efdeportes.com

A incidência dos sintomas do trato urinário inferior 

em mulheres que praticam atividade física em uma

 academia na cidade de Guaratinguetá, SP

La incidencia de los síntomas del tracto urinario inferior en mujeres que 

practican actividad física un gimnasio de la ciudad de Guaratinguetá, SP

 

Graduação em Fisioterapia

Escola Superior de Cruzeiro

Cruzeiro, São Paulo

Gustavo Carelli Reis

gucarelli@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A Incontinência Urinária (IU) é uma condição na qual ocorre a perda involuntária de urina, podendo levar a mulher ao abandono de suas atividades sociais e isolamento. Um dos fatores de risco para desenvolver incontinência urinária é a prática de exercícios físicos que levam ao aumento da pressão intra-abdominal ou de alto impacto no períneo. Portanto, este estudo teve como objetivo verificar a freqüência da IU e sintomas do trato urinário inferior em mulheres praticantes de atividade física, onde foram analisadas, na cidade de Guaratinguetá-SP, mulheres de várias idades e que praticam as seguintes modalidades: musculação, dança, jump fit e hidroginástica. Para a pesquisa foi utilizado um questionário onde dentre as perguntas, buscou-se saber a idade, se há queixa em relação à micção, qual tipo de atividade física praticada e há quanto tempo, se teve gestação e tipo de parto, além dos antecedentes familiares, hábitos alimentares e sintomas urinários apresentados. Os dados foram inseridos em uma planilha do Microsoft Excel para posterior análise, obtendo-se a idade média dos 4 grupos analisados o resultado foi de 32,4, ± 10,9 anos, e destas, 82% do total tinham menos de 40 anos, sendo que 76% do total não apresentaram queixa em relação à micção e 60,8% do total relataram a presença de sintomas urinários, onde a polaciúria foi a queixa principal com 18%, seguido da incontinência urinária de esforço (IUE). A IUE prevaleceu entre as mulheres esportistas, com 4 queixas nas praticantes de musculação, 5 queixas nas que praticam jump fit, 1 queixa na modalidade dança e a hidroginástica com 2 queixas.

          Unitermos: Atividade física. Sintomas urinários. Trato urinário inferior. Assoalho pélvico.

 

          Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia) – Escola Superior de Cruzeiro, Cruzeiro, São Paulo, 2010. Orientadora: Profa. Esp. Luana Guedes Siqueira.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

1.     Introdução

    A incontinência urinária é definida como toda perda involuntária de urina, antes tratada como um sintoma, hoje passou a ser considerada uma doença, segundo a Classificação Internacional das Doenças, Classe Incontinência Urinária (CID/OMS) (ABRAMS, 2003).

    Para Clark (2003) são citados como fatores de riscos para o desenvolvimento da incontinência urinária a idade avançada, cor branca, deficiência estrogênica, condições associadas ao aumento da pressão intra-abdominal, tabagismo, doenças do colágeno e histerectomia.

    O exercício físico rigoroso é um dos fatores de risco para incontinência urinária em mulheres fisicamente ativas (Nygaard, 1994; Thyssem, 2002).

    No entanto, Latorre (2002) afirma que vários estudos foram realizados com o objetivo de conhecer os efeitos do exercício sobre os órgãos e estruturas do corpo humano, com uma notável exceção sobre o efeito do exercício no sistema urogenital baixo e músculos do assoalho pélvico, tendo afirmado que o assoalho pélvico é uma região que pode sofrer enfraquecimento muscular progressivo com todas as situações que exigem o aumento da pressão intra-abdominal.

    Estima-se que quase 200 milhões de pessoas no mundo apresentem algum tipo de incontinência urinária e somente 25% destas procuram um médico para tratar de seu problema de urina (Hannestad, 2000).

    Segundo Abrams (2003), a incontinência urinária de esforço é a mais comum entre as mulheres jovens entre 20 e 40 anos de idade e a mista nas mulheres já no período da menopausa.

    A taxa de prevalência da incontinência urinária é elevada e deveria receber maior atenção por partes dos serviços e profissionais da saúde, visto afetar de modo geral a qualidade de vida das pessoas tanto física, sexual, social, doméstica, ocupacional e emocional (Hannestad, 2000).

    Muitas mulheres com incontinência urinária evitam idas aos shoppings, viagens de longa distância e práticas de atividade física e de recreação (Pearson, 1996).

    Frente à escassez de informações em relação aos traumas que o assoalho pélvico sofre durante a prática de atividade física bem como a pouca atenção dada pelos educadores físicos, durante a orientação dos exercícios, até mesmo por falta de conhecimento, este trabalho visa identificar qual modalidade apresenta a maior incidência dos STUI em praticantes de atividade física e mostrar a importância de tratar o assunto da incontinência urinária com mais seriedade, evitando inúmeros transtornos para as mulheres que sofrem dessa doença.

2.     Objetivos

    Objetivo geral

    Verificar a freqüência da IU e/ou sintomas do trato urinário inferior em mulheres praticantes de exercícios físicos em uma academia na cidade de Guaratinguetá - SP,

3. Metodologia

    Os procedimentos metodológicos usados para a realização desta pesquisa foi a de natureza descritiva analítica

Amostra

    Foram sujeitos do estudo 120 mulheres escolhidas aleatoriamente, entre 17 e 69 anos (32,6 ± 10,9 anos), praticantes de atividades físicas pré-estabelecidas (musculação, jump fit, dança e hidroginástica), há pelo menos seis meses, com freqüência de no mínimo três vezes por semana e sem patologias de base. As mulheres eram alunas de uma academia na cidade de Guaratinguetá.

Material

    A avaliação teve como instrumento um questionário adaptado elaborado pela Adriana Moreno (2009), o questionário é composto de perguntas com as seguintes variáveis: idade, se há queixa em relação à micção e qual, qual atividade física praticada e há quanto tempo realiza, se teve gestação e tipo de parto, sintomas urinários (polaciúria, urgência miccional, noctúria e enurese noturna), antecedentes familiares, (Anexo 1, p. 41).

Coleta dos dados

    A coleta de dados foi realizada nos meses de Fevereiro à Março de 2010.

    As mulheres que se submeteram a responder ao questionário assinaram a um termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo 2, p. 43) e quanto às menores de 18 anos, foi solicitado que o responsável assinasse e acompanhasse o preenchimento do questionário.

    O questionário foi aplicado pelos pesquisadores de segunda a sexta-feira, nos períodos matutino e noturno

Análise dos dados

    Os dados obtidos foram inseridos numa planilha, no Microsoft Excel, para posterior análise, onde se utilizou variáveis estatísticas, tais como: média e porcentagem, sendo apresentados em tabelas.

    Para uma maior clareza nos resultados dividiu-se, de acordo com os dados coletados, as mulheres em quatro grupos de acordo com a atividade física realizada, ficando assim: Grupo 1 (musculação), Grupo 2 (jump-fit) e Grupo 3 (dança) e Grupo 4 (hidroginástica). Cada grupo é composto por 30 mulheres.

3.     Resultados

    Foram avaliadas 120 mulheres, fisicamente ativas, divididas por modalidades praticadas, sendo o Grupo 1 (musculação); Grupo 2 (jump-fit); Grupo 3 (dança) e Grupo 4 (hidroginástica). Cada grupo foi composto por 30 mulheres, na cidade de Guaratinguetá- SP, no período de fevereiro a março de 2010. Destas, 75,8% não tinham nenhuma queixa em relação à micção, 60,6% relataram algum sintoma urinário presente e 10%, relataram perda de urina aos esforços.

3.1.     Perfil das mulheres analisadas

    A média de idade foi de 32,4 ± 10,9 anos, com idade mínima de 17 anos e a máxima de 69 anos, sendo que 84,1% tinham menos que 40 anos (tabela 1).

Tabela 1. Medidas de tendências centrais e dispersão da idade (em anos)

e distribuição de sua freqüência segundo as faixas etárias (n=120)

    Quanto ao grau de escolaridade, 16% tinham o 1º grau incompleto, 44% o segundo grau completo e 40% o superior completo. Quanto à profissão, 47% eram economicamente ativas. As casadas representam 47%, as viúvas 7%.

    Do total das mulheres entrevistadas, houve um predomínio daquelas com pele branca com 76%, seguida pelas negras com 15% e as pardas com 9% (Figura 1).

Figura 1. Disposição quanto à cor de pele (em %)

    Das entrevistadas 76% não apresentam queixa em relação à micção. Urinar muito foi a queixa principal com 16%, urinar pouco com 7% e dor ao urinar 1% (Figura 2).

Figura 2. Distribuição da freqüência relativa das mulheres analisadas em relação à queixa (n = 120)

3.2.     Perfil ginecológico das mulheres analisadas

    Quanto aos aspectos ginecológicos, os resultados mostraram que 10% estavam ou já passaram pela menopausa, e destas, 50% faziam uso de terapia hormonal.

    A média de idade das mulheres menopausadas foi de 55,7 ± 6,6 anos, sendo a mínima de 45 anos e a máxima de 69 anos. O tempo médio de terapia hormonal foi de 29,2 ± 46,02 meses. Duas mulheres foram submetidas à cirurgia ginecológica, sendo 1 curetagem e 1 histerectomia.

3.3.     Valores obstétricos das mulheres analisadas

    Em relação aos aspectos obstétricos, 33,3% das mulheres analisadas engravidaram pelo menos uma vez e 66,6% eram nulíparas, ou seja, nunca engravidaram. Das que engravidaram, 5% já abortaram.

    A média de partos normais foi de 52,6%, e a média de partos cesariana foi de 47,4%. A tabela 2 mostra a distribuição da freqüência dos valores absolutos e relativos das vias de parto das mulheres analisadas.

Tabela 2 - Distribuição da freqüência dos valores absoluto e relativo das vias de parto da população estudada (n = 38)

3.4.     Sintomas urinários relatados pelas mulheres analisadas

    Em relação à história familiar de incontinência urinária, 14,1% delas apresentavam pessoas na família com incontinência urinária, sendo todas estas com parentesco de primeiro grau. E 4,1% das mulheres que apresentavam perda de urina faziam uso de absorvente diariamente.

    Das mulheres entrevistadas, 57% relataram sintomas urinários. O STUI mais freqüente foi a polaciúria com 13%, seguido por IUE com 10%, sensação de resíduo 8%, e urgência miccional 8% (Tabela 3).

Tabela 3. Distribuição das freqüências dos valores absoluta e relativo dos sintomas do trato urinário inferior apresentado na população estudada (n=120)

3.5.     Perfil das mulheres praticantes de musculação

    Das mulheres praticantes de musculação, a idade mínima é de 17 anos e a máxima de 44 anos, constatou-se que a idade média foi de 28,8 ± 7,9 anos e dentre todas, 56,6% tinham menos de 30 anos (Tabela 4).

    As mulheres de pele branca predominaram com 53% e as de pele negra com 47%.

    Destas 100% praticavam musculação com freqüência igual ou maior a 3 vezes na semana, com duração superior a 20 minutos por dia há pelo menos 18 meses.

Tabela 4. Medidas de tendências centrais e dispersão da idade (em anos) (n = 30)

    Em relação à história familiar de incontinência urinária, 13% apresentaram pessoas na família com incontinência urinária, com parentesco de 1º grau.

    Dentre as praticantes de musculação 63% ingerem mais que 1,5 litros de água por dia e 57% ingerem mais que 1 copo de água à noite.

    Com relação aos aspectos ginecológicos, nenhuma das avaliadas que praticam a musculação estavam na menopausa e não faziam reposição hormonal.

    Com referência aos valores obstétricos, 13,3% engravidaram e todas tiveram como via de parto a cesariana, não sendo relatado entre elas nenhum aborto ou complicação durante a gestação.

    Sobre as queixas urinárias, 12 não relataram nenhum sintoma e as demais, 6 apresentaram o sintoma de polaciúria, 4 apresentaram a IUE, 3 apresentaram sensação de resíduo urinário na bexiga, 2 apresentaram noctúria, 1 urgência miccional, 1 enurese noturna e 1 apresenta o gotejamento.

    Na Figura 3 foi apresentada a distribuição das freqüências dos valores absolutos dos sintomas do trato urinário inferior apresentado na população de praticantes de musculação.

Figura 3. Distribuição das freqüências dos valores absolutos dos sintomas do trato urinário inferior apresentado na população de praticantes de musculação (n = 30)

3.6.     Perfil das mulheres praticantes de jump-fit

    Das mulheres praticantes de jump-fit, a idade mínima é de 17 anos e a máxima de 44 anos, constatou-se que a idade média foi de 28,2 ± 6,7 anos e dentre todas, 57% tinham menos de 30 anos (tabela 5).

Tabela 5. Medidas de tendências centrais e dispersão da idade (em anos) (n = 30)

    Das entrevistadas, 80% são de cor branca, 10% de cor negra e 10% de cor parda.

    Destas 100% praticavam jump-fit com freqüência igual ou maior a 3 vezes na semana, com duração superior a 20 minutos por dia há pelo menos 19 meses.

    Em relação à história familiar de incontinência urinária, 13,3% apresentaram pessoas na família com incontinência urinária, com parentesco de 1º grau.

    Dentre todas as mulheres que participaram na pesquisa, 70% ingerem mais que 1,5 litros de água por dia, e 63% ingerem mais que 1 copo de água à noite.

    Com relação aos aspectos ginecológicos, nenhuma das avaliadas que praticam o jump fit estavam na menopausa e não faziam reposição hormonal

    Com referência aos valores obstétricos, 13% engravidaram e 50% tiveram como via de parto, a cesariana e 50% parto normal, não sendo relatado entre elas nenhum aborto ou complicação durante a gestação.

    Sobre as queixas urinárias, 12 não relataram nenhum sintoma e as demais 4 apresentaram o sintoma de polaciúria, 5 apresentaram a IUE, 2 apresentaram sensação de resíduo urinário na bexiga, 1 apresentou noctúria, 3 apresentaram urgência miccional, 1 apresenta enurese noturna e 1 apresenta o gotejamento e 3% urge-incontinência.

    Na figura 4 apresentamos a distribuição da freqüência dos valores absolutos dos sintomas do trato urinário inferior, apresentado na população praticante de jump-fit.

Figura 4. Distribuição das freqüências dos valores absolutos dos sintomas do trato urinário inferior, apresentado na população praticantes de jump-fit (n = 30)

3.7.     Perfil das mulheres praticantes de Dança

    Das mulheres praticantes da dança com idade mínima de 17 anos e a máxima de 45 anos constatou-se que a idade média foi de 29,4 ± 6,3 anos e dentre todas, 53% tinham menos de 30 anos (Tabela 6).

    As mulheres com pele branca predominaram com 83% e as de pele negra com 17%

Tabela 6. Medidas de tendências centrais e dispersão da idade (em anos) (n = 30)

    Destas 100% praticavam dança com freqüência igual ou maior a 3 vezes na semana com duração superior a 20 minutos por dia, há pelo menos 13 meses.

    Em relação à história familiar de incontinência urinária, 23% apresentaram pessoas na família com incontinência urinária, com parentesco de 1º grau.

    Dentre todas as mulheres que participaram na pesquisa 70% ingerem mais que 1,5 litros de água por dia e 67% ingerem mais que 1 copo de água à noite.

    Com relação aos aspectos ginecológicos, 27% das avaliadas que praticam a dança estavam na menopausa e 25% faziam reposição hormonal

    Com referência aos valores obstétricos, 50% engravidaram, 53% tiveram como via de parto a cesariana, 40% parto normal e 7% abortou.

    Sobre as queixas urinárias, 15 não relataram nenhum sintoma e as demais, 4 apresentaram o sintoma de polaciúria, 1 apresentou a IUE, 2 apresentaram sensação de resíduo urinário na bexiga, 1 apresenta noctúria, 1 urgência miccional, 1 enurese noturna, 1 apresenta o gotejamento, 3 urge-incontinência e 1 disúria.

    Na Figura 5 foi apresentada a distribuição das freqüências dos valores absolutos dos sintomas do trato urinário inferior apresentado na população praticante de dança.

Figura 5. Distribuição das freqüências dos valores absolutos dos sintomas do trato urinário inferior apresentado na população praticantes de dança (n = 30)

3.8.     Perfil das mulheres praticantes de Hidroginástica

    Das mulheres praticantes da hidroginástica com idade mínima de 31 anos e a máxima de 69 anos constatou-se que a idade média foi de 42 ± 12,1 anos e dentre todas, 67% tinham menos de 40 anos (Tabela 7).

Tabela 7. Medidas de tendências centrais e dispersão da idade (em anos) (n = 30)

    As mulheres com pele branca predominaram com 77% e as de pele de cor negra com 13% e a parda com 10%.

    Destas 100% praticavam hidroginástica com freqüência igual ou maior a 3 vezes na semana com duração superior a 20 minutos por dia, há pelo menos 12 meses.

    Em relação à história familiar de incontinência urinária, 17% apresentaram pessoas na família com incontinência urinária, com parentesco de 1º grau.

    Dentre todas as mulheres que participaram na pesquisa, 53% ingerem mais que 1,5 litros de água por dia e 37% ingerem mais que 1 copo de água à noite.

    Com relação aos aspectos ginecológicos, 47% das avaliadas que praticam a hidroginástica estavam na menopausa e 43% faziam reposição hormonal.

    Com referência aos valores obstétricos, 57% engravidaram, 24% tiveram como via de parto a cesariana, 60% parto normal e 18% abortaram.

    Sobre as queixas urinárias, 9 não relataram nenhum sintoma e as demais, 5 apresentaram o sintoma de polaciúria, 2 apresentaram a IUE, 3 apresentaram sensação de resíduo urinário na bexiga, 3 apresentam noctúria, 4 urgência miccional, 1 enurese noturna e 1 apresenta o gotejamento e 2 urge-incontinência. Na Figura 6 foi apresentada a distribuição das freqüências dos valores relativo dos sintomas do trato urinário inferior apresentado na população praticante de hidroginástica.

Figura 6. Distribuição das freqüências dos valores absolutos dos sintomas do trato urinário inferior apresentado na população praticante de hidroginástica (n = 30)

5.     Discussão

    A IUE é a mais comum entre as mulheres praticantes de atividade física e atinge com mais freqüência mulheres jovens com idade entre 25-49 anos. Esse tipo de incontinência caracteriza-se pela perda de urina ao tossir, espirrar ou realizar esforço físico (Feldner, 2006; Coyne, 2003).

    Em nossa pesquisa, 12 das mulheres analisadas apresentaram a IUE. E entre as modalidades, o jump fit apresenta maior incidência com 5 das 30 mulheres analisadas, sendo também a atividade física que apresentou maior número de mulheres jovens dentre as modalidades analisadas, com uma média de idade de 28,2 anos.

    A musculação mostrou um número de 4 das mulheres com IUE, das 30 analisadas, a dança apenas 1 e a hidroginástica com 2 das mulheres com perda de urina aos esforços.

    Eliasson et al (2002) em seu trabalho observou que 80% das atletas de trampolim apresentavam perda involuntária de urina durante o treino e competição de esporte. Assim demonstrando uma prevalência elevada da IUE nas mulheres que participam de exercícios de alto impacto.

    É possível que no esporte de alto impacto ou atividade aeróbica intensa, a pressão intra-abdominal se eleve o suficiente para que a pressão intravesical seja maior que a pressão intra-uretral (Jiang, 2004; Bo, 2004).

    E, de acordo com Santos et al, (2009), a musculação é considerada um exercício que promove um aumento da pressão intra-abdominal, levando a perda urinária.

    Mas segundo Nygaard (1990), a afirmação anterior nem sempre deve ser apontada como correta. Considerando que, uma vez que pesquisas destinadas a avaliar a relação da musculação com a incidência de IU são realizadas em sua maioria através de questionários, isso impossibilita o pesquisador de avaliar a intensidade do exercício, assim como o tipo de peso carregado.

    A modalidade jump-fit mostrou a polaciúria como o STUI mais prevalente, com 20%. Por sua vez a hidroginástica obteve 17% com polaciúria, 13% urgência miccional e 10% com noctúria.

    Na seqüência, em nosso trabalho as praticantes de dança e hidroginástica, apesar de não serem atividades que causem trauma direto na MAP, pois são consideradas de baixo impacto, obtiveram os seguintes resultados: a dança com 1 queixa de IUE e a hidroginástica com 2 de IUE.

    De acordo com Paulo (1994), um dos princípios fundamentais da hidroginástica é que na água há uma força que atua no sentido contrário à ação da gravidade e com isso há uma diminuição de peso corporal dos indivíduos, diminuindo o peso sobre a MAP. Portanto, conclui-se que a pressão exercida sobre a musculatura do assoalho pélvico na hidroginástica é quase nula.

    Seguindo do princípio que isso não explica a alta freqüência de STUI nas mulheres que praticam hidroginástica, apontamos que pode ser devido ao fator idade, sendo que na hidroginástica encontramos o grupo de mulheres mais velhas (média de 42 anos), menopausadas (46,6%) e com o maior número de paridade (56,6%).

    Embora no período do climatério até a menopausa ocorra à diminuição dos níveis estrogênicos endógenos, sendo assim fator de risco para IU, a literatura não parece conclusiva sobre as mesmas (GUARISI, 2001).

    Segundo Nygaard et al. (1994), foi relatado que a natação e outras atividades em meio aquático apresentam uma menor incidência de queixas quanto a IUE.

    Em nossa pesquisa, foi visto que a modalidade jump- fit e musculação foram as que tiveram a maior incidência de IUE.

    Embora esses sintomas também estivessem presentes nas outras duas modalidades, devemos levar em consideração que esses grupos apresentavam o maior número de mulheres mais velhas da pesquisa.

6.     Conclusão

    Os dados apresentados demonstram uma maior prevalência da IUE nas praticantes de jump fit, seguido por musculação, o que pode ser ocasionado pelo ao alto grau de intensidade e impacto que essas modalidades exercem sobre a MAP. Baseado na literatura, isso pode ser devido ao alto grau de intensidade e impacto que essas modalidades exercem sobre a MAP.

    Devemos levar em consideração que, em nossa pesquisa não houve nenhum tipo de avaliação funcional da MAP, sendo esta de grande importância para resultados precisos.

    Sugere-se para trabalhos futuros uma correlação entre os STUI e a funcionalidade da MAP, na qual se obteria um resultado preciso, que também levará em consideração as individualidades de cada praticante de atividade física como peso, altura, paridade e etc.

Referências

  • Abrams, P.; CARDOSO, L.; FALL, M. The standardization of terminology of lower urinary tract function: report from the standardization sub-committee of The International Continence Society. Urology. v. 61, p. 37-49, 2003.

  • Arruda, R. M. Bexiga hiperativa. Livro eletrônico, 2010. Disponível em: http://www.uroginecologia.com.br/index/?q=node/9, Acesso em: 23 fev. 2010.

  • BEREK, J. S.; NOVAK. Tratado de ginecologia clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

  • BIRI, A. et al. Incidence of stress urinary incontinence among women in Turkey. International Urogynecology Journal and Pelvic Floor Dysfunction. v. 17, n. 6, p. 604-610, 2006.

  • BO K, Hagen R, Kvastein B, Larsen F. Female stress urinary incontinence and participation in different sport and social activities. Scand J Sports Sci. v11, p.117-121. 1889.

  • BO, K. Stress urinary incontinence, physical activity and pelvic floor muscle strength training. Scand J Med Sci Sports. n. 2, p. 197-206, 1992.

  • BO, K.; BORGEN, J. S. Prevalence of stress and urge urinary incontinence in elite athletes and controls. Med Sci Sports Exerc. v. 33, p. 797-802, 2001.

  • BO, K. Pelvic floor muscle training is effective in treatment of female stress urinary incontinence, but how does it work? International Urogynecology Journal. v. 15, p. 76-84, 2004.

  • BONACHELA, V. Manual básico de hidroginástica. Rio de Janeiro: Sprint, 1994.

  • BROSO, R.; SUBRIZI, R. Gynecologic problems in female athletes. Minerva Ginecol. v. 48, n. 3, p. 99-106, 1996.

  • BUMP, R.; NORTON, P. Epidemiology and natural history of pelvic floor dysfunction. Obstet Gynecol Clin North Am. v. 25, p.723-46, 1998.

  • CARROL, S.; Dudfield, M. What is the relationship between exercise and metabolic abnormalities? A review of the metabolic syndrome. Sports Med. v. 34, p. 371-418, 2004

  • CASPERSEN. C. J.; POWELL, K. E.; CHRISTENSON, G. M. Physical activity, exercise and physical fitness. Public Health Reports. v. 100, n. 2, p. 126-131, 1985.

  • Chaliha, C.; Khullar, V. Mixed incontinence. Urology. v. 63, n. 3, p. 51- 57, 2004

  • CLARK, A.L. Epidemiolic evaluation of reoperation for surgically treated pelvic organ prolapse and urinary incontinence. Am. J. Obstet. Gynecol. v. 194, p. 339-45, 2006.

  • Coyne, K. S. et al. The impact on health related quality of life of stress, urge and mixed urinary incontinence. BJU International. v. 92, n. 7, p. 731-735, 2003.

  • DELANCEY, J. O. Structural support of the urethra as it relates to stress urinary incontinence: The hammock hypothesis. Am. J. Obstet. Gynecol. v 170, n. 171, p. 3-23,1994.

  • ENHORNING, G. Simultaneous recording of intravesical and intra urethral pressure. A study on urethral closure in normal and stress incontinent women. Acta. Chir. Scand.v. 276, p. 1, 1961.

  • Feldner, P. C. et al. Diagnóstico Clínico e Subsidiário da Incontinência Urinária. Revista Brasileira de Ginecologia Obstetrícia. v. 28, n. 1, p. 54-62, 2006.

  • FIT PRO PRGRAMS®. Material didático Jump Fit, Academias, Professores licenciados - São Paulo 2006.

  • Fleck, S. T.; Kraemer, W. J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. Porto Alegre: Artmed, 2006.

  • Furtado ES, Simão R, Lemos ALP. Análise do consumo de oxigênio, freqüência cardíaca e dispêndio energético, durante as aulas do Jump Fit. Rev Bras Med Esporte. v. 10, p. 371-5, 2004.

  • GROSSE, D.; SENGLER, J. Reeducação Perineal: Concepção, realização e transcrição em prática liberal e hospitalar. São Paulo: Manole, 2002.

  • GUARISI, T.; PINTO NETO, A.M.; OSIS, M.J.; PEDRO, A.O.; COSTA PAIVA, L.H.; FAÚNDES, A. Incontinência urinária entre mulheres climatéricas brasileiras: inquérito domiciliar. R. Saúde Publ., v.35, n.5, p. 428-435, 2001

  • Hannestad, Y. S. et al. A community-based epidemiological survey of female urinary incontinence: the Norwegian EPINCONT study. J Clin Epidemiol. v. 55, n.11, p.50-57, 2000.

  • Hollinshead, H. W. Anatomia. 4. ed. Rio de Janeiro: Interlivros. p. 625-71, 1991.

  • Jiang, K. et al. Exercise and urinary incontinence in women. Obstetrical and Gynecological Survey. v. 59, n. 10, p. 717-721, 2004.

  • LATORRE, G. F. S. Exercícios para os Músculos do Assoalho Pélvico da Mulher Disponível em: http://www.assoalhopelvico.hpg.ig, Acesso em: 02 de fevereiro de 2010.

  • MARQUES, J.; PEREIRA. N. Hidroginástica - exercícios comentados: cinesiologia aplicada à hidroginástica. Rio de Janeiro, 1999.

  • MOLLER, L. A.; LOSE, G.; JORGENSEN, T. The prevalence and bothersomeness of lower urinary tract symptons im women 40-60 years of age. Acta Obstet. Gynecol. Scand. v. 79, p. 298-305, 2000.

  • Moore, K. L.; Agur, A. M. R. Fundamentos da anatomia clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

  • MORENO, A.L.; MITRANO, P. Fisioterapia em Uroginecologia. Barueri: Manole, 2 ed., 2009.

  • Norton, P.; Brubaker, L. Urinary incontinence in women. The Lancet; v. 367, p. 57-67, 2006.

  • Nygaard, I.; Delancey, J. O. Arnsdorf L. Exercise and incontinence. Obstet Gynecol. v. 75, p. 848-51, 1990.

  • Nygaard, I.; Thompsson, F. L.; Svengalis, S. L. Urinary incontinence in elite nulliparous athletes. Obstet Gynecol. v. 84, p. 183-7, 1994.

  • Nygaard, I. E.; Heit, M. Stress Urinary Incontinence. Obstetrics & Gynecology. v. 104, p. 607-620, 2004.

  • PAULO, M. N. Ginástica Aquática. Rio de Janeiro, SPRINT, 1994

  • Pearson, B. D.; Kelber, S. Urinary incontinence: treatments, intervention, and outcomes. Clin Nurse Spec. v.10, n. 4, p.177-82, 1996.

  • RENNÓ, E. Coreoterapia: Terapia através da dança. Belo Horizonte: Interlivros, 1980.

  • Rezende, M.; Caldas, C. P. A dança na promoção de saúde do idoso, A terceira idade. v. 14, n. 27, p. 7 – 27, 2003.

  • ROCHA, J. C. C. Hidroginástica teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1994.

  • Rubinstein, I.; Rubinstein, M. Avaliação diagnóstica e classificação da Incontinência Urinária de Esforço. Urologia Feminina. p. 179-188, 1999.

  • Santarém, J. M. Disponível em: http://www.saudetotal.com/profissionais/santarem, Acesso em: 28 de abril de 2010.

  • SANTOS, E. S. et al. Incontinência urinária entre estudantes de educação física. Esc Enferm USP. São Paulo. v. 43, n. 2, p. 307 - 12, 2009.

  • Thyssen, H. H.; Clevin, L. Olosen S. Urinary incontinence in elite female athletes and dancers. Int Urogynecol J. n. 13, p. 15 – 7, 2002.

  • WEI, J.; RAZ, S.; YOUNG, G. P. H. Fisiopatologia da Incontinência Urinária de Esforço. Urologia Feminina. São Paulo. p.167 – 178, 1999.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 152 | Buenos Aires, Enero de 2011
© 1997-2011 Derechos reservados