A influência do exercício físico no humor em dependentes químicos em tratamento La influencia del ejercicio físico en el humor de drogodependientes en tratamiento The influence of physical exercise in the mood in dependent on chemical treatment |
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*Graduanda/o de Educação Física Universidade Estadual do
Centro-Oeste, UNICENTRO (Brasil) |
Dante
Luís Pereira
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Resumo O presente estudo buscou verificar as percepções e sensações relacionadas ao exercício físico, no humor do dependente químico em tratamento. Este estudo caracterizou-se como descritivo, onde foram utilizados dados quantitativos, através de um único instrumento que apresentou valores subjetivos. O instrumento a ser aplicado foi a Escala de Humor de Brums, que contem 24 itens referentes ao estado de humor do individuo, onde o sujeito respondeu a escala antes da sessão de exercícios físicos e após a sessão. O grupo participante desta pesquisa foi composto por cinco homens e uma mulher, em sua maioria abaixo dos 30 anos, dependentes químicos de drogas ilícitas, que participavam do programa de exercício físico no hospital há dois meses. Os itens referentes à escala de humor de BRUMS mostraram-se diferentes após a sessão de exercícios com predominância de indicadores de uma tendência a melhora geral no estado de humor. O presente estudo concluiu que o exercício físico tem associação positiva nas melhoras do perfil humor, e que o programa de tratamento proposto pela Educação Física mostra resultados satisfatórios e convincentes, em relação ao uso de exercício físico no tratamento da dependência química. Unitermos: Exercício físico. Dependente químico. Humor.
Abstract This study aims to evaluate the perceptions and sensations related to exercise on mood of addicts in treatment. This study characterized as descriptive, quantitative data were used where, through a single instrument that showed subjective values. The instrument was to be applied to Brums Mood Scale, which contains 24 items related to mood of the individual, where the subject answered the call before the session of exercise and after the session. The group participating in this research consisted of five men and one woman, mostly below 30 years addicted to illegal drugs, participating in the exercise program at the hospital two months ago. The items for the mood scale of BRUMS proved to be different after the exercise session with a predominance of indicators of a general trend towards improvement in mood. This study concluded that exercise has a positive association of improvements in mood profile, and that the treatment program proposed by the Physical Education and convincing show satisfactory results, regarding the use of exercise in the treatment of chemical dependency. Keywords: Physical exercise. Humor. Drug addict.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Pode-se dizer que os seres humanos, em diferentes períodos de sua jornada sobre a terra, têm encontrado nas substâncias psicotrópicas diferentes serventias. Seja no contexto religioso para a aproximação com o mundo astral, seja na descoberta de novos medicamentos, ou ainda, nas possibilidades de estímulos mentais proporcionando novas percepções ou uma nova realidade onde se pode esquecer o momento real. Independentemente da forma de utilização, as drogas vêm seguindo junto com o desenvolvimento do homem.
A Organização Mundial da Saúde considera como mais propensa ao uso de drogas a pessoa: sem adequadas informações sobre os efeitos das drogas, com saúde deficiente, insatisfeita com sua qualidade de vida, com personalidade deficientemente integrada e/ou com fácil acesso às drogas. Em contrapartida, a pessoa com menor possibilidade de utilizar drogas seria aquela: bem informada, com boa saúde, com qualidade de vida satisfatória, bem integrada na família e sociedade, com difícil acesso às drogas (RACHADEL, 2003).
Neste sentido, teorizando sobre o gozo cínico do toxicômano, Lemos (2004) descreve as drogas como uma nova forma de responder ao sofrimento sendo que, o toxicômano (dependente) nesse contexto se coloca como aquele que não quer saber, que não se deixa interditar. A prática da auto-aplicação, somente ele e a droga, visa a reduzir o campo de ação do outro, ou seja, para obtenção do gozo (que a autora diferencia de prazer) não é necessário o outro, o corpo do outro, o que torna o gozo cínico. O cínico, para a autora, é aquele que goza à revelia do corpo do outro.
A dependência de drogas é um problema mundial. A adição é considerada um dos mais severos tipos de distúrbios mentais, e as complicações advindas deste distúrbio são bem conhecidas e incluem: agravos à saúde, problemas no setor produtivo, criminal e nas relações familiares. Apesar de ser reconhecida como um distúrbio mental por médicos e cientistas, é muitas vezes considerado como características de fraqueza ou falta de autocontrole pela sociedade em geral (SIPAHI; VIANNA, 2006).
De acordo com Barreto (2002), a Organização Mundial da Saúde, através do comitê de especialistas em drogas capazes de produzir dependência, conceitua “vício” como sendo um periódico ou crônico estado de intoxicação causado pelo repetido uso de uma droga, que traz prejuízos como o desejo compulsivo de usar a substância, a necessidade de obtê-la, tolerância, dependência psíquica e física e ainda crise de abstinência quando da privação da mesma.
Os tratamentos para diferentes acometimentos estão avançando e a atividade física é considerada uma importante ferramenta para a saúde pública, tanto para a prevenção de várias doenças físicas quanto no tratamento de doenças psiquiátricas como a depressão e os transtornos de ansiedade (PELUSO; ANDRADE, 2006).
Estudos de laboratório têm demonstrado que o exercício físico pode melhorar o humor positivo e reduzir o humor negativo em diferentes grupos de idade. Indivíduos que se exercitavam menos durante a semana percebiam mais fontes de stress do que àqueles que se exercitavam mais. Existem crescentes evidências de que uma sessão aguda de exercício é relacionada à redução na ansiedade, sintomas depressivos, humor negativo e ganhos no humor positivo e bem-estar (GIACOBBI et. al., 2005).
O interesse na interação e relação entre exercícios físicos e aspectos psicobiológicos vêm aparecendo na literatura desde a década de 70. A eficácia do exercício físico no tratamento das doenças mentais e na promoção de bem-estar mental está evidenciada em diversas pesquisas. Além disso, consistentes efeitos positivos em aspectos psicobiológicos e em diversas variáveis do bem-estar como humor, ansiedade, auto-percepção, auto-estima além de resultados positivos em relação ao sono e seus possíveis distúrbios, têm sido documentados (MELLO; BOSCOLO; TUFIK, 2005).
Em novembro de 2009, o Ministério da Saúde lançou um pacote de medidas com investimento de R$ 98,3 milhões para ampliar a assistência a usuários de álcool e drogas no país e melhorar o atendimento de pacientes com transtornos mentais. A medida habilitou 73 novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), criou incentivo financeiro para internações curtas (até 20 dias) de pacientes em crise e aumentou em até 31,85% o valor das diárias pagas por paciente internado em hospitais psiquiátricos gerais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
Nesse contexto o estudo analisa a percepção do nível de humor antes e após a sessão de exercícios físicos, com dependentes químicos em tratamento, pela crescente que o tema dependência química e drogas tem apresentado no cenário nacional, visto que, não existem políticas públicas adequadas à área de drogas, existem políticas repressivas e o modelo repressivo já se provou ineficaz, pois o índice do consumo de drogas no território brasileiro tem aumentado gradativamente. E aproveitando-se da problemática em questão, o cenário construído pela política no Brasil para tratar o consumo de drogas, se transformou em medida eleitoreira, onde políticos prometem durante suas campanhas a construção de infra-estrutura capaz de abrigar os viciados para o processo de tratamento. No entanto, apenas isso não basta aplicar procedimentos e técnicas de tratamentos corretas, contar com uma equipe de profissionais qualificada é a chave do sucesso de todo e qualquer tratamento.
2. Metodologia
2.1. Modelo do estudo
No que diz respeito este estudo caracterizou-se como descritivo, onde foram utilizados dados quantitativos, através de um único instrumento que apresentou valores subjetivos.
É um estudo detalhado de única situação, com objetivo de determinar dados singulares sobre o sujeito (ou instituição, comunidade...) analisado, buscando compreender situações similares. É utilizado na pesquisa qualitativa e quantitativa, podendo ser de três tipos: descritivo, interpretativo ou avaliativo (THOMAS; NELSON, 2002).
2.2. Participantes da pesquisa
O grupo participante desta pesquisa foi composto por 5 homens e 1 mulher, em sua maioria abaixo dos 30 anos, que concordaram em participar deste estudo e se mostraram bastantes interessados e valorizados com a intenção de “alguém” desejar saber o que se passava com eles com relação a exercício físico e a influência do mesmo no humor geral durante o período da internação para o tratamento da dependência química.
Todos os sujeitos freqüentavam as atividades propostas pelo programa de Educação Física durante a internação de forma assídua e comprometida, realizando as quatro sessões programadas semanalmente, e iniciaram o programa de tratamento com exercícios físicos a cerca de dois meses.
Os sujeitos que participaram da pesquisa faziam uso de drogas ilícitas, como o crack, cocaína e maconha, sendo que os mesmos permaneciam no hospital em regime de internação.
2.3. Aspectos éticos
Foram respeitados os aspectos éticos de pesquisa envolvendo seres humanos (Resolução nº 196/96 – Conselho Nacional de Saúde) e seguidos rigorosamente os princípios enunciados na Declaração de Helsinki de 20/08/1947 para pesquisas em seres humanos.
Todos os sujeitos que participaram do estudo assinaram o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido).
2.4. Instrumento
Foi utilizada nesta investigação a versão brasileira da Escala de Humor de Brunel (BRUMS – The Brunel of Mood Scale) desenvolvida por Peter C. Terry e Andrew M. Lane em 2003 e traduzida, com a autorização dos autores, e validada por Rohlfs. A Escala de Humor de Brunel, BRUMS, foi desenvolvida a partir da versão abreviada do Profile of Mood States, conhecido como POMS para adolescentes ou POMS-A, para possibilitar a medida de estados de humor de populações compostas por adultos e adolescentes (ROHLFS, 2006).
A escala de humor de Brunel Brums foi desenvolvida com a intenção de permitir uma rápida mensuração dos estados de humor de populações compostas por adultos e adolescentes. Esta escala contém 24 indicadores simples de humor como sensações de nervosismo, insatisfação e disposição, que são percebidas pelo indivíduo avaliado. Os avaliados respondem à pergunta: “Como você se sente agora?”, tendo como base uma escala de 5 pontos (de 0 = nada a 4 = extremamente). Os 24 itens da escala compõem seis subescalas, cada uma contendo quatro itens. As subescalas, dimensões ou fatores deste instrumento são: Raiva (irritado, zangado, mal-humorado, com raiva), Confusão (indeciso, confuso, inseguro, desorientado), Depressão (desanimado, deprimido, triste, infeliz), Fadiga (esgotado, exausto, cansado, sonolento), Tensão ( apavorado, tenso, ansioso, preocupado) e Vigor (animado, com disposição, alerta, com energia), sendo que a soma das respostas de cada subescala gera um escore que pode variar de 0 a 16. O BRUMS leva de um a dois minutos para ser respondido. A perspectiva da análise dos dados proveniente de BRUMS é qualitativa, ou seja, da percepção do avaliado quanto aos sinais psíquicos relacionados com variações psicológicas, transformados em dados quantitativos para que seja acessível a outros profissionais; além disso, os escores brutos coletados através desta escala também podem ser avaliados em planilhas próprias. (ROHLFS, 2006).
Para a aplicação da escala, os pesquisadores explicaram a maneira correta de preencher, e salientaram que a escala voltaria a ser aplicada após o termino da sessão. Os sujeitos receberam uma cópia da escala, antes de dar início à sessão de exercícios físicos, o preenchimento foi realizado de modo individual, tanto antes ou após a sessão, e receberam outra cópia da escala logo após o término da sessão de exercícios físicos, a escala foi respondida em aproximadamente três minutos.
2.5. Análise dos dados
Para a análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva através de freqüência, média e desvio padrão. Utilizou-se o Teste “t” para dados pareados (antes-e-depois) com intervalo de confiança de 90%.
Para a construção das tabelas específicas do instrumento BRUMS, foi utilizado o programa Excel, tanto na organização dos dados coletados, como também na mensuração das médias e desvio padrão, além da realização do teste “t” pareado, referentes às subescalas e individualmente com os itens.
3. Resultados e discussão
Uma dimensão que faz parte do complexo subjetivo do bem-estar é o humor. Durante o tratamento do dependente químico, manter o bom humor torna-se fator fundamental no processo de recuperação e manutenção da abstinência.
Para analisar de maneira mais ajustada os dados adquiridos através da aplicação da escala de BRUMS, primeiramente serão mais bem descritos os significados de cada uma das seis dimensões mensuradas pelo teste.
A escala de BRUMS possui 24 itens referentes a sensações influenciadoras do humor que, em grupos de quatro, compõem seis subescalas, fatores ou dimensões que são: Tensão (apavorado, tenso, ansioso e preocupado), Depressão (deprimido, desanimado, triste, infeliz), Raiva (irritado, com raiva, zangado, mal-humorado), Fadiga (esgotado, exausto, cansado, sonolento), Vigor (animado, com disposição, alerta, com energia) e Confusão Mental (indeciso, inseguro, confuso, desorientado). Estas subescalas têm, para este instrumento, significações específicas. O fator Tensão, neste instrumento, refere-se à tensão músculo-esquelético que pode não ser percebida diretamente por manifestações psicomotoras como agitação e inquietação.
A Depressão, neste caso, trata-se de num indicador de estado de humor depressivo e não de depressão clínica propriamente dita; representa sentimentos como auto-valorização negativa, isolamento emocional, tristeza, depreciação ou auto-imagem negativa. A Raiva descreve sentimentos de hostilidade com base em estados de humor relacionados à antipatia em relação aos outros e a si mesmo. O fator Vigor particulariza estados de energia, animação e atividade, e indica um estado de humor positivo. No que diz respeito à Fadiga, a mesma representa estados de esgotamento, apatia e baixo nível de energia. Finalmente, o fator Confusão pode ser caracterizado por atordoamento, sentimentos de incerteza e instabilidade para controle de emoção e atenção (ROHLFS et al., 2006).
A escala de BRUMS foi aplicada aos participantes após dois meses de sessões no programa de exercício físico, e que o preenchimento do questionário aconteceu imediatamente antes do início de uma sessão de exercícios e repetiu-se imediatamente após o término da mesma, com o questionamento “Como você se sente agora?”. Após as considerações realizadas sobre a escala de humor, apresentamos na tabela 1 a descrição das seis subescalas, antes e após a sessão de exercício físico.
Tabela 1. Estatística descritiva das subescalas, antes e após a sessão de exercício físico
|
Antes |
Depois |
|
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|
Média |
DP |
Média |
DP |
Teste t pareado de IC 90% |
Raiva |
4,33 |
2,58 |
1 |
0,89 |
0,088 |
Confusão |
6,33 |
1,75 |
1,83 |
1,47 |
0,031 |
Depressão |
7 |
2 |
2,16 |
1,33 |
0,059 |
Fadiga |
6 |
2,68 |
1,83 |
0,75 |
0,080 |
Tensão |
6,16 |
0,98 |
2,33 |
0,82 |
0,021 |
Vigor |
3 |
1,09 |
9,16 |
1,17 |
0,093 |
Encontrou-se diferença estatisticamente significativa (p≤0,1) em todas as subescalas: Depressão (p=0,059), Tensão (p=0,0021), Raiva (p=0,088), Confusão (p=0,031), Fadiga (p=0,080) e Vigor (p=0,093).
É possível observar que todas as subescalas, apresentaram uma diminuição nas médias dos escores correspondentes a após o exercício físico. Ou seja, os sujeitos apresentaram-se em média menos raivosos, confusos, depressivos, tensos e fadigados após uma sessão de exercícios físicos, além de apresentar melhora considerável na subescala vigor.
Segundo Giaccobi (2005), uma única sessão de exercícios é relacionada de forma aguda à redução da ansiedade, sintomas depressivos, humor negativo e ganhos no humor positivo e bem-estar.
Estas evidências aproximam-se dos resultados encontrados na escala de humor, no entanto devemos levar em consideração que são efeitos agudos, relacionados a apenas uma sessão de exercício físico, e que mesmo os sujeitos realizando o trabalho de condicionamento físico há dois meses, observamos que antes das sessões os sujeitos ainda encontram-se, tensos, fadigados, deprimidos, confusos e raivosos, além de pouco vigor, e que necessitam do tratamento com exercícios físicos para amenizar todos esses fatores, assim aumentando o grau de humor e auxiliando no bem-estar dentro do hospital.
Para Roeder (2003), o abuso de drogas é um gerador de estresse para o organismo, porém, a iniciação na abstinência também o é. O organismo buscando a adaptação a esta nova realidade passa a secretar endorfinas em menor quantidade, levando assim a alterações no humor, irritabilidade, nervosismo entre outros. Contudo, após a realização de uma sessão de exercícios é possível que o indivíduo sinta-se melhor pela ação de seus analgésicos naturais (endorfinas).
No entanto apesar de tais resultados encontrados nas subescalas, acreditou-se também ser importante avaliar também as diferenças para as médias de cada item da escala de humor. Abaixo na tabela 2 será apresentado os resultados descritivos dos 24 itens da escala de humor de BRUMS.
Tabela 2. Estatística descritiva dos 24 itens da escala de humor de BRUMS
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Antes |
Depois |
|
||
Itens BRUMS |
Média |
DP |
Média |
DP |
Teste “t” pareado (IC 90%) |
Apavorado |
0,33 |
0,51 |
0 |
0 |
0,0986 |
Animado |
1,16 |
0,98 |
2,5 |
0,54 |
0,0014 |
Confuso |
0,83 |
0,62 |
0,5 |
0,53 |
0,3632 |
Esgotado |
1,5 |
1,04 |
0,66 |
0,51 |
0,0421 |
Deprimido |
1,5 |
1,04 |
0,5 |
0,54 |
0,0111 |
Desanimado |
1,66 |
0,71 |
0,33 |
0,52 |
0,0142 |
Irritado |
1,33 |
0,93 |
0,16 |
0,12 |
0,0126 |
Exausto |
1,5 |
1,22 |
0,83 |
0,72 |
0,1000 |
Inseguro |
1,16 |
0,40 |
0,16 |
0,14 |
0,0017 |
Sonolento |
0,83 |
0,40 |
0 |
0 |
0,0041 |
Zangado |
0,5 |
0,47 |
0 |
0 |
0,0751 |
Triste |
1,67 |
0,51 |
0,33 |
0,31 |
0,0144 |
Ansioso |
1,65 |
0,81 |
1 |
0,63 |
0,10 |
Preocupado |
1,66 |
0,51 |
0,83 |
0,75 |
0,0423 |
Com disposição |
1 |
0,89 |
2,66 |
0,82 |
0,0041 |
Infeliz |
1,16 |
1,15 |
0,16 |
0,41 |
0,0407 |
Desorientado |
1,5 |
0,83 |
0,5 |
0,44 |
0,0112 |
Tenso |
1 |
0,63 |
0,16 |
0,40 |
0,0041 |
Com raiva |
0,66 |
0,51 |
0 |
0 |
0,0253 |
Com energia |
0,67 |
0,52 |
2,5 |
0,54 |
0,0018 |
Cansado |
1,33 |
1,03 |
0,83 |
0,41 |
0,2031 |
Mal-humorado |
1 |
0,63 |
0,16 |
0,32 |
0,0041 |
Alerta |
0,83 |
0,41 |
2,16 |
0,42 |
0,0015 |
Indeciso |
1,5 |
0,54 |
0,83 |
0,41 |
0,0970 |
Encontrou-se que, dentre as 24 expressões demonstradas na tabela 2, 22 resultaram em diferença estatisticamente significativa após a sessão de exercício físico. Os itens com esta característica foram: Apavorado (p=0,0986), Animado (p=0,0014), Esgotado (p=0,0421), Deprimido (p=0,0111), Desanimado (0,0142), Irritado (p=0,0126), Exausto (p=0,10), Inseguro (p=0,0017), Zangado (p=0,0751), Triste (p=0,0144), Ansioso (p=0,10) Preocupado (p=0,0423), Com disposição (p=0,0041), Infeliz (p=0,0407), Desorientado (p=0,0112), Tenso (p=0,0014), Com raiva (p=0,0253), Com energia (p=0,0018), mal-humorado (p=0,0041), Alerta (p=0,0015) e Indeciso (0,0970). Portanto é possível afirmar que o grupo estudado apresentou-se menos apavorado, esgotado, deprimido, desanimado, irritado, exausto, inseguro, zangado, triste, preocupado, infeliz, desorientado, tenso, raivoso, indeciso e mal-humorado, após uma única sessão de exercício físico, apresentando diferença estatisticamente significativa nestes itens.
O grupo estudado também se apresentou mais disposto, animado, alerta e com energia, após uma única sessão de exercícios físicos, apresentando assim diferença estatisticamente significativa nestes itens.
Em um de seus estudos Scully (1998), afirma que exercícios aeróbicos agudos têm mostrado associação com melhoras significativas no humor, pois existem claras evidências que exercício físico é prazeroso, isto pôde ser verificado especialmente quando o humor foi medido antes e depois de sessões de exercícios regulares em intensidade familiar aos participantes.
No entanto dois itens chamaram a atenção, pois não apresentaram diferença estatística significativa, o item cansado (p=0,2031) e confuso (p=0,3632).
Em estudo realizado por Blumenthal (2002) o POMS foi aplicado após 10 semanas de exercícios, porém, em período diferente dos das sessões. Já nesta pesquisa, a aplicação ocorreu logo após a sessão, sendo assim, os participantes não desfrutaram do período necessário para a recuperação orgânica do gasto energético advindo dos exercícios, apresentando maior sensação de fadiga após a atividade. Além disso, ainda com referência ao aumento (não estatisticamente significativo) dos escores dos fatores Fadiga e Vigor, pondera-se que, apesar desta maior sensação de fadiga após o exercício, o fator Vigor também apresentou uma tendência a aumento, o que leva ao raciocínio de que o exercício físico (agudo) através de seus mecanismos bio-psico-sociais proporciona ao praticante, apesar do gasto calórico e cansaço, uma melhora no vigor interagindo positivamente no humor.
Apesar do item cansaço não apresentar diferença estatística significativa, observamos que a média após o exercício físico diminuiu, no entanto vale relembrar que o paciente encontra-se em um quadro patológico, onde todo e qualquer exercício físico irá causar um excessivo nível de cansaço, haja vista que o fator vigor (tabela 2), obteve aumento significativo após a sessão de exercício físico, compensando assim o cansaço e gasto energético gerado pelo exercício físico.
Podemos observar na tabela 2, da mesma forma ocorrida nas subescalas, todos os itens mostraram-se diferentes após a sessão de exercícios com predominância de indicadores de uma tendência a melhora geral no estado de humor. Estes resultados vêm apenas confirmar os obtidos nas seis dimensões apresentadas anteriormente, entretanto, fornecem dados mais qualitativos quanto às percepções do grupo em relação aos itens da escala relacionados diretamente ao perfil de humor e, conseqüentemente, ao bem-estar.
4. Conclusão
Conclui-se que a prática de exercícios físicos foi percebida como influenciador positivo na melhora do humor, especialmente nas dimensões Raiva, Depressão, Confusão, Fadiga, Tensão e Vigor. Esta tendência a incremento no humor positivo encontrada neste estudo pode ser considerada como auxiliar na manutenção da abstinência, sendo que, estados de humor negativos são associados à recaídas.
Conclui-se que, o incremento periódico no humor positivo através de sessões de exercícios físicos associado a melhoras no bem-estar provenientes destas pode auxiliar o dependente a manter-se em tratamento, ou seja, concluir o período do mesmo, de uma forma menos agressiva auxiliando as demais terapias utilizadas, medicamentosas ou não, agindo como facilitador deste processo. Além disso, a experiência da prática de exercícios físicos no modelo de academia durante a internação, pode vir a facilitar a inclusão dos mesmos aos hábitos de vida após a alta, e assim auxiliar na manutenção da abstinência.
Referências bibliográficas
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BLUMENTHAL, J. A. Exercise and the Treatment of Clinical Depression in Adults: Recent Findings and Future Directions. Sports Medicine, Volume 32, Number 12, 2002, pp. 741-760(20), 2002.
GIACOBBI, P. R., HAUSENBLAS, H. A., FRYE, N. A naturalistic assessment of the relationship between personality, daily life events, leisure-time exercise, and mood. Psychology of Sport & Exercise, 67-81, 2005.
LEMOS, I. O gozo cínico do toxicômano. Mental. Barbacena. 3(2), 51-60, 2004.
MELLO, M. T., BOSCOLO, R. A., ESTEVES, A. M. & TUFIK, S. O Exercício Físico e os Aspectos Psicobiológicos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 11(3), 2005.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/default.cfm?pg=dspDetalheNoticia&id_area=124&CO_NOTICIA=10953, Acesso em 10 de novembro de 2010.
PELUSO, M. A. M. & ANDRADE, L. H. S. G. Physical activity and mental health: the association between exercise and mood. CLINICS, 60(1),61-70, 2006.
RACHADEL, E. A atividade física no processo de recuperação de usuários de drogas psicoativas. Bacharelado em Educação Física, Universidade do Estado de Santa Catarina, 2003.
ROEDER, M. A. Atividade Física, Saúde Mental e Qualidade de Vida. Rio de Janeiro: Shape, 2003.
ROHLFS, I. C. P. de M. Validação do teste BRUMS para avaliação de humor em atletas e não atletas brasileiros. Dissertação de mestrado, Universidade do Estado de Santa Catarina, 2006.
SIPAHI, F. M. & VIANNA, F. de C. Uma análise da dependência de drogas numa perspectiva fenomenológica existencial. Análise Psicológica, 4 (XIX), 503-507, 2006.
SCULLY, D. Physical exercise and psychological well being: a critical review. Br J Sports Med. June; 32(2): 111–120, 1998.
THOMAS, J. R. & NELSON, J. K. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. Porto Alegre: Artmed. 3ª Ed, 2002.
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