Talentos no Brasil: o caso do atletismo brasileiro Talentos en Brasil: el caso del atletismo brasileño |
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Universidade Federal de Santa Maria (Brasil) |
Rodolfo Silva da Rosa Bruno Prestes Gomes |
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Resumo O Brasil vai sediar a sua primeira Olimpíada em 2016 e cada vez mais a busca por futuros atletas para potencializar o Pais no cenário mundial neste evento. O objetivo deste estudo foi refletir sobre os programas de descoberta de talentos no Brasil, em especial o caso do Atletismo em uma proposta dentro da perspectiva do Esporte enquanto instrumento educacional. Unitermos: Talento esportivo. Atletismo. Iniciação desportiva.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Os programas de detecção de talentos e a crise do atletismo
É necessário uma definição de talento desportivo, inicialmente. Segundo Joch, apud WEINECK (1999) "talentoso é aquele que, com disposição, prontidão para o desempenho e possibilidades, apresenta um desempenho acima da média comprovada para aquela faixa etária (desempenho este comprovado por competições). Ou também “Na área do esporte de rendimento, utiliza-se o termo ‘talento esportivo’ para designar aquelas pessoas que possuem um potencial, um aptidão especial, ou uma grande aptidão para o desempenho esportivo” (Böhme, 2004).
Atualmente os programas de detecção de talentos em nosso país estão claramente sendo ineficazes, não de forma geral, tendo como exemplo o Atletismo que nos últimos mundiais o Brasil obteve um número inexpressivo de medalhas e foi “manchado” com problemas de doping envolvendo atletas de ponta de nosso pais pouco antes das Olimpíadas. No Brasil claramente a idéia de descobrir talentos fica a mercê dos programas Escolares, como se esses tivessem o, único, intuito de formar, iniciar, desenvolver atletas. A verdade é que a escola tem seus próprios códigos e merecem ser respeitados, expor o esporte de rendimento a condição escolar é algo altamente errôneo e o pior ainda é esperar que dá escola saiam talentos esportivos, e nem entraria no mérito dos problemas de infra-estrutura ou mesmo políticos da educação física dentro do contexto da escola.
O que se busca com essa analise seria de investigar os programas atuais de descobertas de talentos e com isso, sem ser soberbo, apontar possíveis soluções e entender o porquê de um país abrangente como o nosso ser tão inexpressivo no cenário desportivo mundial. Talvez um investimento de forma geral popularizando desporto Atletismo se faça necessário, talvez a detecção do talento seja errônea, porque todo processo de seleção é excludente.
O Talento Esportivo e possibilidades de desenvolvimento
Segundo WEINECK (1999) há vários métodos de incentivo a talentos; a) Deixar crescer (a criança pratica o esporte no seu dia-a-dia com aprendizado e treinamento naturalmente determinados pelo ambiente - caso do futebol de rua, no Brasil; beisebol, nos E.U.A.); b) Redução do grau de liberdade (treinamento específico iniciado o mais cedo possível e com a máxima estimulação possível); c) Multiplicidade intencional (a partir de uma formação multilateral passa-se a uma especialização). O autor conclui que o melhor caminho para um bom desempenho seria uma mistura destes três tipos de abordagem.
A Federação Italiana de Atletismo apud Grandi (1994) preocupada com o desenvolvimento e promoção do Atletismo entre os jovens, estabeleceu uma estratégia de intervenção, que envolve, de modo global, a comunidade esportiva e órgãos institucionais.. Denominou-se a este projeto "A estratégia do Talento Atlético". Esta estratégia consta dos seguintes passos: a) Promoção do esporte Atletismo; b) Recrutamento do maior número de simpatizantes para a prática atlética não-formal; c) Pesquisa do Talento, onde buscar-se-á identificar as pessoas com perfil de talento para o atletismo; d) Desenvolvimento do Talento, fase na qual deverão ser proporcionadas as condições de o talento descoberto desenvolver-se de maneira satisfatória; e) Conservação do Talento; f) Consecução das Máximas Prestações Individuais; f) Manutenção das Máximas Prestações Individuais. (GRANDI, 1994).
A educação física escolar e a descoberta de talentos: será esse o papel?
Defendendo nesse espaço a idéia de que “nossa” educação física nos programas curriculares na Escola não deveria se preocupar em formar “atletas”.
Discordando da idéia de formar talentos dentro do contexto Escolar, Bracht (2003, p. 92) coloca existem muitas razões para respondermos negativamente a essas questões. Entretanto, o que nos importa é salientar aqui que a retórica presente no programa governamental reedita um discurso há muito presente na EF brasileira, qual seja, a retomada da idéia da pirâmide esportiva, subordinando, mais uma vez, o desporto escolar àquilo que é de interesse do esporte de alto rendimento, tornando-se perceptível o corte, já denunciado, da perda do projeto político-pedagógico da EF para o esporte de rendimento. Em outras palavras, a subordinação da EF à política esportiva.
Por outro lado Go Tani (1996, 2000, 2002) apresenta o modelo de múltiplas perspectivas, podendo o esporte assumir várias características. “O esporte como conteúdo da educação física tem como objetivo o ótimo desempenho e, portanto, trabalha com metas realistas, implicando respeito as características físicas, psicológicas, sociais e culturais dos praticantes e as diferenças individuais quanto as expectativas, aspirações, preferências e valores”. (Tani, 2004. p. 117, 118).
Considerações finais
Por fim concorda-se com as palavras de João Batista Freire em um debate feito no site centro esportivo virtual logo após uma competição mundial, novamente, ressaltando, que o melhor processo de formação do talento, inclusive, para o esporte de alto rendimento, é a pedagogia. A ideia é ensinar a todos, não importa se detem ou não uma habilidade especial. Julgo que o caminho para um esporte forte é formar os jovens sem nunca pensar se serão campeões ou não. Num país de mais de cento e noventa milhões de pessoas, se todos puderem aprender esporte, não há como evitar o surgimento de campeões
Referências bibliográficas
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