Inteligências Múltiplas nas aulas de Educação Física La inteligencias Múltiples en las clases de Educación Física |
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*Graduando em Educação Física Instituto de Educação Física e Esportes Universidade Federal do Ceará **Mestre, Instituto de Educação Física e Esportes Universidade Federal do Ceará (Brasil) |
Bruno Pereira Lima de Góes* Ricardo Hugo Gonzalez** |
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Resumo Um dos principais anseios de um país está na questão de usufruir de uma educação de qualidade. Educação que venha a suprir as expectativas de seus educandos e que se torne peça fundamental para desenvolver os indivíduos e por conseqüência a nação como um todo. A educação para ver concretizados todos os seus objetivos, deve antes de tudo, dar uma maior atenção a peças fundamentais, como a questão do processo de ensino e ao próprio aluno, respeitando suas habilidades e interesses e fazendo com que o ensino passe a fazer sentindo para o estudante despertando assim sua simpatia. Tomando como referência essa perspectiva, este trabalho teve como objetivo aplicar uma proposta didático-metodológica para a Educação Física escolar no 2º ano do ensino fundamental 1 de uma escola particular de Fortaleza, baseando-se na Teoria das Inteligências Múltiplas. Como objetivos específicos tivemos a preocupação de verificar os diferentes aspectos das Inteligências Múltiplas nas aulas de Educação Física escolar, verificar, dentre os estudantes, as capacidades das Inteligências Múltiplas, verificar a aplicação ou a apropriação dessas capacidades no contexto das aulas de Educação Física escolar e efetivar a proposta didático-metodológica das Inteligências Múltiplas no contexto da referida disciplina. A justificativa para a elaboração desse trabalho está na questão de propor subsídios para a melhoria das aulas de Educação Física Escolar, propondo uma metodologia que venha a proporcionar aos alunos condições para um aprendizado levando em consideração as suas competências, como também proporcionar condições para o aperfeiçoamento de outras. A pesquisa se deu através da linha de pesquisa intitulada pesquisa-ação, com o trabalho sendo feito em conjunto com professores e alunos pesquisados. Em síntese, este trabalho pôde constatar que ouve uma boa aceitação, por parte dos alunos e professores, a adoção de uma metodologia envolvendo jogos com as características da Teoria das Inteligências Múltiplas. Tendo sido as aulas muito dinâmicas, exigindo dos alunos várias habilidades, muitas vezes tendo que haver uma superação, por parte destes, em suas dificuldades e nem por isso deixou de ser atrativa aos olhos dos mesmos. Unitermos: Educação Física Escolar. Inteligências Múltiplas. Prática de ensino.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A educação ao longo dos anos tem sido alvo de um grande processo de desvirtuamento. Nota-se que a mesma está perdendo a cada dia o seu real objetivo e significado. O que se tem visto é uma verdadeira comercialização da educação, onde o que mais interessa não é a educação e o aprendizado dos discentes, mas sim os resultados que estes obtêm. Estes resultados vêem sendo usados como propaganda tanto para escolas particulares, como para enaltecer os “feitos” dos governantes.
É por discordar de objetivos escusos como esses, que diversos teóricos da educação vêm ao longo do tempo propondo mudanças urgentes no modo de se ensinar, como também nos reais objetivos da educação, tudo isso na busca tanto de mudar esses objetivos errôneos mencionados acima, como para fazer com que a educação passe a desempenhar seu real papel como agente transformador da realidade dos estudantes.
Essas transformações ocorrendo no sentido de se criar alternativas que façam com que as práticas pedagógicas se tornem mais atrativas aos olhos dos estudantes, como também no sentido de facilitar o aprendizado transportando os conteúdos para a realidade do discente.
A Educação Física como disciplina educacional, também se vê inserida nessa pressão por mudanças. Essa tornando-se peça fundamental, a partir do momento que tal disciplina, como possuidora da capacidade de envolver vários conhecimentos, pode tomar a iniciativa de englobar novas teorias que possam se tornar práticas pedagógicas complementares ao modo de educação praticado, na busca de haver uma melhora nos objetivos propostos pela educação em geral.
O objetivo desse trabalho consiste na proposição de uma proposta complementar ao que é praticado dentro das aulas de Educação Física, assim como a proposição de uma teoria que possa atender as expectativas dos alunos, como também proporcionar subsídios para se alcançar uma melhora no modo de se propor as práticas pedagógicas e ou educativas.
Uma teoria que pode se adequar perfeitamente a esses objetivos é a Teoria das Inteligências Múltiplas. Teoria que se constitui como uma visão complementar para o que se é pensado e praticado como conceito de inteligência. Diferente de outras correntes que vêm a inteligência de um modo de avaliação unidimensional a Teoria das Inteligências Múltiplas segundo Gardner (1995), “Considera a mente humana de uma forma pluralista, com várias facetas e habilidades, como também a idéia de que as pessoas tem estilos cognitivos contrastantes e modos de aprendizagem diferentes”.
A educação utilizando como referência a Teoria das Inteligências Múltiplas deverá considerar o educando como possuidor de várias habilidades e capacidades, estas variando em sua intensidade de aparecimento de pessoa para pessoa. Isto significando que cada indivíduo apresenta uma característica que lhe é inerente e um modo de aprendizagem particular. Assim como, possuidor de capacidade de desenvolver cada inteligência se for posto em condições que o possibilite a tal intento. Referendando isso nos fala Gardner (1995, p. 47) “Dada uma suficiente exposição aos materiais de uma inteligência, quase qualquer pessoa que não tenha dano cerebral pode obter resultados bastante significativos naquele domínio intelectual”.
Para que se tenha esse aprendizado se torna necessário que o indivíduo passe por diversas experiências, experiências essas que irão lhe dar subsídios para seu desenvolvimento motor, intelectual e afetivo, como também para a formação da sua personalidade.
Com relação ao aprendizado segundo a Teoria das Inteligências Múltiplas torna-se necessário que se coloque o indivíduo em contato com experiências previamente estabelecidas, que tenha como finalidade principal e que faça parte do objetivo da experiência a inteligência a qual se quer desenvolver. Levando-se em consideração o que foi dito, podemos utilizar como prática educacional a dinamização de jogos como forma de desenvolver essas capacidades.
1. Conceituação da Teoria das Inteligências Múltiplas
A elaboração da Teoria das Inteligências Múltiplas começou a partir da reunião de uma equipe de pesquisadores da Harvard Graduate School of Education. Esses pesquisadores assim como nos ressalta Gardner (1995) se uniram na busca de proporem uma investigação sobre a natureza e a realização do potencial humano, isso como forma de se fazer uma compilação de tudo o que se tinha produzido até então, acerca da natureza da cognição humana. Dentre esses pesquisadores se encontrava Howard Gardner, elaborador da referida teoria.
Esse estudo culminou com a publicação do livro Estruturas da Mente, livro que ao abordar uma visão mais ampla acerca de tudo que se tinha de pesquisa sobre a cognição humana, obteve considerável sucesso.
Dentro da publicação Estruturas da Mente, o autor começa a lançar as bases da teoria chamada de Inteligências Múltiplas. Sobre isso Gardner (1995, p. 3) afirma: “Se eu tivesse simplesmente observado que os seres humanos possuem talentos diferentes, esta afirmação teria sido incontestável – e meu livro teria passado despercebido. Mas eu, deliberadamente tomei a decisão de escrever a respeito de Inteligências Múltiplas”.
A Teoria das Inteligências Múltiplas foi desenvolvida pelo autor de “Estruturas da Mente” como forma de questionar e aumentar o pequeno conceito que se tinha até então, acerca do potencial cognitivo humano. Como também pela não aceitação de determinados testes, como o Teste de QI de Alfred Binet e como os testes de aptidão escolar utilizados como forma de se medir e quantificar a inteligência. Para o autor, esses testes trabalhavam a interpretação da inteligência de uma forma bastante limitada, referendando isso na questão de que eles trabalhavam apenas alguns aspectos, aspectos esses previamente estabelecidos e que não levavam em conta outras habilidades dos indivíduos testados.
Acerca disso afirma Smole (1996, p. 12) “Para pesquisadores como Minsky, Gardner e Gould, há evidências persuasivas da existência de diversas competências intelectuais humanas que indicam haver mais na inteligência do que respostas curtas para perguntas curtas”.
Juntamente com essa visão limitada acerca da inteligência humana e com a utilização desses testes de quantificação de inteligência, o autor também faz uma crítica ao modo escolar de ensino ao qual ele chama de “visão uniforme”. Segundo o autor da Teoria das Inteligências Múltiplas esse modo de ensino se utiliza de disciplinas essenciais, onde os alunos serão avaliados e classificados segundo as melhores notas, tudo isso levando-se em consideração apenas as habilidades naquelas disciplinas essenciais, sem levar em consideração outras habilidades dos alunos. Esses melhores alunos serão trabalhados com destino único e exclusivo à entrada nas universidades. Referendando isso nos fala Gardner (1995, p. 13):
Elas conseguem classificações confiáveis de pessoas, os melhores e mais brilhantes vão para as melhores universidades, e talvez –mas apenas talvez- também obtenham melhores classificações na vida. Não há duvida de que esta abordagem funciona bem para certas pessoas.
Essa visão de escola é o que encontramos atualmente, uma visão de que os melhores e mais aptos são aqueles que se sobre saem nas capacidades previamente estabelecidas pelos educadores, sem levar em conta as outras potencialidades dos alunos.
Para criticar e propor uma nova visão das capacidades humanas, como também para aumentar a visão de inteligência, Gardner desenvolveu a teoria das Inteligências Múltiplas. Segundo o autor essa abordagem tem uma visão da mente de uma forma multifacetada separada da cognição, segundo ele as pessoas têm várias capacidades intelectuais diferenciadas e estilos intelectuais contrastantes, podendo variar o desenvolvimento e a força com que se apresentam de pessoa para pessoa. Essas capacidades intelectuais indicam que todos temos habilidades diferenciadas, onde um pode se tornar mais hábil em uma atividade e ter mais facilidade de realizá-la do que em outras.
Segundo Gardner (1995 p. 13) “(...) é uma visão pluralista da mente, reconhecendo muitas facetas diferentes e separadas da cognição, reconhecendo que as pessoas têm forças cognitivas diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes”.
Levando-se em consideração essas habilidades próprias de cada ser, como também considerando o conceito de inteligência como a capacidade de resolver problemas Gardner reuniu todas essas capacidades e as denominou de “inteligências”, inteligências que mostram as várias capacidades que o indivíduo pode utilizar para resolver problemas e dificuldades. Inicialmente o autor selecionou sete inteligências: Linguística, Lógico-matemática, Espacial, Musical, Corporal-cinestesica, Interpessoal e Intrapessoal, vindo posteriormente a se unirem as inteligências Naturalista e Pictórica. Acerca disso nos fala Gardner (1995, p. 15): “Minha lista resultante de sete inteligências é uma tentativa preliminar de organizar esta massa de informações”.
A inteligência Lingüística segundo Antunes (1998, p. 46) “Pode ser entendida como a capacidade que se manifesta pela facilidade em organizar palavras em uma sentença e pelo sentido de verdadeira “arquitetura” com que poetas e escritores constroem imagens verbais”
A Inteligência Lógico-matemática é explicada por Antunes (1998, p. 71) como “A inteligência lógico-matemática se manifesta através da facilidade para o cálculo, na capacidade de se perceber a geometria nos espaços, na satisfação revelada por muitos em criar e solucionar problemas lógicos”.
A inteligência Espacial para Gardner (1995, p.15) “É a capacidade de formar um modelo mental de um mundo espacial e de ser capaz de manobrar e operar utilizando esse modelo.”
A inteligência Musical, segundo Gardner (1995, p. 15) “É a quarta categoria de capacidade identificada por nós: Leonard Bernstein a possuía em alto grau; Mozart, presumivelmente, ainda mais”.
A inteligência Corporal-cinestesica para Gardner (1995, p. 15) “É a capacidade de resolver problemas ou de elaborar produtos utilizando o corpo inteiro ou partes do corpo”.
A inteligência Interpessoal é definida por Gardner (1995, p. 15) como: “É a capacidade de compreender outras pessoas: o que as motiva, como elas trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas”.
A inteligência Intrapessoal segundo Gardner (1995, p. 15) “É uma capacidade correlativa, voltada para dentro. É a capacidade de formar um modelo acurado e verídico de si mesmo e de utilizar esse modelo para operar efetivamente na vida”.
A inteligência Naturalista segundo Antunes (1998, p. 198) “Diz respeito à competência para perceber a natureza de maneira integral e sentir processos de acentuada empatia com animais e com as plantas”.
A inteligência Pictórica segundo Antunes (1998, p. 217) “(...) se manifesta pela competência em se expressar ou em se compreender a linguagem dos signos, das cores ou de desenhos”.
Tomando como referência a questão do conceito de que inteligência se constitui na capacidade de resolver problemas. A Teoria das Inteligências Múltiplas se estende mais ainda colocando como conceito de inteligência a capacidade de resolver problemas de acordo com suas habilidades, sem importar o meio para o qual você se direcionou para resolver o problema.
De acordo com o autor da Teoria todos temos uma capacidade ou inteligência que se destaca mais, porém isso não quer dizer que não podemos desenvolver outras no sentido de termos mais habilidades predominantes. Se o indivíduo for exposto em um ambiente, repleto de estímulos que tiverem como objetivo desenvolver uma capacidade ele poderá desenvolver a inteligência trabalhada e tirar proveito dessas inteligências para resolver seus problemas. Referendando isso nos fala Gardner (1995, p. 32):
Enquanto alguns indivíduos são “promissores” em uma inteligência, outros “correm perigo”. Na ausência de ajudas especiais, aqueles que correm perigo em uma inteligência provavelmente irão falhar nas tarefas que envolvem aquela inteligência. Reciprocamente, os promissores provavelmente terão sucesso. Uma intervenção intensa numa idade inicial talvez possa levar um grande número de crianças a um nível “promissor”.
O autor ao propor a Teoria das Inteligências Múltiplas fez uma crítica ao modo atual de ensino, procurando a mudança desse modelo atual, pautado exclusivamente em resultados, estes pré- estabelecidos e referendados pelos testes de quantificação de inteligências por um novo modelo de educação, este voltado para a atenção exclusiva ao aluno, procurando através do diagnóstico do educador, identificar os interesses e as habilidades dos educandos como forma de se levar a educação pelo lado da atenção ao discente proporcionando a este uma aula, como também um ambiente cheio de estímulos e que trabalhe os conteúdos de acordo com a realidade do aluno, seus interesses e através da forma mais adequada ao aprendizado de cada indivíduo, tudo isso de acordo com suas possibilidades e habilidades.
De acordo com isso nos fala Gardner (1995, p. 65) “Os indivíduos possuem mentes muito diferentes uma das outras. A educação deveria ser modelada de forma a responder a essas diferenças. Em vez de ignorá-las, e julgar que todos os indivíduos têm (ou deveriam ter) o mesmo tipo de mente, nós deveríamos tentar garantir que cada pessoa recebesse uma educação que maximizasse seu potencial intelectual”.
Esse modo de ensino proposto por Gardner vai mais além, propõe que os cursos aos quais os alunos fossem fazer deveriam ser adequados aos seus interesses e as suas próprias inclinações. Isso se referindo também as disciplinas convencionais do currículo escolar, onde o educando aprenderia o conteúdo de uma maneira que lhe fosse mais clara e mais fácil. Exemplificando isso nos fala Gardner (1995, p. 67):
A escolha do modo de apresentação pode significar, em muitos casos, a diferença entre uma experiência educacional bem-sucedida e uma mal-sucedida.Uma aula de história pode ser apresentada através de modos de conhecimento lingüístico, lógico, espacial e/ ou pessoal.
Essa teoria, assim como as mudanças propostas por Gardner (1995) na educação, se bem executadas poderiam render bons frutos, pois o modo de ensino, que hoje em dia não se constitui interessante para alguns alunos, poderia se tornar bastante atrativo a partir do momento que a educação seria voltada para os interesses e inclinações dos alunos. Sobre isso destaca Gardner (1995, p. 68):
Se esta educação centrada no indivíduo fosse buscada, ela levaria a uma situação feliz – uma situação em que uma crescente porcentagem de alunos encontra seu métier, sente-se bem consigo mesma e tem uma probabilidade maior de se tornar um membro positivo de sua comunidade.
Com podemos ver se bem trabalhada, a Teoria das Inteligências Múltiplas pode se constituir em opção importantíssima na busca da melhoria da educação e da simpatia dos alunos pelo modo de ensino.
1.2. Teoria das Inteligências Múltiplas inserida no processo de transformação da Educação Física
Tomando como referencial todas as mudanças relacionadas no primeiro tópico que ocorreram dentro do ambiente da Educação Física e da educação em geral e tomando como idéia de que a mesma ainda está em processo de mudança e ainda se adequando a realidade, faz-se necessário que esta não pare de se transformar e que passe a cada vez mais absorver teorias que visem a melhor compreensão e desenvolvimento possível por parte dos alunos daquilo do que a educação se propõe a realizar. Estas teorias devendo se aproximar da realidade do educando, proporcionando-lhe condições complementares de educação.
A Educação Física como prática pedagógica se constitui em elemento muito importante nesse processo de mudança da educação, pois como disciplina curricular e como área que abrange vários segmentos do conhecimento, pode ser elemento importantíssimo nesse processo de desenvolvimento e de mudança podendo se utilizar de novas teorias de forma lúdica como forma de se fazer uma observância e uma experimentação na busca de complementos para a melhoria da educação.
A Teoria das Inteligências Múltiplas e seu modelo de escola constituem-se em exemplo bastante significativo do que foi dito acima, pois segundo as idéias de seu idealizador Howard Gardner essa teoria tem uma visão de que todos aprendem de uma forma diferente e por isso precisam de uma atenção especial voltada para os anseios do aluno e não do que a sociedade o impõe. Acerca disso nos fala Gardner (1995, p. 16)
O planejamento de minha escola ideal do futuro baseia-se em duas suposições. A primeira delas é a de que nem todas as pessoas têm os mesmos interesses e habilidades; nem todas aprendem da mesma maneira. (e agora nós temos os instrumentos para começar a tratar dessas diferenças individuais na escola).
A Teoria das Inteligências Múltiplas veio como uma visão complementar de como se encarar as inteligências, como também as capacidades inerentes de cada indivíduo. Isso originou-se da inquietude de alguns pesquisadores da Universidade de Harvard capitaneados por Gardner que procuraram uma nova forma de como avaliar as capacidades de cada pessoa sem os objetivos previamente estabelecidos aos quais alguns testes,como o teste de QI, eram submetidos. Segundo Gardner (1995, p. 13) “Eu acredito que devemos nos afastar totalmente dos testes e das correlações entre os testes e ao invés disso, observar as fontes de informações mais naturalistas a respeito de como as pessoas, no mundo todo, desenvolvem capacidades importantes para seu modo de vida”.
Para o autor da Teoria das Inteligências Múltiplas, somos todos dotados de habilidades, aos quais ele chamou de inteligências, onde em algumas dessas capacidades temos predominância e facilidade em manifestá-las, enquanto em outras não aparece essa mesma condição. O que Gardner quis dizer é que somos dotados de um espectro de habilidades, habilidades essas que nos fazem sermos aptos a resolvermos problemas e situações encontradas em nosso cotidiano. Contudo essas habilidades não aparecem com a mesma intensidade em cada indivíduo, podendo cada pessoa ter uma maior predominância em uma do que em outra. Sobre isso nos afirma Gardner (1995, p. 29):
Nós também determinamos que essas múltiplas faculdades humanas, são independentes em um grau significativo. Significa que um alto nível de capacidade em uma inteligência, digamos matemática, não requer um nível igualmente alto em uma outra inteligência, como linguagem ou música.
Comentando sobre as habilidades inerentes em cada indivíduo o mesmo complementa (IBDEM):
Como seres humanos, todos temos um repertório de capacidades para resolver diferentes tipos de problemas. Nossa investigação começou, portanto, com uma consideração desses problemas, os contextos em que são encontrados e os produtos culturalmente significativos que constituem os resultados. Nós não abordamos a inteligência como uma faculdade humana reificada, que é convocada literalmente em qualquer colocação de problemas; pelo contrário, nós começamos com os problemas que os seres humanos resolvem e depois examinamos as “inteligências” que devem ser responsáveis por isso.
Entretanto a despeito dessa maior manifestação de uma inteligência em relação a outra, variando de indivíduo para indivíduo, Gardner nos mostra que se outras formas de habilidades, inteligências, forem estimuladas com ambientes enriquecedores, e com estímulos direcionados para aquela inteligência que se quer trabalhar, podemos obter resultados satisfatórios de melhoria no aparecimento e no desenvolvimento dessas capacidades.
Sobre isso nos fala Gardner (1995, p. 47) “Dada uma suficiente exposição aos materiais de uma inteligência, quase qualquer pessoa que não tenha dano cerebral pode obter resultados bastante significativos naquele domínio intelectual.
As implicações educacionais da Teoria das Inteligências Múltiplas estão no sentido de mudarmos a maneira como é visto a educação e o alunado em geral, como também no sentido de os ajudarmos a desenvolver suas potencialidades. É preciso que as práticas educacionais parem de se preocupar com as deficiências de cada aluno e com o que esse aluno deve aprender para servir aos interesses da sociedade e passem a trabalhar em cima das facilidades que cada aluno tem para aprender, tornando-se necessário que o professor faça um diagnóstico da realidade do aluno, de suas vivências e sobre as maneiras de ensinar mais atrativas para cada aluno, como também ajudar a desenvolver indivíduos críticos e cientes de seu papel na sociedade. Referendando isso nos diz Gardner (1995, p. 16):
Em minha opinião, o propósito da escola deveria ser o de desenvolver as inteligências e ajudar as pessoas a atingirem seus objetivos de ocupação e passatempo adequados ao seu espectro particular de inteligências. As pessoas que são ajudadas a fazer isso, acredito, se sentem mais engajadas e competentes, e, portanto mais inclinadas a servirem à sociedade de uma maneira construtiva.
Se observarmos atentamente dentro das novas abordagens pedagógicas da Educação Física podemos encontrar diversos preceitos e ideais de educação que se assemelham com as idéias pregadas e defendidas por Howard Gardner em sua Teoria das Inteligências Múltiplas.
Procurando inserir essa teoria dentro das aulas de Educação Física infere-se como necessário fazer uma relação entre ela e as várias correntes de pensamento que norteiam os trabalhos desenvolvidos nesta área do conhecimento atualmente.
Com relação a abordagem Crítico – Superadora, a Teoria das Inteligências Múltiplas se assemelha no estabelecimento de algumas propostas no sentido de focar o aprendizado do aluno como centro de sua preocupação, tornando-o um ser crítico e participante da sociedade em que vive, isso feito de uma forma que possa ajudar o indivíduo a concretizar seus objetivos segundo sua realidade, seus interesses e suas potencialidades. Podendo com isso atingir a transformação social da realidade da pessoa. Com relação a isso nos fala Coletivo de Autores (1992, p. 55):
Os movimentos renovadores da Educação Física do qual faz parte o movimento dito “humanista” na pedagogia, se caracterizam pela presença de princípios filosóficos em torno do ser humano, sua identidade, valor, tendo como fundamento os limites e interesses do homem.
Reforçando isso Gardner afirma (1995, p. 33):
O programa pedagógico aqui descrito pressupõe o exato entendimento do perfil das inteligências de cada aluno. Esse cuidadoso procedimento de avaliação escolhas adequadas de carreiras e passatempos. Ele também permite uma busca mais esclarecida de alternativas para as dificuldades.
As duas procuram através da mudança da forma de ensino, como também da mudança do currículo uma forma de se atingir seus objetivos. No caso da abordagem Crítico – Superadora essa modificação se dá no sentido de atrair as formas de conhecimento existentes no currículo normal para os interesses e para a realidade das camadas mais populares, isso com o intuito de tornar os alunos mais críticos e mais conscientes de sua importância. Acerca disso nos fala Coletivo de Autores (1992, p. 28):
Buscar situar a sua contribuição particular para explicação da realidade social e natural no nível do pensamento/reflexão do aluno. Isso porque o conhecimento matemático, geográfico, artístico, histórico, lingüístico, biológico ou corporal expressa particularmente uma determinada dimensão da “realidade” e não a sua totalidade.
Já com relação a Teoria das Inteligências Múltiplas e o currículo, o autor nos fala de uma idéia de uma escola do futuro com atenção central ao indivíduo, onde ao se observar as suas características essa escola irá trabalhar em cima dessas potencialidades, procurando adequar as várias disciplinas às características de cada aluno, ajudando-os a raciocinar de uma maneira que ele possa resolver seus problemas e os que venha a encontrar ao seu redor de sua maneira. Segundo Gardner (1995, p. 68):
A escola que visualizamos busca estimular o profundo entendimento dos alunos em várias disciplinas básicas. Ela encoraja os alunos a utilizarem este conhecimento para resolverem os problemas e completarem as tarefas com as quais se deparam na comunidade mais ampla.
Um outro ponto que podemos relacionar está na questão do conceito de cultura corporal, do que o homem é capaz de fazer ,transmitir e se fazer entender se utilizando de seu corpo. Na abordagem Crítico – Superadora, o homem não deve apenas saber o que ele pode fazer com o corpo para realizar uma tarefa, gestos técnicos, mas também o que ele irá atingir com esses gestos. Acerca disso Coletivo de Autores afirma (1992, p. 62):
Entretanto, para o aluno, o que ele deve fazer para jogar- como driblar, correr, passar e fintar-é apenas um meio para atingir algo para si mesmo, como por exemplo: prazer, auto-estima etc. O seu sentido pessoal do jogo tem relação com a realidade de sua própria vida, com suas motivações.
Com relação a Teoria da Inteligências Múltiplas, podemos encontrar relação com o desenvolvimento da inteligência Corporal-Cinestésica na questão das habilidades corporais para se expressar. Segundo Gardner (1995, p. 24) “(...) a capacidade de usar o próprio corpo para expressar uma emoção (como na dança), jogar um jogo (como num esporte) ou criar um novo produto (como no planejamento de uma invenção é uma evidência dos aspectos cognitivos do uso do corpo”.
A abordagem Critico – Emancipatória também tem semelhanças com os ideais da Teoria das Inteligências Múltiplas. Esta abordagem procurando transformar o modo como é visto e desenvolvido o esporte tanto dentro da escola como na sociedade em geral, procura tirar o aluno que está aprendendo e praticando um esporte da condição de mero espectador, repetindo tudo que os professores e treinadores pedem, sem ao menos questionar o porquê daquilo, procurando levá-lo para uma condição de agente construtor tanto da prática esportiva, como de qualquer atividade que esteja desempenhando. Esta teoria procura criar alternativas para que o ensino dos esportes se torne mais atrativo para quem o está praticando. Alternativas essas que devem ir de encontro com os interesses do aluno, como também fazendo com que este participe com mais disposição na construção da aula.
Fazendo uma relação com a Teoria das Inteligências Múltiplas podemos dizer que elas se assemelham no sentido de analisar os interesses e as capacidades dos alunos procurando desenvolver aulas que não privilegiem apenas os que têm a inteligência Cinestésico–corporal mais desenvolvida, mas sim privilegiando toda a turma. Esta abordagem procura através do que o autor chama de “arranjos materiais” proporcionar ao aluno o contato com o esporte sem a exigência de técnicas específicas. Acerca disso nos relata Kunz (1994, p. 133):
Arranjos materiais ou situações problema foram criados para que os alunos experimentassem as suas possibilidades, sem a utilização de alguma técnica especifica ou de alguma exigência especial. Era uma fase de descoberta de professores e alunos para saber o que o aluno, pelas suas vivências e experiências no mundo do movimento de seu contexto de vida, já sabe, já consegue ou não consegue realizar. Interessa conhecer e dar a conhecer ao grupo a cultura do aluno, ou seja, o que pertence ou não pertence ao horizonte de possibilidades práticas do mesmo. As situações e arranjos materiais devem, nesse sentido, apresentar desafios e estímulos aos alunos para envolver-se na experiência.
A abordagem Desenvolvimentista tem sob sua ótica a questão do movimento, procurando estudá-lo em todas as suas formas, desde as mais primitivas de movimento, passando pelo aprendizado e pela especialização, tudo isso olhando-o sob vários aspectos como: aspectos biológicos, aprendizagem de atividades motoras básicas e especificas, desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social. Isso se fazendo necessário no sentido de que se a Educação Física pretende atender as reais necessidades das crianças, proporcionando atividades que possam estimulá-las, procurando desenvolver o movimento, principal objeto de estudo da mesma, de uma maneira que a criança possa ter várias formas de aprendizados através deste, o estudo desses aspectos se constitui elemento importantíssimo para chegar a esse objetivo. Esta abordagem se relaciona com a Teoria das Inteligências Múltiplas na questão de que esta ao estudar o movimento em todas as suas formas, procurando informações tanto fisiológicas quanto psicológicas para explicar como se dá a assimilação, o aprendizado e o desenvolvimento motor, como também as implicações cognitivas e afetivas sociais decorrentes desse aprendizado ajudam ao educar com elementos científicos a entender como se dá esse aprendizado e como se dá as manifestações das diferentes inteligências. Como também procurando estudar as outras habilidades que podem ser aprendidas se utilizando do aprendizado motor. Sobre isso reforça Gardner (1995, p. 58):
Uma segunda implicação envolve a adoção de uma abordagem desenvolvimental. Uma vez que reconhecemos que as crianças em diferentes idades ou estágios possuem necessidades diferentes e respondem a diferentes formas de informação cultural e assimilam conteúdos com diferentes estruturas motivacionais e cognitivas, os tipos de regimes educacionais planejados por nós precisam levar em conta esses fatores desenvolvimentais. É tão inadequado submeter uma criança de cinco anos de idade à crítica do campo quanto não fazê-la ao ambicioso mestre.
A adoção desses postulados pedagógica nas práticas de Educação Física se constitui em elemento muito importante no processo de melhora e de transformação da educação, pois como a Teoria das Inteligências Múltiplas que procura orientar o educador no sentido de dar ênfase no aluno e em suas expectativas, as novas abordagens pedagógicas desta área do conhecimento também se orientam nesse sentido, estas procurando se desvencilhar de todos os ideais pregados pelas antigas tendências que viam nos interesses do governo uma forma de se orientar os objetivos da educação.
Essa teoria não se constitui em uma nova abordagem, mas pode ser considerada um elemento complementar para se alcançar todos os objetivos almejados por essas correntes que visam a melhor qualificação da educação e da disciplina de Educação Física.
2. Metodologia
Esta pesquisa foi desenvolvida no intuito de buscar subsídios para o desenvolvimento do trabalho monográfico que se intitula “A Teoria das Inteligências Múltiplas nas aulas de Educação Física”. A aplicação da pesquisa foi efetivada no ambiente escolar, sendo adotada uma linha de pesquisa intitulada Pesquisa-ação.
De acordo com Thiollent (1986, p.14):
Entre as diversas definições possíveis, daremos a seguinte: a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
A utilização da linha de pesquisa Pesquisa-ação se justifica a partir dos objetivos aos quais o presente trabalho visou obter. Como se pretendeu implementar uma mudança na abordagem das aulas de Educação Física escolar, com a adoção de jogos baseados na Teoria das Inteligências Múltiplas, em conjunto com o professor e com os alunos pesquisados, nada mais justo do que se utilizar de uma linha de investigação participativa, onde serão utilizados os conhecimentos acerca das características de cada educando, sendo estas fornecida pelo profissional da área pesquisado e por um questionário previamente estruturado, como forma de propor a utilização das Inteligências Múltiplas nas aulas desta disciplina escolar e assim avaliar se os objetivos propostos inicialmente para aquela série foram alcançados com a mudança metodológica.
Segundo Thiollent (1986, p. 21) “Trata-se de uma forma de experimentação na qual os indivíduos ou grupos mudam alguns aspectos da situação pelas ações que decidiram aplicar”.
A pesquisa foi desenvolvida em uma Escola essa pertencente à rede particular de ensino de Fortaleza. Contando em seu quadro discente com ensinos infantil, fundamental e médio.
2.1. Procedimentos éticos e metodológicos
Como forma de dar prosseguimento as explicações acerca de como se desenvolveu o presente trabalho se faz necessário uma maior explicação acerca de sua metodologia e dos meios que contribuíram para sua legitimação.
A verificação acerca dos objetivos propostos pelo professor efetivo para a turma, a metodologia adotada pelo profissional para conseguir tais objetivos a partir da disciplina de Educação Física e as características do ambiente em que se encontram os alunos, como também as particularidades da turma frente às aulas de tal disciplina se deram por meio de um questionário previamente estruturado.
A identificação das inteligências dentre os alunos se deu por meio de um inventário, esse composto por um questionário extraído do fascículo, Como identificar em você e em seus discentes as Inteligências Múltiplas, do autor Celso Antunes, onde cada investigado respondeu a diversas perguntas essas organizadas e separadas de acordo com a relevância e característica de cada inteligência. Lembrando que as perguntas foram respondidas pelos educandos com auxílio do pesquisador que muitas vezes teve que adaptá-las para um completo entendimento por parte dos pesquisados.
Após essa identificação as informações foram apresentadas ao professor de Educação Física, que ministra as aulas para os alunos observados, e ao coordenador da área para haver uma discussão em conjunto, como meio de se levantar os jogos mais apropriados para a inserção dessa proposta metodológica. A seleção dos jogos foi feita em comum acordo com o pesquisador e com os profissionais pesquisados. Na seleção dos jogos foi colocado em discussão o problema do tempo destinado para a intervenção, pois como a aula da turma analisada era na terça-feira e esta foi marcada por vários feriados e por atividades inerentes ao calendário da escola, talvez não tivesse tempo para fazer uma intervenção mais apurada, assim foi proposta a utilização de 10 jogos envolvendo as inteligências Pessoais, Corporal-cinestésica e Lógico-matemática. As duas primeiras como forma de se adequar aos objetivos propostos para a turma e a terceira como verificação e curiosidade de como reagiriam os discentes a colocação de atividades envolvendo Matemática nas aulas de Educação Física.
Após o levantamento dos dados foi feito uma intervenção por meios de jogos, que tinham como base as características da Teoria das Inteligências Múltiplas. Lembrando que para haver uma melhor comodidade para se fazer a análise acerca da intervenção, como também para podermos contar com mais um instrumento para a resolução da pesquisa foi realizado a filmagem desses jogos. Tais atividades foram realizadas na quadra da escola onde foi desenvolvida a pesquisa. A inserção desses jogos teve como idéia a resolução de problemas, característica essa inerente ao conceito de inteligência abordado pelo pesquisador- elaborador da referida teoria. Acerca disso nos fala Gardner (1995, p. 29) “Como seres humanos, todos temos um repertório de capacidades para resolver diferentes tipos de problemas. Essas resoluções de problemas se deram por meio de jogos, onde os alunos tinham que tentar solucionar determinadas situações”.
A respeito dos procedimentos éticos foi enviado para os pais dos alunos pesquisados um termo de consentimento, em duas (2) vias, uma devendo ficar com os pais e outra para ser enviada com a assinatura para o pesquisador, contendo a identificação do pesquisador, contatos, instituição vinculada, informações sobre os objetivos da pesquisa, procedimentos metodológicos, benefícios, custos e reembolso dos participantes e participação e sigilo sobre as informações. Estando esse termo de consentimento anexado no final deste trabalho.
3. Conclusão
É consenso para toda a população que a educação de nosso país está longe da ideal, esta devendo ainda ter uma evolução muito grande no sentido de querer ser objeto transformador no que diz respeito aos problemas de nossa nação. Porém para que a educação consiga alcançar esse intento, torna-se necessário uma mudança na forma de encará-la.
É preciso, antes de tudo, que deixemos de analisar a educação pela ótica dos resultados obtidos e passemos a olhar para os processos que se fazem obrigatórios para se adquirir o conhecimento.
Esse processo deve passar obrigatoriamente pelo modo como a educação esta sendo processada, se o modo como ela é realizada está correto, se a educação ministrada está surtindo algum efeito na realidade do estudante e se ela faz algum sentido para o mesmo.
Olhando para essa perspectiva, torna-se necessário que passemos a fazer mudanças no modo de educação vigente. Passando a conhecer o estudante através de seus anseios e habilidades e fazendo com que a educação passe a ser entendida pelo mesmo. É através dessa visão que as praticas educacionais pensadas pela ótica da Teoria das Inteligências Múltiplas visam obter uma educação de qualidade.
Ao concluirmos esse trabalho que visou inserir uma metodologia baseada na Teoria das Inteligências Múltiplas dentro das aulas de Educação Física escolar, temos como possibilidade dentre outras coisas de adquirir uma nova visão de como educar dentro das aulas de Educação Física.
Tendo em vista o objetivo geral que se almejava com o trabalho, que consistia em inserir uma proposta didático-metodológica baseada na Teoria das Inteligências Múltiplas nas aulas de Educação Física escolar, podemos concluir que o resultado foi satisfatório. Isso tendo sido demonstrado pela boa aceitação que tivemos por parte dos alunos e professores pesquisados. As aulas foram dinâmicas, exigiram dos alunos várias habilidades, muitas vezes tendo que haver uma superação, por parte dos alunos, em suas dificuldades e nem por isso deixou de ser atrativa aos olhos dos mesmos.
Com relação ao primeiro objetivo especifico que consistiu em verificar os diferentes aspectos das Inteligências Múltiplas nas aulas de Educação Física, tivemos a oportunidade de confrontar, no referencial teórico, as várias características da teoria com as características das abordagens que nortearam e norteiam a prática da Educação Física desde a redemocratização política do país até os dias atuais e concluímos haver uma similaridade e uma consistência em sua aplicação.
No objetivo que diz respeito a verificação dentre os estudantes das capacidades das Inteligências Múltiplas, obtivemos resultados que para nós foram surpreendentes, como a maior afinidade por parte dos estudantes pesquisados por questões envolvendo a natureza e por relações inter e intrapessoais. Como também o pouco interesse por atividades que diziam respeito a esportes. Com isso tornando-se necessário uma melhor forma de se pensar a prática da Educação Física adequando as suas aulas a aspectos envolvendo a natureza e a atividades contendo interação com o campo, como também proporcionar atividades que envolvam jogos em grupo, com presença de ritmo, música etc.
No objetivo relacionado a aplicação ou apropriação dessas capacidades no contexto das aulas de Educação Física Escolar, podemos concluir através da análise dos jogos que mesmo em atividades que envolvam outras disciplinas, como Matemática, não deixaram de ser trabalhados aspectos que envolvam a execução de vários movimentos, objetivo central da Educação Física ,como velocidade, agilidade, velocidade de reação, mudança de direção, etc.
Para a efetivação dessa proposta didática metodológica, apesar de alguns contratempos, como feriados e eventos do calendário do colégio, estes caindo no dia da intervenção, podemos concluir que a concretização das atividades acordadas com os professores pesquisados foi bem realizada e apesar do pouco material foram de grande valia no sentido de alargar a variedade de metodologias que podemos utilizar em Educação Física.
Para fecharmos a nossa conclusão acerca desse trabalho, entendemos que a proposta de adoção das características dessa teoria no ambiente educacional se faz extremamente necessária no sentido de repensar não só a pratica da Educação Física no ambiente escolar, mas as diversas práticas educacionais, com o objetivo de melhorar a educação e pautá-la na atenção ao estudante e na forma como ele aprende e não pensando único e exclusivamente nos resultados que este irá obter, com isso poderemos ajudar a desenvolver indivíduos críticos, que compreendem o que acontece a sua volta e dão a sua parcela de contribuição para a melhoria da sociedade.
Referências
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