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Fatores antropométricos e autoimagem em 

mulheres idosas praticantes de hidroginástica

Factores antropométricos y autoimagen en mujeres mayores que practican gimnasia acuática

 

*Graduada em Educação Física do Centro Universitário da Cidade

**Especialista em Fisiologia do exercício (Unifesp)

Mestre em Nutrição (Unifesp)

Docente do Centro Universitário da Cidade

***Especialista em docência superior (UGF)

Mestre em educação física (UGF)

Doutorando em educação física (Unicamp).

Docente da Secretaria Municipal de educação de Niterói

Docente do Centro Universitário da Cidade

****Especialista em educação física e cultura (UGF)

Especialista em docência superior (UGF). Mestre em educação física (UGF), Doutorando em educação física (UGF)

Docente das secretarias de educação do Estado e Município do Rio de Janeiro.

Docente do Centro Universitário da Cidade

Natália Reisinger de Castro*

Carla Carvalho Iwanaga**

karlateca@yahoo.com.br

Marcelo Moreira Antunes***

antunesmm@hotmail.com

Diego Luz Moura****

ligthdiego@yahoo.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Contexto: O aumento do número de pessoas com 60 anos ou mais de idade no Brasil indica que o país se encontra em processo de envelhecimento. Atualmente, como parte das alterações físicas e psicológicas decorrentes do envelhecimento os sentimentos de insatisfação com a própria imagem parece estar bem presentes nas idosas, principalmente mulheres (Stokes, 2003). Objetivo: Identificar a relação entre os fatores antropométricos e a autoimagem em mulheres idosas praticantes de hidroginástica. Métodos: A amostra foi composta por 63 mulheres idosas de 50 a 80 anos, praticantes de hidroginástica de um projeto social na vila olímpica da Mangueira uma comunidade do Rio de Janeiro, com freqüência de 2 vezes por semana, duração da aula 50 minutos em dois horários distintos consecutivos resultando num total de 4 grupos de aulas durante a semana. Foram aferidos peso (kg), estatura (cm) para calculo do IMC e o Teste para Avaliação da imagem corporal ou SMT (Silhouette Matching Task) proposto por Stunkard et al, 1983. Resultados: A faixa etária mais predominante foi a de até 50 anos (n=15). Foi encontrada uma predominância de com sobrepeso (n=26) e obesidade (n=26). As silhuetas 4 (n=15), 5 (n=26), 6 (n=20), foram as mais desejadas. Conclusões: Ao analisar de forma isolada a escala de silhuetas percebemos que as idosas deste grupo têm um nível de insatisfação com a imagem do corpo atual, porém muitas concordam com sua aparência atual. Propomos que com a pratica de hidroginástica isso talvez tenha sido minimizado.

          Unitermos: Imagem corporal. Antropometria. Idoso. Hidroginástica.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O aumento do número de pessoas com 60 anos ou mais de idade no Brasil indica que o país se encontra em processo de envelhecimento. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008), no período de 1997 a 2007, a população brasileira com 60 anos ou mais de idade teve um crescimento relativo de 47,8%.

    No processo de envelhecimento ocorrem algumas alterações progressivas nos aparelho locomotor, que causam limitações às atividades da vida diária e, assim, comprometem a qualidade de vida do indivíduo (Fugulin et al, 2009). O sedentarismo pode levar o idoso a um estado de fragilidade e de dependência. O grupo da terceira idade procura mais exercícios aquáticos, pois são mais divertidos, agradáveis, eficazes, estimulantes, cômodos e seguros. Um componente desse grupo de atividades é a hidroginástica que, com a prática regular tende aumentar o nível da aptidão física e melhoria da qualidade de vida.

    A Hidroginástica provou ser eficaz no desenvolvimento e manutenção das potencialidades físicas e também orgânicas, principalmente aqueles que se encontram na chamada 3ª idade, pois precisam de renovação constante e estímulo à aprendizagem, ao raciocínio e à alegria e o prazer de viver. A prática da Hidroginástica melhora a força muscular, a flexibilidade articular e o equilíbrio, reduzindo a incidência de quedas e o risco de fraturas. Segundo Bonachela (1994) a hidroginástica é um programa ideal de condicionamento levando a uma boa forma física, tendo como objetivos, a melhora da saúde e do bem estar físico-mental.

    O objetivo deste estudo é identificar a relação entre os fatores antropométricos e a autoimagem em mulheres idosas de 50 a 80 anos, praticantes de hidroginástica de um projeto social de uma comunidade do Rio de Janeiro.

    A metodologia baseou-se em pesquisa de campo. Realizamos uma avaliação funcional para mensuração do IMC (peso e altura) e aplicamos o instrumento validade de autoimagem de Stunkard, 1983 e MATSUO et al., 2007.

    A autoimagem das praticantes de hidroginástica foi obtida através do Teste para Avaliação da imagem corporal ou SMT (Silhouette Matching Task), que classifica os avaliados desde a magreza (silhueta 1) até a obesidade severa (silhueta 9), proposto por Stunkard e colaboradores em 1983 (MATSUDO et al., 2007).

    O presente estudo enfoca a percepção da imagem corporal, reflete a forma como as idosas praticantes de hidroginástica vêem e percebem seu próprio corpo, sendo influenciadas por inúmeros fatores de origens físicas, psicológicas e culturais. O estudo tem o propósito de avaliar os fatores antropométricos e a autoimagem das idosas praticantes de hidroginástica regular, com a finalidade de auxiliar os profissionais da área através dos resultados obtidos, para um melhor acompanhamento idoso.

Métodos

    O presente estudo se caracteriza como transversal descritivo. A amostra foi composta por 63 mulheres idosas com idades entre 50 e 80 anos, praticantes de hidroginástica de um projeto social na vila olímpica da Mangueira uma comunidade do Rio de Janeiro, com uma freqüência de 2 vezes por semana, com a duração da aula de 50 minutos em dois horários distintos consecutivos resultando num total de 4 grupos de aulas durante a semana. Todas as voluntárias após os esclarecimentos sobre o objetivo e procedimentos do estudo e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

    A massa corporal foi aferida utilizando-se uma balança digital Plenna, com resolução de 0,1kg. As idosas foram pesadas vestindo apenas roupas leves, em posição ortostática. A estatura foi aferida com estadiômetro fixado verticalmente em uma parede, com resolução de 1 mm, seguindo os procedimentos para medidas recomendados por Alvarez e Pavan, (1999).

    O IMC (Índice de massa corporal) pode ser utilizado como parâmetro de avaliação da autoimagem das idosas praticantes de hidroginástica. O IMC (kg/ m2) foi calculado a partir da relação peso (kg) pela estatura ao quadrado (m2), e sua classificação como indicador do estado nutricional teve como referência o critério recomendado pela OPAS (2003).

    O instrumento utilizado para os dados sobre autoimagem foi o Teste para Avaliação da imagem corporal (figura 1) ou SMT (Silhouette Matching Task), que classifica os avaliados progressivamente desde a magreza (silhueta 1) até a obesidade severa (silhueta 9), proposto por Stunkard e colaboradores em 1983 (MATSUDO et al., 2007). Na escala, as idosas escolheram o número da silhueta que consideravelmente semelhante à sua aparência atual e a desejada.

    A Escala de Silhuetas é apresentada a cada participante em ordem crescente, da mais magra (=1) para mais gorda (=9). O procedimento consiste em pedir a participante para indicar em um conjunto de figuras feminina, crescente numeradas de 1 a 9, a forma que represente sua imagem corporal atual. Em seguida a participante deve apontar na mesma escala outra figura que corresponda a imagem corporal idealizada. O método propõe que seja efetuada a diferença entre a silhueta atual (SA) e silhueta desejada (SD), apontadas pelo indivíduo.

Figura 1. Conjunto de silhuetas proposto por Stunkard et al., Sorenson e Schlusinger para avaliação da imagem corporal.

    Os dados coletados foram tabulados em uma planilha do programa Excel®. Para detectar diferenças estatísticas referente a Silhueta atual (SA) e a Silhueta desejada (SD), foi realizada análise estatística através de teste t, com p<0,05 para detecção da Hipótese nula (H0).

Resultados

    A faixa etária mais predominante foi a de até 50 anos (n=15). Em seguida, as faixas etárias de 56 a 60 anos (n=9) e 71 a 75 anos (n=13) juntamente com a primeira foram às predominantes, assim observa-se na figura 2.

Gráfico 1. Classificação das faixas etárias de idosas praticantes de hidroginástica

    No que se refere a faixa etária do grupo investigado, podemos afirmar que embora o projeto social tenha como seu público alvo os idosos, há um número expressivo de praticantes entre os 50 e 60 anos.

Gráfico 2. IMC do grupo investigado

    Conforme apresentado no gráfico acima, a classificação da composição corporal, demonstrou que das 63 participantes nenhuma idosa possuem um valor de abaixo do peso (< 18,5), seguido de 11 idosas peso normal (18,5-24,9), 26 idosas com sobrepeso (= 25,0), 19 idosas obesidade grau I (30,0 a 34,9), 5 idosas obesidade grau II (35,0 a 39,9) e 2 idosas obesidade grau III (= 40,0). No entanto, a média do IMC (=25) retrata que o maior índice de insatisfação é por excesso de peso representado por 26 idosas dos participantes. Foi identificada que o IMC alto é uma variável que influencia mais fortemente a insatisfação corporal em relação ao nível de atividade física.

Gráfico 3. Avaliação da imagem corporal do grupo investigado

    De acordo com o Gráfico acima pode-se perceber que a classe 1 foi identificado apenas 1 idosa com aparência atual e nenhuma com aparência desejada, classe 2 foi identificado 2 idosas com aparência atual e nenhuma com aparência desejada, classe 3 apenas 5 idosas se identificaram atualmente e 1 com aparência desejada, classe 4 apenas 3 idosas se identificaram com aparência atual e 15 idosas com aparência desejada, classe 5 apenas 2 idosas se identificaram com aparência atual e 26 idosas com aparência desejada, classe 6 foram 4 idosas se identificaram com aparência atual e 20 idosas com aparência desejada, classe 7 foram 19 idosas com aparência atual e nenhuma desejada, classe 8 foram 17 idosas com aparência atual e nenhuma desejada e a classe 9 foram 10 idosas com aparência atual e nenhuma desejada.

Discussão

    Na literatura encontramos dados históricos relatando a presença de distúrbios de imagem corporal e alimentares mais comuns na fase de adolescência. Atualmente, como parte das alterações físicas e psicológicas decorrentes do envelhecimento os sentimentos de insatisfação com a própria imagem parece estar bem presentes nos indivíduos idosos, principalmente mulheres (Braggion, 2002; Stokes, 2003).

    Estão bem elucidados na literatura os diversos efeitos benéficos da pratica regular de exercício físico com intuído de contribuir para evitar as incapacidades associadas ao envelhecimento (Raso, 2002). Tais como, a hidroginástica muito recomendada por ser uma atividade física de baixo impacto que muito auxilia na manutenção e prevenção do estado físico e psíquico no envelhecimento (Freitas et al, 2007).

    Observa-se que na classificação das faixas etárias de idosas praticantes de hidroginástica do presente estudo que houve heterogeneidade em algumas faixas etárias, sendo a prática determinada pela condição física atual da idosa independente da faixa de idade encontrada.

    O aumento significativo de sobrepeso e obesidade vem sendo motivo de preocupação para a saúde mundial (Popkin; Doak,1998). Há uma prevalência de idosas com sobrepeso (n=26) e obesidade (n=26) praticantes de hidroginástica no presente estudo, o que nos sugere que um programa de exercícios apenas não auxilia nas reduções de adiposidade e riscos para a saúde, havendo necessidade de intervenção multidisciplinar. Esse dados foram similares aos encontrados por Pereira et al (2009).

    Apesar de quase todas as idosas têm o desejo de mudar alguma coisa em seu corpo, desejo e busca por corpos magros e de mascarar os sinais da velhice, ainda assim, parece haver uma aceitação do envelhecimento e das mudanças corporais provocadas por este.

    No gráfico 3 foi identificado a autoimagem de cada idosa, utilizando a escala de silhuetas para identificação, de acordo com resultados da aparência desejada, podemos perceber que muitas estão insatisfeitas com a aparência atual. Podemos perceber que a silhueta 1 da aparência desejada nenhuma idosa deseja, porém, a grande maioria deseja a silhuetas 4, 5 e 6. Pode se dizer que o corpo idealizado, independente da faixa etária, circunda a magreza. Esse alto número de idosas insatisfeitas com a sua imagem corporal e o excesso de peso foram descrito por McLaren e Kuh (2004), com um número de 80% de descontentamento com seu corpo e peso.

    Matsuo et al (2007), comparou a imagem corporal um grupo de idosa praticantes de um programa de educação física com um grupo controle e a partir de seus resultados propondo que a pratica regular de atividade física possui contribuições para a imagem corporal de idosa.

Conclusão

    A alta prevalência de sobrepeso e obesidade durante a realização de um programa de hidroginástica sugere a necessidade de sérias providências, juntamente com uma orientação multidisciplinar, além de estudos epidemiológicos sobre a população estudada.

    Conclui-se que ao analisar de forma isolada a escala de silhuetas percebemos que as idosas deste grupo têm um nível de insatisfação com a imagem do corpo atual, porém muitas concordam com sua aparência atual. A idealização na maioria das vezes por formas corporais menores, o que propomos que com a prática de hidroginástica isso talvez tenha sido minimizado.

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