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A homossexualidade e o bullying na Educação Física Escolar

La homosexualidad y el bullying en la Educación Física Escolar

Homosexuality and bullying in School Physical Education

 

Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES)

Faculdade de Educação Física (FEFIS)

Santos, SP

(Brasil)

Lidiane Marrero de Moraes

Regiane Gonçalves de Oliveira

Juliane Jellmayer Fechio

jfechio@terra.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A Homossexualidade e o Bullying, fenômenos constantes e comuns apresentados na escola e nas aulas de Educação Física, são questões complexas e atuais que devido às manifestações existentes se tornam evidentes, e por vez dificultam o desenvolvimento dos educandos. O objetivo deste estudo foi analisar por meio de revisão da literatura a questão da homossexualidade e o Bullying na Educação Física Escolar. Atualmente a palavra homossexualidade é vista como um atributo, uma característica ou a qualidade de um ser, considerando indivíduos do mesmo sexo que estabelecem relações sexuais e afetivas. Estudos indicam que não há uma única causa quanto ao que determina a homossexualidade. Nota-se que o homossexual tem sido violentado no âmbito escolar gerando o fenômeno bullying que é um tipo de agressão, que pode ser física ou psicológica e que tem o intuito de humilhar e ridicularizar. Isso pode acontecer porque as relações que se estabelecem dentro da escola é o reflexo da disparidade que há entre heterossexuais e homossexuais. O profissional de Educação Física neste contexto deve saber identificar, distinguir e diagnosticar o fenômeno bullying, para promover as estratégias de intervenção e prevenção, adequadas à realidade da escola e pode ser uma referência importante para seus alunos, pois a Educação Física propicia experiência de aprendizagem peculiar ao mobilizar os aspectos afetivos, sociais, éticos e de sexualidade de forma intensa e explícita. Contudo, novos estudos nesta área são bem-vindos para que os profissionais da área tenham mais consciência destas questões.

          Unitermos: Homossexualidade. Bullying. Educação Física.

 

Abstract

          Homosexuality and Bullying, constant and normal in physical Educations classes, which are complex and present-day, according to real demonstrations, and because of that, it is harder for those who attend classes. The main objective of this project was to analyze through a review of literature these subjects called homosexuality and bullying in school physical education classes. Now a day the word homosexuality is also seen as a characteristic or a quality of a human being, considering that people with the same sex who have intercourse, and affective relationship with each other. Some studies have shown that there isn’t an only reason that determines if the person is homosexual. We can realize that homosexual people have been suffering violence in school campuses, creating the bullying, which is a kind of aggression either physics or psychological with the intention of humiliating and making fun of the person. The physical education professional should identify the bullying problem, trying to solve it, because physical education offers particular experiences when putting in movement affective aspect, social about sexuality. However, new projects are welcome, so that the professional can get to know more about this topic.

          Keywords: Homosexuality. Bullying. Physical Education.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introduçâo

    A escolha da homossexualidade e bullying na Educação Física Escolar como tema central deste artigo surgiu de uma inquietação diante do “silêncio” em torno desse tema no meio acadêmico.

    Por tratar-se de um assunto polêmico, atual e presente na escola e nas aulas de Educação Física, disciplina que trabalha diretamente com o corpo, torna-se importante o seu estudo, pois de acordo Silva e Schwartz (2005) ainda de maneira muito sutil, vêm representando o foco de estudo de acadêmicos de diversas áreas. Assim, há necessidade de ampliação dos conceitos, valores e atitudes que permeiam as relações de gênero, incluindo-se o olhar sobre a homossexualidade.

    A escola é uma das instituições encarregada de pautar com a diversidade e pluralidade, por uma educação emancipatória, e o corpo docente e seus gestores que nela se encontram, são os agentes nessa perspectiva de planejamento, e efetivação de políticas pedagógicas visando à construção dessa educação libertadora (BARDUNI FILHO e SOUSA, 2008).

    Entretanto, nem sempre consegue se posicionar como um espaço em que se desperta no ser humano a arte do pensamento e da reflexão; um exemplo desse raciocínio e que tem sido verificado com grande freqüência no cotidiano escolar é o Bullying. O Bullying escolar, termo sem uma tradução exata para o português, é um tipo de agressão, que pode ser física ou psicológica e que tem o intuito de humilhar e ridicularizar (SOUZA, 2009).

    A sexualidade é um aspecto inerente ao ser humano e se mobiliza de diversas formas. No discurso velado, na expressão de gestos, nos desejos confessos e inconfessos das pessoas. O fato é que ela acaba por adentrar o ambiente escolar e não podemos fechar os olhos em face disto (MARQUES e KNIJNIK, 2008).

    O estudo da sexualidade constitui, portanto, uma significativa contribuição concernente às questões destinadas à compreensão e à produção do conhecimento, neste caso em particular, as relações de poder que envolveram os gêneros ao longo da História (MATA, 2009). Vale lembrar que a orientação sexual é um dos temas transversais previstos nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN.

    A Educação Física tem finalidade de ensinar a educação do corpo, descobrir e se conhecer, por meio da prática da modalidade, proporcionando em ambientes externos algumas manifestações que não são tão comuns dentro das salas de aula, pois neste ambiente o corpo é visto de forma livre e exposta do que em outras práticas escolares (BOZI et al., 2008).

    Contudo, existe a complexidade dos educadores no desafio de introduzir o assunto (sexualidade), sendo ele já visto nas ações apresentadas dos mesmos até nos pequenos gestos, expressões, caracterizando muitas vezes o Bullying.

    A questão do preconceito existente entre os alunos, pais e professores em relação à homossexualidade, tem tornado alguns alunos vítima do bullying nas aulas de Educação Física e este se constitui um complexo problema da atualidade, existente em toda a sociedade, de um modo geral, e principalmente na escola, sendo freqüentemente observado nas aulas desta disciplina. Essas manifestações que geram humilhações ligadas ao gênero para com o homossexual, acabam influenciando no desenvolvimento das aulas e interferindo no desempenho dos alunos, transformando os alunos em indivíduos acríticos, tímidos e inseguros e que se sentem inferiorizados pelos outros (BOZI, et al., 2008).

    O professor de Educação Física, caso possua formação adequada para este trabalho, pode vir a ser um dos docentes que mais contribua para este tipo de educação, uma vez que a sua área de atuação faz com que muitas vezes ele se aproxime fortemente dos alunos, criando um elo facilitador do processo de superação das vergonhas típicas relacionadas à sexualidade, para que ocorra um verdadeiro processo educativo transformador (MARQUES e KNIJNIK, 2008).

    Desta forma, o objetivo deste estudo foi analisar por meio de revisão da literatura a questão da homossexualidade e o Bullying na Educação Física Escolar.

Homossexualidade X Homossexualismo

    Em 1985, quando o Código Internacional das Doenças (CID) foi revisado, o homossexualismo passou dos distúrbios mentais para o capítulo dos Sintomas Decorrentes de Circunstâncias Psicossociais, isto é, desajustamento social decorrente de discriminação religiosa ou sexual. Em 1995, na última revisão do CID, o termo homossexualismo deixou de constar nos diagnósticos (BRITO, 2000).

    De acordo com Brito (2000) o sufixo “ismo”, que significa doença, foi retirado e substituído pelo sufixo “dade” que designa modo de ser. Os cientistas concluíram que o homossexualismo não podia ser sustentado enquanto diagnóstico médico. Isto porque os transtornos homossexuais realmente decorrem muito mais de sua discriminação e repressão social derivados do preconceito do seu desvio sexual. Desde 1991, a Anistia Internacional considera violação aos direitos humanos a proibição da homossexualidade.

    Atualmente a palavra “homossexualidade” é vista como um atributo, a característica ou a qualidade de um ser – humano ou não – que é homossexual (grego homos = igual + latim sexus = sexo) e, lato sensu, define-se por atração física, emocional, estética e espiritual entre seres do mesmo sexo. Pensando assim, faz sentido usar homossexualidade e não homossexualismo (VIANA, 2006).

    Brito (2000) explica que etimologicamente, homossexual vem do grego homo ou homeo, elemento de composição que exprime a idéia de semelhança, igual, análogo, ou seja: homólogo ou semelhante ao sexo que a pessoa figura, ou aspira ter.

    Maeda (2003) afirma que homossexualidade é conhecida na linguagem antiga como uranismo. Na tradição mitológica antiga eram conhecidos dois tipos de “uranismo”: a) inversão artificial, que significa um vício da relação homossexual; b) inversão-perversão, considerada uma degeneração mental.

    No século XIX os médicos caracterizavam os homossexuais como portadores de uma patologia congênita ou uma mera perversão quando praticado por pessoas não uranistas. Krafft-Ebing, médico austríaco, foi um dos pioneiros no estudo da homossexualidade e influenciou a medicina definitivamente com uma coleta de milhares de “confissões” dos seus pacientes e as publicou no seu livro Psicopatia Sexualis. Na época, chegou à conclusão de que os uranistas sofrem de uma mancha psicopática, que mostram sinais de degenerescência anatômicos, que sofrem de histeria, neurastenia e epilepsia (FRY e MACRAE, 1985).

    A partir dos trabalhos de Krafft-Ebing, Ulrichs, Pires de Almeida e outros, a grande controvérsia nos meios médicos girou em torno da questão das causas da homossexualidade. Alguns achavam que as causas eram basicamente biológicas (hereditariedade, defeitos congênitos ou defeitos hormonais), outros explicam a homossexualidade em termos do meio ambiente social (FRY e MACRAE, 1985).

    A partir do século XIX, ao tachar os homossexuais de doentes, a medicina justificou sua “cura”, sua “conversão” em heterossexuais. Desta maneira, a medicina exerceu um forte controle social contra a homossexualidade e em favor da heterossexualidade. Mais tarde, perante as críticas oriundas do movimento homossexual, ela soube se preservar e, usando as mesmas noções de saúde e doença, introduziu a noção do “homossexual sadio” (FRY e MACRAE, 1985).

    Na verdade, de acordo com Cunha Jr. e Melo (1996) há uma inexatidão e heterogeneidade na definição da homossexualidade, assumindo-a como variações sobre um tema central: indivíduos do mesmo sexo que estabelecem relações sexuais e afetivas, sendo assim, os estudiosos parecem estar de acordo em somente um ponto: não há uma única causa quanto ao que determina a homossexualidade.

    No final do século XX e início do século XXI, houve uma tendência ao abandono de terminologias tradicionais e a adoção de novos termos, ou ainda a defesa do abandono de qualquer termo classificatório (NUNES e RAMOS, 2008). De qualquer forma, pode-se perceber a complexidade do tema em questão. A própria definição de homossexual está muitas vezes relacionada a uma perspectiva etiológica específica, representando um determinado posicionamento acerca do assunto.

    Com a evolução dos costumes, a mudança dos valores, do conceito de pudor e do padrão moral, o tema está hoje na berlinda, sendo retratado no cinema, no teatro, nas novelas e na mídia como um todo. Os movimentos Gays têm se intensificado no mundo, conquistando espaço, do que é exemplo a célebre Olimpíada em Nova York, com a participação de mais de 11.000 atletas homossexuais de 44 países. Nos dias atuais, pelo menos nos países ocidentais, os homossexuais assumem a sua condição sem nenhum constrangimento. Os países mais liberais e avançados da Europa, como a Suécia e a Noruega, já admitem o casamento entre homossexuais (BRITO, 2000).

Bullying

    Há diversas formas de violência no meio em que estamos inseridos (BARROS et al., 2009). Nas escolas, a agressividade é um problema universal. O bullying e a vitimização representam diferentes tipos de envolvimento em situações de violência durante a infância e adolescência. Diz respeito a uma forma de afirmação de poder interpessoal através da agressão. A vitimização ocorre quando uma pessoa é feita de receptor do comportamento agressivo de uma outra mais poderosa. Tanto o bullying como a vitimização têm conseqüências negativas imediatas e tardias sobre todos os envolvidos: agressores, vítimas e observadores (LOPES NETO, 2005).

    A maior parte dos autores tem, contemporaneamente, tratado o bullying como um comportamento agressivo e perigoso particularmente disseminado nas escolas, onde alguém oferece, conscientemente e de forma repetida, algum tipo de dano ou desconforto a outra pessoa ou a um grupo de pessoas. Tornou-se comum também, se compreender o fenômeno como o resultado de uma relação onde o poder está distribuído de forma desigual, sendo os agressores mais fortes ou influentes do que as vítimas (GREENE, 2006).

    O bullying é um fenômeno, termo sem equivalente em português (SOUZA, 2009). É um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, de forma velada ou explícita, adotada por um ou mais indivíduos contra outro (os), causando dor, angústia e sofrimento.

    A expressão Bullying é derivada de “Bully” (valentão, brigão). Ela possui um sentido específico e rico em determinações que desaconselha sua tradução em qualquer outra língua. As tentativas já realizadas de tradução para o português, por exemplo, produziram sempre reduções semânticas que descaracterizam o fenômeno denotado pela expressão original. No Brasil o termo mais freqüente usado em traduções é o de “intimidação” (ROLIM, 2008). No entanto, a grande maioria dos pesquisadores e especialistas em todo o mundo emprega o termo em inglês.

    Considera-se alvo o aluno exposto, de forma repetida e durante algum tempo, às ações negativas perpetradas por um ou mais alunos. Entende-se por ações negativas as situações em que alguém, de forma intencional e repetida, causa dano, fere ou incomoda outra pessoa, em geral, o alvo não dispõe de recursos, status ou habilidade para reagir ou cessar o bullying. Geralmente, é pouco sociável, inseguro e desesperançado quanto à possibilidade de adequação ao grupo (LOPES NETO, 2005).

    Fante (2005) apud Barduni Filho e Sousa (2008) chama a atenção do profissional de Educação, para que fique atento a alunos agressivos ou violentos, zombadores e maldosos, porque em alguns casos o que se poderia interpretar como brincadeiras próprias da idade pode ser fonte de grande constrangimento e sofrimento a colegas mais tímidos, calados ou mais fracos, normalmente mais novos, com prejuízo sócio-educacional e emocional.

    O Bullying deve ser compreendido como uma subcategoria do comportamento agressivo de tipo destacamento pernicioso já que seu alvo é quase sempre alguém, que pelos mais diferentes motivos, não pode se defender eficazmente das agressões. Os autores de Bullying se valem, então, desta incapacidade para infligir dano, seja porque alcançam algum tipo de gratificação emocional com tal postura, seja porque pretendem alcançar alguma vantagem específica, como se apossar de dinheiro ou de objetos da vítima ou, simplesmente solidificar posições na hierarquia do grupo a que pertencem ou aumentar a popularidade entre os colegas (CATINI, 2004). 

    O bullying torna-se um grande problema para o desenvolvimento do aluno. Isso porque os relacionamentos interpessoais positivos e o desenvolvimento acadêmico estabelecem uma relação direta, onde os estudantes que perceberem esse apoio terão maiores possibilidades de alcançar um melhor nível de aprendizado. Portanto, a aceitação pelos companheiros é fundamental para o desenvolvimento da saúde de crianças e adolescentes, aprimorando suas habilidades sociais e fortalecendo a capacidade de reação diante de situações de tensão.

A Homossexualidade como preconceito escolar

    Quando no espaço escolar passa a existir a homofobia em relação aos jovens homossexuais, a escola está agindo como reprodutora de diferenças no tom de desigualdade. Ser diferente não significa ser desigual (NUNES e RAMOS, 2008).

    A escola tem importante função no processo de conscientização, orientação e instrumentalização dos corpos da criança e do adolescente. A instituição escolar, ao classificar os sujeitos pela classe social, etnia e sexo, tem historicamente contribuído para (re) produzir e hierarquizar as diferenças. Essa tradição deixa à margem aqueles que não estão em conformidade com a norma hegemônica e, desta forma, não contempla a inclusão da diversidade sexual, proposta na atualidade (SANTOS, et al., 2008).

    Dos direitos básicos garantidos pela Constituição, a educação é o mais acessível inclusive por aqueles socialmente marginalizados, o que torna o ambiente escolar importante espaço de promoção da cidadania. A Escola, como espaço primário de educação formal e para além do seu papel, que é da ordem do conhecimento, tem como desafio articular e executar as políticas públicas, discutir e repensar valores culturais e permitir a desconstrução de normas rigidamente estabelecidas (SANTOS et al., 2008).

    Segundo Marques e Knijnik (2008) a sexualidade sempre esteve presente na vida do ser humano sob diversas formas, diante disto, a escola pode tanto reforçar como combater estes processos, de forma que nas próprias situações de conflitos, gerados pelo estigma e pela discriminação, busque resolvê-los respaldando-se em valores éticos. O indivíduo, independente de qualquer característica que venha a ser enquadrado, merece que sua dignidade seja respeitada (MONTE et al., 2009).

Diversos autores concordam que o silêncio é a pior forma de se lidar com o assunto. Kurashige, Gomes e Reis (2010) explicam que há a necessidade de intervenções mais sérias nas escolas, primeiro sobre cidadania, depois sobre sexualidade A UNESCO solicita investimentos em uma “cultura de convivência com a diversidade” que até pode se valer da informação, mas que deve se utilizar, principalmente, do “debate e o questionamento das irracionalidades que sustentam discriminações”.

    Felizmente, no final da década de 90, o Ministério da Educação, através dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs (1998) ofereceu, mesmo que timidamente, às escolas, a possibilidade de trabalhar orientação sexual com seus alunos. Os docentes, no entanto, ainda não estão preparados para lidar com essa questão. Enquanto a escola aumentou, nos últimos anos, discussões sobre discriminação racial, gravidez na adolescência, AIDS, em relação à homossexualidade não houve avanços significativos. Já existem guias de orientação sexual para essas situações, como o GTPOS (Guia do Grupo de Trabalho e Pesquisa sobre Orientação Sexual).

    Devido ao tratamento uniforme que é dado dentro da escola, muitos alunos escondem dos professores, dos colegas de sala, dos funcionários, a sua religião, sua origem regional e principalmente, pelo receio de sofrer discriminação, por terem outra orientação sexual. Isso porque existem ainda, infelizmente, professores que trazem consigo uma definição engessada e conservadora, de como os jovens deveriam ser e agir (AQUINO, 1997).

    É importante mencionar que relações que se estabelecem dentro da escola é o reflexo da disparidade que há entre ricos e pobres, brancos e negros, heterossexuais e homossexuais (BARDUNI e SOUSA, 2008).

    Um dos principais objetivos apontados pelos PCNs da orientação sexual na escola é o fomento de atitudes de autocuidado, preparando sujeitos autodisciplinados no que se refere à maneira de viver sua sexualidade, sujeitos que incorporem a mentalidade preventiva e a pratiquem sempre. A Educação Física aparece como um espaço privilegiado para isso, seja devido aos seus conteúdos e dinâmica de aula, seja pela relação que se estabelece entre professores e alunos nestas aulas (ALTMANN, 2001).

    O professor (de Educação Física) é uma referência importante para seus alunos, pois a Educação Física propicia experiência de aprendizagem peculiar ao mobilizar os aspectos afetivos, sociais, éticos e de sexualidade de forma intensa e explícita, o que faz com que o professor de Educação Física tenha um conhecimento abrangente de seus alunos (BRASIL, 2000).

    A Educação Física no âmbito escolar deve ser entendida como uma disciplina curricular de enriquecimento cultural, fundamental à formação da cidadania dos alunos, baseada num processo de socialização de valores morais, éticos e estéticos, que consubstancia princípios humanistas e democráticos. Para isto, as estratégias de ação didático-pedagógicas devem estar voltadas para a suplantação de práticas injustas e discriminatórias (CHAVES, 2006).

    Cabe, portanto, ao profissional da Educação Física saber identificar, distinguir e diagnosticar o fenômeno bullying, para promover as estratégias de intervenção e prevenção, adequadas à realidade da escola. Não existem soluções prontas para o combate efetivo deste fenômeno, frente à complexidade do mesmo (CHAVES, 2006).

    Sabe-se que uma formação não se dá apenas no conhecimento das disciplinas obrigatórias, mas sim no conhecimento da socialização e interação com o meio, o que se torna uma “matéria” muito mais difícil e complexa. A escola deve, portanto, encontrar fundamentação para que estes estejam informados, além do espaço para discussão dos aspectos psicológicos inerentes ao tema da sexualidade.

Considerações finais

    Com referência, nos autores pesquisados, pode-se concluir que existem lacunas quanto a algumas questões relacionadas com a homossexualidade, como por exemplo, a sua causa.

    Independentemente disso, o homossexual muitas vezes é visto como diferente no âmbito escolar e em função disso tem sido vítima de bullying e consequentemente sofrido prejuízos no processo de ensino-aprendizagem.

    Portanto, o profissional de Educação Física deve promover estratégias de prevenção e intervenção de acordo com a situações apresentadas em sua disciplina, contribuindo para o processo de formação dos alunos e reduzindo o preconceito.

    Novos estudos com esta temática são bem-vindos, uma vez que há a necessidade de maior conscientização de toda a sociedade.

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