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Alterações fisiológicas advindas da prática da atividade física no 

processo de envelhecimento para a melhoria da qualidade de vida

Los cambios fisiológicos derivados de la actividad física en el proceso de envejecimiento para mejorar la calidad de vida

Physiological changes arising from the practice of physical activity in aging process for improving the quality of life

 

*Pesquisadores do Laboratório de Neuromotricidade Humana

do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná-CEULJI-ULBRA

Ji-Paraná, Rondônia

**Professores do Curso de Educação Física

do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM)

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

(Brasil)

Alisson Padilha De Lima*

Dean Marcel da Silva Bianchi*

Glauber Bedini De Jesus*

Talita Adão Perini**

Glauber Lameira de Oliveira**

Fabrício Bruno Cardoso*

alissonpadilha@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A população idosa vem crescendo significativamente, aumento esse proporcionado pela maior expectativa de vida entre os indivíduos da terceira idade, essa expectativa aumenta cada vez mais devido aos melhores hábitos de vida adotados por esses indivíduos, dentre eles está á atividade física considerada uma das mais importantes nesse contexto de prevenção ou retardamento dos efeitos degenerativos normais decorrentes do envelhecimento. Dessa forma o presente estudo de caráter exploratório, desenvolvido através da técnica de pesquisa bibliográfica, tem por finalidade apresentar os inúmeros benefícios proporcionados através da atividade física na população idosa e mostrar as alterações fisiológicas ocorridas no processo de envelhecimento por hábitos inadequados de vida e inatividade física. Pode-se constatar o quanto a atividade física tem importância no contexto da prevenção da saúde desses indivíduos, e o quanto a mesma influência na qualidade de vida num processo de envelhecimento saudável.

          Unitermos: Alterações fisiológicas. Atividade física. Envelhecimento.

 

Abstract

          The elderly population has grown significantly, an increase from a greater life expectancy among the elderly subjects, the expectancy is steadily increasing due to better lifestyle habits adopted by these individuals, among them physical activity is considered one of the most important in the context of prevention of these changes of aging. This study aims, through a literature review, verify and assess the main physiological changes caused by the deleterious effects of aging, and identify the importance of physical activity in the aging process active, in order to prevent these negative effects of aging caused by inadequate lifestyle, showing the importance of physical activity in the context of age in good health, and noted its importance in quality of life of elderly individuals.

          Keywords: Physiological changes. Physical activity. Aging.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O processo de envelhecimento é caracterizado por diversas alterações, dentre elas a interação dos fatores que interferem no processo de senescência estão os aspectos ambientais, saúde física e mental o que leva a efeitos deletérios na qualidade de vida, levando a obter uma desestruturação orgânica mais rápida afetando assim a aptidão funcional do idoso e a diminuição de algumas capacidades físicas inerentes na prática de suas atividades da vida diária (LIMA e DELGADO, 2010).

    O envelhecimento é um processo que vai acontecendo ao longo do tempo, as diferentes células que compõem o organismo humano vão envelhecendo, algumas se renovam, outras diminuem em número, outras se tornam menos efetivas, e outras não se renovam, como é o caso dos neurônios. O envelhecimento deve ser avaliado não só sob ponto de vista cronológico, mas também biológico, psíquico, social e funcional (VONO, 2007).

    O processo de envelhecimento pode ser compreendido como um processo natural, de diminuição progressiva da reserva funcional dos indivíduos (senescência) o que, em condições normais, não costuma provocar qualquer problema. No entanto, em condições de sobrecarga como, por exemplo, doenças, acidentes e estresse emocional, podem ocasionar uma condição patológica que requeira assistência - senilidade. Cabe ressaltar que certas alterações decorrentes do processo de senescência podem ter seus efeitos minimizados pela assimilação de um estilo de vida mais ativo (BRASIL, 2006).

    Envelhecimento é freqüentemente empregado para descrever as mudanças morfofuncionais ao longo da vida que ocorrem após a maturação sexual e que, progressivamente, compromete a capacidade de resposta dos indivíduos ao estresse ambiental e á manutenção da homeostasia. Pode ser definido também como o que acontece com o organismo com o passar do tempo (FREITAS et. al, 2006).

    Assim a atividade física tem um papel de extrema relevância na vida dessa população, não só como causa de prevenção, mas por proporcionar a melhora na qualidade de vida que é o fator mais procurado entre os praticantes de atividade física na terceira idade. Por essas imensas causas o exercício físico regular vêm sendo priorizado como uma das estratégias priorizadas para aumentar a expectativa de vida e diminuir os anos de dependência funcional e incapacidade. A vida sedentária é prejudicial á saúde e, pelo contrário, a atividade física regular, como parte de uma vida ativa, pode melhorar a qualidade de vida dos idosos (MAZO, 2008).

    Dessa forma o presente estudo de caráter exploratório, desenvolvido através da técnica de pesquisa bibliográfica, tem por finalidade apresentar os inúmeros benefícios proporcionados através da atividade física na população idosa e mostrar as alterações fisiológicas ocorridas no processo de envelhecimento por hábitos inadequados de vida e inatividade física. E constatar o quanto a atividade física têm importância no contexto da prevenção da saúde desses indivíduos, e o quanto a mesma influência na qualidade de vida num processo de envelhecimento saudável.

Qualidade de vida e atividade física

    A qualidade de vida é definida como o bem estar do indivíduo que não se liga unicamente ao fator saúde/ausência de doença, embora se ligue ao próprio corpo. Uma boa saúde física leva ao bem estar. De modo que, um indivíduo inativo fisicamente, certamente influirá em várias áreas da vida do ser humano (PASCOAL et. al, 2006).

    Segundo Spirduso (2005) há onze fatores que afetam a qualidade de vida dos idosos: função emocional, sensação de bem-estar, função cognitiva, satisfação pessoal, condição financeira, atividade recreativa, função social, função sexual, função física, condição de saúde e energia e vitalidade.

    Para se ter uma melhor qualidade de vida deve-se ter ações preventivas no processo de envelhecimento. As ações, preventivas, no contexto do envelhecimento, procuram também retardar ou evitar a progressão das doenças para eventos clinicamente significativos, aqui incluídos a tentativa que deve ser feita de procurar identificar o maior número possível de fatores tanto de ordem funcional, como cognitiva, social ou psicológica (LIMA e DELGADO, 2010). Deve-se ter em mente que não deverá existir uma solução fácil, uma vez que as ações preventivas das incapacidades ou da morbidade cumulativa durante o processo de envelhecimento são causadas por múltiplos e complexos fatores. Tal fato pode ser observado pelo impacto que o estado de saúde física das pessoas exerce sobre os fatores de risco (LITCOV e BRITO, 2004).

    De fato os efeitos das medidas de saúde preventiva sobre a qualidade de vida podem exercer seus efeitos sobre a quantidade de vida. A saúde e o condicionamento nos idosos com 70 anos proporcionam-lhes vitalidade para caminhar, esquiar, nadar, fazer excursões a pé e atender as exigências físicas (SPIRDUSO, 2005).

    Conforme Ferreira e Figueiredo (2007) afirmam que a qualidade de vida têm se tornado um dos principais critérios na avaliação da saúde e na eficácia dos tratamentos, devendo qualquer intervenção ser revertidas em benefícios e bem estar para as pessoas idosas. As avaliações dos serviços dirigidos aos idosos devem considerar indicadores físicos, sociais, intelectuais, mentais e emocionais e a repercussão nos sistemas apresentados, além da sensação e percepção do indíviduo em tratamento sobre seu bem estar.

    A longevidade tem implicações importantes para a qualidade de vida, podendo trazer problemas, como conseqüências sérias nas diferentes dimensões da vida humana, física, psíquica e social. De fato, o avanço da idade aumenta à chance de ocorrência de doenças e de prejuízos a funcionalidade física, psíquica e social, assim a atividade física tem um importante papel na prevenção dessas doenças causadas pelos efeitos do envelhecimento e uma tendência na melhora da qualidade de vida na terceira idade (FREITAS et. al, 2006).

    A prática em programas de exercícios físicos regulares proporciona um número de respostas ao organismo favoráveis, que colaboram para um envelhecimento saudável, melhorando a qualidade de vida, pois é uma modalidade de intervenção efetiva para reduzir e prevenir inúmeros declínios psicológicos e funcionais associados ao envelhecimento (PACHECO et. al, 2005).

    Assim, Nóbrega et al. (1999) afirmam que a atividade física regular melhora a qualidade e expectativa de vida do idoso, evitando que ocorra o declínio de todos os processos fisiológicos, mantendo-se um estilo de vida ativo e saudável podendo retardar as alterações morfofuncionais que ocorrem com a idade.

Atividade física e envelhecimento

    A atividade física está extremamente ligada ao processo de envelhecimento ativo, devido aos seus benefícios proporcionados a saúde do idoso, as intervenções com vista a um estilo de vida ativo para um envelhecimento bem sucedido podem ser múltiplas. A atividade física pode ser uma das estratégias eficazes para aumentar a expectativa de vida e diminuir os anos de dependência funcional e incapacidade, a vida sedentária é prejudicial à saúde e, pelo contrário, a atividade física regular pode melhorar a qualidade de vida dos idosos (MAZO, 2008).

    O envelhecimento ativo, segundo OMS citado por Rosa Neto (2009), é o processo de facilitação das oportunidades para a saúde, a participação e a segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida á medida que as pessoas envelhecem. Este processo permite que as pessoas percebam seu potencial para o bem estar físico, social e mental ao longo da vida, e permite que essas pessoas participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades, protegendo-as e providenciando segurança e cuidados quando necessários.

    O envelhecimento bem sucedido pode ser caracterizado pela presença de três situações essenciais que interagem dentro de uma relação dinâmica, a saber: baixa probabilidade de doenças e de incapacidades associada a elas, boa capacidade funcional, tanto física quanto cognitiva, e participação ativa na sua comunidade. Não basta somente a ausência das doenças e de incapacidades, mas também a presença ou a gravidade de fatores de risco como obesidade, fumo, intolerância á glicose e outros (LITCOV e BRITO 2004).

    Envelhecimento saudável passa a ser a resultante da interação multidimensional entre saúde física, saúde mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência econômica. A perda de um ente querido, a falência econômica, uma doença incapacitante, um distúrbio mental, um acidente, são eventos cotidianos que podem juntos ou isoladamente, comprometer a capacidade funcional de um indivíduo. O bem-estar na velhice, ou saúde num sentido amplo, seria o resultado do equilíbrio entre as várias dimensões da capacidade funcional do idoso, sem necessariamente significar ausência de problemas em todas as dimensões (RAMOS, 2003).

    A relação entre atividade física e envelhecimento tem promovido muitas discussões cientificas através da prevenção da saúde, segundo Freitas et al. (2006) atualmente é um consenso entre os profissionais da área da saúde que a atividade física é um fator determinante no sucesso do processo do envelhecimento. Assim a atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido em conseqüência da contração muscular e que resulte em gasto calórico.

    Conforme Litcov e Brito (2004) grande parte das evidências epidemiológicas sustenta um efeito positivo do estilo de vida ativo ou do envolvimento dos indivíduos em programas de atividade física e exercício na prevenção e minimização dos efeitos deletérios do envelhecimento, os cientistas enfatizam cada vez mais a necessidade de que a atividade física seja parte fundamental dos programas mundiais de promoção da saúde. Não se pode pensar, hoje em dia, em garantir um envelhecimento bem-sucedido sem que, além das medidas gerais de saúde, inclua-se a atividade física.

    No processo de envelhecimento a necessidade de exercícios físicos está mais do que provada pelos cardiologistas, reumatologistas ou profissionais de outras especialidades na área da saúde. O exercício físico melhora as condições articulares, musculares e respiratórias, contribuindo para retardar o declínio dos sistemas fisiológicos. A estimulação faz com que as pessoas vivam mais a vida, que vivam o hoje, que usem mais a memória e a criatividade para criar situações, atividades, alegria e felicidade (ZIMERMAN, 2000).

    A atividade física regular produz melhorias fisiológicas, independentemente da idade. Evidentemente, a magnitude das alterações depende de vários fatores, incluindo estado de aptidão inicial, idade, e o tipo especifico de treinamento. Com relação ao fator idade os indivíduos mais idosos não conseguem aprimorar sua força e sua capacidade de endurance no mesmo grau que as pessoas mais jovens devido ao declínio geral na função neuromuscular assim como de uma deterioração relacionada com a idade na capacidade das células para síntese protéica e regulação química (MCARDLE et. al, 2008).

    Os exercícios ajudam a manter a capacidade física, à medida que o tempo envelhece a todos, aumentando a qualidade de vida, diminuindo o risco de quedas e mantendo ou melhorando a funcionalidade (SANGLARD et. al, 2004).

    Os cientistas enfatizam cada vez mais a necessidade de que a atividade física seja parte fundamental dos programas mundiais de promoção da saúde. Não se pode pensar hoje em dia em prevenir ou minimizar os efeitos do envelhecimento sem que além das medidas gerais de saúde, inclua-se a atividade física (MATSUDO et. al, 2000).

    Segundo Rebelatto Junior et al. (2006) a pratica de exercícios físicos é uma forma preventiva primária, atrativa e eficaz para manter e melhorar o estado de saúde física e psíquica em qualquer idade, tendo efeitos benéficos diretos e indiretos para prevenir e retardar as perdas funcionais do envelhecimento, reduzindo os riscos de enfermidades e transtornos freqüentes da terceira idade tais como as coronariopatias, a hipertensão, diabetes, a osteoporose, a desnutrição, a ansiedade, a depressão e a insônia.

    Já Pascoal et. al (2006) diz que a atividade física contribui para que as pessoas se libertem de pré-conceitos estabelecidos culturalmente, atua na manutenção da saúde, melhora as funções orgânicas, na parte social facilitar a convivência, e na parte psicológica atua na melhora da auto-estima consciêntizando o idoso de que pode participar de muitas atividades e ações, e que envelhecer faz parte de um fenômeno de corporeidade, que é natural.

    A avaliação do idoso deve ser um instrumento auxiliar no planejamento e no processo de ensino aprendizagem de um programa de atividade física, que deve estar comprometido com a mudança de atitude para um estilo de vida ativo, que avance em propostas de intervenções sociais, políticas e econômicas para um envelhecimento ativo e saudável (ROSA NETO, 2009).

    A classificação do nível de atividade física, conforme Rocha et. al (2008) classifica os indivíduos em ativos (os que acumulam mais de 150 minutos de atividades moderadas ou intensas por semana) e insuficientemente ativos (os que acumulam menos de 150 minutos de atividades moderadas ou intensas por semana). O conhecimento do nível de atividade física habitual da população é uma informação importante no sentido de prevenir possíveis acometimentos decorrentes de um estilo de vida sedentário.

    São vários os efeitos benéficos da atividade física na saúde e na qualidade de vida durante o processo de envelhecimento, sendo benefícios fisiológicos como: controle de peso corporal, aumento da densidade óssea, melhora na força muscular, diminui a pressão arterial, benefícios psicológicos como: aumento da auto-estima, aumento do bem-estar, alivia estresse, entre outros (LITCOV e BRITO 2004).

O envelhecimento do homem e as alterações funcionais causadas em seu corpo

    A capacidade funcional no processo de envelhecimento é um dos principais fatores de dependência das pessoas idosas, devido suas alterações no decorrer da vida desses indivíduos. Essas alterações são influenciadas principalmente pelo estilo de vida como fumar, beber, comer excessivamente, fazer exercícios, padecer de estresse psicossocial agudo ou crônico, ter senso de auto-eficácia e controle, manter relações sociais e de apoio como potênciais fatores explicativos da capacidade funcional (ROSA et. al, 2003).

    A avaliação da incapacidade funcional do idoso permite uma analise de sua dependência para executar tarefas diárias, constituindo um dos principais componentes a ser considerados na saúde do idoso, pois é um forte preditor de mortalidade nessa população, levando em consideração os fatores de riscos como: tabagismo consumo de álcool e a prática insuficiente de atividade física (DEL DUCA et. al, 2009).

    A melhora da qualidade de vida na terceira idade é um dos principais fatores de se manter a capacidade funcional ativa no decorrer da vida, as pessoas idosas podem se manter ativas por muito tempo desde que sejam proporcionado apoio adequado. Essa capacidade de se manter independentemente funcionalmente, isto é a capacidade de realizar atividades sem a interferência ou influência de outras pessoas é uma das questões mais significativas da velhice (RIBEIRO et. al, 2002).

    A incapacidade funcional é resultado de decréscimo na capacidade funcional do idoso, essas alterações freqüentemente é avaliada por auto-declaração ou necessidade de ajuda em tarefas básicas de cuidados pessoais, atividades da vida diária (AVD), e em tarefas mais complexas, necessárias para viver de forma independente na comunidade, atividades instrumentais da vida diária (AIVD), (PARAHYBA et. al, 2005).

    A prática de atividade física regularmente possibilita controlar os níveis de algumas patologias decorrentes do envelhecimento, além de interferir positivamente na aptidão funcional do idoso que é definida como a capacidade de desempenhar as demandas ordinárias e inesperadas da vida diária de forma segura e eficaz (BENEDETTI et. al, 2007).

    Segundo Cardoso et al. (2008) o conceito de aptidão funcional têm sido designado como capacidade fisiológica para a realização das atividades da vida diária (AVD) de forma independente, ou seja, pode ser considerada um conjunto de aptidão física relacionada a saúde, neste sentido a atividade física tem forte relação na melhora da aptidão funcional.

    Já Lacourt e Marini (2006) retratam que o envelhecimento é acompanhado por diversas alterações que causam danos aos diferentes sistemas do organismo. Dentre as principais alterações decorrentes da idade está o decréscimo da função muscular, que afeta diretamente a capacidade de realizar tarefas do dia-a-dia, diminuindo a independência funcional e, desse modo, refletindo negativamente na qualidade de vida do idoso.

    As alterações na capacidade funcional do idoso podem acarretar vários danos à saúde, um deles é a maior probabilidade de quedas que indivíduos idosos têm. Principalmente idosos de 75 á 84 anos que necessitam de ajuda para realizar atividades da sua vida diária (comer, tomar banho, higiene intima, vestir-se, sair da cama, incontinência urinaria e fecal) têm uma probabilidade 14 vezes mais do que pessoas da mesma idade que são independentes. Essas quedas muitas vezes resultam em fraturas graves devido aos efeitos deletérios do envelhecimento, necessitando de grande cuidado médico (SILVA et. al, 2008).

Alterações na composição corporal decorrentes do envelhecimento

    As alterações antropométricas decorrentes do envelhecimento são inevitáveis, sendo a perda de massa óssea e muscular as principais a serem alteradas durante o processo de envelhecimento. A disfunção óssea decorrente do envelhecimento não se faz de forma homogênea, pois antes dos 50 anos perde-se, sobretudo, osso trabecular (principalmente as trabéculas de menor importância estrutural) e, após essa idade, principalmente o osso cortical (também aqui lamelas de menor importância estrutural). A perda de massa óssea por involução ocorre principalmente na mulher pós-menopausa (quando a falta do freio estrogênico libera a voracidade dos osteoclastos) e no idoso. Os idosos ficam mais vulneráveis a osteopenia e osteoporose devido ao balanço cálcico negativo em decorrência da hipovitaminose D (ROSSI, 2008).

    Com o envelhecimento a composição corporal vai gradualmente mudando, com um declínio da massa magra que é basicamente constituída pelos músculos esqueléticos e aumento da massa gorda basicamente tecido adiposo (CAMERON e MACHADO, 2004).

    Conforme Matsudo et al. (2000), uma das mais evidentes alterações que acontecem com o aumento da idade cronológica é a mudança das dimensões corporais. Com o processo de envelhecimento existem mudanças principalmente na estatura, no peso e na composição corporal. Outros fatores como a dieta, a atividade física, fatores psico-sociais e doenças, dentre outros, estão envolvidos na alteração desses dois componentes, durante o envelhecimento. Existe uma diminuição na estatura com o passar dos anos, por causa da compreensão vertebral, o estreitamento dos discos e a cifose.

    O processo de envelhecimento acarreta alterações corporais, as quais são importantes de serem avaliados. O peso e a estatura sofrem alterações que acompanham o envelhecimento, os quais tendem a diminuir. Há diminuição da massa magra e a modificação do padrão de gordura corporal, onde o tecido gorduroso dos braços e pernas diminuiu, mas aumenta no tronco. Em conseqüência disso as variáveis antropométricas sofrem modificações, como a dobra cutânea tricipital (DCT) e o perímetro do braço (PB) que diminuem e o perímetro abdominal (PA) aumenta (MENEZES e MARUCCI, 2005).

    Uma das principais alterações na composição corporal é o peso corporal magro que tende a diminuir com a idade, isso é devida em grande parte também ao envelhecimento do esqueleto, que se torna desmineralizado e poroso, concomitantemente, a quantidade de massa muscular se reduz (MCARDLE et. al, 2008).

    Conforme Wilmore e Costill (2010) um fator principal na alteração antropométrica, é a quantidade de gordura que o nosso corpo acumula á medida que envelhecemos, depende de nossos hábitos alimentares e de exercício individuais, além de nossa hereditariedade. A quantidade de gordura corporal relativa aumenta com a idade após a maturidade física, isso se deve, em grande parte, aos três fatores presentes no envelhecimento: aumento da ingestão alimentar, diminuição da atividade física e redução da capacidade de mobilizar gordura.

    Um fator de extrema relevância no processo de envelhecimento são as alterações no índice de massa corporal (IMC), que em homens atingem seu máximo valor entre os 45 e 49 anos, apresentando em seguida ligeiro declínio, já em mulheres atingem o seu pico entre os 60 á 70 anos o que significa que elas continuam ganhando peso em relação à estatura por 20 anos mais do que os homens terem estabilizado o seu valor. O índice de importância do IMC no processo de envelhecimento se deve ao fato de que valores acima das anormalidades (26-27) estão relacionados aos incrementos de mortalidade por doenças cardiovasculares e diabetes, enquanto índices abaixo desses valores têm relação com o aumento da mortalidade por câncer, doenças respiratórias e infecciosas (MATSUDO et. al, 2002).

    Um programa de exercícios físico bem elaborado e planejado pode ajudar a combater essas alterações antropométricas causadas pelo envelhecimento, principalmente na composição corporal. Através do fortalecimento da musculatura procura o incremento da massa muscular e, por conseguinte, a força muscular, evitando assim uma das principais causas de inabilidade e de quedas. Além disso, a massa muscular é o principal estimulo para se aumentar a densidade óssea (MATSUDO et. al, 2001).

Alterações na força muscular humana causada pelo envelhecimento

    O envelhecimento tem sido associado à redução da força em ambos os sexos, essas alterações parecem ser mais evidentes na força excêntrica. A força muscular atinge seu pico por volta dos trinta anos e é satisfatoriamente preservada até os cinqüenta anos, contudo um declínio da força ocorre entre os cinqüenta e sessenta anos de idade, com um grau bem mais rápido de declínio após os sessenta anos. A massa muscular diminui cerca de 50% entre os vinte e sessenta anos e o número de fibras musculares no idoso é em torno de 20% menor que no adulto (LACOURT e MARINI, 2006).

    A redução da massa e da força muscular são um dos aspectos mais freqüentes do envelhecimento, esta fraqueza e atrofia muscular, particularmente dos membros inferiores têm sido associados ao maior número de quedas, a diminuição da densidade mineral óssea (DMO) é a maior probabilidade de fraturas, bem como, a outras alterações adversas, tais como, intolerância a glicose, alterações no metabolismo energético e na capacidade aeróbia (CARVALHO, et. al, 2004).

    A terceira idade caracteriza-se entre outros aspectos, por um decréscimo do sistema neuromuscular, verificando uma perda da massa muscular, debilidade do sistema muscular, diminuição da flexibilidade, da força, da resistência e da mobilidade articular, fatores que por decorrência, determinam limitação da capacidade de coordenação e de controle do equilíbrio corporal estático e dinâmico. (REBELATTO et. al, 2006).

    Segundo Pont Geis (2003) com a idade observa-se uma diminuição na velocidade de contração muscular e uma atrofia das fibras que compõem esses músculos, há então uma perda de massa muscular total, com isso tanto a força física quanto a capacidade de gerar trabalho são menores em idosos.

    A redução na massa muscular associado á idade, chamada de sarcopenia é constatado apartir de um decréscimo de idade que começa a ser aparente aos 30 anos, mas é mais pronunciado a partir dos 50 anos de idade. O declínio na massa muscular parece decorrer da redução das fibras musculares individuais, ou de ambos, outro fator a ser considerado é a morte das células musculares ou da perda de contato com o sistema nervoso, resultando em um processo de denervação (FLECK E KRAEMER, 2006, JANSSEN et. al, 2000).

    Conforme Gallo et. al (2001), uma diminuição da força muscular e quedas recorrentes estão associadas a um declínio bem documentado da força muscular que ocorre nos idosos. Essa fraqueza muscular que ocorre nos idosos pode estar relacionada com a inatividade (síndrome do desuso), uma dieta inadequada e de baixo valor nutritivo, comorbidades, e o próprio processo biológico do envelhecimento.

    A combinação de uma alimentação fraca e inatividade física podem iniciar um ciclo de degeneração muscular. A perda de massa muscular não apenas reduz a quantidade de força e capacidade funcional do individuo, mas também responde por algumas das diminuições da capacidade de condicionamento aeróbio que ocorrem com o envelhecimento. Perdas significativas de massa muscular podem resultar em uma perda da função física, das reservas de aptidão e com o tempo, da mobilidade, que é essencial para uma vida independente (SPIRDUSO, 2005).

    O processo de decadência de força muscular é observado a partir dos 30 anos de idade, época em que a área muscular em corte transversal costuma ser máxima. Daí por diante observa-se um declínio progressivo na força para a maioria dos grupos musculares. Isso é devido principalmente a uma menor massa muscular, que reflete uma perda de proteína muscular total gerada pela inatividade, pelo envelhecimento, ou por ambos. Evidências indiretas indicam que o treinamento físico habitual facilita a manutenção dos níveis de proteína corporais, e dessa forma, retarda a redução de força observada com o envelhecimento (MCARDLE et. al, 2008).

    Segundo Wilmore e Costill (2010) o nível de força necessário para satisfazer ás demandas diárias do cotidiano permanece inalterado durante a vida. No entanto, a força máxima de uma pessoa, geralmente bem acima das demandas diárias no inicio da vida, diminui de forma constante com o envelhecimento. Um exemplo é a capacidade de mudar da posição sentada para a posição em pé, essa é comprometida em torno dos 50 anos e, por volta dos 80 anos, essa tarefa torna-se impossível para algumas pessoas. As perdas de força muscular relacionada á idade são resultantes, sobretudo da perda substancial de massa muscular que acompanha o envelhecimento ou da diminuição da atividade física.

Alterações cardiovasculares decorrentes do processo de envelhecimento humano

    A função cardiovascular também altera á medida que envelhecemos uma das alterações mais notáveis que acompanham o envelhecimento é a diminuição da freqüência cardíaca máxima (FCM). Enquanto os valores de crianças frequentemente ultrapassam 200 batimentos por minuto, a média para os indivíduos com 60 anos é de aproximadamente 160 batimentos por minuto. Estima-se que a diminuição da (FCM) diminui pouco mais de um batimento por minuto por ano, á medida que envelhecemos (WILMORE e COSTILL, 2010).

    De fato Mcardle et. al (2008) afirma que em conseqüência de uma menor freqüência cardíaca máxima, o débito cardíaco máximo se reduz com a idade. Também contribui para essa menor capacidade de fluxo cardíaco uma redução do volume de ejeção cardíaca, que pode resultar de alterações da contratibilidade miocárdica. Outras alterações relacionadas com a idade no sistema cardiovascular incluem uma redução na capacidade de perfusão sanguínea periférica, isso pode ser devido a uma redução na relação capilar para fibra muscular e uma redução na seção transversa arterial.

    Além das alterações sofridas no decorrer da vida, as doenças cardiovasculares são multifatoriais, portanto, são vários os fatores de risco predisponentes. Estes podem ser divididos em dois grupos: fatores imodificáveis e fatores potencialmente modificáveis. Os fatores de risco imodificáveis são: idade, sexo, carga genética ou predisposição familiar, e os fatores potencialmente modificáveis são: tabagismo, diabetes, hipertensão arterial, dislipidemias ou colesterol elevado, obesidade, sedentarismo e estresse. Alguns fatores de menor relevância, também neste grupo, são a elevação dos níveis sanguíneos de homocisteína, fibrinogênio, lipoproteínas, inflamação e infecções (OLIVEIRA, 2005).

    Com o envelhecimento é necessária uma atenção maior em avaliar periodicamente os idosos, no intuito de detectar problemas de saúde e fatores de risco relacionados com as alterações cardiovasculares. Entre esses fatores sobressaem á idade, o sexo, a raça, os antecedentes familiares, a hipertensão arterial, a obesidade, o estresse, a vida sedentária o álcool, o tabaco, os anticoncepcionais, a alimentação rica em sódio e gordura. Apesar de esses fatores serem comprometedores eles podem ser prevenidos por hábitos adequados de vida, por isso é de extrema relevância a maior atenção com indivíduos da terceira idade (CAETANO et. al, 2008).

    As alterações vasculares, que ocorrem com o passar dos anos, traduzem-se pelo enrijecimento vascular e pela disfunção endotelial. O enrijecimento da parede arterial decorre do rompimento de suas fibras elásticas com substituição por tecido colágeno, bem menos complacente. Isso resulta em um aumento de pressão de pulso, que promove hipertrofia ventricular e conseqüente hipertensão arterial sistêmica, que é um importante fator de risco para a insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC), (DUARTE, 2007).

    Conforme Pont Geis (2003) uma das alterações que ocorrem na terceira idade no coração é a diminuição da contratibilidade da musculatura cardíaca. No idoso, são freqüentes também os distúrbios elétricos cardíacos com diferentes graus de bloqueio e de arritmia, as válvulas que comunicam as distintas cavidades cardíacas podem calcificar-se, produzindo estenose ou insuficiência valvular.

    As alterações cardiovasculares é um dos principais fatores de mortalidade entre indivíduos idosos, pelo fato de que o envelhecimento biológico apresenta uma enorme heterogeneidade que pode dificultar na detecção de preditores reais e reproduzíveis de risco de mortalidade em indivíduos idosos longevos. Pode-se supor que fatores de risco cardiovasculares clássicos atuem de forma diferenciada na população com idade acima de 80 anos (MARAFON et. al, 2003).

    Alterações próprias do envelhecimento têm ainda como resultado o aumento da vulnerabilidade ao desenvolvimento da insuficiência cardíaca. A diminuição da complacência vascular e do relaxamento miocárdio, a reduzida resposta a estimulação B-andrenérgica, a menor capacidade mitocondrial na produção de ATP e a diminuição da função das células do nó sinusal têm como, resultado final, a queda da reserva miocárdica, culminando com a insuficiência cardíaca (DUARTE, 2007).

Conclusão

    As alterações fisiológicas no processo de envelhecimento são inevitáveis, com o decorrer dos anos várias alterações acontecem no organismo do idoso, alteração essas que podem ser minimizadas com um estilo de vida saudável e principalmente com á pratica de atividade física regular. A importância da atividade física no contexto de prevenção é eficiente nessas alterações advindas do envelhecimento.

    Portanto, a atividade física pode promover ao idoso envelhecer ativamente, como forma de prevenção nas alterações fisiológicas decorrentes dos efeitos deletérios do envelhecimento. Através dessa revisão conclui-se que a atividade física é o principal fator de prevenção do processo de envelhecimento, promovendo saúde aos indivíduos da terceira idade, e aumentando sua expectativa e qualidade de vida, através de hábitos adequados e contínuos de atividade física, e pode proporcionar a melhora dessas alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento advindas da prática de atividade física através de suas adaptações.

    Recomenda-se estudos mais detalhados através de pesquisas de campo com a terceira idade para se obter um resultado ainda mais eficaz da importância da atividade física como prevenção e melhoras dessas alterações fisiológicas advindas do envelhecimento.

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 153 | Buenos Aires, Febrero de 2011
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