Análise do passe no voleibol profissional antes e pós inclusão do líbero Análisis del pase en el voleibol profesional antes y después de la inclusión del líbero |
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Autor. Associação Cristã de Moços do Rio Grande do Sul Co-autor. ESEF, UFRGS Co-autor. FEFID, PUCRS (Brasil) |
Pablo Dias Martin* Dr. Rogério da Cunha Voser** Fábio Rodrigo Suñe*** |
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Resumo Este trabalho de corte transversal e quantitativo objetiva analisar a eficiência do passe em um período anterior a criação do líbero e após o mesmo. O fundamento do passe é muito importante para que o jogo de voleibol possa ser desenvolvido em sua totalidade de possibilidades táticas e técnicas, tanto é que nos últimos anos o fundamento de saque passou a exigir um alto nível de preparação de quem o recepciona. Como forma de demonstrar e mensurar a importância desse fundamento para o voleibol, foram analisados diversos vídeos que avaliam o passe como: errado, de nível 1, 2, 3 e 4, essa classificação se da pela forma como a bola chega ao levantador e em que condições ele pode acionar as jogadas de ataque. Além disso, foram analisados dados correspondentes a nível de passe conforme a posição que o jogador exerce em quadra e também a porcentagem de sua participação nas recepções. Após estas analises foi verificado em qual época (antes e após a inclusão do líbero) houve uma recepção de maior qualidade e porque isso se deu, além disso, pode-se verificar as principais mudanças técnicas e táticas do jogo, principalmente no aspecto de fundamento onde um menor número de jogadores foi sendo exigido para se recepcionar o saque sem perder qualidade que se tinha anteriormente. Conclui-se que o líbero qualificou não só as ações defensivas, mas também toda a estrutura tática das equipes de voleibol moderno, assim como foi um dos principais responsáveis pela aceleração das jogadas do voleibol. Unitermos: Voleibol. Líbero. Recepção. Defesa.
Abstract
This cross-sectional study objectively and quantitatively analyze
the efficiency of the pass in a period before the creation of the libero
and after it. The ground is very important to pass the volleyball game can
be developed to its whole range of tactics and techniques, both in recent
years is that the foundation for drawing began to demand a high level of
preparedness of the person who greets. In order to demonstrate and measure
the importance of this ground for volleyball, we analyzed several videos
that assess the pass as wrong, Level 1, 2, 3 and 4, this classification is
by the way the ball comes to the lifter and what conditions it can trigger
the attack rolls. In addition, we analyzed data for the level of pass
according to the position that the player performs on the court and also
the percentage of their participation in receptions. After this analysis
was verified in that time (before and after inclusion of the libero) there
was a higher quality reception and why this happened, moreover, we could
see major changes tactics and techniques of the game, especially on the
ground where a smaller number of players were being asked to approve the
service without losing quality you had before. We conclude that the libero
has qualified not only defensive actions, but also the entire structure of
the tactical modern volleyball teams, as well as a major driver of
speeding up the moves of volleyball.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Desde seu surgimento, o voleibol sempre esteve em constante mudança, seja para a melhor prática do esporte, seja para melhorar o espetáculo para aqueles que assistem, porém as mudanças mais radicais e que mais trouxeram resultados foram feitas nos últimos 13 anos.
Em 1996 começaram a ser implementadas as mudanças mais significativas no jogo e que posteriormente tornaram-se responsáveis pela dinâmica atual do voleibol. A primeira delas foi à inclusão do líbero, um jogador especialista em movimentos defensivos. A criação desta função se deu em parte pela melhoria na qualidade da preparação física dos jogadores, o que ocasionou um grande aumento da velocidade das ações. Outro fator que levou à inclusão desse jogador foi o aumento na estatura média dos jogadores de voleibol, que somado a maior velocidade do jogo proporcionou uma grande supremacia dos ataques sobre as defesas Estes fatores ocasionaram um tempo menor de “rally” (termo que define a bola como em jogo no voleibol) e, conseqüentemente uma definição cada vez mais rápida das jogadas. Percebendo que isso não era interessante para o esporte a FIVB (Federação Internacional de Voleibol) criou o líbero para que ele fosse responsável por manter a bola em jogo por mais tempo.
Atualmente podemos resumir a importância da recepção no voleibol em uma só frase, Afonso ([2004]) afirma: “Uma recepção falha equivale ao ponto do adversário...” Essa frase reflete bem a importância da recepção no voleibol moderno, pois a recepção em boas condições possibilita ao levantador a utilização de todas as armas que tem a disposição para tentar vencer o bloqueio adversário, (que esta cada vez mais eficaz). É ai que entra o papel do libero na partida de voleibol, pois é responsabilidade dele, sempre que for possível, fazer com que essa bola chegue sempre em boas condições ao levantador.
O libero participa apenas dos movimentos defensivos e jamais joga nas três posições da zona de ataque (4, 3, 2) durante a rotação, pois sempre que isso esta por acontecer ele é substituído pelo jogador à que ele está substituindo por exigência das regras. As substituições em que o líbero está envolvido não entram no número permitido de substituições por set, que são seis, elas podem ser realizadas indefinidamente e a qualquer momento do jogo, desde que respeitada a normativa de haver um rally completo jogado a cada entrada e saída do líbero.
Por ser um especialista em movimentos defensivos o libero têm funções diferentes dos demais jogadores, isso ocasiona algumas limitações nas suas ações durante a partida. Essas limitações de um modo geral acontecem para que o líbero seja aproveitado única e exclusivamente na sua função de origem e não tenha descaracterizada sua principal função que é defender e ser o receptor/defensor principal da equipe. Uma regra que exemplifica isso é o fato de o líbero não poder realizar toque, que represente ato de levantamento, dentro da área dos três metros, isso pode ser explicado pelo fato de que ele poderia ser um substituto do levantador durante a partida o que tiraria ele de sua principal função.
Apesar de ser um jogador de características unicamente defensivas, o líbero trouxe uma melhora maior nos movimentos de ataque do que nos movimento de defesa, conforme João, Mesquita, Sampaio e Moutinho ([2006]). O que acontece é que com um passe mais aprimorado a bola chega em melhores condições para que o levantador tenha maior tempo, espaço e precisão na preparação das jogadas para os atacantes, podendo dar mais velocidade e criatividade ao jogo, tornando-o mais dinâmico e belo. Estes mesmo autores trazem outro dado interessante, diferente do que era esperado, o líbero melhorou muito a qualidade de recepção do saque adversário, mas não trouxe uma melhora tão significativa nas ações defensivas.
O autor Machado (2006) fala que o líbero é de suma importância, pois ter um jogador que pode entrar no fundo da quadra e a qualquer momento do jogo, proporciona maior liberdade aos atacantes que além de terem de se preocupar menos com o passe podem desenvolver mais ainda seu potencial ataque, portanto para ele esse é um dos fatores que fez com que o ataque se destacasse mais que a defesa após a entrada do líbero.
A idéia inicial era de que o líbero traria um equilíbrio maior entre defesa e ataque, porém esse estudo nos remete a algo totalmente diferente disso, pois ao melhorar a qualidade do primeiro passe a possibilidade de um ataque ter sucesso é muito maior, dando ao levantador muitas possibilidades de jogada, fazendo com que a bola fique menos tempo em jogo. Ainda tratando desse estudo, João, Mesquita, Sampaio e Moutinho ([2006]), os jogadores tratados como receptores prioritários (jogadores de entrada de rede) apresentaram um número muito aquém do esperado no quesito de passes bons e de ótima qualidade em contrapartida o líbero apresentou valores muito mais altos que esses jogadores no mesmo quesito. Isso nos remete ao fato de que mesmo sendo bons passadores os atacantes de entrada não conseguem manter a qualidade do passe em níveis elevados, sendo o líbero o jogador com maiores índices de acerto nesses quesitos. Se formos um pouco mais além nesses dados, podemos dizer que o líbero está diretamente relacionado ao aumento da velocidade do jogo observada, nos últimos anos.
Portanto o líbero, apesar de ser um jogador de características defensivas, qualifica o jogo como um todo e isso é afirmado por João, Mesquita, Sampaio e Moutinho ([2006]) quando dizem: “O libero não qualifica o jogo apenas defensivamente, mas no jogo como o todo”.
Com a entrada do líbero, algumas equipes que apresentavam problemas de recepção dos atacantes que ao receber uma bola não mantinham o equilíbrio adequado e por conseqüência não se apresentavam da melhor forma para o ataque, melhoraram esse aspecto, pois o líbero assumiu algumas funções que antes eram apenas dos atacantes de entrada de rede. Rizola, Matias, Oliveira e Greco ([2006]) concordam que algumas escolas de voleibol, inclusive a brasileira, apresentavam esse tipo de problema e o líbero o minimizou.
Os mesmos autores afirmam ainda que o sucesso do ataque está diretamente relacionado à qualidade da recepção, um passe de qualidade dita o ritmo do jogo, além de propiciar a possibilidade de um ataque de primeiro tempo, que tem mais velocidade e potência do que qualquer outro ataque. Os autores ainda afirmam que a maior dificuldade para que o atleta realize uma boa recepção não está no gesto técnico em si, mas na capacidade de se antecipar a trajetória da bola. Um bom entendimento sobre a trajetória da bola traz mais possibilidades de acerto na recepção e na defesa.
Para Araujo (2005) apud Vieira ([2005]) na formação com cinco passadores, durante o rally, o líbero poderia se posicionar em qualquer posição do fundo de quadra, desde que esteja á frente dos outros passadores do fundo da quadra. Já durante o saque o mesmo deve sempre se colocar na frente dos demais passadores do fundo por apresentar uma maior qualidade no fundamento de passe. Para o mesmo autor, com quatro passadores o líbero sempre deve estar posicionado mais próximo ao centro da quadra, para o caso de bolas que venham curtas e sejam de difícil recepção na hora do saque, durante o rally o mesmo deve sempre se apresentar na posição 5. No caso de se apresentar na posição 5 durante o rally, o líbero deve ficar ali pois a maior incidência de ataques vêem da posição 4 da quadra adversária e em sua maioria são efetuadas na diagonal, portanto é de suma importância que o líbero fique posicionado ali para que a defesa seja a de maior qualidade possível. Por ultimo a recepção com três atletas nesse caso o posicionamento não difere muito do sistema com quatro, porém o oposto se coloca atrás do líbero, sempre que este está em quadra, e procurando sempre se colocar a frente dos outros passadores que como ele se encontram ao fundo da quadra, durante o rally segue o mesmo esquema do sistema anterior.
Metodologia
Este estudo quantitativo de corte transversal analisou 34 vídeos, escolhidos de forma aleatória com duração de 11 minutos cada, sem cortes, de trechos de partidas inteiras de voleibol feminino profissional entre seleções no período de 1992 até 2008 (Em campeonatos Sulamericanos, Jogos Olímpicos e Panamericanos). Neles foram analisadas 850 recepções de saque, sendo que foram excluídas 72 por apresentarem erro de saque ou ace (quando o saque cai diretamente na quadra adversária), portanto temos 778 recepções analisadas e qualificadas no critério de passe errado, passe certo de nível 1, passe certo de nível 2, passe certo de nível 3 e passe certo de nível 4. Além de qualificar a recepção quanto ao nível, também foram contabilizadas as ações quanto à posição que o jogador exerce em quadra, ou seja, a cada recepção contabilizada foi identificado o jogador que realizou aquela ação. Essa identificação ocorreu da seguinte forma: ponteiro frente, ponteiro fundo, meio fundo, líbero e outro (que engloba oposto, levantador e meio frente), portanto a cada recepção analisada foi medido o nível de passe e qual jogador foi o responsável por ele.
Do total de vídeos analisados, intencionalmente, foram avaliados 389 pontos (50%) em partidas antes da entrada do líbero e 389 pontos (50%) após a entrada do mesmo, para que pudéssemos realizar a comparação com valores iguais antes e após o ingresso do líbero no jogo.
Levando em conta esses dados essa pesquisa se caracteriza por ser de método direto ou também pesquisa direta, para Mattos, Rossetto Jr e Blecher (2004, p.14)
A pesquisa direta caracteriza-se pela busca de dados diretamente da fonte de origem. O pesquisar investiga o fenômeno por meio de métodos e instrumentos cientificamente comprovados para coleta de dados dos fatos verificados.
Sendo uma pesquisa direta, ela tem de ter um método que no caso desse trabalho é o método descritivo, segundo os mesmos autores método descritivo tem como característica buscar os dados diretamente de sua fonte. Para os autores anteriormente citados esse método tem por característica:
O método de pesquisa descritivo tem como características observar, registrar, analisar, descrever e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipula-los, procurando descobrir com precisão a freqüência em que um fenômeno ocorre sua relação com outros fatores. (MATTOS, ROSSETTO JR. e BLECHER, 2004, p15.).
A analise de vídeos tem o intuído de comparar, através de uma forma prática e mais próxima da realidade, a qualidade e a quantidade de passes certos antes da entrada do líbero e após sua implementação, isso se deu através da contagem de passes certos e que chegavam em boas condições para o levantador. No caso desse trabalho consideraremos um passe certo aquele que chegou a uma zona da quadra que possibilitasse ao levantador usar toda a sua criatividade e possibilidades de jogada, ou seja, aquele passe que chegasse entre a posição 2 e 3 da quadra de voleibol. Abaixo um desenho mostrando onde o fica essa zona na quadra de voleibol:
Figura 1. Posicionamento em quadra
Fonte: O autor (2010)
Os números na quadra representam as seis posições na quadra de voleibol que se ordenam em sentido anti-horário, e contrário a rotação, a área em vermelho representa a zona onde o passe foi considerado certo.
Para poder valorar a qualidade do passe criou-se um scout aplicado em cada vídeo que levou em conta alguns aspectos, tais como a altura do passe, jogadas de primeiro tempo e se o levantador realizou levantamento em suspensão. Esses três aspectos foram escolhidos, pois quando o passe tem pelo menos um desses aspectos, já facilita a armação da jogada de ataque. Observando todos esses fatores os passes foram classificados em errados e certos, os passes certos foram ainda subdivididos em 4 níveis, os passes certos de nível 1 foram considerados apenas certos, foram na zona estabelecida, mas não apresentaram nenhum dos três as aspectos já mencionados, os passes certos nível 2 foram na zona estabelecida e apresentaram um dos três aspectos, os passes certos nível 3 apresentaram dois aspectos e foram na zona de levantamento e por ultimo os passes certos de nível 4 que além de serem na zona apresentaram todos os aspectos descritos anteriormente. Para complementar as observações foram coletados o ano do jogo e a posição do jogador que realizou cada um dos passes.
Os dados foram digitados utilizando-se do programa Word e a análise dos dados foi realizada através do pacote estatístico SPSS que através do banco de dados analisou ponto a ponto a qualidade de passe, ano em que esse passe foi computado e quem realizou esse passe.
A limitação inicial foi a falta de materiais em vídeos para serem examinados para a amostra, o que nos fez fugir um pouco da idéia inicial de analisar partidas inteiras. Esse pequeno problema de amostragem não trouxe nenhuma perda significativa para que se pudesse chegar ao fim do estudo, porque mesmo mudando o conteúdo a ser analisada, a idéia básica da pesquisa se manteve inalterada.
Scout
Análise e discussão dos resultados
Em relação ao primeiro objetivo deste estudo que foi o de avaliarmos o passe conforme o seu nível comparando o período com e sem o líbero, tivemos o seguintes resultados.
Do total de passes errados (139) podemos observar que 66,9% deles (93) ocorreram antes do ingresso do líbero no jogo e apenas 33,1% (46) após. Fica evidente uma grande redução nos erros de passe após o ingresso do líbero. Este grande número de erros ocorridos antes da entrada do líbero pode ser ocasionado pelo grande número de jogadores participantes da recepção, assim até mesmo aqueles menos habilidosos ficavam expostos fazendo com que fossem os principiais alvos dos sacadores, que em grande maioria não sacavam viagem o que tornava mais fácil direcioná-lo. Isso vai de encontro com o que pensam João, Mesquita, Sampaio e Moutinho ([2006]) que afirmam que a entrada do líbero trouxe uma melhora muito significativa nos movimentos de recepção de saque.
Gráfico 1. Passes errados
Fonte: O autor (2010)
Observa-se também uma redução no número de passes de Nível 1 (aqueles que somente alcançam a zona de passe, mesmo sem muita qualidade) de 35 (57%) para 26 (42,6%), o que também pode representar juntamente com a queda no número de erros uma melhora no nível de passe após o ingresso do líbero, isso porque sempre que o receptor de saque envia a bola para a zona de levantamento, que fica entre as posições 2 e 3 da quadra de voleibol, sem a altura necessária para o trabalho do levantador, este acaba por realizar aquilo que é mais obvio o que torna mais fácil a ação defensiva do adversário.
Gráfico 2. Passes nível 1
Fonte: O autor (2010)
Ao mesmo tempo em que observamos a redução no número de erros percebemos uma elevação no número de passes com melhor nível. Para passes de nível 2 o acréscimo foi de 81 (46,8%) para 92 (53,2%), esses passes permitem uma maior opção de jogadas para o levantador. A bola além de ser alta vem na zona de passe fazendo com que o levantador tenha que se deslocar menos e possa dar um pouco mais de velocidade ao jogo tentando ludibriar a defesa adversária. Isso está diretamente ligado ao fato de que os jogadores atualmente se preocupam mais em colocar a bola alta para levantador mesmo que está esteja em condições mais difíceis de ser passada.
Gráfico 3. Passes nível 2
Fonte: O autor (2010)
Nos passes de nível 3 observou-se um aumento de 110 (44,4%) para 138 (55,6%) eles tem por características as bolas de primeiro tempo ou o levantamento em suspensão, o que torna a jogada imprevisível ou de difícil bloqueio pelo adversário
Gráfico 4. Passes nível 3
Fonte: O autor (2010)
Já nos passes de nível 4, aqueles de melhor qualidade, em que além de propiciar facilidade para o levantador faz com que ele acione a sua arma mais potente da foram mais eficaz, o meio de rede, percebeu-se uma elevação de 70 (44,6%) para 87 (55,4%).
Gráfico 5, Passes de nível 4
Fonte: O autor (2010)
É interessante salientar também que os passes de nível 3 e 4 foram aqueles que apresentaram a maior variação percentual para cima após o ingresso do líbero no jogo. Os passes classificados nestes níveis são de difícil execução e em grande maioria das vezes são realizados por jogadores que possuem uma boa habilidade de passe.
O aumento de incidência desses passes prova aquilo que muitos especialistas vêem dizendo, que a velocidade do jogo aumentou muito após a entrada do líbero. Outro fator para esse aumento é o fato de que os passadores atualmente são aqueles mais qualificados para essa função. Mesmo tendo de ocupar um maior espaço dentro da quadra a sua qualidade no passe faz com que eles possam acelerar a o jogo através de suas ações mais qualificadas.
Em relação ao segundo objetivo deste trabalho, foram avaliados os números de recepção realizados pelos jogadores e de qual posição os mesmos pertenciam. Esses valores pertencem ao número total de dados.
Os dados gerais apresentam o jogador de ponta do fundo como principal receptor de saque com 307 recepções (39,5%), seguindo o ponteiro do fundo aparece o meio de rede que está no fundo com um valor percentual de 20,6% o que remete a 160 participações. Fugindo um pouco das expectativas aparece o jogador de ponta da frente com 118 recepções gerando uma porcentagem de 15,2% do total, a categoria outro jogador aparece com uma numeração bem próxima, estipulada em 104 passes, 13,4% do total e por fim aquele que é o especialista defensivo no voleibol, o líbero, este esteve presente em 89 ações, 11,4%.
Com esses dados foram cruzados os dados do jogador que passou e o ano, portanto essa tabela nos permite, através de números, falar sobre as mudanças no modo de receber o saque nas duas épocas. Abaixo segue os dados sobre a participação dos jogadores nas ações de recepção.
O jogador que atua na ponta frente, ou está na rede, durante o saque é um jogador de bom potencial defensivo, porém antes da entrada do líbero ele participou apenas de 36 (9,2%) das recepções. Se levarmos em conta que o voleibol atual depende muito desse jogador para esse tipo de ação coletiva, esse número é muito baixo, mas ele é influenciado pela forma em que era formada a recepção na época que não havia o líbero. Os jogadores dessa posição muitas vezes ficavam muito abertos na quadra, em uma zona que era ao mesmo tempo fora do passe, mas que não o excluía totalmente de alguma obrigação caso a bola fosse direcionada a ele. Isso fazia com que ele não participasse da maioria das ações de passes.
Após a entrada do líbero o ponteiro da frente aumentou suas participações em recepções. Os números nos mostram um incremento no valor de recepções com 82 passes (21,7%), isso aconteceu pela diminuição do número de jogadores participantes da recepção, que agora são três, e também as tentativas do sacador adversário tentar minimizar a oportunidade desse jogador atacar uma bola acelerada na ponta, diminuindo as possibilidades do levantador. O jogador dessa posição foi o que mais apresentou aumento no valor percentual de participações.
Gráfico 6. Participação no passe: ponteiro da frente
Fonte: O autor (2010)
Os jogadores de ponta que estão no fundo foram os principais receptores, ou seja, são aqueles que participaram da maioria das ações tanto antes do líbero quanto após. Com 154 (39,58%) recepções antes da entrada do líbero e 153 (39,33) após, podemos dizer que mesmo com todas as mudanças ocorridas no voleibol atual este jogador continua sendo o principal receptor de passe. Além de ser um excelente atacante o jogador de ponta se caracteriza por ser um ótimo jogador de defesa. Por ter essa característica muitas vezes ele acaba por cobrir o passe daqueles que não apresentam essa mesma habilidade. Se pensarmos que o voleibol é um esporte coletivo e que temos mais cinco jogadores em quadra esses valores representam números muito altos, e se nos basearmos no fato de que atualmente esse jogador apresenta um nível técnico muito bom no fundamento de defesa, assim como líbero e o outro ponta, isso acarreta com que ele participe da maioria das ações defensivas. Outro fator importante para que esse jogador participe da maior parte de recepções é a questão de não tirar a possibilidade de jogada com o jogador ponta que está na rede.
Gráfico 7. Participação no passe: ponteiro do fundo
Fonte: O autor (2010)
Atualmente os jogadores de meio de rede já não participam mais da recepção do saque, isso no voleibol de alto nível e de seleções, mas antes de 1998 eles detinham uma grande participação nos passes. Com 129 (33,16%) recepções os jogadores dessa posição possuíam grandes participações nessas ações, ficando atrás apenas do jogador de ponta do fundo. Isso não está ligado ao fato de que esses atletas sejam grandes passadores, mas sim por eles apresentarem uma grande deficiência nesse quesito. Um fator determinante para que ele apresente essa deficiência é o fato de que por ser um jogador alto, geralmente o maior do time, ele é um jogador lento e que tem grandes dificuldades em receber bolas baixas justamente por ter o centro de gravidade muito alto em função de sua altura.
Geralmente os jogadores dessa posição atraíam grande número dos saques, pois por não serem bons passadores aumentavam as chances de uma recepção falha ou errada, sem maior qualidade e que possibilitasse alguma aceleração de jogada por parte do levantador. Jogadores dessa posição geralmente têm como principal característica um alto poder de ataque. Por isso que atualmente eles são substituídos pelo líbero, que é um jogador especialista nos movimentos de defesa, pois assim eles podem fazer apenas aquilo em que são especialistas, ou seja, os movimentos de ataque.
Apesar de não passarem após a entrada do líbero, alguns treinadores ainda resistiram por um tempo entre (1998 e 2000) com esse jogador no passe. É o caso de cuba que só colocava o líbero em quadra em situações extremas, por isso ele ainda apresentam um pequeno número de participações, 32 (7,96%), após a entrada do líbero.
Logo que o líbero foi instituído como atleta e passou a jogar no lugar do meio de rede a maioria dos saques passou a ser direcionadas a ele, isso talvez se desse pelo costume dos jogadores em buscar o meio de rede na hora do saque. Nesse tempo, em que a maioria das bolas passava pela mão desse jogador, a qualidade do passe subiu de forma gritante, percebendo isso os atletas passaram a direcionar os seus saques para outros atletas. Como todos os jogadores sabem do potencial defensivo do líbero ele geralmente participa das recepções de saques forçados, onde os saques perdem muito de sua precisão e acabam indo em sua direção, por que para saques do chão sem muita potencia geralmente a bola vai até um jogador de ponta que mesmo sendo um excelente passador não apresenta a mesma qualidade de passe do líbero. Atualmente o líbero é o segundo maior receptor de saque, isso é comprovado com as suas participações nos vídeos analisados, que foram de 89 passes (22,87%). Isso vai de encontro com o estudo de Ureña, Ferrer e Pérez ([2002]) que em seu trabalho mostram que em partidas analisadas no campeonato espanhol de voleibol o líbero participou de 32,9% das recepções de saque enquanto os jogadores que se encontravam nas outras duas posições de defesa tiveram participação de 50,8% e os jogadores que estava na zona de ataque 16,3%. Portanto mesmo tendo uma maior qualidade nos fundamento de passe o líbero não participa da maior parte das recepções de saque, isso se deve muito também a ao fato de os sacadores evitarem sacar na posição em que ele se encontra, sendo assim podemos pensar que só por estar em quadra o líbero já limita as zonas alvo de saque pelo time adversário, pois ao o evitarem ele os sacadores perdem uma possibilidade de saque.
Gráfico 8. Participação no passe: Meio de rede e líbero
Fonte: O autor (2010)
Os outros jogadores são aqueles que pouco participam dos movimentos de recepção atualmente (meio frente, levantador e oposto). Geralmente esses jogadores só participam da recepção em caso de urgência ou de algum movimento inesperado do saque adversário, porém nas recepções realizadas antes de 1998 o jogador oposto fazia parte dos jogadores, por não apresentar um passe tão eficiente nesse quesito quanto os jogadores meio de rede, que passavam juntamente com o meio da frente que às vezes aparecia como quinto receptor, porém somente quando necessário.
Se levarmos em conta que esse número foi obtido através da contagem de três jogadores diferentes, porém contabilizados juntos, ele não se mostra muito significativo, pois foram apenas 70 passes (17,99%) feitos por esses jogadores antes da entrada do líbero e 34 após (8,74%). Atualmente o oposto e o meio da frente já não participam mais da formação de recepção de saque, passando também somente em caso de urgência, pois ao realizar o passe esse jogadores se eliminam da possibilidade de ataque, principalmente o jogador de meio, que é sua principal característica já o levantador por si só nas duas épocas se mantinha escondido na hora do passe, com exceção das equipes que jogavam com dois levantadores e o levantador da rede exercia a função de oposto, mas como antes de 1998 o 4 x 2 era utilizado exclusivamente pela seleção cubana, apenas em jogos dessa equipe foram contabilizados passes desse tipo.
Gráfico 9. Participação no passe: Outros jogadores
Fonte: O autor (2010)
Ao analisarmos esses dados de modo geral percebemos a mudança brusca no número de participações de todos os jogadores, com exceção do ponteiro fundo que praticamente não sofreu alterações, isso nos remete a pensar que a entrada do líbero modificou completamente a maneira com o que a recepção passou a ser trabalhada. Vieira ([2005]) concordando com isso fala que só foi possível trabalhar com esse tipo de recepção com três jogadores graças a entrada do líbero que assim possibilita que mais atacantes estejam preparados apenas para os movimentos de ataque, possibilitando aceleração desses mesmos movimentos.
O terceiro e último objetivo a ser tratado nesse trabalho foi o cruzamento dos dados entre o nível de passe e o jogador que passou esses dados vai mostraram quais foram os níveis das recepções conforme a posição do atleta. Essa tabela analisou os dados totais, não os separando pelo ano, para que assim pudéssemos comprovar, através dos números, a qualidade desse fundamento por parte de seu executante
Os passes errados tiveram sua avaliação da seguinte forma: 10,8% deles foram realizados pelo ponta que estava na frente, o que nos da 15 passes, 36,7% foram do jogador ponta do fundo, ou 51 passes, 33,1%, ou 46 passes, do meio fundo, 5% do líbero, 7 passes, e por fim 14,4% dos atletas que faziam parte dos outros jogadores, o que representa 20 ações.
Gráfico 10. Posição e nível de execução de passe: errados
Fonte: O autor (2010)
A avaliação dos passes de nível 1 ficou da seguinte forma: Com 6 passes o jogador ponta da frente obteve percentual de 9,8% nesse quesito, o ponta do fundo 26 o alcançando 42,6% do total, o jogador meio do fundo esteve presente em 32,8% desses passes resultando 20 passes, o libero realizou apenas 4 desses passes representando 6,6% do total e por fim os outros jogadores estiveram presentes em 5 desses passes o que da 8,2% do total.
Gráfico 11. Posição e nível de execução de passe: Nível 1
Fonte: O autor (2010)
Para os movimentos de nível 2 o jogador ponteiro da frente esteve em 25 ações o que resulta 14,5%, o jogador que se apresenta em sua diagonal durante a partida, o ponteiro da frente conseguiu recepcionar 71 bolas nesse nível o que nos remete a 41% do total. Os meio de rede que atuavam na defesa tiveram 38 passes classificados dessa forma, ou 22% do total, líbero que agora atua em seu lugar teve 12 dessas recepções, 6,9% e os outros jogadores estiveram em 27 recepções chegando ao percentual de 15,6% do total.
Gráfico 12. Posição e nível de execução de passe: Nível 2
Fonte: O autor (2010)
Chegando a analise dos passes com maior qualidade agora faremos a qualificação dos passes de nível 3. Com 47 passes o jogador de ponta da frente esteve em 19% do total de passes, os ponteiros do fundo trabalharam em 97 passes ou 39,1% do total. O meio da frente se apresentou 38 recepções nessa qualificação o que também pode ser valorado como 15,3%, o líbero esteve em 35 passes ou 14,1% os outros jogadores estiveram envolvidos em 31 passes o que da o valor percentual de 12,5%.
Gráfico 13. Posição e nível de execução de passe: Nível 3
Fonte: O autor (2010)
Por fim os resultados apresentados para os passes de nível 4: o jogador de ponta que estava pela frente recepcionou 25 do número total de passes desse nível, um percentual de 15,9%, o ponteiro atuante do fundo da quadra esteve com 62 passes perfeitos, ou 39,5% do valor final. O meio de rede não esteve presente em um número muito grande de passes desse nível, apenas 18 o que resulta em 11,5% do total, o líbero passou 31 vezes nesse quesito ou 19,7% do total, por fim os outros jogadores passam 21 vezes o que totaliza 13,4%.
Gráfico 14. Posição e nível de execução de passe: Nível 4
Fonte: O autor (2010)
Como podemos perceber ao analisarmos os dados o jogador que atua na posição de ponta na frente teve a maior parte das suas recepções avaliadas como nível 3, onde 47 recepções atingiram tal nível, seguidas pelas de nível 4 e 2, com 25, que apresentaram o mesmo número, o que comprova a grande qualidade desses jogadores nesse fundamento. Outro dado que pode ser levado em conta na confirmação dessa idéia foi o baixo nível de passes errados e de nível 1 o que mostra o bom domínio desse fundamento por parte desses jogadores.
Assim como já foi falado sobre o jogador de ponta da frente, o jogador de fundo apresenta as mesmas características, pois na maioria das vezes é o mesmo jogador atuando pelo fundo da quadra, como este atua pelo fundo apresenta um maior número de recepções, pois este tem uma área maior para cobrir. As recepções de nível 3 também são as que mais apareceram nas ações desse jogador, com um incrível número de 97, o que representam aproximadamente um terço do total de pontos analisados nessa posição. Os passes de nível 4 e 2 também tiveram uma participação significativa regulando em proporção com o jogador de ponta da frente na questão de qualidade desse fundamento.
Os meios de rede, mesmo apresentando dados até o ano de 2000, nos mostram o porquê de serem substituídos pelos jogadores líberos, apesar de apresentarem um bom numero de passes de nível 3 e 2, a maioria das bolas que passaram por suas recepções foram de passes errados, mostrando a deficiência técnica desses jogadores quanto a recepção de saque.
Aquele que foi criado para melhorar as ações defensivas aparece como um ótimo receptor de saque apresentando os incríveis números de 35 e 31 recepções de nível 3 e 4 em contrapartida, comprovando essa tremenda qualidade ele apresentou o baixíssimo índice de 7 erros de recepção. Isso só contribui com aquilo que os treinadores já perceberam há muito tempo, que o saque deve ser direcionado a outro jogador sempre que possível, pois a qualidade de passe desse jogador é indiscutível. O líbero apresentou erro de passe apenas em saques de dificuldade extrema mesmo assim conseguindo fazer com que eles fossem altos o suficiente para que chegassem altos dando tempo ao levantador, para que ele chegue na bola.
Apesar de não serem exímios passadores os jogadores considerados como outros tiveram, a maioria das suas intervenções em nível 3 mostrando que eles se encontram em ótima forma caso seja necessário sua intervenção.
Por se tratar de jogadores de seleções a maioria das recepções foram de nível 3, isso provavelmente é diferente quando falamos de jogadores de clubes em geral, o que nos mostra que mesmo contando com especialistas para esses movimentos os outros jogadores também se encontram em ótima forma quanto a técnica de recepção de saque. Se analisarmos apenas o voleibol atual, vemos que a maioria dos jogadores teve reduzidos sua participação na recepção graças ao aprimoramento desses movimentos e dos jogadores de ponta conseguirem cobrir um espaço que antigamente não era possível, mas percebemos que quando preciso os jogadores que não estão como prioritários na hora da recepção e precisam intervir conseguem colocar a bola em boas condições para que o levantador coloque em jogo da melhor forma possível. Como o líbero trouxe maior qualidade ao passe, ele passou a ficar quase que excluído, sempre que possível, da recepção do saque.
Os jogadores de ponta apareceram mais e tiveram atraídos para si os saques o que trouxe uma melhor qualidade nos passes, para João, Mesquita, Sampaio e Moutinho ([2006]) o líbero por si só não trouxe melhoras nos movimentos defensivos e de recepção, mas sim fez com que a bola chegasse com melhor qualidade aos levantadores por fazer com que o saque geralmente sejam direcionados aos jogadores de ponta, fazendo com que chegue assim com mais qualidade a esse jogador.
Conclusão
Conclui-se que a qualidade e eficiência do passe melhoraram muito após a entrada do líbero, como comprovados nos números apresentados. O líbero teve um papel importantíssimo nessas mudanças, pois após sua entrada muitos treinadores perceberam que com um jogador com essas características alguns jogadores poderiam dar maior prioridade ao ataque, acelerando as jogadas.
Portanto, podemos afirmar que o líbero está diretamente ligado a aceleração de jogadas que ocorreram no voleibol nos últimos anos. Além disso, pode-se perceber que a forma como as equipes passaram a recepcionar o saque também se modificou colocando apenas aqueles jogadores que possuem um bom desempenho nesse fundamento qualificando defensivamente as equipes e com um menor número de jogadores posicionados para a defesa, pois tendo um especialista em movimentos defensivos reduzem-se as possibilidades de área de saque para o sacador, que evitará ao máximo direcioná-lo a ele.
Recomendo que se faça um trabalho parecido com atletas de clubes para que seja feita uma comparação nos resultados.
Referências
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JOÃO, Paulo V; MOUTINHO, Carlos; SAMPAIO, Jaime; MESQUITA, Isabel. Análise comparativa entre o jogador libero e os recebedores prioritários na organização ofensiva, a partir da recepção ao serviço, em voleibol. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. v. 6, n.3, p. 318-328, 2006.
MACHADO, Afonso A. Voleibol: do aprender ao especializar. Rio de Janeiro Brasil, Editora Guanabara Koogan S. A. 2006. 224p.
MATTOS, Mauro G; ROSSETO JR, Adriano J; BLECHER, Shelly. Teoria e Prática da Metodologia da Pesquisa em Educação Física. São Paulo Brasil, Phorte Editora, 2004. 176p.
RIZOLA, Antonio N; MATIAS, Cristino; OLIVEIRA, Paulo R; GRECO, Pablo J. O treinamento da recepção para equipes jovens de voleibol. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 11, n 95, 2006. http://www.efdeportes.com/efd95/recep.htm
UREÑA, Espa A; FERRER, Calvo R. M; PÉREZ, Lozano C. Estudio de la recepción del saque en el voleibol masculino español de elite tras la incorporación del jugador líbero. Revista internacional de medicina e ciências da atividade física e do desporte, v. 2, n 4 2002.
VIERA, Matheus. Tática individual e coletiva no voleibol de quadra. 2005. Disponível em biblioteca.claretiano.edu.br/phl8/pdf/20001442.pdf. Acesso 27 Set. 2008.
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Digital · Año 15 · N° 152 | Buenos Aires,
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