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Programa Segundo Tempo: ações de acompanhamento

da equipe colaboradora 16, Região Sul, Paraná, Brasil

Programa Segundo Tiempo: acciones de acompañamiento del equipo colaborador 16, Región Sur, Paraná, Brasil

Second Time Program: monitoring activities’ team collaborator 16, Southern Region, Paraná State, Brazil

 

*Doutor. Docente associado do Departamento de Educação Física

da Universidade Estadual de Maringá (UEM)

**Mestre. Professor do Departamento de Educação Física da UEM

***Mestre. Professor do Departamento de Educação Física

da Universidade Estadual Centro Oeste do Paraná (UNICENTRO)

****Mestre. Professor do Departamento de Educação Física

da Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (FAFIPA)

*****Membro da Equipe Colaboradora 16 – Programa Segundo Tempo

Ministério do Esporte

(Brasil)

Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira* *****

Clarice Alves Teixeira** ***** | Leandro Rechenchosky** *****

Albertino de Oliveira Filho** ***** | Alessandra Carnelozzi Prati**** *****

Luciane Arantes da Costa** *****

Patrícia Aparecida Gaion** *****

Schelyne Ribas Silva** *****

Sonia Toyoshima Lima* *****

Vanildo Rodrigues Pereira* *****

aaboliveira@uem.br

 

 

 

 

Resumo

          O esporte e o lazer, conforme preconizam os Artigos 217 e 6, respectivamente, da Constituição Federal (BRASIL, 1988) são direitos de cada cidadão e constitui dever do Estado garantir o seu acesso à sociedade. Na perspectiva de atender a essas necessidades, surge como possibilidade o Programa Segundo Tempo (PST) do Ministério do Esporte, por meio de núcleos, caracterizado como um programa estratégico do governo federal que tem por objetivo democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte e do lazer de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens, prioritariamente daqueles que se encontram em áreas de vulnerabilidade social. Dando suporte a esses núcleos que desenvolvem as atividades do PST com os beneficiados, existem as equipes colaboradoras (ECs), as quais têm a função de acompanhar os núcleos, mediante ações como: a) capacitar os recursos humanos envolvidos; b) assessorar os profissionais dos núcleos do PST na construção de seus projetos/planos pedagógicos; fomentar pesquisas a partir das ações do programa; c) visitar e avaliar as atividades dos núcleos in loco, e d) manter plantão permanente à distância. Assim, este trabalho teve o objetivo de apresentar o processo de avaliação dos projetos/planos pedagógicos dos núcleos e das visitas in loco realizadas pela Equipe Colaboradora 16 – Região Sul – Paraná. O público alvo foram os convênios e os núcleos sob a responsabilidade da EC16. O desenho metodológico utilizado neste trabalho foi à pesquisa-ação.

          Unitermos: Esporte. Crianças. Risco social.

 

Abstract

          The sport and the leisure, as they extol the articles 217 and 6, respectively, of the Federal Constitution (BRAZIL, 1988) are right of each citizen and it constitutes to owe of the State to guarantee access to the society. In the perspective of assisting those needs, it appears as possibility the Program Second Time (PST) of the Ministry of the Sport, through nuclei, characterized as a strategic program of the federal government that has for objective to democratize the access to the practice and the culture of the sport and the leisure as way to promote the children's integral development, adolescents and young, priory those that are in areas of social vulnerability. Giving support the those nuclei that develop the activities of PST with the beneficiaries, the collaborating teams exist (ECs), which have the function of accompanying the nuclei, by actions as: the) to qualify the involved human resources; b) to advise the professionals of the nuclei of PST in the construction of their projects / pedagogic plans; to foment researches starting from the actions of the program; c) to visit and to evaluate the activities of the nuclei in the place, and d) to maintain permanent duty at the distance. Thus, this work had the objective of presenting the process of evaluation of their projects / pedagogic plans of the nuclei and of the visits in the place accomplished by the Collaborating Team 16 - South Area - Paraná. The target was the covenants and the nuclei under the responsibility of EC16. The methodological drawing used in this work was the research-action.

          Keywords: Sport. Children. Social risk.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As Equipes Colaboradoras (ECs) do Programa Segundo Tempo/Ministério do Esporte (PST-ME) tem, dentre várias funções, a de orientar e avaliar a elaboração dos Projetos Pedagógicos dos Núcleos (PPNs) e, também, a de acompanhar por meio de visitas in loco as ações administrativas e pedagógicas desenvolvidas nos núcleos. Atualmente 24 equipes compõem essa rede de colaboração e, por estarem estrategicamente localizadas, cobrem todo o território brasileiro. A equipe colaboradora 16 (EC 16) – Região Sul é responsável pelo acompanhamento dos núcleos convenentes do Estado do Paraná, predominantemente nas regiões norte central, noroeste, oeste, centro ocidental, sudoeste e centro sul.

    A maioria dos municípios sob orientação desta equipe (76%) faz parte da região noroeste (52%) e oeste (24%) do Paraná. Verificou-se que a maioria das cidades que implantaram o PST é de pequeno porte (até 5.000 habitantes), segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2007). Nos municípios acompanhados pela EC 16, o IDH variou de 0,675 a 0,818. Com relação ao índice de pobreza, pode-se verificar segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que 63,4% das cidades visitadas apresentam uma incidência de pobreza acima de 40% (IBGE, 2007). Alguns municípios apresentam IDH abaixo de países afetados por guerras, como por exemplo, a Palestina que possui IDH de 0,73 (INSTITUTO AYRTON SENNA, 2008). Esses dados representam a realidade brasileira, pois embora o IDH do Brasil seja de 0,807, considerado alto (WATKINS, 2007), ainda persistem desigualdades no acesso à saúde, à cultura, à educação e ao lazer. Assim, projetos sociais como o PST podem contribuir de forma eficaz para minimizar problemas relacionados às desigualdades uma vez que oferece “às crianças e aos jovens oportunidades de Desenvolvimento Humano por meio da Educação” (INSTITUTO AYRTON SENNA, 2008, p. 34). Assim, considerando a importância do Programa Segundo Tempo, por meio de atividades esportivas e de lazer, dentro de uma perspectiva de inclusão social para crianças e adolescentes e; entendendo o papel dos recursos humanos envolvidos nesse processo para o sucesso do programa, este trabalho teve os seguintes objetivos: a) Projetos/planos pedagógicos dos núcleos: apresentar o processo de avaliação, detalhar os resultados da avaliação pedagógica e indicar as principais dificuldades encontradas na elaboração dos PPNs pelos coordenadores; b) Visitas in loco: identificar se as ações indicadas nos PPNs acontecem na prática, identificar se as ações estão de acordo com as diretrizes do PST e, por fim, relatar as principais fragilidades e, sobretudo, as sugestões da EC16 para a superação das possíveis barreiras. Essa pesquisa teve como público alvo os convênios e núcleos apresentados na Tabela 1. O desenho metodológico utilizado foi a pesquisa-ação, que para Gaya (2008), é uma pesquisa predominantemente coletiva, que exige a participação dos atores sociais envolvidos no estudo e, além do mais, pressupõe a transformação nos níveis de consciência dos seus partícipes. Para Thiollent (1996), a pesquisa-ação envolve uma ação ou resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo e participativo. Segundo o mesmo autor, o objetivo da pesquisa-ação consiste em resolver ou, pelo menos, esclarecer os problemas da situação observada.

Avaliação dos projetos/planos pedagógicos

    Para Oliveira et al. (2009), planejar é uma ação e uma decisão deliberada, mediante recursos possíveis; é agir em função de finalidades, objetivos e metas, de um futuro que prevê resultados desejados, neste caso relacionado ao processo de ensino-aprendizagem. Para Vasconcellos (2000), planejamento pedagógico pode ser entendido como o tipo de ação educativa que se quer realizar. Dessa forma, planejar é sistematizar pedagogicamente todo o trabalho a ser desenvolvido com os alunos. No entanto, não basta somente planejar, é preciso transformar esse planejamento em ações efetivas. Para Oliveira et al. (2009), o planejamento pedagógico, como um primeiro passo, tem que se tornar um documento, um registro das intenções/ações que os envolvidos nesse processo querem desenvolver. Esse documento, para esses autores, é chamado de “plano” e/ou “projeto” pedagógico. No Programa Segundo Tempo, cada núcleo, por meio de seu coordenador e monitores, deve elaborar o projeto pedagógico do núcleo (PPN). Anteriormente, esses mesmos coordenadores passam por um processo de capacitação desenvolvido pelas equipes colaboradoras, juntamente com o Ministério do Esporte. Uma vez elaborado o PPN, é a vez das equipes colaboradoras avaliarem esses projetos/planos pedagógicos e encaminharem os possíveis apontamentos, no sentido dos coordenadores melhorarem o documento. Os resultados da análise dos PPN’s demonstraram que, apesar de participarem do curso de capacitação, a maioria dos Coordenadores, ainda, tiveram dificuldades na redação adequada dos mesmos. Tais dados demonstram a importância do acompanhamento dos PPNs por parte das ECs, uma vez que essas dificuldades foram solucionadas ao longo das avaliações realizadas. É interessante reforçar a importância da fundamentação teórica e dos instrumentos de avaliação para o bom desenvolvimento do PST (OLIVEIRA; MOREIRA, 2008). Tais modificações podem auxiliar também em uma melhor elaboração dos conteúdos, sobretudo com relação aos aspectos atitudinal, conceitual e procedimental, além de favorecer a estruturação dos objetivos.

Avaliação das visitas in loco

    Após a análise dos PPNs e resguardado o tempo necessário à estruturação dos núcleos a EC 16 iniciou o processo de acompanhamento/visitas in loco dos municípios conveniados objetivando diagnosticar as características dos núcleos participantes do PST, assim como obter informações que levem a ações mais pontuais da EC 16. As visitas foram realizadas entre os meses de Outubro//2008 e Maio/2009, contando sempre com a presença de dois integrantes da EC. Nesse período, foram visitados 62,5% dos núcleos e 100% dos convênios.

    Os dados apresentados a seguir correspondem a informações obtidas na última visita in loco realizada em cada núcleo, num total de 25 relatórios de visita. De acordo com as informações levantadas nos relatórios in loco, 76% dos núcleos oferecem atividades três vezes por semana e o restante quatro vezes por semana ou mais. Quanto ao tempo de atendimento, 64% dos núcleos oferecem atividades por um período de duas horas e o restante por períodos de tempo superiores a este. Dentre os núcleos visitados, 68% localizam-se próximos a escolas, 20% ocorrem nas dependências de escolas e apenas 12% não estão próximos a esses estabelecimentos. Para chegar ao núcleo, o diagnóstico apontou que, 68% das crianças deslocam-se a pé ou de bicicleta e 32% utilizam transporte da entidade/convênio. Em apenas 32% houve a interrupção temporária das atividades realizadas devido a férias escolares ou mudanças políticas nos municípios.

    Quanto ao sistema de identificação exigido pelo Ministério do Esporte, verificou-se durante as visitas que 84% dos núcleos estão adequadamente identificados por meio de placas ou banners, sendo estes dispostos em locais de boa visibilidade. Apenas 12% não possuíam nenhum sistema de identificação e 4% não apresentavam as logomarcas do Governo Federal ou do Programa Segundo Tempo. Quanto ao reforço alimentar, medida adotada por 100% dos núcleos, os coordenadores relataram ser fundamental tanto para complementar a alimentação de muitas crianças carentes como para favorecer a permanência das mesmas dentro do núcleo. Nesse aspecto, observou-se que 72% dos núcleos oferecem lanches variados acompanhados por sucos ou achocolatados, 16% conseguem oferecer refeições mais completas por se utilizarem dos recursos materiais e humanos disponíveis na escola onde estão localizados e 12% relataram alternar entre a distribuição de lanches e refeições. A distribuição é feita com auxílio dos monitores ou funcionários locais, sendo que 52% dos núcleos oferecem refeitório, 44% realizam a distribuição no ginásio ou quadra e apenas 4% na sala de aula. Questionados sobre a alimentação oferecida, 92% das crianças entrevistadas declararam estarem satisfeitas e 8% gostariam que houvesse mais opções. Quanto aos casos em que há sobras do reforço alimentar, verificou-se que em 44% dos locais essas são oferecidas às crianças que pedem mais ou que querem levar para alguém da família, como irmãos ou avós. Em 32% dos locais a estratégia utilizada é o descarte e em 24% dos locais o controle realizado não permite sobras. Quanto ao uniforme do PST, observou-se que em apenas 48% dos núcleos a maioria das crianças estava usando o uniforme, sendo esse uso parcial em 28% dos locais e não observado em 24% dos locais visitados. Ou seja, o uso do uniforme do PST, nos núcleos visitados, ainda não feito de forma satisfatória. Quanto aos recursos materiais, todos os núcleos confirmaram ter recebido os materiais esportivos (bolas e kits de xadrez), sendo que 52% confirmaram a reposição dos mesmos. A baixa qualidade das bolas foi à principal queixa em todos os núcleos. Referente aos Recursos Humanos envolvidos verificou-se que houve troca de profissionais, principalmente de monitores, depois do processo de capacitação em 32% dos núcleos, o que exigirá atenção da equipe em confirmar a capacitação dos novos profissionais, de forma a garantir a qualidade no atendimento aos beneficiados. Observou-se que 80% dos coordenadores de núcleo têm formação superior (60% em Educação Física, 8% em Pedagogia e 12% em outras áreas) e cerca de 80% participaram do curso de capacitação. Quanto ao número de monitores verificou-se que em apenas 12% dos núcleos havia a presença de um único monitor. A maioria dos núcleos (60%) conta com o auxílio de dois monitores e 24% com três monitores ou mais. Destes, 56% são estudantes de Educação Física e os demais são estudantes de outras áreas. As reuniões pedagógicas entre coordenadores e monitores acontecem em 52% dos núcleos com freqüência semanal e em 28% mensal. Os demais o fazem em períodos mais longos.

Tabela 01. Espaços disponibilizados pelos núcleos para o desenvolvimento das atividades

    A Tabela 01 demonstra os espaços físicos disponibilizados para a realização das ações do PST. Dentro dessa infra-estrutura, 96% dos locais possuem materiais permanentes disponíveis e 72% oferecem espaços adequados e seguros para a realização das atividades. Entretanto, em 28% dos núcleos verificou-se alguma condição de risco à segurança dos participantes, tais como exposição ao sol ou má conservação do local. Quanto ao leque de atividades oferecidas pelos núcleos constatou-se que 16% estão em situação irregular oferecendo menos de duas modalidades coletivas, 24% oferecem duas modalidades coletivas e 60% oferecem três modalidades coletivas ou mais. Quanto às modalidades individuais, 32% oferecem apenas uma modalidade e 68% duas modalidades individuais ou mais. Em todos os núcleos essas atividades são oferecidas no contra-turno escolar. Observou-se predominância das modalidades Futebol (84%) e Handebol (84%) entre as modalidades coletivas e grande aderência ao Xadrez (88%) entre as modalidades individuais. Em nenhum desses núcleos observou-se o oferecimento de aulas de ginástica ou atividades náuticas (remo ou canoagem). De maneira geral, verificou-se que 76% dos núcleos oferecem atividades complementares; nos demais, justificou-se a não realização por estas serem oferecidas por outros projetos existentes no município ou por não disporem de recursos físicos e humanos para esta ação. Quanto à freqüência no oferecimento de atividades complementares, verificou-se que 68% dos núcleos as oferecem semanalmente e os demais o fazem mensalmente. Constatou-se a preferência pela realização de festivais, gincanas e torneios (64%) a fim de promover a integração dos beneficiados dentro do próprio núcleo e também inter-núcleos, seguindo-se a realização de palestras com temas transversais. Durante a realização das visitas contatou-se que em 44% dos núcleos as informações cadastradas não correspondem totalmente ao observado in loco, principalmente no que se refere ao número de beneficiados. O número médio de beneficiados cadastrados no sistema do Ministério do Esporte nos 25 núcleos foi de 193±44 beneficiados. Quando questionados a respeito da realização do controle de freqüência, 60% dos coordenadores gerais responderam realizá-lo, porém em apenas 44% dos casos o apontamento estava de acordo com o número de crianças presentes. Estes dados indicam a necessidade de maior esforço da EC 16 em solicitar dos núcleos mais rigor no cadastramento e controle de freqüência dos beneficiados. Em muitos casos a justificativa foi a evasão, temporária ou permanente, das crianças. Com relação a esse tema, os dados coletados indicam que há evasão em 52% dos núcleos, 36% de evasão temporária (a criança se afasta por motivos de tarefa domiciliar, estudos ou doença) e apenas 12% relataram não ocorrer evasão. Os critérios de seleção adotados pelos núcleos do PST foram o de interesse, desempenho escolar e baixa renda em 76%, 16% e 8% dos núcleos, respectivamente. Como sistema de acompanhamento dos egressos adotou-se a observação do comportamento em 56% dos núcleos e o bom relacionamento com o grupo em 20%. Apenas em 24% dos núcleos os coordenadores alegaram não adotar qualquer forma de acompanhamento. Em 60% dos locais os beneficiados com problemas de desenvolvimento são atendidos por psicólogas e assistentes sociais da própria instituição ou do Conselho Tutelar do município. Esta ação não foi relatada em 40% dos núcleos.

    Quanto às estratégias de ensino, constatou-se que em 48% dos núcleos as turmas são mistas, em 12% as turmas são separadas por sexo e em 40% adotam ambas as práticas conforme a necessidade. Em todos os núcleos as crianças são agrupadas de acordo com sua faixa etária a fim de favorecer o bom andamento das atividades. Em 72% dos núcleos foram relatados processos de avaliação do desenvolvimento das atividades por meio de relatórios prestados à coordenação geral, realização de questionários e acompanhamento diário. Em 28% dos núcleos, os coordenadores não o fazem alegando que o contato verbal com o coordenador geral é suficiente. Em relação à elaboração de planos de aula, 76% dos coordenadores afirmaram realizá-lo, sendo ignorado por 24% deles. Porém quando solicitado, em apenas 28% dos núcleos os monitores apresentaram seu plano de atividades para o dia, sendo que em 72% dos núcleos os monitores não tinham qualquer planejamento de aula, justificando que “esqueceram” em casa ou que “improvisavam” na hora de acordo com o número de crianças e condições climáticas. Esses dados indicam a necessidade de ações mais pontuais em orientar e exigir tais procedimentos. Esse mesmo empenho deverá ser observado no que se refere à norma de disponibilizar uma cópia impressa do PPN no local das atividades para que possa ser conhecido e consultado pelos monitores ou pais, considerando que tal procedimento foi observado em apenas 44% dos núcleos.

    Durante as visitas os integrantes da EC 16 relataram ter observado a presença de crianças em situação de risco social em 64% dos núcleos, sendo parcial em 28% e não observada qualquer situação de risco social em apenas 8% dos locais. Foi constatado que 52% dos locais atendem crianças com algum tipo e deficiência, sendo 32% com deficiência mental (leve a moderada), 4% com deficiência auditiva e 16% com deficiências múltiplas. Quanto ao atendimento a grupos especiais, observou-se em 48% dos núcleos a presença de crianças com sobrepeso, cardiopatias, diabetes e hiperativas.

    Com relação à percepção dos beneficiados sobre o programa, em apenas 40% dos núcleos as crianças souberam dizer que suas atividades eram parte do PST. Em 48% dos núcleos esse conhecimento era parcial entre as crianças e em 8% dos núcleos as crianças desconheciam o PST. Em vários casos, tanto crianças como alguns pais entrevistados relataram que as atividades desenvolvidas eram da “escolinha de treinamento” de uma ou outra modalidade esportiva. Tal fato sugere que a EC deve recomendar maior divulgação do PST junto à comunidade onde os núcleos estão inseridos, fato esse que deve ser pensado também pelos coordenadores e monitores dos núcleos. Quanto à realização de outras ações a favor dos beneficiados constatou-se que em 60% dos núcleos as crianças que se destacam são encaminhadas para especialização esportiva, principalmente para escolinhas de treinamento existentes nos municípios. Apesar de ser uma atitude favorável aos beneficiados, exige atenção para que os núcleos não desenvolvam seus trabalhos como escolinhas de treinamento, afastando-se assim da proposta e das diretrizes do Programa Segundo Tempo. Em 56% dos núcleos foram realizadas atividades para aproximar a família ao PST, tais como festivais, palestras e reuniões com os pais. Já para a aproximação da escola com o PST, 76% dos núcleos realizaram atividades em parceria com a escola tais como, jogos amistosos, gincanas e outras atividades comemorativas.

Conclusão

    As dificuldades observadas na elaboração dos PPNs e a constatação de divergências entre as ações previstas e o observado in loco reforçam a importância da atuação das equipes colaboradoras, neste caso específico a EC16, a fim de garantir que as diretrizes do PST sejam atendidas e assim tenham ações efetivas, contribuindo, por meio de atividades esportivas e de lazer, para o processo de inclusão social e conseqüentemente colaborando com a formação integral dos beneficiados e, conseqüentemente, possibilitando o desenvolvimento da convivência social, da construção de valores, da promoção de saúde e do aprimoramento da consciência crítica e da cidadania dos beneficiados por esse programa.

Referências

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