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A importância da aptidão física relacionada à saúde na escola

La importancia de la aptitud física relacionada con la salud en la escuela

The relevance of physical fitness related to health in schoolchildren

 

*Discente da Faculdade de Educação Física

da Universidade de Santo Amaro, UNISA

**Docente orientadora do curso de Educação Física

da Universidade de Santo Amaro, UNISA, SP

(Brasil)

César Costenaro Marchesoni*

Rebeca Sales*

Profª. Ms. Luciana Negrão**

cesarcostenaro@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste artigo é destacar a importância do desenvolvimento da aptidão física de escolares, durante as aulas de educação física, a fim de conscientizá-los de que o hábito de realizar atividades físicas deve ser uma prática a ser incorporada para toda a vida do indivíduo. Neste sentido, o professor de educação física escolar tem papel central no incentivo a estas práticas, pois pode abordar de várias maneiras a importância destas atividades para a promoção da saúde.

          Unitermos: Saúde. Aptidão física. Escola.

 

Abstract

          The objective of this article is to point the relevance for developing the physical fitness in schoolchildren, during the classes, to show that the practice of physical activities must be incorporated during life. In this way, the teacher has a great paper to stimulate them because there is a lot of manners to do it to promote health.

          Keywords: Health. Physical fitness. School.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Nieman (1999) afirma que a saúde pode ser entendida como um conjunto de fatores que envolvem o bem-estar físico, psíquico, social e não como ausência de doença.

    De acordo com Nahas (2001), as principais causas de mortalidade nos últimos 50 anos eram de doenças infecto contagiosas, mas com o avanço da tecnologia e da ciência foram substituídas por doenças crônico-degenerativas, como doenças do coração, diabetes, câncer e outras.

    Corroborando com Nahas, Barbanti (1990), afirma que “o habito de se exercitar auxilia tanto nas capacidades mentais, como as metabólicas e as harmoniosas”, no entanto, segundo o mesmo autor, preferimos nos esticar em poltronas confortáveis e “apertar os botões”, realizando o menos movimento possível dia após dia, desprezando os músculos e os ossos para o movimento.

    Mediante isso, Bouchard (1995) ressalta que junto à diminuição de atividades físicas habituais e a redução de gasto calórico estão associados o aumento no risco de desenvolvimento de problemas cardiovasculares.

    Monteiro e colaboradores (1995) comentam que foi observado um aumento de desinteresse pelo exercício físico ao ponto de deste se tornar um importante fator na promoção e manutenção de saúde, prevenção de doenças, redução da obesidade, controle do diabetes entre outros.

    Silva (2000) afirma que o estilo de vida sedentário não é verificado apenas em adultos, abrange crianças e adolescentes, que realizam cada vez menos atividades físicas em seu dia a dia.

    Para Farinatti (1995), uma criança em desenvolvimento ganha força e resistência muscular, porém com o rápido aumento das dimensões anatômicas pode haver uma perda na coordenação, que poderia afetar o rendimento nesta faixa etária. Ainda teria influência sobre a flexibilidade, fazendo com que não houvesse melhoras ou até mesmo uma redução no rendimento desta capacidade condicional.

    Ao compreender os benefícios que a pratica da atividade física regular promove uma melhoria na qualidade de vida, nos trás uma atenção quanto a relação entre as atividades físicas e os índices de aptidão física para o estado de saúde global das pessoas, mais principalmente na infância e na adolescência.

    Pinho e Petroski (1997), em diferentes estudos mostraram uma associação positiva no nível de atividade física e no nível de saúde das crianças. Alguns desses resultados apontam o sedentarismo, provocado pelo estilo de vida sedentário, como o potencializador dos fatores de risco de diversas doenças como hipertensão, a obesidade, e as doenças coronárias.

    Boelhouwer (2002) traz a ideia que “a atividade física deveria ser indispensável para todos os indivíduos, principalmente as crianças, pois é durante essa fase da vida que a atividade física poderia atuar contra o surgimento de doenças, podendo ser estimulante de uma pratica regular para o resto da vida” e ainda reforça afirmando que “recentemente tem se observado que há um aumento dessas desordens degenerativas, conduzindo tanto sanitaristas como Educadores a estimularem novas atitudes para as crianças durante a sua permanência na escola, para impedir o surgimento das desordens enfrentadas pelos adultos”.

    Motta (2000) afirma que os níveis de aptidão física em crianças e adolescentes, além das transformações fisiológicas e anatômicas decorrentes das descargas hormonais normais (que são aumentadas com a chegada da puberdade) são influenciados pela quantidade de atividade física habitual, que declina claramente da infância para a adolescência e para o sujeito adulto.

    Marques e Gaya (1999) observam que o que é visto em programas de educação física escolar é um predomínio de atividades lúdicas, que acabam privilegiando de forma exagerada as capacidades motoras coordenativas (equilíbrio, precisão e ritmo).

    Segundo Oliveira e Arruda (2000), a aptidão física se constitui, “em um indicador fundamental do nível de saúde individual e comunitário, além de possuir reconhecida associação entre os hábitos de atividade física, o estado de saúde e o bem estar”.

    Boelhouwer (2002) enfatiza que avaliar os níveis de aptidão física poderia ser o primeiro passo para identificar um estado que predispõe a saúde, incentivando uma constante revisão dos programas de educação física escolar para preservação de níveis satisfatórios de saúde.

    Bergamann (2005) alerta que a escola enquanto entidade transmissora de saberes e comportamentos, a partir das aulas de educação física poderia priorizar a inclusão de atividades que desenvolvessem a aptidão física dos seus alunos, principalmente relacionadas à saúde, pois seus componentes são mais suscetíveis aos fatores ambientais, enquanto os componentes relacionados ao desempenho são mais influenciados pela hereditariedade.

    Em relação às categorias de conteúdos, Ulasowicz (2004) afirma que os conteúdos conceituais designam o que o indivíduo deve saber. Os fatos possuem caráter concreto e decisivo e são apreendidos de forma memorística, ou seja, não é necessário nenhum esforço para integrar os novos conhecimentos com os já existentes na estrutura cognitiva; os conteúdos procedimentais seriam o que se deve saber fazer, sem se restringir apenas à execução de atividades, mas procedendo tam­bém a uma reflexão de como realizá-las; e por fim, os conteúdos atitudinais são a intenção ou a predisposição para a ação, o que se deve ser, tendências ou disposições adquiridas e relativamente duradouras a avaliar de um modo determinado um objeto, pessoa, acontecimento ou situação e atuar de acordo com essa avaliação.

    De acordo com os autores, podemos observar que o repertório motor e os níveis de aptidão física das crianças são de grande utilidade para investigar os níveis de saúde dessa população jovem.

Discussão

    Segundo a lei nº 9696/98; artigo 1º do CONFEF (Conselho Federal de Educação Física) “O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações...” “... tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento corporal dos seus beneficiários, visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para consecução da autonomia, da auto-estima, da cooperação, da solidariedade, da integração, da cidadania, das relações sociais e a preservação do meio ambiente, observados os preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo.” O professor de Educação Física escolar deve conscientizar os alunos sobre a importância da prática de atividade física e mostrar sua relação com a melhora na saúde e na qualidade de vida. O tempo disponível para as aulas de Educação Física da escola é insuficiente para que isso seja trabalhado apenas dentro da escola. Por isso, o professor deve dar conteúdo e subsídios para que seus alunos tenham autonomia e possam ministrar sua própria atividade física de maneira correta e fora do ambiente escolar.

    A escola é o ambiente mais propício pra que seja feita essa conscientização. Além disso, sendo a saúde abordada sob a forma de um tema transversal, pode ser discutido não só nas aulas de Educação Física, mas em todas as disciplinas. O tema pode ser desenvolvido através de um projeto envolvendo toda a escola e todos os professores, cada um de acordo com sua respectiva disciplina.

    O professor de história, por exemplo, pode falar durante a abordagem do nomadismo, que a prática dos povos que não tinham uma habitação fixa e viviam se mudando (a fim de buscar novas pastagens) foi alterada com a descoberta da agricultura, fazendo com que se tornassem sedentários; o professor de biologia, por sua vez, quando ensina sobre o sistema cardiovascular e seu funcionamento durante a atividade física.

    O professor de química trataria dos anabolizantes, suas composições, ações e riscos dentro do organismo; a física e matemática ficariam com os cálculos e fórmulas: IMC (índice de massa corporal), relação cintura/quadril, percentual de gordura, velocidade média, circunferências, diâmetro ósseo, etc; a disciplina de filosofia discutiria a ética dentro do esporte.

    Já a geografia poderia abordar a globalização, o avanço da tecnologia, o desenvolvimento dos meios de transporte (fazendo com que os indivíduos reduzissem seu gasto calórico ao utilizá-los); e a Educação Física, mostrar a diferença entre os tipos de metabolismo, ensinar a mensuração de frequência cardíaca, auxiliar à compreensão do funcionamento do sistema músculo-esquelético, através de aulas práticas e teóricas.

    Na Educação Física o tema ainda pode ser desenvolvido e avaliado através das categorias de conteúdo: conceitual, procedimental e atitudinal. Na parte conceitual o aluno irá saber e entender dos conceitos de aptidão física, as diferenças de metabolismos, funcionamento dos sistemas do corpo durante o exercício, etc.; na parte procedimental o aluno deve saber ministrar sua própria atividade envolvendo parte inicial, principal e final; e a parte atitudinal envolve a disposição do aluno em participar das aulas; o aluno é um meio no qual pode influenciar e motivar pessoas à prática de atividade física e difundir sua importância entre amigos, parentes, etc.

    Desta forma, todos os conteúdos podem ser relacionados com a saúde, com a prática de atividade ou a falta dela.

    Em relação à aptidão física voltada para a saúde, é importante que ela seja abordada pelo professor de Educação Física de forma a estimular o gosto pela prática de atividades físicas para toda vida (uma vez que estão mais do que comprovados os benefícios físicos, mentais e psicossociais de sua prática regular).

    Para tanto, é necessário que os profissionais estejam bem preparados a fim de possibilitarem o desenvolvimento da(s) aptidão(ões) de cada criança.

Conceitos da aptidão física relacionados à saúde

    Os aspectos da aptidão física relacionados à saúde são: resistência cardio-respiratória, composição corporal, flexibilidade, força e resistência muscular localizada. Dessa forma, é importante que um bom professor de educação Física trabalhe adequadamente com cada um destes fatores.

    Resistência cardio-respiratória é a capacidade do sistema cardiovascular e do aparelho respiratório permitirem a realização de esforços físicos de intensidade moderada por períodos de longa duração. É uma capacidade dos sistemas circulatório e respiratório para se ajustar e se recuperar dos esforços do corpo em exercício (BARBANTI, 1990). Para que se consiga obter maior resistência cardiorrespiratória, os exercícios aeróbicos (caminhar, correr, nadar, pedalar) devem ser executados com uma intensidade determinada pela frequência cardíaca (número de batimentos por minuto), de forma regular e de maneira contínua. Neste sentido, o professor de Educação Física pode trabalhar na prática a corrida, a caminhada e a natação de diferentes formas, em diferentes conteúdos; e com aulas teóricas possibilitando a compreensão e conscientização dos alunos sobre a importância da condição cardiorrespiratória.

    A composição corporal é considerada um componente da aptidão física relacionada à saúde por diversos autores, devido às relações existentes entre a quantidade e a distribuição da gordura corporal com alterações no nível de aptidão física e no estado de saúde das pessoas. O tamanho e a forma corporal são determinados basicamente pela carga genética e pela influência realizada pelo ambiente. São formados pelos três maiores componentes estruturais do corpo humano: osso, músculo e gordura. Esses componentes são também as maiores causas da variação da massa corporal (MALINA, 1969). Sendo assim o professor de Educação Física deve abordar o tema explicando e ensinando sobre os componentes estruturais do corpo, a importância de cada um, sua influência na saúde, suas devidas proporções e estabelecer relações envolvendo perda de gordura, aumento de massa magra e o exercício.

    A flexibilidade pode ser definida como a amplitude máxima fisiológica de um dado movimento articular e a capacidade de executar movimentos de grande amplitude, ou sob forças externas, ou ainda que requeiram a movimentação de muitas articulações. A flexibilidade varia em função da idade, do gênero e do padrão de exercício físico regular. A flexibilidade não se apresenta de modo uniforme nas diversas articulações e nos movimentos corporais, sendo comum, em um dado indivíduo, que sua amplitude máxima seja boa para determinados movimentos e limitada para outros (FIGUEIREDO, 2005). Dessa forma o professor de educação física pode desenvolver o tema através do alongamento, explicando sua importância antes e depois da atividade física, sua influência na flexibilidade e na amplitude de movimento.

    Força é a capacidade de exercer tensão muscular contra uma resistência, superando, sustentando ou cedendo a mesma envolvendo fatores mecânicos e fisiológicos; a resistência de força é a capacidade de realizar no maior intervalo de tempo, a repetição de um determinado gesto, sem perder sua eficiência (BARBANTI, 1979). Com isso o professor de Educação Física pode utilizar materiais que ofereçam essa resistência aos alunos (medicine ball, peso, bastão) ou utilizar exercícios em que a resistência é o peso do próprio corpo.

    Importante salientar que o fundamental mais do que se trabalhar esses aspectos da aptidão física dentro da escola, é desenvolver no aluno a conscientização e formação, para que ele possa praticar atividade física fora do âmbito escolar, sabendo da sua importância para a saúde e influenciando outras pessoas à essa prática.

Considerações finais

    Muitos professores de educação física, em função de sua formação profissional, demonstram forte resistência à idéia de introduzir modificações nos atuais programas de ensino por acreditarem que nos encontramos em uma sociedade onde crianças, jovens e adultos não conseguem demonstrar atitudes, valores e habilidades que lhes permitam adotar um estilo de vida ativo e saudável por deficiências em sua formação educacional.

    Assim sendo, existe necessidade de levar os educandos a desenvolver valores, percepções e atitudes positivas, mediante ações educativas adequadamente planejadas e ajustadas no período de escolarização, promovendo uma melhoria na sua aptidão física e consequentemente, os tornariam mais resistentes as doenças, na expectativa de que um estilo de vida saudável possa ser incorporado desde a infância e adolescência e permaneça por toda a vida. Nessa direção, provavelmente, a educação física enquanto disciplina do currículo escolar, pode encontrar o seu verdadeiro papel, passando a atuar de forma mais efetiva em nossa sociedade.

Referências bibliográficas

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