrutor experiente e credenciado ao programa. Todas as coletas ocorreram durante a sessão de CI, considerando assim a validade ecológica. As avaliações ocorreram no período da manhã. Foi utilizada uma bicicleta específica para CI, da marca Total Health® com ajustes biomecânicos verticais e horizontais, os quais foram realizados quando necessário.

    Foi utilizado um monitor de freqüência cardíaca da marca polar®. A freqüência cardíaca máxima foi predita (FCmaxP) pela equação 207- (0,7 x idade) (16). Também foi registrada a FCmax atingida durante a aula (FCmaxA). Para registrar a PSE das participantes, foi utilizada a escala de 6-20 de Borg por meio de uma tabela fixada próxima a bicicleta.

    A aula de RPM® consistiu de nove faixas musicais, coreografadas ao comando do professor, simulando subidas, retas e sprints, com duração total da aula aproximada há 50 minutos. Para efeito de discussão a estrutura da aula foi dividida em fase de aquecimento, fase principal ou fase cardiovascular e fase de recuperação. Durante a aula, os registros de FC e PSE foram realizados em 5 diferentes momentos (M1 a M5), sempre no final de cada fase. Importante destacar que em nenhum momento das coletas a aula foi interrompida, seguindo todos os padrões do programa. A estrutura e características de cada fase estão apresentadas na figura 1.

Figura 1. Estrutura e características da aula de RPM®.

    Para determinar as categorias de intensidades adaptamos e utilizamos a classificação do ACSM (3) (tabela 2).

Tabela 2. Classificação da intensidade de exercício físico*

* Tabela adaptada do American College of Sports Medicine (ACSM) Position Stand (1998).

Análise estatística

    Foi empregada análise descritiva (média ± desvio-padrão) para apresentação dos valores referentes à freqüência cardíaca e percepção de subjetiva de esforço. Para comparação dos parâmetros analisados entre e dentro dos dois grupos foi utilizado o teste t de Student e análise de variância com post hoc de Tukey, quando necessários. O nível de significância foi de p≤0.05.

Resultados

    A média da FCmaxP encontrada para o GT e GI foi 183 ± 3,8 bpm e 183 ± 6,19, respectivamente. A FCmax A foi de 189 ± 11,46 para o GT e de 180 ± 11,38 para o GI. Mediante uma análise descritiva dos dados, pode-se verificar que durante uma aula de CI-RPM® a FC média das participantes do GT foi de 153 ± 14,2 bpm (84% da FCmaxP: intensidade pesada) e para as participantes do GI foi de 147 ± 12,28 bpm (80% da FCmaxP: intensidade pesada).

    Valores médios do % da FCmaxP variou entre 67% (moderado) a 98% (muito pesado), atingindo valores de 103% (supra-máximo) para o GT. Já para o GI o % da FCmaxP variou entre 71% a 86% (pesado), atingindo valores de 98% (muito pesado). Não foram encontradas diferenças entre os valores de FCmaxP e FCmax A inter e intra grupos.

    A figura 2 apresenta a resposta da FC média para os dois grupos (GT e GI) durante a aula de CI-RPM® considerando os níveis de intensidade de exercício recomendados pelo ACSM (3) e os valores médios da FCmaxP e FCmaxA.

Figura 2. Valores médios da Freqüência Cardíaca (FC) registrados nos diferentes momentos da aula de RPM® para o grupo treinado (GT) e para o grupo iniciante (GI). A

linha vermelha representa a média da freqüência cardíaca máxima prevista (FCmaxP), a linha verde representa a média da freqüência cardíaca máxima atingida (FCmaxA)

durante a aula, as linhas roxas representam os valores de 60% e 90% da FCmaxP, de acordo com o ACSM (3).

    Durante a fase principal da da aula de CI-RPM® a intensidade de exercíco permaneceu acima de 80% da FCmaxP (categoria pesado) para ambos os grupos. Já a PSE variou entre as categorias de intensidade pesado e muito pesado (figura 3).

    Utizando como referência os níveis de intensidade de esforço do ACSM (3) a média da FC das alunas do GT permaneceu 80% do tempo da aula acima do domínio de intensidade pesado. Já para as alunas do GI a média da FC ficou no domínio de intensidade pesado em 100% da fase principal da aula. Não foram encontradas diferenças entre os valores de FC durante a fase principal da aula inter e intra grupos.

Figura 3. Valores médios do % da FCmaxP e percepção subjetiva de esforço durante a fase principal da aula de RPM®. GTFC: freqüência cardíaca do grupo treinado;

GIFC: freqüência cardíaca do grupo iniciante; GTPSE: percepção subjetiva de esforço do grupo treinado; GIPSE: percepção subjetiva de esforço do grupo iniciante.

Discussão

    O CI é uma modalidade de AF muito popular, sendo praticada por um grande número de pessoas, de diferentes idades, gêneros e nível de condicionamento físico. De acordo com orientações do professor sobre a intensidade a ser trabalhada, os praticantes modulam a resistência de sua bicicleta ou a cadência de pedalada seguindo o ritmo das faixas musicais, atingindo assim diferentes intensidades de exercício.

    A intensidade de exercício para condicionamento aeróbio pode ser estabelecida por indicadores fisiológicos como o consumo de oxigênio, FC, limiares metabólicos e PSE. Infelizmente, a avaliação do consumo de oxigênio e/ou limiares exige testes e equipamentos especializados e pessoas treinadas, o que, na maioria dos estabelecimentos, tal avaliação não é financeiramente viável. Por esta razão a FC e PSE são métodos mais utilizados para controle da intensidade de exercício na prática do CI em academias e clubes.

    Estudos anteriores sustentam que em aulas de ciclismo indoor são atingidas altas intensidades de exercício (8-12), com valores transitando entre os domínios moderado a muito pesado (14). Nossos resultados apresentam valores de intensidade de exercício, caracterizados pela freqüência cardíaca, acima da máxima prevista para as participantes do GT e, para o GI, valores de FC em 98% da FCmaxP. A maior parte da aula, as participantes do GI permaneceram dentro dos valores limites recomendados pelo ACSM (3). Não demonstrando o mesmo comportamento, o grupo das mulheres treinadas, em 2/3 da fase principal da aula, ultrapassaram o limite superior das recomendações do ACSM (3)(>90% da FCmax) permanecendo no domínio muito pesado, sugerindo grande solicitação do sistema cardiovascular. Nossos resultados foram semelhantes ao de Piacentini et al. (12), os quais encontraram que durante uma sessão de 50 minutos de SPINNING®, os participantes atingiram valores de FC acima de 90% da FCmax em mais de 50% do tempo da aula. Caria et al. (9) demonstraram que durante uma aula de CI as categorias de intensidade variaram de moderada a muito pesado, e que em aproximadamente 25% do tempo da aula com intensidades acima do limiar ventilatório.

    Durante a fase principal da aula, as participantes do GI atingiram em média 83% da FCmaxP, intensidade correspondente ao domínio pesado, mas ainda dentro da faixa de intensidades recomendadas pelo ACSM (3) Embora estes valores encontram-se na variação de intensidade recomendada, os mesmos situam-se no limite superior das categorias de intensidade (categoria pesada: 70%-89% da FCmax; categoria muito pesada: >90% da FCmax). Recomenda-se que a intensidade de exercícios para indivíduos iniciantes em programas de atividade física deve permanecer em intensidades mais baixas e depois progredir para intensidades mais elevadas, de acordo com um programa periodizado, pois é fato que intensidades de exercício muito elevadas apresentam associações com risco cardiovascular (17) podendo também levar a baixa aderência ao programa de treinamento (18).

    De acordo com Piacentini et al. (12) a experiência em uma determinada modalidade de exercício permite aos indivíduos administrar melhor as intensidades de exercício, interpretando melhor as orientações do instrutor ou treinador, embora em atletas seja comum observar intensidades mais elevadas daquelas prescritas. Tal comportamento pode ser observado no presente estudo, o GT, mesmo sob orientações, permaneceu acima da prevista, concordando com Piacentini et al. (12) que observaram mesmo sob orientação dos instrutores os participantes de uma sessão de SPINNING® se exercitaram durante 80% da aula acima da FC indicada.

    Por outro lado, é possível hipotetizar que indivíduos inexperientes ou iniciantes em uma modalidade apresentem dificuldades em interpretar as indicações e/ou orientações dos instrutores, o que pode explicar a variação de intensidade no GI, do presente estudo.

    Torna-se importante ressaltar que a sessão de CI utilizada para o presente estudo foi composta por várias fases que simulavam o ciclismo outdoor e, em dois momentos (M3 e M4) as praticantes foram orientadas para saírem da posição sentada e assumirem a posição de pedalada em pé e, particularmente no M4, a coreografia simulava uma forte subida de montanha, variando entre a posição sentada e em pé. Estas situações podem explicar os elevados valores de FC, refletindo assim em uma grande solicitação do sistema cardiovascular durante a aula de CI, embora, Meneghelli et al. (19) investigando respostas hemodinâmicas durante uma sessão de CI encontraram valores do duplo produto dentro dos parâmetros de normalidade em relação ao esforço e sobrecarga cardiovascular.

    Outro meio para monitorar a intensidade de exercício é a percepção subjetiva de esforço. Estudos têm explorado a relação entre PSE e a intensidade de exercício em indivíduos saudáveis e tem sido demonstrado que este parâmetro é um método simples e válido para controlar a intensidade de exercício (20,21).

    Quando a PSE foi analisada para os dois grupos durante a fase principal da aula, observou-se que as intensidades variaram entre pesada e muito pesada para ambos os grupos. Resultados semelhantes foram encontrados por Foster et al. (8) Battista et al. (10), López-Miñarro e Muyor-Rdriguez (14), entretanto ainda existem dificuldades para se comparar estes resultados, pois os estudos utilizaram escalas de percepção com pontuação diferente (PSE e CR-10).

    Semelhante a FC, valores mais altos da PSE foram registrados nos momentos 3 e 4, atingindo 18 na escala de Borg (muito pesado: 17-19)(3). Recentemente, Borges e col.(22) investigaram a intensidade de esforço baseada na resposta da PSE simplificada pelo programa RPM®, o qual determina apenas três níveis de treinamento: confortável, cansativo e exaustivo. Os autores encontraram que a PSE subestimou a FC e que, em média, a PSE relatada pelos sujeitos atingiram predominantemente níveis cansativos (70% – 80% da FCmax), enquanto que a FC média foi classificada como exaustiva (80% - 90% FCmax).

    Embora no presente estudo tenha sido avaliada apenas uma aula coreografada, os dados sugerem que a alta solicitação do sistema cardiovascular seja um comportamento freqüente, pois nossos resultados foram semelhantes à outros estudos que se utilizaram de aulas com característica diferentes. Contudo, ainda existe certa dificuldade em fazer comparações entre estudos e/ou padronizar resultados, pois cada pesquisa consultada empregou aulas e programas diferentes (RPM® e SPINIG®), população com nível de aptidão física diferente, metodologias de investigação diferentes, entre outras variáveis, gerando dificuldades na sua generalização.

    Em aulas de ciclismo indoor no modelo RPM® existem diversas coreografias chamadas “mix” as quais simulam diferentes terrenos e situações de treinamento de ciclismo, com isso sugerimos que outros estudos devam ser realizados na tentativa de padronizar as comparações de parâmetros fisiológicos permitindo uma generalização destas informações. Contudo, esse tipo de prática de atividade física pode ser uma forte aliada para promover melhorias no condicionamento físico em indivíduos saudáveis e não sedentários, uma vez que o trabalho na variação de intensidades moderadas a pesadas promovem aprimoramento na condição cardiorrespiratória (1).

Conclusão

    Conclui-se que a intensidade de esforço, na fase principal da aula de CI analisada, atinge predominantemente domínios pesado e muito pesado. Para mulheres treinadas, a intensidade de exercício em alguns momentos da aula de CI atinge valores acima de 90% da freqüência cardíaca máxima prevista, não correspondendo ás recomendações do ACSM. Para mulheres iniciantes, os valores da FC permaneceram dentro das recomendações do ACSM, embora tenha se situado na intensidade pesada. Desta forma recomenda-se que a prática do ciclismo indoor deva ser cautelosa com indivíduos iniciantes.

Implicações práticas

    Recomenda-se que indivíduos iniciantes não sejam incluídos em aulas com as características do presente estudo ou que o volume de fases marcadas por subidas não sejam longos nas primeiras sessões de RPM.

    Considerando que FC pode ser utilizada como um parâmetro hemodinâmico de controle de treinamento, prescrição de exercício (4) e avaliação do componente aeróbio (11, 23), reforçamos a utilização de estratégias por parte dos instrutores para monitorar mais de perto a FC, caso contrário tal atividade atinge facilmente intensidades elevadas de exercício, solicitando um trabalho do sistema cardiovascular além dos recomendados.

    Como critério de controle de intensidade o parâmetro de percepção subjetiva deve ser usado com cautela, pois se sabe que o uso da PSE depende da capacidade individual em compreender a relação de esforço e ainda, de acordo com López-Miñarro e Muyor-Rdriguez (14) a habilidade de reproduzir a intensidade de exercício associada à PSE depende da prática e experiência dos indivíduos.

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