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Atuações dos atletas, países e áreas continentais na prova 

de corrida de revezamento 4x100 metros masculino 

do Campeonato Mundial de Atletismo

Actuaciones de los atletas, países y áreas continentales en la prueba 

de carrera de 4x100 metros relevos masculino del Campeonato Mundial de Atletismo

 

Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Departamento de Educação Física

Jardim. Botânico, Curitiba, PR

(Brasil)

Vidal Palacios Calderón

Juliano Hilário Nascimento

yendy2005@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho teve como objetivo principal analisar a atuação dos atletas, países e áreas continentais nas doze edições do Campeonato Mundial de Atletismo na prova de corrida de revezamento 4x100m masculino. Para o processamento dos dados foi utilizada a estatística descritiva e inferencial, podendo assim realizar uma análise comparativa entre as oito equipes primeiras colocadas em cada edição. Verifica-se que, as equipes dos Estados Unidos mantiveram a hegemonia nos doze eventos disputados com destaque para o velocista Carl Lewis com três títulos. Por outro lado, a área de América do Norte e Central teve um domínio absoluto da prova durante as doze edições.

          Unitermos: Atletismo. Prova de revezamento 4x100m masculino. Campeonato Mundial de Atletismo. Áreas continentais.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo K. Dohert, em seu livro Tratado Moderno de Pista e Campo (apud FERNANDES, 1947), o ponto base das corridas de revezamento teve origem nos Estados Unidos, neste período referido, os revezamentos eram feitos por diligências tracionadas por cavalos, porém as provas que realmente viriam a dar origem propriamente aos revezamentos seriam realizadas entre os bombeiros de Massachusetts (EUA), que se assemelhavam muito às provas realizadas em nossos tempos.

    Em seu primórdio, no ano de 1893, a prova de revezamento foi praticada por duas equipes, em um trecho de 4x¼ milha (1 milha = 1609 metros), aproximadamente 402 metros. Neste período não se utilizava uma saída rápida, nem a posse do bastão, e a troca dos competidores nos trechos era dada em um local específico onde o atleta que fosse começar a prova ficava à espera.

    Em sua conceituação básica, as provas de revezamentos se davam na distância de uma milha, para em um segundo momento (quatro anos mais tarde), vir a ser praticada em duas e quatro milhas.

    As corridas de revezamento 4x100m masculino forma parte do programa de competição do Campeonato Mundial de Atletismo desde a primeira edição realizada em 1983. Neste sentido, as atuações relevantes das equipes participantes durante os doze campeonatos são divulgadas nos períodos de realização das competições, com destaque para aquelas que ficaram nas três primeiras posições. No entanto, precisa-se de uma análise estatística detalhada das atuações dos atletas, países e áreas continentais durante os doze campeonatos disputados, pois a evolução histórica da prova é um elemento importante para o tratamento metodológico dos conteúdos de atletismo desde uma perspectiva histórica (COLETIVO DE AUTORES, 1993). Os resultados desta análise, sem dúvida, permitirão enriquecer o conhecimento científico da modalidade antes da realização da décima terceira edição do Campeonato Mundial de Atletismo, em Daegu, na Coréia do Sul, entre 27 de agosto a 04 de setembro de 2011. Por tanto, o objetivo deste artigo é analisar a atuação dos países, atletas e áreas continentais na prova de revezamento 4x100m masculino, nas doze edições do Campeonato Mundial de Atletismo. Este objetivo seria possível com a solução das seguintes questões, a seguir:

  1. Quais atletas e equipes tiveram mais destaque durante as doze edições do Campeonato Mundial de Atletismo na prova de revezamento 4x100m masculino?

  2. Qual a dinâmica dos resultados da prova de revezamento 4x100m masculino desde 1983 até 2009?

  3. Como tem sido a dinâmica média das oito equipes finalistas nas doze edições do Campeonato Mundial de Atletismo?

  4. Quantos recordes mundiais foram quebrados nos doze campeonatos?

  5. Quais países dominaram a prova de revezamento 4x100m masculino nos doze campeonatos?

  6. Quais foram as áreas continentais que dominaram a prova de revezamento 4x100m nas doze edições do Campeonato Mundial de Atletismo?

Material e métodos

    O trabalho é de caráter descritivo baseado na análise histórica das atuações das oito equipes primeiras colocadas nas doze edições do Campeonato Mundial de Atletismo na prova de revezamento 4x100m masculino. Neste sentido, a análise dos documentos permitiu fazer a coleta de dados dos resultados dessas equipes no período desde 1983 até o ano 2009. Foram utilizados métodos da estatística descritiva para o processamento dos resultados. No total foram analisados estatisticamente 87 resultados da equipe masculina.

    O processamento estatístico utilizado permitiu determinar os valores médios das oito equipes finalistas, valores mínimos e máximos dos vencedores, o desvio padrão e o coeficiente de variação para saber a oscilação dos resultados com relação à média. Para determinar a significância das diferenças entre as médias dos resultados nas edições, foi utilizado o critério t de Student.

Análise dos resultados

Atuações dos países e atletas na prova de revezamento 4x100m masculino, dos Campeonatos Mundiais de Atletismo

    Na Tabela 1 apresentamos os resultados das equipes vencedoras da prova de revezamento 4x100m masculino, nas doze edições do Campeonato Mundial de Atletismo no período desde 1983 até 2009.

    O resultado médio das doze equipes finalistas nestas edições foi de = 37.85 segundos (±0.34) e uma pequena oscilação dos resultados segundo o coeficiente de variação apresentado CV=0.89%. Observam-se nesta Tabela que o valor mínimo dos resultados correspondeu à equipe da Jamaica com 37.31 segundos (CR) na décima segunda edição do Campeonato Mundial de Atletismo, disputado na cidade de Berlim, Alemanha, entre 15 e 23 de Agosto de 2009. Por outro lado, o valor máximo pertenceu à equipe da África do Sul na oitava edição do Campeonato Mundial de Atletismo, disputado na cidade de Edmonton, Canadá, entre 03 e 12 de Agosto de 2001 com 38.47 segundos (NR).

Tabela 1. Equipes vencedoras da prova de revezamento 4x100m masculino, 

nas doze edições do Campeonato Mundial de Atletismo

Legenda: WR: Recorde Mundial (World Record) WL: Melhor Marca da Temporada 

NR: Recorde nacional (National Record) CR: Recorde dos Campeonatos (Championship Record)

    Nesta tabela se observa que a supremacia da equipe masculina de revezamento 4x100m dos Estados Unidos é uma realidade durante todo este período analisado, uma vez que, conquistaram sete títulos (58.33%) dos doze disputados, e foram os donos das primeiras quatro edições (1983, 1987, 1991 e 1993). Convém lembrar que a equipe dos Estados Unidos foi a única das apresentadas nesta tabela que conseguiu quebrar o recorde do mundo (WR) nestes eventos por duas vezes, isto é, na primeira edição (1983) marcaram 37.86 segundos com os velocistas Lewis, Smith, Gault e Kings e na terceira, Lewis, Mitchell, Burrell e Cason, fizeram a segunda melhor marca da história do revezamento 4x100m masculino em campeonatos mundiais com 37.50 segundos. A partir da quarta edição as equipes dos Estados Unidos foram mais instáveis nas suas atuações, sendo superadas nas edições de 1995 e 1997 pela Canadá, mais tarde, em 2001 pela África do Sul, em 2005 pela França e, no último campeonato mundial em 2009, pela equipe da Jamaica. A ausência do pódio das equipes dos Estados Unidos durante estes campeonatos merece uma análise detalhada. Neste sentido, duas questões serão colocadas:

  1. Por que as equipes dos Estados Unidos perderam a hegemonia durante estes campeonatos?

  2. Será que o número de corredores primeiros colocados na prova de 100 metros rasos influencia a equipe vencedora do revezamento 4x100m?

    Pela primeira vez, as equipes dos Estados Unidos estiveram ausentes do pódio na quinta edição do Campeonato Mundial de Atletismo em 1995. Os velocistas da equipe de Canadá conquistaram a medalha de ouro. Neste evento a equipe norte-americana não conseguiu ficar entre as oito finalistas da prova e somente colocou em Gotemburgo, um atleta na final da prova de 100 metros rasos, isto é, Michael Marsh, conseguiu a quinta posição e marcou apenas 10.10 segundos. As medalhas de ouro e prata na prova de 100 metros rasos pertenceram aos velocistas canadenses Donavan Bailey com tempo de 9.97 segundos e Bruny Surin, com 10.03 segundos. Conseqüentemente, a equipe de revezamento do Canadá venceu a prova com a participação de Bailey, Surin, Esmie e Gilbert. Por outro lado, se analisarmos a atuação individual que estes quatro atletas tiveram na prova de 100 metros rasos, percebe-se que a melhor colocação de Gilbert foi uma oitava posição durante as quartas de finais, marcando 10.41 segundos e Esmie, na quarta edição (1993), ficou apenas na sétima posição na sua bateria. Por tanto, as medalhas de ouro e prata conquistadas por Bailey e Surin, foram decisivas para o título da equipe masculina de revezamento de Canadá na quinta edição do Campeonato Mundial e Atletismo.

    Pela segunda vez, a equipe dos Estados Unidos esteve ausente do pódio na sexta edição (1997). Eles nem sequer ficaram entre as primeiras oito equipes finalistas. Neste sentido, a equipe do Canadá repetiu a sua atuação anterior com a medalha de ouro, aliás, participando com os mesmos atletas que conquistaram o título na quinta edição (1995). Salienta-se que os norte-
-americanos em 1997 conquistaram as medalhas de ouro e bronze na prova de 100m rasos através de Greene, com 9.80 segundos e Montgomery, com 9.94 segundos. A medalha de prata correspondeu ao velocista canadense Bailey, com 9.91 segundos. Contudo, o atleta norte-americano Michael Marsh, ficou na oitava posição com tempo de 10.29 segundos. A equipe de revezamento dos Estados Unidos durante as séries classificatórias não terminou a prova (Did Not Finish) e, por isso, não avançou às semifinais. Daí, a situação ficou mais fácil para a equipe de revezamento de Canadá, conquistando o segundo título nestes eventos.

    Na oitava edição (2001) depois de ter conquistado o título na sétima edição (1999), a equipe dos Estados Unidos perdeu a medalha de ouro pela terceira vez nestes eventos. Eles foram desclassificados, embora os velocistas Greene com 9.82 segundos e Williams, com 9.94 segundos tenham ficado com as medalhas de ouro e prata na prova de 100m rasos.

    Na décima edição (2005) a equipe da França venceu o revezamento marcando 38.08 segundos e, os norte-americanos mais uma vez, não estiveram na final da prova, ainda que, a medalha de ouro na prova de 100m rasos correspondeu ao velocista norte-americano Justin Gatlin, com 9.88 segundos. Neste mesmo evento o velocista norte-americano Leonard Scott, ficou na sexta posição. Por outro lado, salienta-se que a equipe da França, a que teria vencido o revezamento 4x100m, não teve atletas disputando a final da prova de 100m rasos. Este fato é inédito para as equipes vencedoras do revezamento 4x100m.

    Na décima segunda edição, evidentemente, a presença dos atletas jamaicanos Usain Bolt, com o recorde do mundo na prova de 100m rasos marcando 9.58 segundos e de Asafa Powell, com a medalha de bronze com tempo de 9.84 segundos, foram uma das razões que justificaram a ausência do pódio dos velocistas norte-americanos. Destaca-se que neste evento Tyson Gay, representando os Estados Unidos, que ficou com a medalha de prata.

    Enfim, a ausência do pódio dos atletas norte-americanos nas edições analisadas teve sua origem nas seguintes causas:

  1. A presença de poucos atletas na final da prova de 100m rasos.

  2. A hegemonia na prova de 100m rasos dos velocistas de Canadá e da Jamaica.

  3. A desclassificação durante as fases eliminatórias.

    Convém lembrar que a colocação de maior número de atletas nas primeiras posições da prova de 100m e 200m rasos, pode ser decisiva para o sucesso do revezamento 4x100m. Porém, uma ótima preparação dos integrantes das equipes de revezamento incluindo a correta distribuição nas diferentes etapas de acordo com as suas características individuais, é um elemento importante a considerar. Contudo, a atuação da equipe da França na décima edição (2005) é um fato sem precedentes nas doze edições do Campeonato Mundial de Atletismo.

    No Gráfico 1 apresentamos a dinâmica dos resultados das equipes primeiras colocadas na prova de revezamento 4x100m masculino nas doze edições do Campeonato Mundial de Atletismo. Observa-se uma dinâmica em zig-zag dos resultados durante os doze eventos disputados com três momentos marcantes da curva no gráfico. O primeiro momento caracteriza o segundo pior desempenho da equipe de Canadá durante a quinta edição (2005), isto é, foi a primeira vez que uma equipe de revezamento vencedora correu na casa dos 38.00 segundos. A seguir, na oitava edição, observa-se o pior resultado de uma equipe de revezamento nestes doze eventos com os representantes da África do Sul, marcando 38.47 segundos e, finalmente, um melhor momento de atuação nestes campeonatos com os integrantes da equipe de Jamaica, que marcou 37.31 segundos na última edição do Campeonato Mundial de Atletismo. Aponta-se neste gráfico que somente em quatro ocasiões as equipes vencedoras do revezamento 4x100m masculino correram na casa dos 38,00 segundos, isto é, na quinta edição (1995) com a equipe de Canadá, na oitava (2001) com a África do Sul, na nona (2003) com a equipe dos Estados Unidos e, na décima (2005) com a equipe da França.

    No Gráfico 2 as diferenças das marcas entre uma edição e outra no revezamento 4x100m masculino fala de quatro momentos negativos nas atuações das equipes de revezamento nos doze campeonatos. O primeiro deles foi da primeira (1983) a segunda (1987) edições, onde o recorde mundial foi piorado em -0.04 centésimos de segundos (-0.10%). Depois, da quarta (1993) à quinta (1995) edições, se observa o segundo pior resultado negativo da prova com -0.83 centésimos de segundos (-2.21%), pois a equipe de Canadá não conseguiu baixar dos 38.00 segundos. A seguir, da sétima (1999) à oitava edição (2001) o pior resultado nestes eventos da equipe da África do Sul que marcou 38.47 segundos, fez a maior diferença negativa -0.88 centésimos de segundos (-2.34%). Finalmente, na décima edição (2005) a equipe da França, ficou muito perto do resultado da equipe dos Estados Unidos, e só piorou a marca em -0.02 centésimos de segundos (-0.05%). Por ouro lado, ao compararmos a atuação das equipes nos doze campeonatos, percebemos que em sete deles as marcas foram melhoradas entre uma edição e outra. Entretanto, estes valores foram superiores da quinta (2005) à sexta (1997) edições por médio do revezamento de Canadá com 0.45 centésimos de segundos (1.17%), da oitava (2001) à nona (2003) edições com 0.41centésimos de segundos (1.06%) da equipe dos Estados Unidos e, por último, da décima primeira (2007) à décima segunda (2009) edições, a equipe da Jamaica com melhor tempo nestes eventos, melhorou 0.47 centésimos de segundos (1.24%) a marca anterior do revezamento norte-americano.

    Enfim, as tendências positivas e negativas na dinâmica dos resultados das equipes vencedoras do revezamento 4x100m masculino refletem a instabilidade das atuações durante todo este período analisado.

Atletas com melhor desempenho na prova de revezamento 4x100m masculino nas doze edições do Campeonato Mundial de Atletismo

    Se analisarmos a atuação individual dos atletas das equipes de revezamento 4x100m, podemos perceber que a melhor atuação individual de um atleta nestas doze edições correspondeu ao velocista norte-americano Willian Frederick Carlton (Carl Lewis) (FOTO 1) com três títulos, isto é, participou com as equipes dos Estados Unidos que venceram a prova em 1983, 1987 e 1991(Tabela 2).

Foto 1. Willian Frederick Carlton (Carl Lewis) foi o atleta que conquistou mais títulos na prova de revezamento 4x100m 

masculino com três, e dominou a prova de 100 metros rasos nas três primeiras edições do Campeonato Mundial de Atletismo.

    Igualmente, se destacam com dois títulos os velocistas norte-americanos Dennis Mitchell, Andre Cason, Leroy Burrell (1991 e 1993), Darvis Patton (2003 e 2007). Ainda com dois títulos temos os velocistas canadenses Robert Esmie, Glenroy Gilber, Bruny Surin, Donovan Bailey (1995 e 1997) (Tabela 2). Por outro lado, na relação acima de atletas com destaque na prova de revezamento 4x100m vemos uma estreita relação com as atuações individuais que tiveram na prova de 100m rasos nos correspondentes eventos, contribuindo assim, para o sucesso das equipes de seus respectivos países. Por exemplo, o velocista norte-americano Carl Lewis, foi o dono da prova de 100m rasos nas três primeiras edições, nas quais a equipe dos Estados Unidos ganhou o revezamento. Convém lembrar que o velocista norte-americano ocupa o lugar número onze no ranking da prova de 100m rasos. Por sua vez, Leroy Burrell (oitava melhor marca da história), Dennis Mitchell e Andre Cason, foram medalhistas nos eventos de 1991 e 1993. Destaca-se que, o velocista norte-
-americano Darvis Patton, também com dois títulos, foi desconhecido na prova de 100m rasos durante suas atuações na equipe de revezamento dos Estados Unidos. Por outro lado, o velocista canadense Donovan Bailey (sexta melhor marca da história), conquistou a medalha de ouro no evento de 1995 e ficou com a medalha de prata na edição de 1997. Aqui merecem também destaque as atuações do velocista canadense Bruny Surin (sétima melhor marca da história), nos eventos de 1995 e 1999.

Tabela 2. Atletas com mais títulos conquistados na prova de revezamento 4x100m masculino do Campeonato Mundial de Atletismo

    Quanto à atuação do velocista Carl Lewis, convém lembrar que o atleta norte-americano ganhou dez medalhas olímpicas, entre elas nove de ouro, e dez medalhas nos campeonatos mundiais de atletismo, oito das quais de ouro. Liderou o ranking mundial nos 100 e 200m rasos, e eventos de salto em distância com freqüência, de 1981 a início de 1990. Estabeleceu recordes mundiais nos 100m, 4x100m e 4x200m. Foi recordista mundial dos 100m entre 1987 e 1994 (somente tendo perdido o recorde para Leroy Burrell entre junho e agosto de 1991).

    No Gráfico 3 mostramos a dinâmica dos resultados médios das oito equipes primeiras colocadas na prova de revezamento 4x100m no período analisado.

    Como na dinâmica das equipes vencedoras da prova de revezamento 4x100m masculino, o resultado médio das oito equipes primeiras colocadas, teve uma tendência em zig-zag apresentando os mesmos picos dos piores resultados na quinta edição (1995) e na oitava edição (2001) (Gráfico 4). Por exemplo, o pior resultado médio das equipes representadas no gráfico com 39.00 segundos (±0.43) na quinta edição, coincidiu com a segunda pior marca de uma equipe vencedora nestes eventos na quinta edição com 38.31 segundos, conseguida pelo revezamento de Canadá. No entanto, o melhor resultado médio não foi alcançado na última edição (2009), mesmo que, a equipe da Jamaica, tenha marcado o melhor tempo da história nestes doze eventos. Na décima primeira edição (2007) foi alcançado o melhor resultado médio das oito equipes finalistas do Campeonato Mundial de Atletismo.

    A possível razão deste desempenho foi o número de equipes com resultados na casa dos 37.00 segundos (Tabela 3). Por exemplo, nesta tabela nota-se que na décima primeira edição (2007) 50% das equipes baixaram dos 38.00 segundos. Por outro lado, na quinta, oitava, nona e décima edições nenhuma das equipes vencedoras do revezamento conseguiram marcar menos de 38.00 segundos.

Tabela 3. Equipes do revezamento 4x100m masculino com resultados na casa dos 37.00 segundos

    No Gráfico 4 apresentamos as diferenças das marcas médias entre uma edição e outra do Campeonato Mundial de Atletismo. Nota-se ainda neste gráfico que a dinâmica média dos resultados teve quatro momentos negativos nos doze eventos disputados. O primeiro deles foi da primeira (1983) à segunda (1987) edição com uma diferença de -0.24 centésimos de segundos (-0.62%). A diferença média destes resultados não foi significativa p<0.05. A seguir observamos outros dois grandes momentos com rendimentos negativos de -0.63 centésimos de segundos. O primeiro deles aconteceu da quarta (1993) à quinta (1995) edição com uma diferença negativa estatisticamente significativa (-1.64%) p> 0.05 e, no segundo, da sétima (1999) à oitava (2001) edição, as diferenças das médias também foram estatisticamente significativas (-1.64%) p>0.5. Por outro lado, temos seis momentos positivos dos resultados médios das equipes finalistas. Neste sentido, salienta-se que da quinta (1995) à sexta edição (1997) o tempo médio foi melhorado em 0.76 centésimos de segundos (1.94%). As diferenças das médias destes dois eventos foram estatisticamente significativas p>0.05. Opostamente, nos outros cinco momentos restantes não foram achadas diferenças estatisticamente significativas entre as médias das equipes finalistas p<0.05.

    Ao compararmos as dinâmicas das equipes vencedoras dos campeonatos mundiais de atletismo com a média das equipes finalistas no Gráfico 5, observa-se uma dinâmica bastante homogênea dos resultados no decurso deste período analisado. É importante salientar que, embora no último evento realizado em 2009 a equipe de revezamento da Jamaica marcou o melhor tempo da história desta prova, o resultado médio alcançado neste evento só conseguiu ser o segundo entre todas as doze edições, perdendo apenas para a média alcançada pelas equipes participantes na décima primeira edição (2007).

    No Gráfico 6 apresentamos o número total de medalhas dos três países com melhor desempenho na prova de revezamento 4x100m masculino. Evidentemente, as equipes dos Estados Unidos mantiveram a hegemonia durante todo este período conquistando sete medalhas de ouro das doze disputadas (58.33%). Destaca-se que nunca conquistaram medalhas de prata nem de bronze, o que corrobora os pronunciamentos anteriores sobre as desclassificações que tiveram em alguns destes eventos. A equipe de revezamento de Canadá foi a segunda com duas medalhas de ouro e uma de bronze e, por último, a equipe da Jamaica ficou na terceira posição com uma medalha de cada cor.

    Quanto à atuação das áreas continentais nas equipes de revezamento 4x100m masculino percebe-se na Tabela 1, e neste Gráfico 4 que a área de América do Norte e Central dominou a prova com Estados Unidos, Canadá e Jamaica. A seguir, temos as equipes de África do Sul e França, representando os continentes da África e da Europa com um título de ouro cada. Salienta-se que as equipes de revezamento masculino pertencentes às áreas da Ásia, Oceania e América do Sul, não conquistaram medalha de ouro nesta prova de atletismo. Por outro lado, a melhor atuação foi de uma equipe da Oceania que pertenceu à Austrália, com uma medalha de prata na quinta (2005) e bronze na oitava (2001) edições.

    Na tabela 4 percebe-se uma diferença de 0.63 centésimos de segundos entre a média das doze equipes campeãs do revezamento 4x100m masculino e a média da amostra total de equipes participantes. Se dermos uma olhada nas oscilações dos resultados apresentadas aqui na tabela, nota-se uma grande homogeneidade entre estas duas amostras, com um coeficiente de variação de 0.89% e 0.77% respectivamente. Por tanto, os resultados das equipes vencedoras da prova de revezamento estiveram muito próximos daqueles que conseguiu a amostra total de todas as equipes participantes nas doze edições. Por outro lado, se compararmos estes resultados com o Recorde Mundial da prova, nota-se que a média das doze equipes vencedoras foi menor e teve apenas uma diferença de 0.75 centésimos de segundos. Entretanto, esta diferença foi maior com relação à amostra total e chegou a ser de 1.38 segundos.

    Em fim, os resultados das equipes de revezamento 4x100m masculino, de forma geral, têm sido bastante equilibrados durante as doze edições do Campeonato Mundial de Atletismo, segundo as diferenças encontradas entre as médias das amostras aqui analisadas.

Tabela 4. Diferenças das marcas entre as doze equipes finalistas e as amostras totais na prova de revezamento 4x100m masculino (n=87)

Legenda: C/V - Coeficiente de variação Dif/R - Diferença respeito ao Recorde Mundial WR - Recorde Mundial

Considerações finais

    Como no revezamento 4x100m feminino, as equipes de revezamento 4x100m masculino dos Estados Unidos dominaram a prova nas dez edições do Campeonato Mundial de Atletismo. As atuações relevantes do velocista norte americano Lewis nas provas de 100m e 200m rasos nos primeiros três eventos, foi fator decisivo para o sucesso do revezamento. Igualmente, verifica-se que um maior número de atletas nas primeiras posições da prova de 100m e 200m rasos, pode ser decisivo para o sucesso do revezamento 4x100m. Porém, uma ótima preparação dos integrantes das equipes de revezamento incluindo a correta distribuição nas diferentes etapas de acordo com as suas características individuais, é um elemento importante a considerar, pois se observaram muitas equipes que venceram a prova sem terem atuações relevantes de seus integrantes nas provas individuais de velocidade. Neste sentido convém lembrar a equipe de revezamento da França, vencedora na décima edição em (2005) sem nem sequer apresentar atletas entre os oito finalistas da prova de 100m rasos deste evento.

    Finalmente, se evidencia um domínio absoluto das equipes da área de América do Norte e Central nesta prova de Atletismo, pois os atletas dos Estados Unidos, Jamaica e Canadá tiveram melhores atuações nas provas de velocidade curta.

Referências

  • CALDERÓN, P.V, ALVES, M. G. Atuações dos atletas e países, na prova de 200m rasos do Campeonato Mundial de Atletismo desde 1983 até 2009. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, n.140, 2010. http://www.efdeportes.com/efd140/atletas-e-paises-na-prova-de-200-m-rasos.htm

  • CALDERÓN, P.V, MAGALHÃES, M.S. Atuações dos atletas e países, na prova de 100m rasos do Campeonato Mundial de Atletismo desde 1983 até 2009. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, n.143, 2010. http://www.efdeportes.com/efd143/100-metros-rasos-campeonato-mundial-de-atletismo.htm

  • CBAT: Confederação Brasileira de Atletismo: Regras Oficiais 2010/2011 – Edição oficial para o Brasil (disponível em http://www.cbat.org.br/regras/regras_oficiais_2010_2011.pdf), acesso em 09 de outubro de 2009.

  • COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1993.

  • IAAF: International Association of Athletics Federations: World Championships in Athletics, (disponível em http://www.iaaf.org/history/index.html#WCH), acesso em 12 de outubro de 2009.

  • Wikipédia: A enciclopédia livre. Artigo: Campeonato Mundial de Atletismo, (disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Mundial_de_Atletismo), acesso em 5 de outubro de 2009.

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