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Projeto Político Pedagógico e a Educação Física escolar

El Proyecto Político Pedagógico y la Educación Física escolar

 

Graduado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Pós-graduando lato Sensu em Educação Física Escolar

pela Universidade Católica de Brasília

Professor da Secretaria de Educação do DF

Wagner Barbosa Matias

wagneruesb@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este texto realiza uma reflexão sobre importância do PPP, da escola e finalmente da Educação Física (EF) nas atuais circunstâncias que se encontra a sociedade capitalista para a formação dos sujeitos sociais. Para tanto, foi realizado um diálogo com a literatura existente sobre as temáticas e percebeu a necessidade dos professores de EF estarem mais presentes no momento de elaboração do PPP.

          Palavras Chave: Projeto Político Pedagógico; Educação Física; Escola.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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“Tecer o Projeto Político Pedagógico exige acima de tudo a busca da identidade de uma instituição, sua intencionalidade e seus compromissos, a busca de uma linguagem comum, vontade de mudar” (ANA CELIA BAHIA).

Reflexão inicial

    Este texto foi elaborado como forma de avaliação da disciplina “Projeto Político Pedagógico (PPP) na Educação Física” da pós- graduação Lato Sensu oferecida pela Universidade Católica de Brasília em Educação Física Escolar. Trata da reflexão sobre importância do PPP, da escola e finalmente da Educação Física (EF) nas atuais circunstâncias que se encontra a sociedade capitalista para a formação dos sujeitos sociais.

    A escola é o espaço que pode contribuir tanto para afirmação dos interesses da classe dominante ao reproduzir seus valores - individualismo, a seleção dos mais aptos, a competitividade, etc - quanto para questioná-los (MATIAS, 2006). Neste lugar, praticamente todos os seres humanos passam alguns anos estudando e incorporam valores, saberes e crenças. Por isso, ter bem claro a proposta pedagógica e politica das instituições de ensino é fundamental para a melhoria da educação e também numa visão critica da sociedade, pode ser a possibilidade da sua transformação.

    Passos (2002) ao refletir sobre o PPP diz que o projeto busca um rumo, uma direção (…) é político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade (…) Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprir seus propósitos e suas intencionalidade.

    A lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 estabelece no art. 12 que: os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as de seu sistema de ensino, terão a responsabilidade de elaborar e executar sua proposta pedagógica. Ainda sobre o mesmo enfoque, no artigo 14, incisos I e II, retratam a importância dos profissionais da educação e da comunidade escolar na construção do projeto pedagógico da escola que as escolas.

    Com este respaldo legal as escolas possuem autonomia para elaborar possibilidades de concretizar propostas politico pedagógicas pensadas, construídas pelos seus membros internos e externos. Afinal, cada comunidade escolar apresenta características e necessidades diversificadas que exigem um esforço conjunto no sentido da organização e planejamento das ações e estratégias de que respondam as necessidades da sociedade em que está inserida (SOUTO, 2010).

    O PPP mais do que uma exigência é uma necessidade, é uma ação intencional, o resultado de um trabalho coletivo, que busca metas comuns que intervenham na realidade escolar. Traduz a vontade de mudar, pensar o que se tem de concreto e trabalhar as utopias; permite avaliar o que foi feito e projetar mudanças. Desta forma, sua construção não pode ser individual ou restrita a grupos de professores mas, coletiva tendo em vista a superação do atual status quo.

    No Brasil mais de 11 milhões de pessoas vivem na miséria (IBGE 2010), sem ter os direitos básicos garantidos como comida, água, moradia, educação e saúde. Enquanto isso existe uma alta concentração de renda, uma minoria detém grande parte da riqueza do país, questionar esta situação, intervir e formar cidadãos que não seja apenas força de trabalho é tarefa das instituições de ensino, elas possuem autonomia para isso, não têm apenas capacidade de “reproduzir as relações sociais e os valores dominantes, mas é também uma instituição de confronto, de resistência e proposição de inovações” (VEIGA, 2003).

O PPP e a Educação Física

    Demo (1998) afirma que:

    Existindo projeto pedagógico próprio, torna-se bem mais fácil planejar o ano letivo, ou rever e aperfeiçoar a oferta curricular, aprimorar expedientes avaliativos, demonstrando a capacidade de evolução positiva crescente. É possível lançar desafios estratégicos, como: diminuir a repetência, introduzir índices crescentes de melhoria qualitativa, experimentar didáticas alternativas, atingir posição de excelência.

    Assim, o PPP prevê todas as atividades da escola, do pedagógico ao administrativo, devendo ser uma das metas da proposta construir uma escola democrática, capaz de contemplar vontades da comunidade na qual ele surge, tanto na sua elaboração quanto na sua operacionalização, desde professores, técnicos, pais, representantes de alunos, funcionários e outros membros da comunidade escolar.

    Por razões históricas e culturais, muitas vezes o professor de educação física está à margem do processo de elaboração. Há uma forte tendência impregnada na formação acadêmica de muitos professores de educação física (EF) em atuação: o Tecnicismo (FIGUEIREDO, 2005). Contudo, sua presença em todas as fases da elaboração do PPP é fundamental para marcar posição e colocar sua visão de mundo, de escola e a importância desta disciplina ainda secundarizada pela comunidade.

    A EF possui o papel de mediadora no processo de aprendizagem, integrando e interligando as práticas corporais, indispensáveis para o desenvolvimento global dos sujeitos, de forma mais reflexiva e contextualizada, caminhando rumo a uma educação transformadora.

    Para o Coletivo de Autores (1992) a EF é tida como prática pedagógica que através da reflexão sobre a cultura corporal, realiza uma ação pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que os seres humanos constroem no decorrer da história, exteriorizados pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros.

    De Marco (1995 p. 77) complementa dizendo que a EF também deve ser: “(...) um espaço educativo privilegiado para promover as relações interpessoais, a auto-estima e a autoconfiança, valorizando-se aquilo que cada indivíduo é capaz de fazer em função de suas possibilidades e limitações pessoais (...)”.

    Enfim, ela é parte do projeto de escolarização e, como tal, deve estar conectada ao Projeto Político-Pedagógico das escolas. Se a atuação do professor efetiva-se na quadra e em outros lugares do ambiente escolar, seu compromisso, tal como o de todos os professores é, como o projeto de escolarização ali constituído, sempre em favor da formação humana.

Considerações finais

    Realizado esta breve exposição sobre o PPP, escola e Educação Física Escolar é importante neste momento ressaltar que este deve ser construído de forma coletiva, agregando saberes e crenças dos diversos membros da comunidade.

    Normalmente é estruturado em três fases, a situacional, a conceitual e a operacional. Na primeira está presente o contexto social da escola, ou seja, a situação do país, Estado e município que a instituição está presente, por isso é realizado um cuidadoso diagnóstico da realidade. Já num segundo momento, a tarefa é realizar uma fundamentação teórica, pontuando conceitos que aquela comunidade que está construído o PPP possui de sociedade, educação, escola e como esta se estrutura, a sua cultura organizacional. E por fim, é estabelecido o plano de ação, as estratégias, as funções de cada membro e as metas.

    A EF enquanto disciplina integrante da matriz curricular das instituições de ensino possui papel central por meio dos seus professores de promoverem o acesso e a reflexão sobre as diversas manifestações da cultura corporal construída ao longo da historia. Eles não podem abster da responsabilidade de construir e implementar de forma coletiva o PPP da sua escola e este não pode ser apenas uma obrigação legal mas, um norte para a organização do trabalho escolar e um instrumento de luta pela melhoria da educação e da qualidade de vida da população.

Referências

  • COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: cortez,1992.

  • DE MARCO, Ademir (org). Pensando a Educação Motora. São Paulo: Papirus, 1995.

  • DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. 7 ed. Petrópolis: Vozes, 1998.

  • FIGUEREDO, Zenólia Cristina Campos. Formação profissional em educação física e mundo do esporte. Vitória: Gráfica da Faculdade Salesiana, 2005.

  • MATIAS, Wagner Barbosa. Abordagens Teorico-metodologicas da Educação Física. UESB, Jequié, 2006 (mimeo).

  • PASSOS, Ilma Alencastro Veiga. (Org). projeto político pedagógico da escola: uma construção coletiva. In: VEIGA, Ilma Passos A. (Org) Projeto Político Pedagógico da Escola: uma construção possível. Campinas, SP; Papirus, 15ª Edição, 2002.

  • SOUTO, Maria da Conceição Dias. Integrando a Educação Física ao Projeto Politico Pedagógico: Perspectiva para uma educação inclusiva. Motriz, Rio Claro, V. 16, n. 3, p. 762-775, Jul/Set. 2010.

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